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- Capítulo 35
—
E com isso, Íris é nomeada e oficializada como a nova Campeã da Liga de
Unova. A menina, que tem catorze anos, é a mais nova a assumir a cadeira de
mais alto calão da Elite 4 – explicou o repórter através da enorme TV do
apartamento dos Foley. – Voltaremos em breve com mais notícias, enquanto
isso, confira as notícias das Olímpiadas Pokéathlon, diretamente de Johto.
Quando
a figura de uma moça com uma camisa polo com a logo do canal jornalístico
apareceu em um fundo que parecia um ginásio olímpico, Hilda desligou a TV.
—
HEY! EU IA ASSISTIR! – exclamou Jackson, sentado no sofá próximo, ao lado de
Inari.
—
Eu também! – resmungou Hilbert, sentado no chão, com Vic em seu colo.
—
Vocês nem acompanham esse tipo coisa – disse a garota, brincando com o
controle. – Duvido que saibam algum esporte.
—
Eu jogava basquete na escola! – contou Hilbert. – Mas isso não importa, e se,
de repente, a gente quer conhecer? – argumentou o garoto no chão. – Vai que no
futuro, nos tornamos atletas renomados dessa modalidade e ficarmos famosos?
—
Eu lutava boxe – informou Jackson, reforçando o argumento. – Dá esse controle!
—
Que tipo de otakus são vocês que praticam esporte? – brincou a morena, olhando
depois para seu amigo no chão. - Nesse caso, se você virar um atleta dessa
modalidade, você vai se inscrever como Pokémon ou como treinador? – ironizou
Hilda.
— HAHA, HILDA! COMO VOCÊ É HILÁRIA! – berrou o
meio-Pokémon, escandaloso. – Já pensou em ingressar no stand-up?
Aparentemente,
nem mesmo com o começo de uma nova temporada se iniciando, as coisas tinham
mudado. Quase um mês e meio depois do aniversário de 15 anos de Hilda, o grupo
aproveitava um pouco da hospedagem na casa da família da Foley para recuperarem
as energias.
Era
começo de Outono, então a temperatura começava a entrar em queda por toda a
extensa região de Unova. Inari era a recém chegada do grupo e estava tentando
associar todas as coisas novas, desde a mudança de cultura até a sinergia do
grupo, deixando para Jackson lhe contar algumas histórias. Mas Hillda já tinha
outra ideia na cabeça.
A
morena se levantou, entregando o controle da TV na mão de Hilbert, que recebeu
aquilo com os olhos brilhando.
—
Eu vou sair com a Inari agora, tentem não destruir a casa – ordenou Hilda.
—
Sim, mãe – brincou Hilbert.
—
Aonde vão? – perguntou Jackson, curioso, vendo Inari se levantar enquanto
arrumava a blusa de lã branca com gola alta por dentro de uma saia roseada que
ela trouxera como uma opção extra de vestimenta.
—
Umas amigas da época de escola imploraram pra sair comigo, faz muito tempo
desde que me formei. Aí convidei Inari para apresentar um pouco de Castelia
para ela – sorriu a morena, pegando a mão da sacerdotisa, toda amigável. – Será
um passeio de mulheres.
—
Se eu colocar uma peruca e uma saia, eu posso ir junto? – questionou o
arqueólogo, demonstrando certo interesse quando ouviu.
—
Sossega aí – brincou Hilda.
Inari
riu e se despediu dos que ficaram, saindo do apartamento junto da garota de
Unova. Vic olhou para Hilbert, animado.
—
Ow, mano, liga essa TV, tu tá com o controle. Hilda te deu a coroa.
—
Vai querer assistir o quê, Jack? – perguntou o treinador para o arqueólogo.
—
Bota umas coisas aleatórias no Youtube – sugeriu o rapaz.
As
ruas de Castelia assustavam Inari, mesmo que ela morasse na segunda maior cidade
de Johto, nada se comparava ao centro movimentado daquela floresta de pedra (de
onde saia tanta gente?). Mas Hilda parecia acostumada. A garota Unoviana exibia
todos os lugares de interesse dos turistas e as dezenas – para não dizer
centenas – redes de fast food que exalam cheiro de comida processada que
deixava Inari com o estômago revirado. O ápice foi quando lhe foi apresentado
algumas variações da famosa comida Johtoniana adaptadas ao gosto Unoviano,
resultando nos olhares de choque que Inari depositava na amiga, que só
conseguia rir.
Após
um pequeno turismo culinário onde Hilda lhe contou sobre como Casteliacones
uniram ela e Hilbert, as duas finalmente se encontraram com outras três amigas
de Hilda. Com personalidade e nomes esquecíveis, eram típicas adolescentes
padronizadas que poderiam ter sido facilmente arrancadas de uma série juvenil de
um canal de streaming clichê sobre intrigas escolares e romances
proibidos, mas Hilda jurava que ela eram suportáveis.
O
lugar escolhido para o fatídico encontro foi um incrível e caríssimo salão de
beleza, onde, de acordo com elas, era o lugar perfeito para fofocas e para
colocar assuntos em dia. O ambiente era lotado de espelhos, porcelanatos
brilhantes e vários instrumentos que Inari soube reconhecer alguns, ainda que
seu corte de cabelo e cuidados com a pele fossem feitos em seu próprio templo
graças ao estilo Johtoniano em apreciar coisas da natureza.
O
trio de amigas de Hilda apostaram num tratamento completo. A garota de Castelia
preferiu apenas cortar o cabelo, e Inari – para não ficar desconexa – topou
ficar com a manicure.
—
Oh, meu bem, você rói as unhas? – questionou a responsável pela sacerdotisa. –
Vou passar uma cor bem bonita para você ficar com dó de roer na próxima vez.
A
ruiva assentiu, escondendo o fato de que aquela tática fora utilizada pelo
menos cinquenta vezes, mas resolveu aproveitar o pequeno mimo.
—
Vocês viram a Bianca na festa da Hilda? – uma das jovens com cabelos loiros do
grupo puxou o assunto, dando início as fofocas. – Ela estava com o Cheren, né? Será
que estão namorando?
—
A Bianca sempre teve uma quedinha por ele. Lembra da época que ela disse que ia
se matar de estudar pra ficar com as mesmas notas que ele torcendo para que ele
a notasse? – relembrou outra que usava um enorme brinco de Skitty, rindo. – Ela
desistiu na primeira semana.
—
A Hilda deve saber de algo – a terceira, que usava óculos, olhou para a morena,
que se focava no movimento do cabelereiro com a tesoura. Ao notar os três
olhares para ela, virou-se levemente:
—
Hã? A Bianca? – ela refletiu. – Não sei dizer, eu não cheguei a perguntar, mas
acredito que eles estejam passando uma temporada juntos, Cheren voltou para
Nuvema para consertar a Pokédex.
—
Bom, se não temos nenhuma confirmação, podemos partir para o próximo assunto –
sorriu a de óculos, como se ensaiasse por semanas para chegar naquele assunto. –
Hilda e seu namorado misterioso.
—
O quê? Eu? Namorando? – Hilda riu de nervoso e ajeitou uma mecha do cabelo.
—
Para de se fazer de louca – a que usava brincos interviu. – Vimos com clareza
aquele beijo! Eu beijei o suficiente pra saber que aquilo não era qualquer
coisa.
A
Foley corou. Sua memória, que já estava superando aquela ação espontânea na sua
festa de 15 anos, lhe trouxe com clareza a sensação daquele maldito beijo.
Jurou até sentir novamente o gosto doce. Ninguém mais tinha comentado sobre
aquilo, nem mesmo Vic, Inari ou Jackson ousavam perguntar. Mas também, o que se
tinha para comentar? Era só um beijo, qualquer adolescente fazia aquilo.
—
Ah, gente, só foi um beijo – riu a jovem, envergonhada. – Fazia parte da
apresentação.
O
trio se encarou e até mesmo a sacerdotisa custou a acreditar naquela história.
—
Parando pra pensar, ele era meio baixinho, né? – refletiu a loira, fazendo Hilda
se assustar.
Adolescentes
eram figuras estranhas de um modo geral. Não se sabia se era influência da sociedade
e das pessoas de sua idade ou influência da mídia, mas mínimos detalhes
tornavam uma pessoa perfeita ou imperfeita. Hilda não estava alheia desse tipo
de coisa, desde que conhecera Hilbert, nunca tinha parado para pensar em sua aparência,
e nem mesmo na sua própria altura.
Começou
a corar de vergonha cada vez que lembrava como em certas situações, aquela
diferença de altura poderia ser incomodante. Uma das amigas notou:
—
Oh, Hilda, não falamos por mal – ela riu, quebrando qualquer verdade da frase
anterior. – É que é estranho, imagina como seria se ele fosse te pegar no colo,
todo romântico, com aquele tamanho? Digo, vocês tentaram reproduzir a Bela e a
Fera, né? Colocaram dois chifres na cabeça do menino, mas ele nem tinha a
estatura da Fera. Usaram aquelas palminhas elevadas pra disfarçar?
Hilda
também lembrou o fato de Hilbert ter exibido seus chifres amarelados naquela
noite. Sabia como aquele detalhe incomodava o garoto e estava feliz por ele
estar ganhando confiança aos poucos, mas tinha esquecido completamente que
depois da festa, viriam os comentários. Todavia, ficou aliviada em perceber que
as pessoas julgavam aquilo como parte de alguma fantasia. Mas não podia deixar
de demonstrar que a altura lhe deixara com uma pulga atrás da orelha.
Inari
observava de longe, perdida em seus próprios pensamentos.
—
Ei, você é de Johto mesmo? – a amiga de óculos de Hilda se virou para a
sacerdotisa. Qual era dessa mania delas tentarem se socializar com todo mundo?
—
Ah, sou sim – respondeu, sendo gentil.
—
Tem muito homem gostoso lá? – perguntou a outra, assustando a jovem com o
linguajar. Essa provavelmente levaria uma bengalada de sua avó.
—
H-hã... Eu... Não sei... – constrangida, Inari cobriu um pouco do rosto.
—
Gostou mais dos daqui, né? – riu, com certo deboche. – Aliás, falando em homem
gostoso. Lembram daquele que vimos na festa? – questionou, virando-se para as
amigas. - Descobri o Instagram dele, é sobrinho da Lenora, acredita? Ele é
arqueólogo.
—
Jackson-sama? – disse Inari, despertando a curiosidade das três, mais uma vez.
—
Hã?! Vocês se conhecem?
—
Eu o conheci recentemente – contou a ruiva. – Mas Hilda viaja a mais tempo com
ele.
—
Nem ferrando! E a Hilda nem conta nada pra gente? – a amiga loira caçou em sua
bolsa um post-it fluorescente e uma caneta que tinha cheiro de morango,
começando a escrever algo para logo após, entregar o papel para a sacerdotisa.
– Passa meu número pra ele? Por favor, ajudem uma amiga necessitada.
—
Amiga, ele tem 20 anos – alertou a de brincos, com uma risada maliciosa, de
quem também não se importava muito com esse “ato proibido”.
—
E daí? Eu amo homens maduros – riu a primeira, com a mesma sinergia.
Inari
encarou o papel, sem saber exatamente o que dizer.
Depois
de toda aquela leva de assuntos fúteis que envolviam a aparência dos outros,
alguém finalmente decidiu tocar em um tópico que realmente era importante (e
pelo bem dessa narrativa). A garota que usava óculos, que no momento, estava
com apetrechos cilíndricos presos por todo seu cabelo, abaixou o celular da
frente do rosto e questionou:
—
Hilda, você disse que tá em jornada. Tá pegando insígnia?
—
Ah, não, não – respondeu a garota. – Estou apenas conhecendo a região. Tá sendo
uma experiência empolgante.
—
Você vai prestar alguma prova? Meu pai insistiu pra eu tentar algo na área
empresarial. Ele só quer que eu trabalhe pra ele, isso sim.
—
Prova? Ah, o exame nacional é ano que vem, né? – perguntou Hilda.
Sair
por Unova não era apenas uma desculpa para “turistar” pela região, a jornada de
Hilbert com a garota de Castelia era uma missão nobre de encontrar um sonho
para a menina que nunca tivera um. No meio do caminho, algumas novas rotas e
objetivos se abriram, mas a missão inicial de Hilda fora cumprida: Ela tinha
achado seu tão esperado sonho, e era incrível pensar em como a motivação dele
fora tão simples.
—
Acho que vou precisar de um tempo para estudar e alguns livros, mas quero
tentar medicina – sorriu a morena, convicta.
—
É a sua cara ter escolhido um curso com tanto status – respondeu a colega
loira, que estava com uma touca térmica. – Imagina só, Dra. Foley como capa das
melhores revistas da área – ela gesticulou com as mãos.
É
claro que ela não era boba. A regra parecia ser bem clara para a maioria das
pessoas: Se você nasceu de uma família com alto poder aquisitivo, seu futuro
seria com cursos que combinassem com o poderio de sua família: Medicina, Direito,
Engenharia, Arquitetura ou até mesmo herdando uma empresa. A resposta mais
correta, mas também a mais difícil de acreditar (já que fora usada tantas
vezes), seria que Hilda escolhera a profissão com o intuito de ajudar o
próximo.
—
É uma profissão incrível, mas todas elas são dignas – argumentou Hilda. –
Espero que eu possa ajudar as pessoas, não importa quem seja.
—
Em Johto, a profissão mais nobre é a de professor – contou Inari, sentada em
uma poltrona próxima. – Até mesmo o Imperador se curva quando encontra um.
—
Gente, parem de agir como boas samaritanas – ironizou a loira. – No final, todo
mundo só liga pro salário e pro status que ser médico traz. Vou poder me
gabar de ter uma amiga médica no futuro – riu ela junto com as outras duas de
seu trio. – Se escolher parte de cirurgia plástica, saiba que vou querer
consultas de graça.
No
final do dia, Hilda saiu com a notícia de quem seu primeiro amor era baixinho e
suas amigas só apoiavam a decisão dela se tornar médica pelo puro status.
Pelo menos, ela ganhara um novo corte de cabelo: uma franja frontal que
anunciava uma nova temporada na sua vida. Além de conseguir comprar um par de
chaveiros de Minun e Plusle, dois Pokemon de Hoenn, para combinar com Inari,
deixando a sacerdotisa com o pequeno azul e ela, com o vermelho. Sucesso.
Ela
e Inari caminhavam pelas calçadas largas da agitada Castelia sem saber dizer se
o tal “dia das meninas” tinha sido tão agradável assim (talvez tivesse sido
mais divertido assistir Pokéathlon na TV). A sacerdotisa arrancava as
lasquinhas do recém passado esmalte, provando que sua promessa com a manicure
não era tão concreta assim. Ela fazia isso quando estava ansiosa.
—
Achei que esse esmalte duraria pelo menos 24 horas, Ina – brincou Hilda,
observando.
—
Eu não consigo, é só eu ficar ansiosa que o primeiro a sentir os efeitos são
minhas unhas – riu a ruiva, abaixando as mãos.
—
Ansiosa? Por causa delas? – questionou a outra, curiosa. – Ah, não liga para
elas não. Dinheiro sempre sobe a cabeça das pessoas.
—
Eu nem sabia que o Jackson-sama fazia tanto sucesso – enfim, Inari tocou no
assunto que a incomodava.
Hilda
refletiu.
—
Eu não diria é um sucesso estrondoso como se ele fosse um modelo – gesticulou
com as mãos. – O Jackson é um rapaz bonito que acaba chamando a atenção, mas eu
tenho quase certeza que se envolve com ele sai correndo por não saber que tipo
de encrenca está se metendo. Isso é bom, já que ele foge do padrão.
A
sacerdotisa riu.
—
Eu realmente não sei se isso foi um elogio ou foi um argumento muito cruel
—
Olha, mas se esse papel te incomoda, pode jogar fora – sugeriu Hilda, com a
expressão da mais pura maldade. – A gente finge que perdeu.
—
Oh, eu não seria capaz – disse Inari, um tanto desesperada, demonstrando a
incapacidade dela de fazer mal até a um Joltik inocente. – Eu vou entregar. Só
estava me perguntando mesmo.
Com
a sua cópia da chave do apartamento pendurada em milhares de outros chaveiros,
a Foley adentrou o ambiente com a amiga e notaram que a TV estava ligada e a
luz da sala acesa, indicando que a tarde de Jackson e Hilbert havia se resumido
nos olhos fixados na enorme tela de 55 polegadas. Hilda depositou a chave num
local especifico para tal e saiu do hall de entrada.
—
MAS O QUE DIABOS TÁ ACONTECENDO? – Inari se assustou com o berro da amiga,
enquanto tirava seu calçado. – Vocês estão chorando?!
Quando
a sacerdotisa correu para conferir, notaram rolos de papel higiênico pelo chão
e muitos pedaços amassados e encharcados. Hilbert era o mais próximo do
eletrônico, virando o rosto para ver a amiga, que ainda tentava entender que
espécie de romance ou drama eles tinham assistido.
Os
olhos do treinador estavam avermelhados e sua expressão era igual a de um bebê
que perdera sua chupeta no meio da noite. Jackson estava na poltrona, assoando
o nariz, escondendo-se de vergonha, igualmente choroso.
—
Hilda! – disse Hilbert, por fim. – Você precisa ver, achamos a história mais
emocionante do mundo!
Usando
o controle, ele acessou um dos vídeos no Youtube que logo carregou. Hilda ficou
boquiaberta quando a melodia infantil começou a tocar e uma moça loira de
cabelos curtos, voz doce e roupa colorida começou a cantar:
“Cinco
Duckletts foram passear, além das montanhas para brincar...”
—
HILBERT, ISSO É UMA MÚSICA INFANTIL! – berrou a Foley, incrédula.
—
PRESTA ATENÇÃO NA LETRA! – argumentou o treinador, demonstrando toda a
seriedade que nunca tivera em 13 anos. – OLHA COMO ESSA MAMÃE SWANNA ENCONTRA
SEUS FILHOTES PERDIDOS!
Vic
estava no sofá e repreendeu uma risada, Inari cobriu a boca, também segurando o
riso. Hilda arregalou os olhos e ficou boquiaberta, tentando pensar em que
momento da sua vida havia errado e Arceus havia lhe punido com um meio Pokémon
ladrão, que agora chorava por músicas infantis.
—
HILBERT. É. UMA. FODENDO. MÚSICA. INFANTIL! – a menina disse devagar, torcendo
para que pelo menos uma das palavras entrasse no cérebro de Cherubi dele. Mas
sua tática fora em vão:
—
VOCÊ NÃO ENTENDERIA! – choramingou Hilbert, virando-se para o arqueólogo. – Não
é mesmo, Jack?
Jackson
apenas respondeu com um resmungo que claramente era uma choramingada. Bijou, a
Cleffa, encarava o treinador, preocupada.
—
JACK, VOCÊ TEM 20 ANOS! – gritou a morena.
—
MAS AINDA DÓI! – respondeu o rapaz, com a voz embargada.
Hilda
bufou e olhou para Inari, vendo sua esperança de ter pelo menos um maduro
naquele grupo ir por água abaixo. A sacerdotisa encarava a TV com uma leve
lágrima.
—
VOCÊ TAMBÉM?!
—
Eu nunca tinha ouvido uma história tão linda na minha vida – admitiu a ruiva,
demonstrando todo seu lado de signo de Kingler.
Hilda
olhou pra cima, negociando uma punição menor com Arceus.
— Oh, Hilda, você cortou o cabelo? – apontou
Jackson. – Ficou maneiro essa franja.
Já
era noite quando o grupo concordou em pedir pizzas para aproveitarem a última
noite em Castelia antes de botarem o pé na estrada novamente. Ben, Maisy e
Oliver aproveitaram a noite para jantarem fora, então o apartamento era todo
deles. Sentados em travesseiros no chão da sala e largados como se não houvesse
amanhã, o quinteto jogava conversa fora.
—
Oh, valeu – sorriu a Foley, agradecida por finalmente terem notado. – O outono chegou,
achei que seria uma boa mudar a aparência – ela ajeitou a franja.
—
E pensar que estávamos em Fevereiro quando nos conhecemos – refletiu o
arqueólogo, tirando uma azeitona de uma fatia de pizza, antes de devorá-la. –
Estamos no meio de Abril já.
—
Em Johto, há uma hora dessas, as flores das sakuras já devem ter desabrochado –
disse Inari, pegando as azeitonas ignoradas por Jack e comendo-as. – É meio
estranho não poder participar desse momento depois de 20 anos morando no mesmo
lugar.
—
Eu não tô nem um pouco com saudades de Johto e da sua avó – ironizou Hilbert.
Inari
riu, se ajeitando sobre o travesseiro.
—
Estou empolgada em finalmente poder dizer que vou sair em uma jornada – contou
a sacerdotisa, ansiosa.
—
Acho que você vai assustar no começo – comentou Jackson, sincero. – Mas nada
que você não consiga se acostumar.
—
Me assustar?
—
É que a gente vai dormir muitas vezes ao ar livre – contou o arqueólogo. – E tu
tem que ficar de olho meio aberto pra não ser atacada por algum ladrão.
—
Irmão, já falei que eu folgo a noite – defendeu-se Vic, aproveitando
para experimentar novas comidas.
—
D-Dá muito medo dormir ao ar livre? – a Johtoniana parecia uma criança curiosa.
Ela não conseguia deixar de esconder a apreensão.
—
Eu ficaria com medo dos roncos do Hilbert.
—
Isso é verdade! – pronunciou-se Hilda. – A gente não foi atacado por aí até
hoje por causa dos roncos do Hilbert.
—
Eu não sei se isso é bom ou ruim, mas eu exijo um pedido de desculpas e um
obrigado – protestou Hilbert.
Inari
se manteve reflexiva, até que Jackson notou a preocupação excessiva dela.
—
Ei – ele disse, de maneira informal. – Não precisa ficar tão nervosa assim, se
sentir medo, você pode segurar minha mão.
A
ruiva olhou para o arqueólogo e suas orelhas ruborizaram, o rapaz percebeu o
que tinha acabado de dizer e não conseguiu esconder a vergonha, olhando para o
lado e encontrando o olhar malicioso de Vic e Hilda, enquanto Hilbert era lento
demais para assimilar essas coisas.
—
O QUE VOCÊS ESTÃO OLHANDO?! – berrou.
—
A gente deveria sair para deixar os dois Pidoves a sós? – debochou o
Victini.
Jack
arremessou um travesseiro, que acertou o Pokémon em cheio. Hilda riu, e dessa
vez, até mesmo Hilbert se interessou, dando gargalhadas.
—
Da próxima vez, arremessem uma Pokéball, deve ser menos doloroso.
O
grupo riu. Jackson então, notou que algo escapara do bolso da saia do quimono
adaptado de Inari, um pequeno papel colorido de tom chamativo.
—
O que é isso? – perguntou, alcançando o objeto e entregando-a para sua dona.
—
Oh! – a exclamou de recordação da sacerdotisa foi instantânea. – Isso aqui é
para você – estendeu o post-it em direção ao arqueólogo, que arqueou a
sobrancelha.
—
Para mim? O que é?
—
Uma das amigas de Hilda disse que queria te conhecer – explicou. – Ela ficou
louca quando dissemos que éramos conhecidas suas. Aí ela passou o número dela.
A
cara que Jackson fez após essa preciosa informação não era possível de se
resumir em palavras. Inari jurou sentir seu coração palpitar ao ver o sorriso
galante estampado no rosto negro e brilhando o rapaz. Logo após, ele soltou uma
risada, exibindo-se:
—
Vocês ouviram? Alguém quer me conhecer, me deram até o número e eu nem precisei
pedir.
Hilbert
olhava o arqueólogo, cheio de curiosidade. Hilda apenas fitava-o com um olhar
entediado.
—
Os dias de glória finalmente chegaram, meus nobres colegas – ele alcançou seu
celular e registrou o número. – Um rostinho bonito sempre é reconhecido uma
hora ou outra.
Cantarolando
sobre uma vitória que nem fazia sentindo, a voz de Jackson aos poucos um tom
sombrio e desanimado conforme olhava para o celular, checando o aplicativo de
mensagens.
—
Você disse que era amiga de Hilda? – questionou, virando seu rosto para Inari.
—
Sim.
—
Hilda, só pela curiosidade, quantos anos tem essa sua amiga? – perguntou para a
morena.
—
Quinze anos – riu Hilda.
O
barulho digital do contato sendo excluído apitou tão rápido quanto a frase da
Hilda. Jack disfarçou e riu nervoso.
—
Vocês podiam ter me avisado antes, né? Não quero problemas com a polícia não –
ele continuou a rir. – Sem contar que eu prefiro mulheres da minha faixa
etária, não é mesmo, Inari-senpai?
A
sacerdotisa corou.
—
Hã, é, eu acho – quando se deu conta, ela fuzilou o arqueólogo com o olhar. –
QUEM VOCÊ CHAMOU DE “SENPAI”?
—
VOCÊ É MAIS VELHA DO QUE EU! – retrucou Jack.
—
POR QUATRO MÍSEROS MESES! – Inari conseguia ser fofa até mesmo quando estava
tão brava quanto um Zangoose raivoso.
—
Ok, ok, desculpa – riu o outro, acalmando a mulher tocando os ombros dela. – Já
passou. Já sei, vou dar esse número pro Hilbert.
Foi
a vez de Hilda encarar o amigo que sentiu a espinha gelar. Aquela sim sabia dar
medo quando queria.
—
Talvez não... – disse, com a voz retraída.
—
Uai, porque não? – protestou o treinador. – Como ela é?
—
Hã... Loira.
Hilbert
coçou o queixo, sonhando alto, imaginando a figura, com certeza ele estava
pensando que ela seria parecida com a sua amada Bianca.
—
Eu aceito o número! – disse, convicto.
—
VOCÊ NEM TEM CELULAR! – argumentou Hilda, com os músculos tensos e irritados.
—
Ih, pode crer. HILDA, COMPRA UM PRA MIM!
—
VOCÊ ESQUECEU QUE TÁ ME DEVENDO TRÊS MIL POKÉDOLARES?!
—
PERA AÍ! ESQUECEU QUE A GENTE TÁ NUM ACORDO? EU TE AJUDO COM O SEU SONHO E VOCÊ
BANCA A JORNADA! – o treinador se alterou e levantou-se.
Hilda
imitou o gesto.
—
EU NÃO LEMBRO QUE ARRUMAR UMA NAMORADA PRA VOCÊ FOSSE PARTE DO ACORDO! ELA NEM
GOSTARIA DE UM PINTOR DE RODA PÉ QUE NEM VOCÊ!
A
veia do pescoço de Hilbert saltou de raiva.
—
DO QUE VOCÊ ME CHAMOU?!
—
VOCÊ TÁ SURDO?! SEU ANÃO!
Os
dois continuavam a se encarar e pareciam inimigos. Jackson, Inari e Vic
começaram a analisar e realmente perceberam: Hilbert era o menor do grupo (com
exceção de Vic, é óbvio), mas não se esperava menos, já que o menino media
incríveis UM METRO E SESSENTA CENTÍMETROS. Era bem visível quando Hilda, ao seu
lado, alcançava a marca de um metro e setenta.
—
Eu não estou surdo, é que não dá escutar uma giganta que nem você falando daí
de cima!
—
COMO É QUE É?! – foi a vez de Hilda se enfezar. – ISSO LÁ É JEITO DE SER FALAR
COM UMA DAMA?!
—
DAMA?! – o treinador riu, com escárnio. – Tu pisou no meu pé umas dez vezes com
essa lancha que você tem na dança do seu aniversário!
A
garota bufou e agarrou os chifres expostos do garoto.
—
DEVOLVE MEU PRIMEIRO BEIJO, SEU CORNO! – berrou ela, puxando as pontas
amareladas do amigo.
—
DEVOLVE VOCÊ! E LARGA O MEU CHIFRE!
Vic,
Inari e Jackson se entreolharam e deram de ombros, acostumados com as
“discussões” entre os dois, chegava a ser até um gás para a equipe.
Despreocupado com o vencedor, Jack levantou a mão:
—
Seguinte, antes de partirmos – começou, roubando a atenção de todos. – Hilda,
tem certeza que não sente mais nenhum fragmento da Light Stone aqui em Castelia?
A
garota abaixou levemente a cabeça e refletiu, negando.
—
Depois daquela semana que passamos procurando em cada canto, acho que
conseguimos coletar todas – ela pegou a sua bolsa de viagem e retirou um
singelo pote de vidro de lá e exibiu diversos fragmentos soltos. – Tivemos
sorte que a maioria estava com gente que nem sabia o que era.
—
Foi molezinha roubar do pessoal – disse Vic, se gabando. – Mas eu
admito que não foi muito legal procurar no lixo.
Atualmente,
o objetivo principal do grupo, além de ajudar Hilbert a reunir as insígnias,
era reunir os fragmentos da Light Stone, que acidentalmente havia sido
destruída em um confronto com a Team Plasma. A Light Stone era uma esfera
branca que guardava o poderoso dragão da verdade, Reshiram. Hilda descobriu que
seu objetivo era zelar pelo dragão quando Clara, a Princesa Branca e antiga
protetora do Pokémon lendário, lhe contou que a garota era sua reencarnação. E
como destino dado é destino cumprido, a jovem de Castelia, que havia saído de
seu conforto para uma simples missão, agora lutava para que os fragmentos não
caíssem em mãos erradas e toda Unova entrasse em colapso. Era questão de
obrigação, já que a Team Plasma já tinha em sua posse, a contraparte da esfera,
a Dark Stone, que guardava o dragão dos ideais: Zekrom.
—
Se não temos mais nada aqui, acho que já podemos continuar – observou Jackson.
– Iremos para o norte de Castelia, onde tem uma saída para a Route 4. É a rota
que nos leva para Nimbasa e a quarta insígnia de Hilbert.
—
Lar da minha mãe também – contou Hilda, reflexiva. – Vai ser uma longa estadia,
mas sinto calafrios só de imaginar passar por toda aquela areia da Route 4.
—
Tá brincando? – o arqueólogo se exaltou. – Aquele lugar é um sítio arqueológico
gigante pronto para ser explorado. Espero encontrar alguns achados
interessantes.
—
De toda forma, estejam prontos, ainda temos Unova inteira para desvendar.
No
outro dia, o grupo tentou não acordar tarde, visto que poderiam ir longe sem
precisarem correr. Depois do café da manhã, eles se focaram em organizar as
roupas e mochilas. Hilda abandonara o coletinho preto e adotara um moletom
cropped róseo, ainda estava com os shorts jeans, mas optara em usar uma meia
calça preta quentinha por baixo, finalizando com os coturnos de sempre.
Nas
suas costas, usaria uma mochila também rosa. Tivera que abandonar sua bolsa
transversal já que agora, levaria alguns livros pesados para estudar durante
sua viagem, apesar de ter encontrado seu sonho, ela ainda precisava estudar
para realiza-lo.
Hilbert
arrumou suas cinco Pokéballs em sua bolsa rotineira e tirou pó de sua porta
insígnia, satisfeito pelas três que estavam organizadas lá dentro não serem
falsas. Ajeitou sua bagagem no corpo e pegou o ovo que ganhara da vó de Inari,
Yukiko, conferindo a integridade da casca e analisando se ele dava algum sinal
de que iria chocar. Sem sucesso, ele suspirou, ansioso.
Jackson
não tinha muitas coisas, além do essencial como os outros, ele levava parte da
sua coleção de mangás, alguns alimentos industrializados para serem preparados
de forma instantânea, e, é claro, a pequena Bijou, sua Cleffa. A bolotinha rosa
grunhiu animada quando o seu dono lhe deu um pequeno biscoito em forma de
estrela.
Inari
era talvez, a mais tranquila em relação a carga, sua pequena mochila com
detalhes fofos carregava o básico e a Pokéball de sua Furret. Cami caminhava em
volta do sofá, com sua enorme cauda peluda sendo perseguida por Sombra, a Zorua
de Hilda.
—
Ok, todos prontos? – questionou Hilda.
Se despediram da família Foley sem muitas cerimônias e colocaram o pé na estrada, em direção a Route 4, onde novas aventuras os esperavam. Os 5 Duckletts saíram para passear, mas não seria preciso a mamãe Swanna para procura-los.
Cinco Duckletts foram passear, além das montanhas para brincar...
ReplyDeleteE é com essa icônica música que marcou gerações em Unova que começamos de vez a temporada com nossos cinco protagonistas que, pasmem, dois já praticaram esportes, sem defeitos o Hilbert e o Jackson, meu Arceus amado.
Hilda e Inari tiveram uma tarde das meninas com Fulana, Beltrana e Cicrana, três inconveniências que diga-se de passagem, são odiáveis, bem patricinhas, me fazem lembrar de Emmeline em Johto que graças a Arceus evoluiu como pessoa (mesmo a contragosto ashjashjhj). Eu simplesmente AMO esse elenco de personagens, eles são meus chuchus e irei defendê-los e protegê-los de todos os males. Agora que os cinco estão prontos, vamos por o pé na estrada, a Rota 4 está aí e eu sinto que tem mais debaixo de suas areias do que aparenta.
Yoo Leucro
Delete...Cadê a mamãe Swanna dessas crianças? ahsuahusuahs
Essa música foi o ápice da minha aleatoriedade ahsuauhsuhas Mas ficou satisfatório e é isso que importa <3 Esse também é um momento perfeito pra botar os personagens pra revelarem alguns "talentos", mesmo sendo irônico o Hilbert jogar basquete.
A ideia é elas serem esquecíveis e odiáveis, se fosse num mangá, o balão de fala provavelmente estaria na frente do rosto delas hausahushua
PROTECC THE UNOVA GANG <3
Obrigada pelo comentário
See ya
Chorando com musica infantil foi igual eu descobrindo filme de animação tradicional que não conhecia kkk
ReplyDeletePOXA, A MÚSICA DOS 5 PATINHOS É EMOCIONANTE DEMAIS
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