• A importância de se sentir parte de algo (Especial Pride Month de NPU)


    Uma vez, escutei o humorista Thiago Ventura dizer: "Se tem espaço no palco para todo mundo, porque insistimos em tirar o holofote das pessoas?". 


    É irônico como um humorista conseguiu me impactar seriamente com uma frase em um show de stand-up, mas não é a primeira vez que a questão da representatividade foi palco de discussões. 


    Eu ainda sou muito jovem e tenho muito o que aprender sobre pessoas, sobre a vida e sobre realidades diferentes da minha. E posso dizer que Neo Pokémon Unova é uma excelente escola para isso. Escrever histórias quase sempre é sobre nós e sobre nosso redor, mas qualquer escritor sabe a importância de expandir os horizontes e fugir da sua zona de conforto. 


    E essa expansão de horizonte não está apenas relacionado com o famoso repertório, mas sim, de atingir mais pessoas. 


    O mês de Junho é conhecido como o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+. O mês remete a história da luta contra a homofobia na Revolta de Stonewall em Nova Iorque. A sigla, que na década de 90 era apenas conhecida como GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), se modificou ao longo dos anos para incluir cada vez mais pessoas. 


    De acordo com o site Orientando, a sigla é a junção das iniciais de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexo, Assexuais/Arromânticos/Agênero, Pan/Polissexuais, Não-binários e mais


    OK, mas o que isso tem haver com Neo Pokémon Unova? 


    Não é novidade que personagens LGBTQIAPN+ estão presentes na fanfic, mas eu comecei esse artigo falando sobre ter espaço no palco para todos. E esse mês me faz refletir sobre um assunto importante: a representatividade. 


    É claro que, desde o começo, o Hilbert foi uma alusão a pessoas com deficiência e os desafios que a sociedade impõe, além do Jackson ser um representando da justiça social e do movimento negro. Porém, e as questões de sexualidade, e de gênero? 


    Eu já recebi diversos comentários sobre quanto os leitores são apegados ao meus personagens e como se divertem e se emocionam com eles. Mas como uma autora jovem e que está aprendendo, eu aprendi a me questionar: As pessoas se identificam com meus personagens? 


    Recentemente, eu tive a oportunidade de assistir The Owl House, que trouxe para nós uma história cativante e personagens memoráveis, desde os protagonistas até os secundários e figurantes. Mas o que mais me chamou a atenção era como Dana Terrace trouxe para nós a importância de trazer personagens de diversas sexualidades e gêneros. Com a história terminada de maneira precoce (maldita Disney), algumas perguntas ficaram, dentre elas, a questão sobre a sexualidade de dois personagens que foi confirmada pela autora em live. 


    Foi aí que muitas perguntas surgiram na minha cabeça: Como isso afetaria a história? Isso influencia tanto assim o personagem? Isso era importante o suficiente para ser revelado ou ser levado em conta?

    As minhas idiotas dúvidas foram respondidas nas redes sociais quando milhares de pessoas comemorando e comentando sobre esse simples fato. A resposta então era clara: Representatividade.

    Não era só sobre acrescentar características e dar profundidade ao personagem, e sim, sobre fazer as pessoas enxergarem neles um espelho, um ponto de conforto, um lugar seguro. 


    Ser autora é se comunicar. Você se comunica com seus leitores e com seus personagens. E é claro, que uma reflexão sobre a representatividade fez com que minhas crianças me contassem sobre como elas se sentem. E é por isso que eu quero trazer para vocês alguns fatos. 


    HILBERT

    Hilbert é pansexual! De acordo com o site Orientando, uma pessoa pan sente atração por pessoas de qualquer identidade de gênero, ou sente atração que não é determinada por gênero.

    Hilbert se sente atraído por pessoas, não só apenas na sua vida social, mas agora também na sua vida romântica. Independente de quem você, Hilbert estará aí para você.

    Quando eu criei o Hilbert, personagens chamados de "sunshine ou solzinho" foram minha principal inspiração. Esses personagens possuem um charme natural que atrai as pessoas, são miss simpatias e são altruístas. Obviamente a sexualidade não é influenciada pela sua personalidade, mas essa adição ao Hilbert me faz conhecer cada vez mais meu menino.



    JACKSON

    Sim, Jackson também está na lista, e ele é bissexual! Pessoas bi sentem atração por dois ou mais gêneros. 

    Apesar do nosso arqueólogo não dar nenhum indício sobre isso, ele foi o que me inspirou a fazer a lista. Posso dizer que ele foi o meu primeiro filho a me contar sobre isso rs. 

    Mesmo assim, posso dizer que parte disso é uma pequena homenagem a pessoas bissexuais que me rodeiam, como o Leucro de NPJ, o Welfie de NPG e até mesmo a prima da autora.


    INARI

    Inari é demissexual! Pessoas demi são pessoas do espectro assexual/arromântico/etc. que podem sentir atração apenas caso exista uma conexão especial prévia com quem é alvo da atração. No caso da Inari, ela apenas sente atração sexual quando tem forte conexão com a pessoa. 


    Essa é mais uma das minhas características na Inari. Por volta do ano passado eu me descobri demi-hétero e confesso que essa descoberta foi uma das coisas que mais me ajudou a me entender a aprender a conhecer meus próprios limites. 


    NATURAL

    Saindo agora dos protagonistas, temos N, que, parecido com a Inari, é demirromântico! 


    Esse é o personagem que mais deu dicas sobre sua sexualidade, no capítulo 20, o rei dos Plasmas tem uma interação romântica com uma dAs Virtudes, Susan, mencionando que não sabia se estava sentindo amor ou pura admiração. Isso se deve ao motivo das pessoas demirromânticas precisarem de uma conexão forte para sentirem atração. Desejamos sorte para Susan rs


    DISCLAIMER: Sempre bom lembrar que O N DE NPU não está relacionado com o N da Pokémon Company. Por se tratar de uma fanfic, nenhum dos eventos são canônicos com o oficial.



    SOMBRA E BIJOU


    A pequena Zorua de Hilda e a fofa Cleffa de Jackson são lésbicas! Lésbica é uma mulher ou pessoa não-binária que considera ter similaridades com mulheres dentro de algum aspecto de sua identidade que sente atração apenas (ou majoritariamente, em alguns casos) por outras mulheres e/ou pessoas não-binárias que consideram ter alinhamento com o gênero mulher ou identidade de gênero similar a mulher.


    Assim como os protagonistas, tanto Sombra quanto Bijou não deram pistas de sua sexualidade, mas essas duas são uma caixinha de surpresa. Na verdade, isso é só uma pista do que reserva para as duas no futuro rs 


    Importante mencionar que a Carol, de NPH e a Jolly de AEU, de faz parte da bandeira lésbica. 


    MERCURIA

    A Vaporeon de Hilbert é AroAce! Essa sigla é a junção das palavras Arromântico e Assexual, sendo pessoas que não vivenciam atração romântica nem sexual, seja de forma total, parcial ou condicional.


    Enquanto diversas pessoas se sentem atraídas por pessoas de maneiras diferentes, Mercuria não sente atração por ninguém e está tudo bem! 

    Vou citar a autora de AEP, ShinyReshiram, que é assexual e que também foi uma das inspirações para essa decisão para a Mercuria.

    O que eu concluo com tudo isso? 


    Simples, não tem o que concluir. Se me perguntarem: O que isso influencia na história? A resposta é simples: Tudo. Isso não vai mudar drasticamente como vocês conhecem NPU, mas vai abrir mais espaços para termos uma história e um universo cada vez maior. 


    Mas o mais importante, que também reflete o título dessa postagem: A IMPORTÂNCIA DE SE SENTIR PARTE DE ALGO. Eu espero que mesmo de forma pequena, pessoas se sintam representadas, que enxerguem nos personagens desta fanfic um espelho que reflitam elas mesmas, um ponto de conforto e um lugar que elas olhem e não sinta medo ou vergonha de serem elas mesmos. 


    Infelizmente eu entrei apenas na questão de sexualidade desse post, mas eu espero que as pessoas de diversos gêneros se sintam abraçadas. Vivemos em um mundo em que condenamos pessoas pelo jeito que elas se sentem bem, então, de autora de NPU, de StarChan e como Vanessa, eu abraço a todos vocês nesse mês <3 


    E para finalizar, parafraseando Thiago Ventura novamente: "Se você o tipo de pessoa que acha que um cara que é homossexual é doente, na minha opinião, o doente é você. Se você quiser, você pode até sair fora, a gente nem dispões da mesma opinião, tá ligado?"


    Obrigada a todos que leram até aqui e que fazem parte da comunidade, que o respeito seja dado a todos no ano todo e não somente em junho. E para quem não é da comunidade, não é preciso ser para ser contra a homofobia, faça sua parte.


    CONSIDERAMOS JUSTA TODAS AS FORMAS DE AMOR


    Agradecimento mais que especial para o Grovy de NPD, que fez ótimas artes. SIGAM ELE NAS REDES SOCIAIS : INSTA | TWITTER | CARRD
    Agradecimento também para o site ORIENTANDO 

  • TRÊS MOTIVOS PARA VOCÊ COMEMORAR OS 3 ANOS DE NPU!

     


    Quando eu comecei a escrever fanfics, eu não imaginava que isso iria parecer mais uma com uma roda gigante do que com uma montanha russa.

    SEJAM BEM-VINDOS AO EVENTO MAIS ESPERADO ANO, ISSO MESMO, O POKÉMON DAY! 

    Não sei onde eu estava com a cabeça de querer enfiar NPU no meio disso... Enfim, tá no Distortion World, abrace Giratina.

    Se você já aproveitou e está satisfeito com todas as novidades que a Pokémon Presents ofereceu no aniversário de 27 anos da franquia, peço que sente-se para aproveitar seu after party aqui conosco. Se por acaso você odiou, vou garantir que teremos álcool suficiente para você encher a cara.

    Aniversários são datas estranhas. EU SEI QUE É OUTRO CLICHÊ, mas eu sempre paro pra pensar como na língua portuguesa usamos o termo ANIVERSÁRIO para qualquer tipo de data comemorativa que envolva anos, enquanto isso, na língua inglesa, a gente separa entre Birthday para comemorar o nascimento de alguém e de algo vivo, e Anniversary para comemorar uma data importante, seja da fundação de algo ou do acontecimento de algo importante (não me cobre uma explicação correta e didática desses termos, isso não sou professora de inglês e isso não é uma aula). 

    Nessa linha de raciocínio, podemos dizer que Neo Pokémon Unova está no seu terceiro 'Anniversary'?
    Eu diria que não. 
    Apesar do sentindo correto da palavra, eu gosto de pensar que NPU está em 'Birthday' de 3 anos. Como? Eu não preciso ir muito longe para mostrar como NPU é cheio de VIDA. Claro, não é no sentindo literal da palavra, estamos trabalhando com metáforas. Mas se tem algo que 3 anos de blog me ensinaram é que Neo Unova é como uma árvore em crescimento. Seja pelos mais de 400 comentários ou pelas mais de 50 mil visitas que tivemos, ou seja pela milhares de vezes que as pessoas chegaram até mim para falar sobre a fanfic, NPU se prova um universo em expansão cheio de vida.  

    Então, o que temos a comemorar? O que faz vocês acreditarem no título dessa postagem? 

    1. 40 capítulos é uma longa história até aqui

    Se pudéssemos associar capítulos como anos de vida, Neo Pokémon Unova teria 40 anos. Independente do sucesso, isso ainda configura uma história. Independente da relevância dessa história, ela deixa sua marca permanente no mundo, seja fisicamente ou na memória das pessoas. Ainda é engraçado pensar nisso quando as vezes eu sinto certa nostalgia quando me refiro aos primeiros capítulos.

    Para vocês, talvez, quarenta capítulos são apenas...quarenta capítulos. Como autora, eu gostaria de falar da minha percepção quanto a isso. Eu considero que tive muitos fracassos na minha vida em relação à escrita, mas Neo Unova veio para ser minha professora. Eu aprendi tanta coisa que seria difícil citar tudo aqui, então tentarei ser breve. 

    Quatro dezenas de capítulos conseguiu mostrar meus pontos fracos e forte. Eu gosto de dizer para as pessoas que NPU é meu laboratório onde eu faço todos os tipos de testes possíveis (é meio irônico falar isso num tópico que compara o blog com uma pessoa). Aqui eu me sinto à vontade para desenvolver roteiros e gêneros de forma livre. Foi assim que eu descobri que descrições não é meu forte, que diálogos e comédia são minhas estrelas de ouro e que eu preciso aprender um pouco mais sobre drama.

    Por fim, eu nem preciso contar em como meus próprios personagens me ensinam a encarar a vida de uma maneira diferente. É como se NPU, em poucos capítulos, se tornasse uma espécie de irmã mais velha.

    2. Aqueles que são meus braços e pernas 

    Foi em Setembro de 2022 que tivemos nosso último capítulo postado. Desde então, o que houve com NPU? 

    Eu poderia simplesmente que estou ocupada com minha vida pessoal, com assuntos da faculdade e até mesmo com trabalho, mas esse é o espaço que eu escolhi para um desabafo. Estamos há 3 anos juntos, temos certa intimidade para isso

    A verdade é que às vezes uma estrela perde seu brilho. Isso poderia significar que eu fui engolida por um buraco negro? Talvez, se eu não tivesse outras estrelas nessa enorme constelação. 
    Lá no começo eu disse sobre rodas gigantes e montanha russas, e essa frase vai fazer sentido a partir daqui. Montanha russas são altos e baixos. Esses altos e baixos geralmente são frenéticos. Numa roda gigante, esses altos e baixos são mais longos. Infelizmente, chegou a parte que em que eu me sinto na parte baixa de uma roda gigante.

    A verdade que faz uns 5 meses que eu tive uma pane geral e me sinto culpada. Me sinto culpada por não ter motivação para dar atenção para algo que amo. Me sinto culpada por estar trazendo de volta uma Star do passado que falhou tantas vezes. Me sinto cansada, preguiçosa e as vezes depressiva (antes que se preocupem, está tudo bem, estou me cuidando como posso).
    O que mais me inveja é olhar em volta e ver que as pessoas estão empenhadas, isso me enche de determinação. Mas eu nunca consigo ligar esse motor. 

    E aí que as minhas estrelas dessa constelação entram em ação: Vocês, leitores e amigos queridos. São nos meus piores dias que vocês estendem a mão para me ajudar, mesmo que essa ajuda venha com um belo tapa na cara (thank u, Grovy). São nos dias rotineiras que do nada alguém aparece e fala "Te admiro por isso", ou seja nos comentários expressando com todas as letras possíveis o quanto NPU é incrível (Shadz, seus comentários serão respondidos, obrigada por não desistir de mim <3).









    E todos esses prints são recentes. Eu faria um drive de 1TB com o tanto de carinho que vocês me deram em 3 anos de história rs Isso é 1% de todo o amor que vocês depositam em mim que as vezes eu não sei o que fazer com tanto. 

    É por vocês que eu nunca vou desistir de estar desse lado. Uma música disse uma vez: "Eles dizem que casa é onde seu coração está, onde você vai quando está sozinho, é onde você descansa seus ossos".


    3. Dedicação sobre tela

    Escrever é uma arte. Assim como a representação em forma de desenhos também é. 

    Por isso, eu convido vocês para a última parte desse especial. 

    Não existiria um especial para Neo Pokémon Unova esse ano. Para mim, não havia o que se comemorar. Num frequente fracasso de páginas desatualizadas e capítulos não escritos, o que eu teria orgulho de comemorar? 

    Foi aí que eu resolvi enxergar minha NPU nos olhos de vocês, e cara, vocês amam essa porra muito mais do que eu imagino. 

    Estou deixando três artes recentes enviadas pelo Leucro, de NPJ, pelo Grovy, de NPD e pela ShinyReshiram, de AEP (e eu já fiquei sabendo que vocês estão preparando outras. DEUSES, VOCÊS SÃO MARAVILHOSOS) 

    Numa tradição mais longa que a família real britânica, temos o Grovy e seu Hilbert careca. Já foi dito que a gente acompanha a evolução desse menino toda vez que ele faz esse desenho

    UM MAIÔ ESCOLAR JAPONÊS. Você precisa de outro fanservice? Não, você não precisa. ONLY INARI EM SEU SEU MAIÔ. Obrigada Leucro, trouxe luz para um mundo em trevas.

    Responde aí, Vic, esse sorvete não é roubado, né?

    Novamente, isso é pouco perto do que vocês fazem. Eu nem preciso citar como do nada as pessoas aparecem com artes lindas de NPU. É uma honra a pessoa tirar horas do seu dia para se dedicar ao sorriso de outra. Espero que essa humilde fanfic continue inspirando vocês <3 

    POR FIM, para que todos que chegaram até aqui.
    Grovy preparou uma arte especial para esse aniversário. O coitado disse que a imagem teve APENAS 30 MB de tamanho. Deve ser o peso do carinho dele combinado com o amor de vocês e o quão foda essas crianças são. 
    Mas antes que vocês abram o presente, vou pedir para que sigam nosso menino artista nas redes sociais. E FAÇAM ENCOMENDAS COM ELE. 

    Grovy (Macks)

    Feliz Aniversário, Neo Pokémon Unova!
    Para vocês, aqui está o presente <3



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  • Capítulo 44

     


    Tsuyo contava o lucro do furto realizado quando notou que alguém tentava contatá-lo através do ponto preso em seu ouvido. Imaginou ser Maggie, já que a garota continuava atrasada e já passara da hora do almoço e isso o deixava insatisfeito. Quando ele aceitou a ligação, ouviu-se a voz de Susan, umas dAs Virtudes e filha de Gorm, dos Seven Sages:

    — Tsuyo, temos problemas...

    — Problemas? – questionou o ninja, se levantando, indo até o beiral do prédio, conferindo se o prédio estava cercado ou algo do tipo.

    — Estou de passagem por Castelia com o Rei e suas irmãs – contou a mulher. – Tivemos alguns problemas envolvendo um garotinho e seu Lillipup desaparecido.

    — Isso não é uma missão muito digna para uma membra dA Virtude – ironizou Tsuyo.

    — Eu sei – ela suspirou. – O problema é que um grupo de treinadores resolveu se juntar a “equipe de buscas”, e eles descobriram da nossa base no esgoto, além de desconfiarem das nossas ações.

    — O que sugere que façamos? – questionou o rapaz de cabelos brancos, tendo sua atenção desviada para a chegada daquela que ele esperava: Maggie.

    A garota ruiva sentou-se no chão, respirando fundo.

    — Avisarei Mikoto para se livrar das pistas no esgoto que denunciem quem somos – disse Susan. – E se você avistar um Lillipup com uma coleira, por favor, me traga.

    — Acho que vou ter a resposta em breve – Tsuyo cortou a comunicação com a colega de equipe e se aproximou de Maggie. – Você demorou – a expressão dele não era das mais amigáveis.

    A Shadow Triad observava de longe, silenciosos e desinteressados, presos em seus próprios mundos. O ninja cruzou os braços e esperou uma resposta da garota.

    — Eu tive problemas... – respondeu Maggie, envergonhada. – Não consegui pegar nada e ainda tive que fugir da polícia quando tentei capturar um Stoutland.

    — Foi um erro ter trazido você – Tsuyo disse, ríspido. A treinadora encolheu os ombros, envergonhada.

    — Eu tentei, senhor Tsuyo – Maggie estava sem palavras, nem tinha como argumentar. Ela apenas tirou a mochila de suas costas e a colocou com certo impacto no chão. Foi o som de grunhido vindo do objeto que despertou a atenção de todos.

    A garota agachou e abriu o zíper, sendo surpreendida por uma Lillipup com uma delicada coleira rosa. A cachorrinha latiu, completamente fora da noção da situação. Ela apoiou as patinhas para fora da bagagem, curiosa com os outros presentes.

    — Isso foi o lucro que foi trazer você pra cá? – disse Tsuyo, cruzando os braços. – Tem pelo menos cinquenta Pokéballs com Pokémon poderosos, e tudo que a senhorita me trouxe foi um Lillipup de apartamento?

    — E-Eu nem percebi que isso estava aqui – explicou-se a ruiva, segurando a Lillipup no colo, enquanto tentava impedir que ela lambesse seu rosto. – P-Provavelmente foi quando eu trombei com aquela criança.

    — Qual é a sua intenção com a equipe, Maggie? – Tsuyo se fez intimidador. – Se quer tanto ganhar dinheiro, tem que merecer! Por causa dessa sua burrada, existe um grupo de pessoas desconfiando da gente! Você tá tentando ser forte, mas você é só uma criança brincando! Era igual ao Peter, ele achava tudo isso uma grande piada enquanto brincava de casalzinho com você!

    Maggie avançou a acertou um tapa contra o rosto de Tsuyo. A Shadow Triad até mesmo deixaram o desinteresse de lado para olhar a atitude rebelde.

    — EU NÃO LIGO DE VOCÊ ME CHAMAR DE CRIANÇA, EU SEI QUE NÃO SOU EXPERIENTE! – ela começou a gritar. – MAS NUNCA OFENDA ALGUÉM QUE NÃO PODE SE DEFENDER! DEIXE O PETER EM PAZ!

    O tapa havia tirado a máscara utilizada pelo ninja. A cicatriz na região da mandíbula em formato de X explicava o motivo do rapaz estar sempre com o acessório. Ele ajeitou o pano no rosto e seus olhos sorriram.

    — A melhor coisa é atacar quando a vítima não tem nem chance de revidar – ele disse, de forma psicopata. – Irei relatar que você precisa voltar ao treinamento, você ficou fraca novamente e não está pronta para missões de grande porte.

    O ninja tirou a Lillipup dos braços da garota.

    — Eu preciso devolver isso antes que as coisas saiam do controle.





    Havia caixas de madeira empilhadas no deck. A composição delas fazia parecer que eram como um muro, elas aguardavam serem embarcadas no navio cargueiro próximo, mas para os quatro jovens, aquilo era um esconderijo perfeito.

    Aquele local estava bem movimentado, seja por funcionários responsáveis pelo transporte de cargas marítimas, seja pelos grupos de policiais em volta da entrada para o sistema de esgotos. A entrada era bem semelhante a um bunker. Benga encarava o grupo de pessoas, analisando o cenário.

    — Não vai ser tão fácil entrar – concluiu o neto de Alder.

    — O local deve estar interditado – refletiu Cheren. – Eles não vão querem ninguém alterando as provas do crime.

    — N-Não é melhor que nós expliquemos para ele a situação e eles procurem algum sinal da Angel? – questionou Bianca.

    — Eles não vão parar uma operação desse tamanho para procurar uma Lillipup – disse Benga. – Além do mais, tem mais de cinquenta desaparecidos, o máximo que vão falar é “Daremos um jeito”.

    N olhou em volta, procurando alguma ideia para despistar os policiais. Katrina, sua Purrloin, roçou o corpo em suas pernas, indicando que estava pronta para ajudar.

    — A-acha que consegue fazer isso? – disse o rapaz, conversando com a gata.

    A Pokémon ficou sobre as duas patas e fez uma cara determinada. Natural alcançou Katrina e a colocou em seu colo, acariciando seus pelos.

    — Por favor, se cuida.

    Ardilosa como as Purrloin de sua espécie, a gata deixou o abrigo e começou a caminhar por entre as pessoas. Seu alvo era óbvio: Um grupo de Stoutlands e Herdier que estava apenas ali, descansando, esperando ordens dos policiais para começarem mais uma investigação. Katrina sabia dos instintos daquela espécie de que eles nunca deixariam a oportunidade de caçar uma Purrloin solitária.

    A gata se aproximou de um Herdier que parecia o mais suscetível a causar alarde, a expressão atenta de quem vivia lotado de energia fazia seu focinho não parar de farejar o ar. Katrina chegou pelo lado do cão e entrou em seu campo de visão. Ele começou a farejar a gata, como se analisasse se valia a pena a atenção. Cruel, a Purrloin acertou um Scratch no focinho do Herdier.

    O cão comeu a latir irritado. Numa sinfonia, os outros de sua espécie imitaram o gesto. Katrina, provocante, correu por entre as pessoas. Isso criou uma reação em dominó, Herdiers e Stoutlands partiram em perseguição daquela pequena gatuna. Os policiais responsáveis e até mesmos os mais próximos tentavam conter o avanço. A confusão generalizada criou espaço para que o grupo se infiltrasse.

    Benga liderou o grupo até a entrada do sistema de esgoto e abriu a porta de ferro que não ajudava muito com o modo furtivo, mas com a confusão e gritaria, aquele fora o menor dos barulhos. O lance de escadas fazia o som dos passos parecer um cenário de terror, as luzes amareladas criavam uma atmosfera apavorante.

    O neto de Alder, que ia na frente, fez uma parada brusca quando notou algo preocupante. No final das escadas, era possível notar, quase invisível, uma névoa roseada que se movimentava levemente: Era o Dream Mist, numa quantidade nunca vista antes.

    — Eu acho que não é seguro respirar isso – apontou Bianca.

    — Por prevenção, coloquem algum lenço bem preso na boca e no nariz – disse Benga, alcançando um pano velho em sua mochila.

    Os outros três repetiram o processo com seus próprios pertences e logo, alcançaram de vez, o enorme sistema de esgoto de Castelia.

    Não era para ser um lugar agradável, na verdade, a construção não era pensada para ser bonita. As paredes tinham tijolinhos de argila vermelhos a mostra, enquanto o chão era feito de um cimento queimado composto com paralelepípedos, local onde os funcionários usavam para se locomover. Os dutos feitos de metal transportavam todo tipo de dejetos, estes conectados com estruturas verticais que levavam para os bueiros. As valas no cento dos caminhos escorriam água pluvial de forma contínua e calma.

    O grupo caminhava com cautela. A névoa dificultava um pouco da visão e nenhum deles possuía um mapa, então só restaram que eles explorassem todos os cantos em busca de qualquer pista de Angel.

    — Ei! O do cabelo verde – disse Benga, em algum momento do caminho. – Eu me toquei agora que eu não perguntei seu nome.

    N, que estava para trás na pequena fila formada pelos jovens, viu os outros três olharem para ele.

    — Ah, hã... Meu nome é Natural – apresentou-se. – Mas me chamam de N.

    — Seu apelido é a primeira letra do seu nome? – Benga arqueou a sobrancelha. – É, eu acho que fica maneiro. Pode me chamar de B, B de Benga – sorriu o menino, brilhoso.

    — O que faremos com Bianca então? – questionou Cheren, entrando na conversa. – Ela também começa com B.

    — É uma boa pergunta, C – refletiu o jovem de topete. – Oh, já sei, é só mudar a pronuncia. Be para mim e Bi para a Bianca.

    — Deixou de ser uma letra pra virar uma sílaba – argumentou o treinador de óculos.

    — Não dá pra ser perfeito – o rapaz deu de ombros. – N, aquela moça, Susan, ela é sua namorada?

    N sentiu o rosto ruborizar e Cheren cobriu o rosto, com vergonha.

    — Você não faz esse tipo de pergunta como se pergunta o nome de alguém! – disse o treinador, tão envergonhado quanto.

    — Qual é, C, você ainda também não me respondeu muita coisa – o neto de Alder passou o braço em volta do pescoço o garoto de óculos, quase o derrubando pra frente. – Responde aí, você e a Bi tão namorando?

    O treinador ajeitou os óculos. N reparou que Bianca também compartilhava a mesma vergonha. Aparentemente, aquele sentimento de ficar tímido perto de alguém especial não era só exclusividade sua. Benga riu alto, fazendo um pouco de eco, aparentemente ele era o único a não sofrer pelo mal do amor.

    — Ok, ok, eu fui muito malvado com você, então vamos mudar – brincou ele. – Quando ia contar pra gente dessa coisa maravilhosa que você tatuou? – questionou ele, batendo no braço do garoto onde a tatuagem da linha evolutiva de Snivy residia.

    N pareceu curioso e se aproximou um pouco. Tatuagens eram algo longe de sua realidade, a única vez que vira uma era com Mikoto, uma dAs Virtudes, mas ela não costumava falar sobre. Cheren levantou um pouco da camiseta, exibindo a marca para Benga, que elogiou o trabalho, perguntando valores e o tempo.

    — Doeu muito? – questionou ele, em seguida.

    — Mais perto do ombro doeu um pouco – explicou. – O tatuador falou que esse era um lugar bom pra quem queria fazer a primeira tatuagem.

    — P-Porque? – a voz de N saiu quase como um sussurro, mas o grupo todo olhou para ele. As olhadas o deixaram tímido, mas ele prosseguiu: - Tatuagens são permanentes e dolorosas. Você tatuou um Serperior, um Pokémon, por qual motivo?

    Cheren olhou pra cima, buscando uma resposta plausível.

    — Meu Pokémon inicial foi um Snivy, o nome dele é Phienas – o treinador começou a contar. – Ele me ajudou a capturar meu primeiro Pokémon, ele me ajudou a conquistar minha primeira insígnia. Eu acho que ele me ajudou muito e eu não sabia como retribuir. Isso daqui é o mínimo que faço por ele.

    Natural permaneceu quieto, assentiu com a cabeça, mas não pode deixar de esconder a admiração. Na cabeça dele, pessoas como Cheren só usavam seus Pokémon como armas de combate para subirem em um patamar invisível e sem sentido. Mas era a primeira vez que ouvira de um treinador valores que ele mesmo concordava.

    — Só admita que você acha Serperiors maneiros pra caralho – riu Benga.

    — Isso é um motivo também – o treinador concordou. – Agora, é minha vez de perguntar: O que a Íris quer tanto de você?

    — Ah! Ela quer meu-

    Uma onda de silêncio dominou o grupo de repente. Todos eles sentiram não estarem sozinhos. Cheren segurou a mão de Bianca, que encostou no garoto, temerosa. Benga achou se tratar da polícia, mas parecia algo muito maior. N notou que algo se movimentara rapidamente na vala ao seu lado, enquanto o treinador de óculos sentiu uma presença vinda das paredes e do teto.

    O neto de Alder sussurrou para os outros:

    — Devemos correr?

    Das paredes, a criatura surgiu intimidadora. Era uma cobra gigantesca, onde seu corpo era feito de pedra. Era um Onix, um dos Pokémos mais populares da região de Kanto. Ela enrolou-se em alguns canos antes de atingir o solo, na frente do grupo, fazendo certo impacto no chão.

    A segunda criatura foi a vista por N, ela saiu da vala e se juntou ao Onix. Era uma espécie de enguia, com o corpo azul escuro esguio que começava com uma bocarra avermelhada com 4 presas. Seu diferencial era os dois braços que ele usava como apoio para se locomover em terra, e, assim, como a boca, tinha garras afiadas. Cheren usou sua Pokédex e descobriu que se tratava de um Eelektross.

     

    Ambas as criaturas encaram o grupo de jovens com a intenção de não deixarem avança-los. Eles não eram naturais daquele local, então se imaginava que pertenciam a alguém. Bianca olhou em volta em procura do possível treinador daqueles Pokémon.

    — Tsc, é só pra dificultar – Benga pegou uma das Pokéball de seu cinto.

    — Espera! – Bianca alertou. – E-Estamos rodeados de Dream Mist, nossos Pokémon não vão ser atingidos por ela também? Eu até coloquei o Osha na Pokéball por isso.

    — E-Ela tem razão – disse Cheren.

    — Mas eles não parecem sentir – N apontou para as duas criaturas.

    — Devemos arriscar? – questionou o treinador de óculos.

    — Vamos morrer desse jeito – Benga arremessou sua Pokéball e colocou seu Dragonite no campo de batalha.

    O grupo olhou para o dragão amarelo do garoto e percebeu que a única reação dele era esperar algum comando de seu mestre.

    — Deve só atingir pessoas mesmo – Cheren lançou um de seus Pokémon. O pequeno Bagon grunhiu, com sua cara marrenta. O dragãozinho bípede era azulado e possuía braços curtos e pernas grossas. Seu focinho e mandíbula eram redondos, com as presas inferiores saindo para fora, no topo da cabeça, três calombos desciam até atingirem o pescoço.

    — Caraca, é um Bagon! – Benga se entusiasmou, como bom apaixonado por dragões que era. – Essa batalha vai ser boa.

    Natural fez uma cara de desaprovação, receoso por ver uma batalha Pokémon de perto pela primeira vez. Bianca lançou seu Tranquill, pronta para ajudar.

    — Vou tentar dissipar o Dream Mist com Gust pra ajudar na visão – disse a garota.

    Tanto o Eelektross quanto o Onix avançaram contra os Pokémon dos treinadores. Cheren ordenou um Dragon Breath enquanto o Dragonite avançou com Fire Punch contra o Eelektross. O Tranquill de Bianca voava próximo do teto, usando suas asas para criar tufões que dissipavam temporariamente a Dream Mist.

    O golpe do dragão azulado atingiu a face de Onix, que recuou levemente, protegendo seus olhos. Sua cauda girou e varreu o chão. O Dragonite ganhou vôo, Cheren agarrou a cintura de Bianca e se jogou para trás para evitar ser atingindo. N e Benga pularam para um lado oposto do casal. Porém, o Bagon não teve a mesma sorte, sendo arremessado para longe.

    — BAGON! – gritou seu treinador, preocupado.

    O pequeno dragão voou e caiu dentro da vala onde a água escorria. Por sorte, o nível dela estava baixo, possibilitando que o Pokémon não tivesse que nadar. Cheren sentiu um alívio ao ver que estava tudo bem. Benga ordenou um Slam contra o Onix, a fim de ganhar tempo para que o dragãozinho fosse trazido de volta a batalha.

    O Dragonite avançou contra a serpente de pedra e a prendeu contra a parede, danificando parte da estrutura. Bianca virou-se para seu Tranquill.

    — A-Ajude o Bagon do Cheren! Ele não consegue subir!

    A ave piou e mergulhou como uma broca em direção ao companheiro de batalha. Porém, o Eelektross era ágil. Golpes elétricos eram efetivos contra Pokémon voadores, então não foi difícil que o raio lançado pela enguia derrubasse a paralisasse o Pokémon de Bianca.

    — Ah, Arceus! – preocupada, a garota retornou a ave para sua Pokéball. – B-Benga!

    — Segura aí! Eu já chego! – Benga virou-se para seu Pokémon. – Larga ele aí, vamos ajudar Cheren e Bagon.

    O dragão alaranjado se distraiu por um minuto e recebeu uma cabeçada na região do queixo. Aquele golpe o atordoou e ele mal teve tempo de reagir quando o Onix usou seu corpo para envolvê-lo num golpe conhecido como Bind.

    — Ah, que merda!

    Duro como pedra, a cobra fazia questão de apertar cada vez mais o corpo do dragão. Benga ordenou diversos ataques, mas nenhum surtia efeito.

    Cheren estendia o braço, agachado na beirada da vala. Ele tentava alcançar o Bagon, que tentava escalar a parede úmida e escorregadia. N se alertou para o Eelektross se arrastando até a vala onde o pobre dragão estava. Ele se aproximou e tentou alcançar o Pokémon junto do treinador, já que era mais alto.

    — C-Cheren, o Eelektros! – Bianca gritou quando o viu a enorme enguia se juntar ao mesmo piso do adversário.

    — Droga! – o garoto jogou sua mochila de lado e desceu para a vala junto do Bagon.

    O dragão azul pulou em seu colo, apavorado. Cheren colocou o Pokémon em seu ombro e agarrou a mão de N para subir. O Eelektross encarava o grupo de humanos fazendo um resgate atrapalhado de um mísero Pokémon. O corpo do Pokémon enguia começou a faiscar e pelas condições do terreno, a condução seria efetiva e talvez mortal.

    O treinador arremessou Bagon para cima para onde N e Bianca estava. N agarrou o braço do garoto, tentando puxá-lo para cima. A enguia conjurou um Discharge em direção de Cheren. Bianca gritou, mas foi o Bagon que reagiu.

    Lógico que um Pokémon com aquela tipagem, um golpe elétrico não era tão efetivo, mas com o corpo coberto de água, a física faria seu curso natural. O choque atingiu até o último de seus órgãos e o Bagon caiu no solo, fragilizado. N entrou em choque e Cheren se soltou do garoto, correndo até seu Pokémon.

    — Cheren, cuidado! – gritou Bianca, preocupada.

    — Bagon, ei! – o treinador colocou o Pokémon em seu colo, preocupado. Algumas faíscas ainda rodeavam o corpo do dragãozinho. Ele grunhiu baixo, demonstrando exaustão. – S-Seu maluco, v-você já tinha fugido – Cheren mordeu a boca, quase chorando.

    N observava a dupla, ele pode ouvir a voz do Bagon. Palavras como “eu estou bem” ou “eu queria te proteger” eram ouvidas de alto e bom som. Todo aquele sentimento fazia o rapaz engolir com dificuldade todo o amargo de seu preconceito.

    O Eekletross grunhiu de impaciência, avançando para os dois. No momento, o Dragonite de Benga se livrou do Onix com um golpe aquático conhecido como Aqua Tail e voou em direção a enguia.

    Foi uma luz forte vinda do Bagon que fez o Pokémon fechar os olhos. Aquele brilho era conhecido por Cheren: era a luz da evolução. Bagon mudou radicalmente, os calombos em sua cabeça haviam dominado seu corpo e ele agora tinha uma forma ovalada, semelhante como um casulo. O Shelgon tinha quatro patas cinzas e curtas. Não havia cabeça ou qualquer distinção dessa parte do corpo, mas era possível observar os olhos amarelados e rabugentos projetados dentro de um buraco.



    Cheren sorriu, mas os problemas não haviam sido resolvidos. O Fire Punch do Dragonite chegou e derrubou o Eelektross, dando tempo para que N e Bianca ajudassem Cheren e o novo Pokémon subissem para o local seguro.

    — Se recuperem logo, eu seguro eles – disse Benga.

    Cheren tirava um pouco de água do cabelo quando Bianca o abraçou.

    — Seu idiota! – ela berrou, preocupada. – N-Não viu o tamanho daquela coisa?

    O treinador riu e bagunçou o cabelo da garota.

    — Esqueceu a parte que eu disse que ficaria tudo bem? – disse ele, se virando para seu recém evoluído Pokémon. – O-Obrigado, carinha. Salvou minha vida.

    Shelgon revirou os olhos, envergonhado. Cheren procurou itens de cura em sua mochila, aproveitando o tempo para recuperar seu Pokémon.

    Benga parecia estar com dificuldades. Apesar de ser um treinador experiente com o tipo dragão, não era tão fácil encarar dois Pokémon ao mesmo tempo. O nível de experiência dos adversários era alto, o que indica que genuinamente aquelas criaturas pertenciam a alguém.

    O treinador de cabelos vermelhos gritou, em desespero:

    — N! – o Rei dos Plasmas se assustou com o chamado repentino. – Eu sei que você odeia essas coisas, mas você não tem nenhum um Pokémon além de uma Purrloin? Eu realmente tô precisando de uma mãozinha aqui.

    O rapaz de cabelos verdes encolheu os ombros, sentindo-se culpado por não ajudar. Ele viu o Dragonite de Benga levar um golpe elétrico pelas costas e uma cabeçada do Onix no estômago e quase entrou em desespero. Colocou a mão cabeça, tentando raciocinar. Um estalo o trouxe de volta a realidade.

    — Só preciso de um minuto – N fechou os olhos.

    — PELO AMOR DE ARCEUS, NÃO É HORA DE DORMIR! – berrou Benga. – Dragonite, Hyper Beam!

    O dragão de Kanto lançou um raio amarelado contra o Eelektross que foi atingido em cheio e caiu há alguns metros de distância. O golpe era poderoso até mesmo para o seu próprio usuário, que precisava de um tempo de descanso para se recuperar. Isso criou espaço para que o Onix investisse.

    “Por favor, nos ajude”, pensou Natural, apertando mais os olhos.

    — DRAGONITE! – o grito de Benga ecoou pelo local.

    O golpe seria certo, mas o surgimento de mais uma figura conteve a investida. Seismitoad era uma espécie de sapo bípede de cor azulada bem menor que um Onix, mas seu corpo rechonchudo e cheio de esferas conseguiu segurar com facilidade a serpente. N abriu os olhos e sentiu seu coração leve ao ver que seu pedido de ajuda fora atendido. Os olhos engraçados e vermelhos do Pokémon novo encararam o adversário, como se ele tivesse incomodado por ter seu território invadido.



    Seismitoad usou um golpe de água contra o Onix. O golpe super efetivo derrubou o adversário.

    — Isso! – Benga comemorou, enquanto dava suporte para seu Dragonite.

    Cheren se levantou e se aproximou com Shelgon, indicando que estava pronto para batalhar novamente. O Seismitoad olhou para os jovens, em especial para N. O Rei dos Plasmas sorriu levemente e agradeceu pela ajuda. 

    Mas ainda restava um. Das costas do sapo, um golpe elétrico se chocou contra ele, mas ele se manteve inerte. A dupla tipagem de Water e Ground fazia o Pokémon ser um forte aliado no time de vários treinadores.

    — Hehehe – Benga riu, debochado. – Tu se ferrou, cara feia. Vamos acabar com ele, Cheren.

    O treinador ao lado assentiu. Shelgon e Dragonite lançaram um golpe conhecido como Hurricane. O vendaval fez Bianca se segurar em uma estrutura. A batalha foi declarada como ganha quando ambos os adversários caíram sobre o solo, nocauteados.

    — C-Conseguimos... – disse Bianca, ainda meio abismada.

    — Isso foi maneiro demais! – Benga pulou, em êxtase, como se nunca estivesse ficado tenso. – N, esse Pokémon é seu?

    Natural se aproximou do Seismitoad e tocou a pele gosmenta da criatura. Ele negou, com um sorriso de canto de boca:

    — Não, ele é só um dos meus novos amigos – riu o rapaz. – Ele tá me dizendo que uns caras vieram aqui mais cedo e perturbaram o sono dele com explosões. Quando ele notou, quase todo o esgoto estava cheio do Dream Mist.

    — E-E o que explica esses Pokémon? – disse Cheren, apontando para os Pokémon nocauteados.

    Uma luz avermelhada cobriu o corpo do Onix e do Eelektross e eles foram sugadas por ela. Esse acontecimento era como se alguém estivesse retornando-os para suas Pokéball. Isso fez o grupo pular de susto e procurar quem havia feito isso. As enormes criaturas haviam voltado para seu treinador misterioso e os jovens nem notaram quando um Dwebble sorrateiro rastejou para longe de lá pelo teto com as duas esferas em sua pedra.

    — E-Então... realmente pertenciam a alguém – concluiu Cheren.

    — E-Esquece isso! Temos que alcançar nosso objetivo! – Benga apontou para o caminho liberado, era possível ver a porta que levava para a sala de operações. – Teremos pistas lá!

    N se despediu do Seismitoad, agradecendo várias vezes pela ajuda e prometendo um reencontro. O sapo saltou na vala e voltou para o seu canto. Enfim, o grupo correu.

    Ninguém explicou a decepção dos jovens quando eles adentraram a sala de controle e não encontraram nada, muito menos Angel, o maior dos objetivos. Apesar de estar bagunçada, era como se tivessem feito uma limpa e tirado qualquer tipo de pista que acusasse algo. Havia apenas uma cadeira vazia e alguns itens policiais. O painel de controle, assim como os monitores estavam destruídos.

    — N-Não acredito! – Benga exclamou, incrédulo. – N-Não tem nada...

    A porta do local se abriu pela segunda vez. Alguns policiais irritados apareceram, descontentes por terem crianças invadindo o seu local de investigação. A missão estava concluída, mas sem nenhum avanço.

     

    Benga bufou, descontente. Na frente do Centro Pokémon, a confusão parecida mais controlada. O grupo havia se juntado novamente com Anthea, Concordia e Oliver, mas ainda não havia sinal de Susan. Eles estavam do lado de fora do centro médico, desanimados por não encontrarem a Lillipup desaparecida.

    — Certeza de que aqueles canalhas nos atrapalharam com aqueles dois Pokémon só para se livrarem das pistas – disse Benga, bagunçando o próprio cabelo. – UGH! QUE ÓDIO!

    — V-Valeu a intenção – consolou Íris, colocando a mão no ombro do garoto. O neto de Alder estendeu uma Pokéball para a Campeã, que olhou curiosa para ele.

    — Obrigado por ficar e cuidar do garoto – disse o rapaz de cabelos vermelhos. – Tá aí a parte da minha promessa.

    — E-Eu queria ter recebido isso num momento mais animador – disse ela.

    Cheren e Bianca observavam curiosos.

    — É um Pokémon? – questionou a garota loira.

    — Um Gible shiny – contou Benga. – Eu capturei enquanto treinava e essa daí ficou sabendo.

    — Tanto mistério. Eu já estava cogitando que ela queria um beijo seu – debochou Cheren.

    Benga e Íris encaram o treinador e quase voaram no pescoço dele. Aquilo criou um momento de descontração e fez todos rirem.

    N suspirou enquanto acariciava os pelos de Katrina em seu colo e olhou em volta. Ainda faltava alguém e isso o preocupava. Seu coração disparou de alegria quando ele viu Susan se aproximar. Em seu colo, a causa de toda a confusão e correria: Angel, a Lillipup.

    Oliver deu um pulo e abraçou a cachorrinha quando esta lhe foi entregue. A Lillipup choramingou e lambeu o rosto do garoto. A missão estava cumprida, ainda que cheia de incertezas e dúvidas.

    — O-Onde ela estava? – questionou N. – Você está bem?

    — E-Eu estou bem. T-Tenho meus segredos – respondeu Susan. – O importante é eles estarem reunidos.

    A mulher se sentiu aliviada por N não a encher de perguntas, já que o rapaz parecia mais interessado em Oliver e seu Pokémon.

    — O-Obrigado, pessoal! – o menino agradeceu, aliviado. O sorriso da criança era tão reconfortante que nada mais importava.

    Minutos depois, os pais de Oliver, Benjamin e Maisy apareceram. Estavam preocupados com o filho e com as notícias de desaparecimentos dos Pokémon. Ficaram aliviados quando viram o menino são e salvo. Eles se ajoelharam e lotaram a criança de perguntas sobre seu estado de saúde. Oliver se desculpou várias vezes por ter perdido Angel, mas para os dois adultos, o que importava era a segurança. Maisy agradeceu Anthea e Concordia por cuidarem do garoto.

    Quando a atenção foi voltada para o grupo de Cheren e Bianca, Susan sussurrou sobre eles precisarem partir. N olhou de relance para Cheren, que retribuiu o olhar, assim como Bianca e Benga. Não foi necessária nenhuma palavra para saber que eles agradeciam um ao outro pela ajuda e pela aventura. A despedida silenciosa soou com uma estranha sensação de “nos veremos novamente”. O grupo do Rei dos Plasmas sumiu no horizonte.

    O dia terminou com o grupo de Cheren sendo convidado para um jantar especial na casa de Oliver. A Team Plasma havia se safado novamente, mas aquilo não era problema por enquanto. No final, o jantar estava gostoso e tanto Cheren quanto Bianca puderam ter o merecido descanso.

        
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