• PEDIDOS DE FÃS (2 ANOS DE NPU) feat. Chinatsu




        Nem todas as minhas histórias alcançaram marcos tão distantes. 
        A verdade é que muitas histórias no mundo não duram tanto tempo, sejam por se perderem nos livros, na memória ou com o tempo. Justamente por isso, eu faço questão de comemorar os 2 anos do meu primeiro projeto que deu certo (e que se Arceus permite, continuará por mais um bom tempo).

        Existem diversos elementos de que compõem uma história. Alguns autores defendem que não existe história boa sem um bom enredo, alguns dizem que é impossível uma história funcionar sem personagens cativantes, há até quem diga que não existe história sem um vilão que te prenda. As histórias, na verdade, são um conjunto de elementos que acabam sendo destinadas na parte da mais importante: O LEITOR.

        Uma vez, um grande autor me disse que, se sua história não trouxer qualquer sensação ao leitor, ela está morta. E é exatamente isso que dá vida a um conto, a uma fanfic, a uma história. Nós, autores, somos apenas o cérebro, moldamos nossos personagens e enredo, enquanto, vocês, leitores, são a alma e o coração, são vocês que dão cores para nossas humildes histórias. No final, o rumo que diversas obras é guiada por aqueles que recebem-na.

        E é nessa oportunidade que vocês me deram, que NPU hoje, completa seus 2 anos. Se não fossem por vocês, era quase impossível que essa humilde fanfic numa vastidão de tantas outras, chegassem tão longe.

        Do fundo do meu coração: OBRIGADA!

    PEDIDOS DE FÃS!

        Nesse clima de festa, nasce um projeto pequeno que foi inspirado em diversos mangás por aí: O pedido de fãs.
        Basicamente, eu pedi para que algumas pessoas me sugerissem o que elas queriam ver em NPU, e eu tentei, retratar com desenhos, essas pérolas. 
    SEJAM TODOS BEM-VINDOS A ÁREA SÓ DE VOCÊS!

    Carol (NPH) pediu os personagens com os pijamas de seus iniciais. Inspirada nos famosos kigurumis, temos aqui a Hilda usando um estiloso pijama de Zorua, o Hilbert todo tímido com seu pijaminha de Minccino, a Inari combinando lindamente com um Furret e, a atração da noite, o Jackson com um FOFÍSSIMO pijama de Cleffa.


    Haslam (NPA), fã de RPG que só ele, pediu nossos personagens como classes/raças de RPG. Como a autora aqui não entende muito, ela acabou apelando pro clássico e clichê. Hilbert como um Guerreiro que só ele, Hilda como uma Assassina (considerando o histórico violento dela), Jackson, digo, Jackie, como seus chars extravagantes femininos seria uma sexy Bruxa, e por fim, Inari, delicada como uma Fada.

    Canas (AES e Matéria) sugeriu os doces favoritos dos protagonistas. Inari, com o clássico Pocky de morango, Hilbert e Vic, como de costume, se matando com um delicioso Casteliacone (não roubado, eu acho), Jackson, amante da culinária caseira e das coisas feitas com carinho, ama Tortas de Maçã, e por fim, a Hilda, que adora um delicioso Lumiose Galette com leite, diretamente importado de Kalos.


    Alefu(NPK) sugeriu algo relacionado a roupas históricas, então era meu dever fazer um crossover entre NPU e Akatsuki no Yona, que é um anime shoujo histórico e altamente amado pela autora rs. Inari assumiu as roupas de Yona, a protagonista, enquanto Jackson, de costume, vestiu as roupas de seu companheiro, Son Hak. Guloso que só, Hilbert vestiu a exótica roupa de Zeno, o Dragão Amarelo, enquanto Hilda assumiu a roupa da princesa An Lili, conhecida pelo seu temperamento impulsivo.



    E aqui, os dois pedidos mais fanservice de todos. Leucro (NPJ) pediu o Jackson maid! Depois do sucesso do Hilbert usando saias, parece que é uma boa ideia vestir oustros chars com a famosa roupa (deveria eu canonizar isto?). Grovy (NPD), foi bem específico, e sugeriu uma cena onde o Jackson se afogaria (?) e qual seria a reação dos personagens quanto a trazer ele de volta, POR SORTE (ou azar), Jack é um excelente nadador (não que Inari esteja satisfeira com isso).


        E PRA FINALIZAR, TEMOS A PARTICIPAÇÃO DE CHINATSU! Vez ou outra ele aparece aqui pronto para trazer artes maravilhosas, mas hoje, ele veio trazer fanservice de qualidade. Genderbend é a arte de inverter o gênero de determinado personagem, e esse assunto já foi colocado em pauta em NPU por alguns leitores. FOI DE RESPONSABILIDADE DO CHINA TRAZER ESSA OBRA DE ARTE! 

    E só por curiosidade mesmo: Hilbert se tornaria Hilda, Hilda se tornaria Hilbert, Inari se manteria com que esse nome (já que o nome é de maioria masculina) e Jackson viraria Jackie (Ou Jackeline).


    2 comentários

  • Galeria do Burgh - Fanart #13 (Grovyle #2)

     


    » Comentário do Artista

    Oioi Star, mais uma fanart aqui , que talvez conte mais como meme.
    Dando um pouco de contexto, é um meme até que comum pessoas fazerem versões de personagens carecas e uns anos atrás eu vi isso e pensei “BERTINHO CARECA”, e assim surgiu a primeira versão desse desenho. Então saltamos no tempo e quase um mês atrás nós voltamos ao assunto do bertinho careca com o pessoal da neo junto com o aniversário de npu, E QUE MANEIRA MELHOR DE COMEMORAR DO QUE REFAZENDO AQUELA ARTE? E assim surgiu essa imagem, espero que tenha gostado, ou pelo menos tirado um sorriso.

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  • Capítulo 38

     

    Jackson era o primeiro do grupo a estar acordado naquela manhã. Não que ele tivesse conseguido pregar os olhos depois de dormir de mãos dadas com Inari, suas orelhas ainda queimavam e ele estremeceu várias vezes ao imaginar Yukiko lhe atacando por tal ato. De toda forma, ele estava muito ocupado jogando para pensar nisso.

    No celular, o jogo Pokémon Unite era seu favorito, já que seu personagem e nome falso feminino ‘Jackie’ atraía diversos jogadores masculinos que faziam de tudo por um pouco de atenção. Como resultado, ele tinha diversos cosméticos do jogo sem precisar gastar um centavo sequer. Talvez ele iria para o mundo de Giratina, mas não se importava.

    Inari bocejou e acordou, sentando-se em seu saco de dormir, não se preocupando com seu cabelo bagunçado, estava mais focada em compreender o contexto em que estava. Lembrou-se da noite anterior e Jack notou seu rosto ruborizado enquanto ela tirava um pouco de areia do corpo.

    — Bom dia, Inari – cumprimentou o arqueólogo, assustando a sacerdotisa.

    — A-Ah, bom dia, Jackson-sama – disse, ajeitando o cabelo no rabo de cavalo.

    — E então, como foi a primeira noite dormindo ao ar livre? É um marco importante – disse o rapaz, guardando seu celular.

    — Foi melhor do que eu imaginei – Inari sorriu. – Obrigada por me ajudar com isso, foi muito importante pra mim.

    Jackson coçou os cabelos negros, procurando esconder sua timidez, assentiu como resposta e procurou algum jeito de continuar a conversar sem gaguejar ou perder o clima. Mas não foi preciso, por um grito de Hilbert despertou metade da Route 4 como uma sirene de escola.

    Os dois mais velhos se colocaram alerta e até mesmo os Pokémon se prepararam para contra-atacar qualquer ameaça. Até mesmo Hilda, que dormia junto a ele, deu um pulo.

    — EU NÃO SINTO MEU BRAÇO! – berrou o treinador, segurando seu braço direito com o esquerdo enquanto o sacudia.

    — Mas que diabos, Hilbert! – gritou a morena. – Seu braço só está formigando! – ela coçou os olhos, um tanto irritada por não ter uma manhã sequer de paz. – Alguma coisa deve ter apoiado nele e cortou sua circulação, logo ele volta ao normal.

    — SIM, A “COISA” É A CAIXA D’ÁGUA QUE VOCÊ CHAMA DE CABEÇA! – praguejou Hilbert. – SE EU PERDER O MEU BRAÇO, EU VOU TE PERSEGUIR ATÉ O DISTORTION WORLD!

    O garoto se arrependeu logo em seguida ao ser atingido por um dos livros de Hilda.

    — EU VOU FAZER VOCÊ PERDER O BRAÇO E A CABEÇA, SEU FILHOTE DE COBALION REBAIXADO!

    Bom dia, meus nobres amigos. Graças a Arceus, iniciamos o dia com paz no coração e no mais absoluto silêncio – ironizou Vic, levantando voo. – SÓ QUE NÃO! JÁ QUE ESSES NÃO CONSEGUEM AGIR COMO DOIS CIVILIZADOS!

    Inari sussurrou para Jackson:

    — Tá tudo bem como eles?

    — Quer começar a apostar em quem inicia a briga? – questionou Jack, acostumado com o clima.

    Apesar de uma rotineira manhã conturbada, o grupo teve tempo e estabilidade para apreciarem um bom café da manhã com frutas, lanches prontos e suco. Hilda chegou a reclamar sobre sentir falta dos cafés da manhã fartos que cobriam a mesa preparados por sua tia e tio, mas não negou que estava com saudade da ansiedade que comer ao livre lhe causava.

    Com exceção do próprio Vic, Cami, Sombra e Bijou, os outros Pokémon foram devolvidos em suas Pokéball. Com um conselho de Jack, Hilbert preferiu manter a esfera de Brianna no bolso de sua calça, como uma forma de praticidade caso um evento inesperado acontecesse e fosse necessário uma ação rápida.

    Por fim, com todas as coisas arrumadas, era hora de pôr o pé na estrada. A tempestade de areia - se é que se podia chamar assim -, havia dado uma trégua e a caminhada se prolongou sem grandes incômodos, enquanto Hilda e Hilbert discutiam por motivos triviais, Jackson parecia se empolgar com o ambiente, contando tudo sobre sua profissão para Inari, que ouvia de bom grado.

    — Essas construções são antigas, pela arquitetura, devem ser de mais ou menos 450 anos atrás – explicou o rapaz, apontando para moradias amareladas que quase se camuflavam com a areia. Era possível ver os efeitos do tempo com os tijolos desgastados e a os traços de destruição. Alguns Pokémon usavam como moradia, enquanto se escondiam dos humanos que insistiam em explorar.

    — São bem diferentes – observou Inari, sabendo que não teria muito que acrescentar na conversa, mas ter um ouvinte parecia tudo que ele precisa. – Você já explorou aqui?

    — Na verdade, foi aqui que eu achei a Light Stone.

    Nesse momento, até mesmo Hilda e Hilbert, que não tinham parado de discutir e Vic, que tentava conter os dois, olharam para o arqueólogo, tão surpresos e interessados quanto a sacerdotisa na informação valiosa do amigo.

    — Sério? Digo, onde foi exatamente? – questionou o treinador, parando junto da companheira. – Tipo, você escavou, escavou, escavou e achou?

    — Adoro sua visão sobre minha profissão – riu Jack. – Não é beeeem assim – explicou. – Geralmente a gente recebe informações sobre o lugar. Eu estava numa equipe na época, então a gente foi selecionado para uma área especifica e ficamos por lá, explorando, cavando e analisando o que é interessante. Bom, isso é só um resumo.

    — E você sabe onde encontrou a Light Stone mais ou menos? – questionou Hilda.

    — É difícil uma localização exata – refletiu Jackson, com a mão no queixo. – Ela ficava naquela direção – apontou para o noroeste, onde, para além de uma estrada asfaltada, restos de construções, um enorme deserto e dezenas de dunas de areia se misturavam em uma paisagem seca e quente. – Mas como sempre tem tempestades de areia, o lugar perde e se muda.

    Hilda pensou, olhando para a direção indicada. Procurou ouvir para dentro de si a existência de alguma chama crepitando, mas ela estava mais silenciosa que Clara. Foi Inari que despertou a garota de seus devaneios com a pergunta que ela precisava ouvir:

    — Acha que você vai sentir algo forte se estiver perto do local em que foi encontrada a Light Stone?

    — E-Eu não sei. Não estou ouvindo nada – respondeu. – Clara também está quieta, mas admito que estou curiosa com a possibilidade de que os fragmentos possam procurar seu local de origem – contou. Os outros quatro assentiram.

    O grupo correu pela estrada asfaltada até onde fosse possível, até que perceberam que, para o desespero de Hilda, teriam que adentrar as areias secas e se arriscarem a não caírem nas movediças. Jackson segurou Bijou em seu colo, garantido que ela não cairia caso seu pé vacilasse. Sombra assumira sua forma de Arcanine para dar apoio ao grupo que se aproximaram e seguraram os pelos do enorme cachorro. Vic voava um pouco mais alto para verificar algum sinal de pista. A Furret de Inari, Cami, por fim, seguia sua mestra com agilidade enquanto protegia o ovo de Hilbert.

    — Sente alguma coisa, Hilda? – questionou Hilbert, notando que a tempestade aos poucos se intensificava. O que pensaria os outros ao verem um grupo de jovens aventurando fora dos limites para procurarem sabem-se lá o quê?

    — Por enquanto, nada! Inari, acha que consegue sentir algo também? Lembro que você tinha uma conexão com os fragmentos – questionou a menina, olhando para trás. A sacerdotisa negou:

    — Eu apenas sinto quanto estão próximas, mas são em ocasiões raras.

    Andaram e andaram. Os Pokémon selvagens observavam, até cogitavam em atacar por serem presas fáceis, mas o tamanho da Zorua disfarçada do cão de Kanto realmente intimidava-os. Os minutos pareciam horas no mais absoluto silêncio, a tempestade aumentava cada vez mais, começando a ser difícil enxergar um palmo na frente do rosto.

    — DE QUEM FOI ESSA IDEIA ABSURDA?! – praguejou Hilbert.

    — Eu não me lembro de as tempestades desse lado serem tão fortes! – gritou Jack.

    — Hilda, nenhum sinal? – questionou Inari, mantendo a calma.

    — Estou me esforçando – respondeu Hilda, nervosa.

    Jackson prestava atenção na conversa que nem percebeu quando seu pé falhou e ele quase caiu. Certificou-se de segurar a Cleffa contra seu peito antes que ela caísse, a bebê choramingou assustada, logo depois, o arqueólogo recompôs o equilibro.

    — Tá tudo bem, pequena, tá tudo bem – confortou o rapaz antes de reclamar: - Já chega! Vamos voltar antes que isso nos mate!

    Hilda olhou para o horizonte, em busca de alguma última esperança. A menina virou-se e negou com a cabeça, dando por encerrada aquela maluca e espontânea atitude. Deram meia volta e com passos lentos começaram a retornar.

    “Volte para mim, Autevielle”, aquela súbita voz fez Hilbert virar a cabeça tão rápido que assustou Jackson, que estava logo atrás.

    — O que foi? – questionou o rapaz.

    — Vocês ouviram? Alguém falou meu sobrenome – disse, com a voz trêmula e a pele pálida.

    — Como é? – perguntou Hilda, confusa. – N-não, eu não ouvi nada. Tem certeza que vo-

    Dessa vez, foi a vez da garota ter a atenção desviada para trás. O som da chama crepitava tão forte que a morena teve a sensação de seu corpo arder junto, colocando a mão em seu pescoço como se fosse sufocar.

    Vocês dois parem com essa brincadeira! – berrou Vic, sentindo um arrepio na espinha. – EU ODEIO FILMES DE TERROR!

    — Estou sentindo a presença dos fragmentos – revelou Hilda. – E é tão forte que tá meio deixando louca.

    Hilbert não esperou a conversar terminar. Como se estivesse hipnotizado, ele começou a caminhar em direção da voz que ouvira, não importando com a tempestade que começava a intensificar. Hilda esticou a mão, sem se soltar de Sombra, que usava o máximo da sua força como Arcanine para se manter presa ao chão junto dos outros.

    — HILBERT! – berrou a garota. – NÃO DEVEMOS NOS SEPARAR!

    O treinador apenas ignorou. Ele nem ao menos se importava com seus pés afundando na areia movediça.

    — SEU IDIOTA! – gritou Hilda, desesperada, agindo com imprudência ao se desvincular de Sombra e correndo em direção ao colega.

    E como uma boa serva de sua mestra, Sombra não pensou duas vezes antes de acompanhar a garota, deixando Jackson e Inari desamparados para trás. Vic tentou chamar a atenção do Pokémon, mas foi em vão.

    Inari recuou e se agachou para evitar que a tempestade a levasse. Já era impossível enxergar uns aos outros, mas Jackson trouxe a sacerdotisa para perto, agarrando-a pela cintura, e para ajudar com o suporte, ele liberou Jesse, o Excadrill, que era o único a não se incomodar com o ambiente. O Pokémon escavador cravou suas garras na areia, ficando estável no chão, enquanto o arqueólogo, abraçado com a ruiva, se seguraram nele, Cami segurava a saia de sua mestra.

    Ninguém soube dizer quando a areia engoliu todos. Os corpos não seriam achados tão facilmente e o grupo viraria apenas história.



    A cabeça de Hilda parecia que iria explodir de tanta dor. Estava deitada em um chão lamacento e feito de pedras escura. Ou era o ambiente que estava escuro? Levantou a cabeça e sentou-se no chão para logo em seguida levantar-se, tentando assimilar onde estava, o que sabia era que os fragmentos da Light Stone estavam mais próximos do que nunca.

    Sua vista estava levemente embaçada, mas despertou quando um pingo de água pingou em seu nariz. Chuvas eram raras na Route 4, mas ela tinha certeza de que estavam no mesmo lugar? Seu olhar vasculhou o ambiente e ela fixou na única coisa presente. Uma enorme construção erguia-se no horizonte como um monumento histórico.

    E de história, aquele lugar parecia ter muito. Uma mansão de estilo Johtoniano possuía vários andares, mas não parecia estar habitada há anos graças a aparência acabada e os arbustos e gramíneas crescendo por entre as rachaduras da parede e as pedras da entrada. Entrada essa que era guiada por lanternas de pedra e algumas velas que mantinham acesas, como um funeral.

    Original: thefriz08

    O ambiente estava escuro, mas não parecia ser noite, enquanto as árvores ajudavam com o clima fúnebre e de terror. Sombra, apesar da sua tipagem, se intimidou com o local, em sua forma de Zorua, ela se escondeu entre as pernas de sua tutora. Hilda notou então que estava sozinha, ou pelo menos achou que estava.

    — Hilbert? Inari? Jackson? Vic? – chamou a morena, entrando em desespero.

    Manor of Twins – as primeiras palavras de Clara, depois de um bom tempo em silêncio fizeram Hilda pular de susto. – O que é isso, garota?

    — O que é isso? Você ficou tanto tempo quieta que eu já tinha esquecido de você – respondeu ela, com a mão no peito. – Sabe onde estamos?

    Estamos no último lar da Light Stone – respondeu a princesa, com a voz pesada. – Reshiram me contou sobre esse lugar.

    — Isso aqui é a Route 4? Não tem areia, nem ao menos está de dia.

    Vocês provavelmente foram engolidos pela tempestade e transportados para cá – explicou Clara. – Mas foque no que é mais importante, não está sentindo a presença da Light Stone?

    — A-Agora que falou – disse Hilda, voltando sua atenção para dentro de si. As chamas crepitavam e passeavam por seus canais auditivos, como se ela usasse fones de ouvido, seu corpo queimava. – Está forte. O problema é que... – ela arrepiou-se. – A sensação vem de lá dentro, e eu não achei Hilbert e os outros.

    Tenho certeza de que os outros estão bem, deveríamos entrar e procurar. Com sorte, poderemos encontrar fragmentos.

    — Entrar ali? – perguntou Hilda, apavorada.

    Você não tem outra saída, tem? – questionou ela, irônica.

    Sem uma resposta concreta, a garota deu lentos passos em direção a porta. Zorua a seguiu, com os pelos arrepiados, ansiosa com qualquer barulho. Hilda segurou as empoeiradas maçanetas pesadas e argoladas da mansão e abriu com certa dificuldade, mas conseguiu entrar, para sua infelicidade.

    O local era mal iluminado, com apenas velas que milagrosamente se mantinha acesa em tochas ao longo de um corredor. O hall de entrada era a primeira coisa a ser vista, mas tudo que Hilda parou para notar foi como as madeiras estavam podres, tomando cuidado para não pisar em alguma quebrada e cair. Assim como o lado externo, ela tentou assimilar o que era o local.

    Clara havia chamado o local de Manor os Twins, tentou vasculhar na sua memória se havia estudado isso em livros de história, mas nada lhe veio à mente, talvez Jackson soubesse de algo, suspirou e torceu para que eles estivessem bem. Pensou também em Hilbert e no que poderia ser a voz que ele ouvira.

    Seus passos eram leves, mas isso não impedia de o chão ranger. A janela no fim do corredor tinha um formato de Ying Yang e Hilda notou como o corredor se dividia em dois caminhos. Mas não foi isso que lhe chamou a atenção. A bolsa de Hilbert jogada graciosamente e iluminada pela pouca luz que entrava fez o coração da garota parar por um segundo. Ignorando sua promessa em não correr, ela se dirigiu até o objeto jogado no chão e ajoelhou-se para pegá-lo, como se estivesse disputando com alguém.

    — Isso é bom sinal, né? – questionou, analisando o objeto. As Pokéballs, as insígnias, os mangás de Jackson, algumas peças de roupa, tudo estava ali, mas sem nenhum sinal de seu dono. Olhou em volta pelos corredores e não encontro ninguém.

    Ela notou que embaixo de onde a bolsa repousava, estava um pequeno bloco de anotações de cor vermelha. Curiosa, ela pegou o objeto com delicadeza imaginando quanto tempo aquilo estaria ali.

    “Grimaud’s Notebook” – leu ela, antes de se tocar. – Espera! É do nosso Grimaud? – revirou algumas páginas com anotações distorcidas pelo tempo e desenhos que não valia nem a pena comentar, mas que comprovavam ser do Joltik safado. Em uma das páginas, enfim, ela conseguiu ler algo: - “O senhor Athos conversou com o senhor da casa, eu não entendi muito bem sobre o que falavam já que prestava atenção em uma linda moça de cabelos negros que tinham suas curvas realçadas pelo seu kimono. Porém, ouvi algo sobre o RITUAL DAS GÊMEAS.”

    Tsc, quanta informação inútil – resmungou Clara.

    — Não me surpreenderia se o resto das páginas fosse só sobre essa mulher – ironizou Hilda. – Grimaud esteve aqui quando era humano então? E com o pai do Hilbert? O que é o Ritual das Gêmeas?

    Menina, eu não sou a voz da sabedoria, só a voz da verdade – respondeu a princesa, ríspida. – Vê se tem algo sobre a Light Stone.

    Hilda continuou a folhear as páginas, em busca de qualquer informação. Talvez pudesse encontrar no caderno a exata localização do objeto, já que, se baseando na sua habilidade de sentir a presença dos fragmentos somada com as informações dadas por Clara, era plausível que alguns fragmentos tivessem voltado para seu local de origem.

    Ela só não sabia que concentrada daquele jeito, estaria vulnerável pelo ambiente que a cercava. Quando percebeu, alguém tocou em seu ombro.

     

    Inari acordou em um ambiente muito reconfortante, mas ao mesmo tempo, triste. O quarto claramente pertencia a gêmeos a julgar pela dualidade de objetos, tudo lá era familiar, já que fazia parte da cultura de Johto. Os quimonos brancos pendurados e abertos eram de um tecido caro, mas um deles estava manchado de sangue. Duas lâmpadas, dois futons, dois pequenos altares usados para orações pessoais e uma cômoda de madeira antiga completavam o quarto. Inari notou também que as aberturas que eram usadas como janelas não davam visão para o lado de fora.

    A sacerdotisa cambaleou um pouco ao se levantar, já que o ambiente era extremamente pesado para uma pessoa como ela, porém, Jackson a segurou por trás.

    — Opa – riu ele, nervoso. – O-Onde estamos?

    — Parece alguma espécie de mansão antiga – respondeu Inari. – Estamos no quarto de gêmeas.

    O arqueólogo agachou-se para pegar um objeto em um dos altares, tentando investigar de que época e local seria, mas ele foi repreendido pela ruiva, que acertou um tapa em sua mão.

    — Não tire nada do lugar! – alertou. – Não sabemos a quem pertence. É um lugar assombrado.

    — A-Assombrado? – Jack gelou e levantou-se, se aproximando de Inari.

    — O clima está muito pesado, ainda devem existir fantasmas vagantes por aí – explicou a moça, sempre olhando em volta. – Mas eu tenho medo de alguns serem hostis.

    — Desde quando você domina essas coisas? – questionou o arqueólogo, certificando que Bijou, sua Cleffa, estivesse confortável em sua mochila.

    — Quando se mora em templo, esse tipo de coisa é normal – respondeu Inari, um pouco intrigada com o quimono manchado de sangue. Curiosamente, o formato da mancha se assemelhava a metade de uma máscara. – Morty também me ensinou muito sobre espíritos – completou ela.

    — Isso explica o motivo dos olhos caídos assombrar meus sonhos – ironizou Jack, não escondendo a cara de insatisfação. – A categoria dele é a de fantasmas inconvenientes?

    A ruiva riu de forma curta, mas seu corpo estremeceu logo em seguida. De forma ligeira, sem esconder o pavor, ela cobriu a boca do arqueólogo com a mão e o puxou para de trás de um dos quimonos.

    — O-o que que foi? – questionou ele, assustado.

    — Shhh!

    Não havia passos, mas a presença da criatura já fazia o ambiente pesar. Por entre as frestas, Jack e Inari conseguiam apenas enxergar uma garota magra e pálida, seus cabelos negros e curtos faziam sombra em seus olhos a tornavam ainda mais assustadora, já que não era possível saber para onde ela olhava. A sacerdotisa notou também que toda aquela energia ruim era causada por uma enorme criatura sombrosa que causava terror em qualquer um que ousasse cruzar seu caminho. Seus olhos eram vazios e sua expressão de dor, seu corpo flutuava e era esquelético, com um quimono que se agitava com um vento que não existia. E havia cordas, muitas cordas que envolviam dos dois, não sabendo exatamente quem prendia quem.



    A mulher, que usava o mesmo quimono manchado de sangue, sentou-se em um dos altares e começou a pentear seus cabelos, numa tentativa inútil de arrumá-los, já que o objeto não parecia entrar em contato com sua forma espectral.

    Jackson, que estava logo atrás de Inari, sussurrou em seu ouvido:

    — Não é meio inútil brincar de esconde-esconde com um fantasma?

    — Ela não está interessada na gente – sussurrou a ruiva de volta.

    A sacerdotisa e o arqueólogo quase gritaram quando a cabeça do fantasma virou para trás de forma bizarra. O espírito que estava com ela se agitou. Lentamente, ela se levantou e começou a flutuar em direção aonde os dois pobres humanos estavam, o gemido de dor que a criatura que a acompanhava emitia naturalmente tornavam a situação mais sufocante.

    Jackson segurou a cintura de Inari e a puxou para trás, numa tentativa inútil de fugir de uma presença sobrenatural como aquela. Cami grunhiu, chamando a atenção dos dois.

    “Não vão tirá-lo de mim”, a voz horripilante da mulher preencheu os ouvidos dos dois, que sentiram o corpo gelar e a espinha arrepiar. Cami grunhiu mais uma vez, empurrando uma caixa velha que revelou esconder uma porta de aproximadamente um metro.

     — J-Jackson-sama – apontou Inari, agachando-se para abrir a porta.

    — Tem certeza que fugir por uma porta vai resolver? Não é como se eles não atravessassem portas – argumentou o arqueólogo.

    — Você tem uma alternativa melhor? – engatinhando, ela deixou que Cami assumisse a frente, logo depois, ela adentrou o estreito corredor. Jack, por último, repetiu o movimento e certificou-se de fechar a portinhola.

    O corredor era longo e para a sorte deles, o fantasma não pareceu ter interesse em segui-los.

    Pertos de terem um ataque de claustrofobia graças a nenhuma iluminação, a Furret finalmente encontrou a saída, levando a dupla para um jardim escuro ao ar livre. Jardim esse que era forrado com grama morta cinzenta – ou seriam cinzas? -, o destaque da paisagem estava na apodrecida árvore de cerejeira e toriis que conectavam a mansão principal até uma construção menor que parecia ser uma espécie de templo. Inari imaginou como seria bonito o local em outras condições.



    — Consegue imaginar que lugar é esse? – questionou a sacerdotisa para seu colega.

    Jackson olhou em volta, notando que existia uma varanda que fazia vista para o jardim, mas não encontrou nenhuma resposta lá.

    — Se isso daqui for um sonho, eu espero que acordemos logo – concluiu. – Estou preocupado com Hilbert e Hilda. Não os vimos desde que aquela maldita tempestade nos engoliu.

    — Eu me sinto em Johto, toda essa arquitetura parece ter saído de lá – observou a outra.

    — Vamos tentar focar – o homem agachou-se, retirando o celular de sua mochila, ligando a lanterna dele. – Podemos procurar uma saída ou procurar Hilda, Hilbert e Vic. Temos que nos preocupar também com aquele demônio bizarro.

    — O que será que ela quis dizer com “não vão tirá-lo de mim”?

    — Não faço ideia, mas não tô nem um pouco interessado nos rolos que aquela mina tem.

    Os minutos a sós foram poucos, já que, mais uma vez, a mansão assombrada insistia em assustar seus visitantes. Pelo menos dessa vez, não era o espírito da mulher de quimono branco, e sim, o que parecia um flashback de eventos passados, que pareciam recontar a história daquele local enquanto os espectadores assistiam, ainda que apavorados.

    Dois monges com máscaras de expressão neutra guiavam um senhor de cabelos brancos que parecia ser uma espécie de líder ou dono do local. Atrás dele, três homens bem trajados com roupas diferentes prestavam atenção no que o homem tinha a lhe dizer.

    “Esse é o nosso Jardim da Cerejeira”, contou. “Aquele templo guarda um objeto precioso, recomendo que fiquem longe”, o senhor tentava impor medo para os visitantes de maneira natural.

    Um dos rapazes que visitava, com seus longos cabelos esverdeados presos em um rabo de cavalo sussurrou para o do meio, que parecia ser o líder:

    “Eu não gosto nem um pouco dessa cara”

    Em resposta, ele riu, ajeitando seus cabelos negros e olhos amarelados.

    “Tente ser compreensível, Aramis, são pessoas que não estão acostumada com visitas”, o homem virou-se para o dono da casa com um sorriso. “Ouvimos dizer que realizam rituais de purificação”

    “Vou lhe apresentar a Kirie e Tomie”, seco, o senhor apenas guiou o grupo para outra área da mansão.

    Jackson e Inari se entreolharam, com centenas de dúvidas na cabeça. Não sabiam dizer se aquilo era só uma manifestação de suas mentes confusas ou se era alguma história que estava sendo contada e eles precisavam ouvir. Foi o pequeno Joltik que aparecia nos momentos mais inconvenientes que se manifestou, agitado. Pulou de dentro do quimono de Inari e gritou, ainda que sua voz não fosse tão alta.

    É O SENHOR ATHOS! É O SENHOR ATHOS! EU ME LEMBRO DESSE LUGAR!

    — A-Aquele era o pai do Hilbert? – questionou Jackson, surpreso.

    Exatamente, era na época que éramos humanos ainda ­– contou a aranha.

    — Estamos reassistindo o que aconteceu? Mas por quê? – questionou Inari.

    “Vocês precisam salvar Kirie”, a voz veio como um sussurro confortante na nuca da sacerdotisa e do arqueólogo, mas os dois se recusaram a olhar para trás.

     

    Hilbert sentiu um vento refrescante contra seu rosto e isso o fez acordar. A brisa era tão macia que ele não escondeu um sorriso confortante, mas seu corpo logo em colocou em alerta. Levantou-se num pulo e notou estar em uma praia com um horizonte infinito, não era noite, mas era como se alguém tivesse deixado a luz baixa. Se olhava para a direita ou para esquerda, tudo era infinito, estava sozinho e isso lhe dava uma falsa sensação de paz.




    Seu corpo estava arrepiado e seus estômago começou a embrulhar, dando sinais de ansiedade. Aquele infinito o fazia se sentir minúsculo, a ausência de algo fazia sua mente focar em coisas que provavelmente não existiam. A solidão o fez soltar uma lágrima solitária. Estava sozinho e odiava aquele inimigo invisível.

    “Autevielle?”, a voz feminina mansa, mas ao mesmo tempo assombrosa veio por trás e o treinador se virou.

    Hilbert gritou e não houve eco da sua voz. A criatura que flutuava em volta da mulher de quimono branco deixava qualquer um paralisado, mas foram os olhos acinzentados da menina que o treinador encontrou logo em seguida.

    Seu medo se transformou em compaixão quando ele notou que aqueles olhos carregavam uma tristeza mista de felicidade ao vê-lo. Ela ajoelhou-se na altura do menino e sorriu com dentes podres e pretos.

    “Você vai me levar para fora daqui? Vai me levar para junto de minha irmã, Tomie? Você me prometeu”.

    Hilbert engoliu seco, podia fugir, mas para onde? Teve até medo da criatura que acompanhava a mulher de quimono lhe seguir para lhe matar. Com a voz falha, ele perguntou:

    — D-Desculpe, moça, e-eu não te conheço. Qual é o seu nome?

    “Sou eu, Autevielle”, ela insistiu, ainda que não fosse o suficiente. “Sou Kirie”.

       

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