• Galeria do Burgh - Fanart #09 (Grovyle)

     



    » Comentário do artista

    A idéia de fazer uma fanart surgiu depois de ter lido que NPU estava fazendo um ano, enquanto eu pesquisava as referências apareceram alguns casais com diferença de altura, então eu pensei É ISSO, e assim a imagem saiu.

    Comentário da Autora«

    E pensar que eu não achei que receberia presentes rs. É estranho pensar pq eu não cito claramente as alturas nas fanfics, mas a ideia de fazer um Lovely Complex versão Pokémon me deixou em êxtase.
    Estava relendo o mangá e percebi que a Risa tem muitos pensamentos eu já tive ou tenho sobre gostar de alguém, e espero pode expressar isso na Hilda.
    Apesar de uma diferença mínima de altura (uns 10 cm), eu adoro esse exagero que instiga as pessoas a imaginar <3
    Obrigada pela surpresa Grovy!


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  • O QUE CADA PERSONAGEM DE NPU TEM A DIZER SOBRE A AUTORA? (Especial 1 Ano de Neo Pokémon Unova)


    Antes de mais nada, deixa eu tirar o que tá se passando pela cabeça de vocês: NÃO, EU NÃO TENHO CHIFRE COMO O HILBERT!

    Mas pra você que não entendeu muito bem o contexto dessa postagem, vamos começar com as saudações.

    OLÁ! COMO VAI VOCÊ?

    Hoje é um dia de festa. Primeiro, é o Pokémon Day, deve estar tendo um show lá, então vai aproveitar!

    ...

    ...

    ...

    Continua aqui?

    Oh, you’re an angel, my precious person!


    Além da franquia Pokémon comemorar longos VINTE E CINCO ANOS, hoje também é o aniversário dessa humilde fanfic sobre o ladrãozinho e a menina que bota esse ladrão dentro de casa.

    YESSS! MINHA PEQUENA NPU COMEMORA SEU PRIMEIRO ANO DE EXISTÊNCIA E NÃO PODEMOS DEIXAR DE COMEMORAR.

    Eu quase deixei essa data passar em branco sem uma postagem, já que eu não tinha nada preparado, mas aí eu pensei um assunto interessante e cá estamos. A verdade é que quem escrever (seja fanfics ou originais) coloca um pouco de si ou do que já passou involuntariamente ou de forma proposital, e refletindo sobre o assunto, posso dizer que encontrei muitas coisas dos personagens que são sobre mim e quero compartilhar com vocês <3

    Aviso que pode conter alguns spoilers e eu vou falar de uma personagem que vocês mal conhecem, mas que não vai interferir na experiência futura.

    LETS GO!


    H I L B E R T


    Mais uma vez: NÃO TENHO CHIFRES!

    A verdade é que o Hilbert foi o personagem que eu demorei mais tempo pra entender o que ele tinha de mim. Foi fazendo terapia que eu finalmente encaixei as peças.

    O nosso treinador favorito sai em jornada para mostrar seu valor e se mostrar para o mundo, ele é um personagem cheio de vida que quer aproveitar cada minuto aqui. Assim como eu. Nas primeiras consultas com a psicóloga, ela me contou que enxergou uma vontade de viver enorme dentro de mim que muita das vezes era bloqueada por mim mesma e por terceiros.

    Metaforicamente, eu e Hilbert somos duas flores que nasceram no asfalto, que apesar das adversidades, queremos florescer e mostrar nossa cara para o mundo.

    Além disso, Hilbert é o meu tipo favorito de protagonista, alguns chamam de “personagem solzinho”, mas eu prefiro chamar de Ralph-style, em homenagem ao protagonista de Matéria, do CanasOminous. São protagonistas (mais comum em shonens) que se destacam pela simplicidade, pelos sorrisos e por serem pessoas que externam seus sentimentos, não escondendo frustações. É aquele famoso char que você levaria para longe para proteger a pureza a bondade deles. Exemplos são Kamado de Kimetsu no Yaiba e Midoriya de Boku no Hero Academia.


    H I L D A


    A nossa primeira protagonista feminina tem muito mais de mim do que se imagina. Até porque é mais simples se identificar com uma personagem do mesmo gênero que a autora.

    Hilda e eu, INFELIZMENTE, não compartilhamos a mesma condição financeira, nossas famílias não são parecidas, mas tem algo na Hilda que foi decisivo para que ela saísse em jornada com Hilbert: NÃO TER SONHOS.

    Se você me perguntar qual é o meu maior sonho, eu provavelmente não vou saber responder, mas não é porque eu não sonho ou não tenho esperança no futuro, simplesmente eu prefiro trabalhar com pequenas metas para chegar num futuro objetivo. APESAR DE EU SER UMA SONHADORA QUE FICA SONHANDO ACORDADA, nada se comparta com sonhos de pessoas como Hilbert que desde criança sonha ser a mesma coisa, por exemplo.

    E isso não é algo ruim, sou uma pessoa idealizada até o momento. Mas ainda preciso crescer muito.

    Hilda ter uma Zorua indica que a pequena raposa é meu Pokémon favorito da região de Unova.

    No episódio 15, Hilda se depare com a MEDICINA e demonstrou grande habilidade com a área. Isso veio da minha antiga vontade de entrar na área, mas me descobri em outra completamente diferente. Acredito que uma futura Hilda médica vai espelhar o que eu quis um dia.


    V I C


    Essa é simples.

    ALÍVIO CÔMICO.

    Todas as piadas e graças feitas pelo Victini ladrão são reflexo da minha incrível habilidade de criar humor em qualquer situação.

    As piadas ditas pelo Pokémon são de momentos que eu já vi antes e achei incrível. O humor é uma coisa muito forte em mim tanto que há alguns anos, meu maior desejo era ser comediante de stand-up.

    Além disse, algumas das coisas que o Victini come durante a jornada são coisas que eu realmente amo, como sorvetes e bolinhas de queijo.


    J A C K S O N


    O Jack é um personagem que talvez seja mais difícil de perceber em mim logo de cara, até porque eu não sou arqueóloga.

    MAAAAAS, quando criança, lembro de ser extremamente fascinada por dinossauros e qualquer coisa que envolvessem o mundo antigo e suas relíquias. Lógico que isso não acabou se tornando minha profissão, mas eu posso garantir que ainda fico fascinada nas figuras da Pré-História.

    A verdade é que o senso de justiça do Jackson seja inspirado em lutas contra preconceitos raciais que eu tanto admiro. Como uma boa cidadã do mundo, o mínimo a se fazer é lutar contra o racismo e garantir uma igualdade, e apesar do Jackson não dizer isso o tempo todo, tenho certeza que a luta dele deve ser exaltada.

    E pra fechar, o Jack é inspirado em personagens de anime shoujo. Quais? Por incrível que pareça, nos mais sérios e “charmosos” (se é que se pode chamar assim). Personagens como Usui de Kaichou wa Maid-sama e Sata de Ookami Shoujo foram um dos mais influenciadores para criar o nosso arqueólogo favorito.


    I N A R I


    Nessa altura do campeonato, muitas pessoas não conhecem a Inari.

    Mas posso garantir que ela é a personagem que mais se aproxima de mim.

    Todas as inseguranças sobre viver a vida plenamente que eu tenho foram depositadas nela. Inari é tímida e desastrada, e pode ser que na fanfic, eu tenha exagerado um pouco esse meu lado, como toda boa fantasia.

    Muita das falas, momentos e pensamentos que se passarão pela Inari são extremamente inspirados em coisas que eu passo ou passei.

    O signo da Inari é câncer, para coincidir com o meu, assim como parte da personalidade. Eu espero que vocês consigam me sentir ao sentirem a Inari, e espero que pessoas que tenham os mesmos pensamentos que o meu possam se sentir representadas pela sacerdotisa da região de Johto.


    ALGUMAS CURIOSIDADES A MAIS:

    » Toda história surge baseada indiretamente ou diretamente de experiências e vivências nossas. Personagens como Maisy, Benjamin e Oliver refletem diretamente no meu desejo de uma família ideal, morando na cidade grande e com condições financeiras de alto padrão.

    » Hilda e Bianca citam no capítulo 10 sobre não tirarem as meias para entrarem no tanque de areia, resultando em bilhetes para os pais. Isso é a minha infância. Na escola, eu não sabia vestir meias, então minha solução era ficar com elas.

    » Todas as referências a Matéria e AeS significam muito para mim. Matéria é um livro que me ajudou e me ajuda com inspiração e com a vida enquanto AeS me trouxe para o mundo da fanfics. Obrigada Canas por não desistir de mim <3

    » Todos os personagens tem alguma relação diferenciada com as mães. Sejam elas falecidas, ou distantes ou não citadas. Isso reflete na minha própria relação com a minha mãe que é falecida. Basicamente, eu acredito que apesar da distância, todas elas torcem para seus filhos e deixaram pessoas incríveis para cuidar de nós.
     

    Para finalizar:

    É uma honra poder chegar no primeiro ano de NPU com a fanfic ativa e me dedicando e me apaixonando cada vez mais. Eu sei que escrever fanfics não é um enorme trabalho que gera um reconhecimento mundial na maioria das vezes, muito menos te traz dinheiro, mas eu posso garantir que te traz pequenos prazeres e aprendizados que ninguém vai tirar de você.

    Então se você gosta, mesmo que as pessoas julguem como bobo, continue fazendo. Você é sua maior prioridade.

     

    AGORA ME CONTA: O QUE OS SEUS PERSONAGENS TEM A DIZER SOBRE VOCÊ?

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  • Capítulo 22

     

    Art by: PinkGermy

    A Pinwheel Forest era provavelmente umas das florestas mais extensas do mundo Pokémon. Suas enormes árvores faziam que suas copas cobrissem o sol, dando a impressão que o tempo não passava dentro daquele local, por isso, assim com o lado externo, tudo era muito úmido, cheia de vegetações e musgos presos nas árvores e pedras. Por ser frequentemente usada como uma rota que ligava Nacrece a Castelia, o governo local investira na construção de uma estrada para que os mais despreparados não se perdessem, porém, preservando toda a fauna e flora local, sendo assim, um bom ponto para os aventureiros e treinadores treinarem e capturarem Pokémon.

    — Por que estamos pegando a rota por dentro da floresta ao invés de seguirmos a estrada? – questionou Hilda, seguindo os dois amigos, um pouco para trás.

    — Porque é muito mais divertido ir por aqui – respondeu Hilbert, olhando para trás. – E eu preciso treinar. Dizem que sempre tem uns treinadores prontos para batalhar. Qual é o tipo do próximo ginásio mesmo?

    Bug-type – informou Jackson. – Burgh é um excelente líder, tive prazer de encontra-lo algumas vezes.

    — Acho que encontrei ele vez ou outra em Castelia – pensou a menina.

    Os Pokémon de Hilda, incluindo o novo companheiro Lucio, o Palpitoad, acompanhavam o grupo com empolgação. A Zorua brincava com a cauda do anfíbio que parecia ter se adaptado bem a nova família. Hilbert aproveitou para lutar com alguns treinadores sedentos por batalhas, ganhando algumas e perdendo outras e isso acabou deixando a jornada um pouco mais lerda, quando perceberam, a hora do almoço tinha chegado e mal tinham avançado muito. De toda forma, resolveram parar para um breve descanso antes de seguirem viagem.

    Jackson tirou alguns macarrões instantâneos da mochila e entregou para os amigos enquanto Hilda servia os Pokémon com rações próprias para eles.

    — O paraíso em três minutos – comentou o arqueólogo sobre o alimento. – Já salvou muito dos meus almoços.

    — Eu costumava fazer quando minha tia ia pra reunião do meu primo e eu ficava sozinha em casa – contou a menina, preparando o dela.

    —Mudando de assunto. Quanto tempo acham que vamos demorar para juntar todos os fragmentos da Light Stone? – questionou Hilbert, tentando entender o preparo do almoço.

    — É uma boa pergunta – refletiu Hilda. – Acho que algumas virão até nós e outras teremos que procurar. Imagino que tipos de lugares esses fragmentos foram parar.

    — Imagina se um deles caiu dentro da boca de um Wailord e tivermos que entrar no estômago deles para pegar? – o treinador de boné sonhou alto, animado. – Cara, essa aventura vai ser incrível!

    — Melhor que coletar as insígnias? – riu a garota.

    — Aí você me colocou num dilema – o menino retribuiu a risada.

    — Eu não quero ser negativo, mas estamos falando de uma jornada às cegas – comentou Jackson, usando um garfo para comer seu macarrão. – Não sabemos o que vai acontecer se juntarmos tudo ou se vamos conseguir juntar. Por isso, precisamos estar preparados e prevenidos. Até porque temos outros interessados nessa esfera branca, né?

    Hilda suspirou.

    — A Team Plasma. Sou só eu, ou eu nunca entendo o porquê dessa “face dupla” dos Plasmas?

    — Como eles podem defender os Pokémon e do nada, matarem eles nos planos? – questionou Hilbert. – Lembra do Dreamyard?

    — Como esquecer? – a colega voltou a suspirar e encolheu as pernas, focada em seu almoço, um tanto desanimada.

    — O que houve no Dreamyard? – questionou o arqueólogo, curioso.

    — Nós encontramos alguns capangas dos Plamas com uma espécie de líder extraindo o Dream Mist de Munnas e Musharnas – contou o menino. – Cara, eles mataram Pokémon inocentes só por causa de uma fumaça rosa.

    — I-Isso é horrível – respondeu Jackson, chocado.

    — Não confiamos nos Plasmas, mas nunca temos uma prova concreta para provar que eles são os vilões – disse Hilda. – É horrível não poder fazer nada.

    — Ei, ei, os dois vão ficar negativos? – interferiu Hilbert. – Confiaram uma missão importante em nós! Nós vamos juntar todos os pedacinhos dessa bola branca que carrega um dragão lendário ou sei lá o quê e vamos provar que a Team Plasma são os vilões. Mas para isso precisamos confiar em nós mesmos.

    Hilda e Jack olharam para o colega e sorriram. Não era a primeira vez que o garoto levantava o astral deles com aquele jeito inocente.

    — Com esse discurso, eu poderia revirar Unova em um dia só – riu o negro, brincando com Bijou.

    Provavelmente não iria muito longe, já que o Hilbert é um preguiçoso – brincou Vic, repousando sobre o boné do amigo.

    — Obrigada pela amizade, Vic – ironizou o garoto. – Mas acho que você tem razão, Unova é meio grande.

    O grupo voltou a rir, aproveitando o término do almoço para descansarem um pouco sobre a sombra das árvores, o clima estava tão bom que o vento brincava com as mechas dos cabelos, a Zorua de Hilda se divertia com alguns Pokémon insetos selvagens, que pareciam estar acostumados com a presença de humanos. Os outros Pokémon da equipe estavam preocupados em socializarem com os de Jackson. Winston, apesar de calmo, parecia assustar os menores, Bijou, a Cleffa e a doce Mirsthy, a Minccino pareciam ser as únicas a tentarem a compreender o jeito sério do Darmanitan.    

    Ele dá um pouco de medo – sussurrou Vic para Brianna.

    “Fico me perguntando que tipo de coisa ele passou”, começou a Snivy, observando. “Olha todas aquelas cicatrizes, parece que ele foi para a guerra.”

    Ouvi dizer que ele era militar, imagina o tipo de coisa que esse cara já viu? – refletiu o Victini.

    “Estamos tão acostumados a ver os treinadores batalhando entre si de forma casual e competitiva que nem nos damos contas que existem outros de nós sofrendo nas mãos erradas” refletiu a cobra de grama, mantendo seu olhar em Winston, que parecia estar focado na pequena Cleffa.

    P-pois é – respondeu o anjo, abaixando um pouco a cabeça em sinal de pesar. – Vamos dar o nosso melhor para que ele se sinta confortável conosco. Caso contrário, eu tenho certeza que aquelas “mãozinhas” podem arrancar nossas cabecinhas com um golpe só – Vic riu, um tanto temeroso. Brianna retribuiu a risada.

    “Você não tem jeito.”

     

    Após algum tempo, o trio resolveu que era a hora de colocar o pé na estrada novamente. Com as energias recarregadas e bem alimentados, eles terminavam de arrumar suas bolsas quando um vento diferente voltou a rodear os garotos, um vento mais pesado e violento. A sensação de tensão tomou conta dos jovens que se entreolharam, não parecia ser um fenômeno simples da natureza. Algo ou alguém se aproximava.

    Hilda guardou os fragmentos da Light Stone em seu colete com muito cuidado, poderia ser qualquer pessoa, até mesmo a Team Plasma que provavelmente já sabiam da existência dos fragmentos da pedra.

    Porém, quem quer que estivesse envolvido nisso, estava extremamente focado em Hilbert. Uma ventania mais forte atingiu o corpo do garoto que caiu no chão e teve seu boné jogado para longe, ele estendeu a mão para a direção que o objeto foi, desesperado, como se tivesse perdido uma parte do seu corpo. Hilda se aproximou do amigo e Jackson não conseguiu conter o choque ao ver os chifres amarelados e pontudos do garoto.

    — Q-quem está aí?! – berrou o menino, recebendo ajuda para levantar.

    Do meio das árvores, completamente camuflado, ele saiu. Com quase dois metros e andando majestosamente sobre as quatro patas, estava o Pokémon conhecido como Virizion. Com a pompa de um cavaleiro, sua cabeça tinha dois chifres curvados na ponta, o focinho era comprido e fino. O corpo era predominantemente verde com detalhes em branco na barriga e cara, as quatro pernas eram compridas e ele parecia usar botas.



    A julgar pela sua expressão séria com que olhar para Hilbert, ele parecia conhecer o jovem e não parecia ser um contato muito amigável ou satisfeito. Em sua pata frontal, ele segurava o boné vermelho que tinha um significado muito importante, mas que perto do Pokémon, parecia ser um objeto inútil

    O filho de Athos... – resmungou a criatura com voz imponente, grossa e masculina. – É impressionante como Athos ainda queira ter contato com essa espécie.

    Hilbert reprimiu um xingamento. Não ouvia outra pessoa falar do seu pai além de sua mãe e do velho Joltik. Grimaud saiu de dentro do colete de Hilda e olhou com enorme surpresa para o Virizion.

    Lorde Aramis? – disse o Pokémon, como se há muito tempo não pronunciasse esse nome.

    Vejo que sou bem conhecido – riu o mosqueteiro. – Reconheço essa voz enjoativa de longe, senhor Grimaud, lacaio de Sir Athos.

    Achei que nunca mais iriamos nos ver, depois da transformação, cada mosqueteiro seguiu um caminho diferente – disse o Joltik, meio intimado, encolhido no ombro da garota.

    E parece que o caminho de Athos Autevielle foi continuar se envolvendo com os humanos a ponto de ter filhos – Aramis voltou seu olhar para o jovem Hilbert. – Que criatura bizarra e fraca.

    — VOCÊ TÁ FALANDO DE MIM?! – berrou o treinador. – Pois saiba que eu já te odeio por conhecer o idiota do meu pai!

    O Virizion riu, debochado.

    Nem seu pai aguentou a aberração que você é? – o olhar dele caiu sobre os chifres de menino. – Você não é nem humano, nem Pokémon. Isso é um desperdício.

    — Eu não preciso ouvir sua opinião sobre mim! – Hilbert cerrou o punho, extremamente irritado. Diferente das humilhações sofridas por outras pessoas, aquela criatura parecia querer deixa-lo irritado e não triste. Estava prestes a explodir.

    Me encarar com essa cara feia não vai adiantar nada – riu o Pokémon. – Você precisa de mais ação.

    Rápido como o vento, Aramis investiu contra Hilbert, atingindo-o no estômago e arremessando-se contra uma árvore. Hilda quase sofreu o impacto, mas foi salva por Jackson, que recuou para longe com a garota.

    — Hilbert! – gritou a amiga.

    O baque contra a árvore fez o jovem soltar um grito surdo, como se tivesse perdido todo ar do peito, ele caiu no chão e gemeu de dor, encolhido. O Virizion se aproximou.

    Vamos, reaja.

    O garoto caçou uma Pokéball em seu bolso, mas percebeu que todas estavam na sua bolsa que estava há alguns metros.

    — O-o que você quer comigo? – questionou, entre uma respirada funda e outra.

    Você tem um enorme poder em suas mãos e desperdiça ele – respondeu Aramis. – Se eu fosse você, aprimoraria esse poder enquanto ainda sou jovem. Se eu soubesse que poderia me transformar em Pokémon há mais tempo atrás, eu não teria pensado duas vezes.

    — Do que diabos você está falando? – Hilbert sentou-se, tentando arranjar apoio para se levantar, mas logo sofreu outra investida do Virizion, sendo arremessado para longe de novo.

    Vamos, desperte, garoto! Você só tem esse defeito de ser meio humano, mas tem um monstro dentro de você pronto para te dominar...

    O menino continuava a resmungar de dor quando viu a primeira gota de sangue pingar na grama verde e úmida da Pinwheel Forest, seus amigos encaram tudo aquilo com preocupação e estavam tão confusos quanto ele, o que os impedia de reagir de qualquer forma. Aramis continuava com as palavras de humilhação, testando cada vez o psicológico do menino, que se encolhia cada vez mais.

    Sentiu seu corpo queimar tanto que podia jurar que a floresta estava pegando fogo.

    A primeira visão que o Virizion, Hilda, Jack e Vic tiveram foram dos pontudos chifres do garoto tomarem proporções como as de um adulto, os castanhos cabelos agora tinham enormes mechas pretas na frente e brancas na parte de trás. Toda a dor dos impactos parecia ter sarado milagrosamente, como se o corpo estivesse mais jovem e forte (se é que isso era possível). Levantou-se ereto e duro, Aramis recuava, mas não podia esconder a animação. O choque maior foi quando Hilbert virou-se para o mosqueteiro, os olhos castanhos agora assumiam um amarelado insano, dois riscos pretos desenhavam a bochecha.

    O monstro finalmente se libertou – sorriu o Virizion, em posição de batalha.

    — Grimaud, o que aconteceu com ele? – questionou Hilda.

    E-eu não sei, senhorita Hilda – disse Grimaud, temeroso, repetindo novamente, com a voz de pesar. – Eu realmente não sei.

    A garota olhou para o amigo, preocupada. Um arrepio lhe correu a espinha.

    Hilbert deu a primeira investida com um soco contra Aramis que sacudiu as árvores próximas como ondas de vento, só não as derrubou pois eram extremamente fortes a julgar pela idade. Dessa vez, o Virizion foi arremessado pra longe, mas diferente do garoto, pareceu aguentar o impacto e se recuperar rapidamente, pronto para outro ataque.

    Gosta da sensação, garoto? – provocou o Pokémon. – A sensação de poder? Será que todos os Pokémon sente essa força ilimitada emanando de seus corpos?

    Porém, Hilbert permanecia em silêncio, era como se todas as funções de seu cérebro se redirecionassem a um único objetivo: FORÇA.

    O embate voltou a acontecer. Dois lados que pareciam com níveis semelhantes, estratégias diferentes, mas com uma única visão: derrotar um ao outro. Aquela batalha impactava tudo ao seu redor, fazendo com que Pokémon selvagens fugissem para longe daquele duelo de titãs.

    Hilda e Jackson correram para uma área segura, mas num lugar em que pudessem assistir tudo, atrás de um arbusto junto de alguns insetos que pareciam tão atônitos quanto os jovens. A garota parecia sentir seu coração na mão ao ver o amigo daquele jeito, enquanto o arqueólogo parecia extremamente confuso.

    — Temos que fazer algo, Jack! – exclamou a menina, segurando o braço do negro. – Ele nunca ficou assim? E se ele se machucar?!

    — Você tem coragem de entrar no meio daqueles dois? – respondeu o outro, segurando os ombros da colega. – Se a gente entrar ali, os feridos seremos nós. Eu ainda tô tentando assimilar o fato do Hilbert ter chifres!

    Virizion tomou um tempo para repousar enquanto encarava o garoto que estava com as suas roupas sujas de folhas e terra, sem contar os arranhões e hematomas que ele simplesmente não parecia sentir. Era como se seu corpo estivesse em um êxtase tão grande que ele ignorava qualquer sensação de dor.

    Quando eu era humano, sempre achei fascinantes os mistérios por trás de um Pokémon – contou Aramis, ainda que seu adversário não parecesse muito interessado. – No dia em que eu senti meu velho corpo cansado se transformar em um corpo jovem poderoso e cheio de vida, eu jurei nunca mais ter compaixão por essa raça fraca.

    — Não... somos fracos – a voz de Hilbert pareceu extremamente grossa. Não era o Hilbert monstro que tentava dialogar, e sim o jovem treinador determinado. – Somos tão fortes quanto os Pokémon p-porque...

    Aramis não quis saber do final da frase e usou um golpe conhecido como Megahorn contra o adversário, que caiu de joelhos no chão.

    — Hilbert! – Hilda ignorou qualquer alerta de cuidado de Jack e correu em direção ao local, atirando alguns pedregulhos em vão. – Chega! Deixa o Hilbert em paz!

    Virizion riu com a figura da menina que lutava desesperadamente.

    Acho que o único jeito de excluir esse seu lado humano, é se livrando de tudo aquilo que te mantém desse lado – o mosqueteiro virou-se para a morena e começou a caminhar até ela com passos lentos e intimidantes, seus dois chifres assumiram outra cor, ele estava prestes a usar o mesmo golpe contra ela, mas diferente do treinador, ela só era... uma humana fraca.

    Jackson tirou a Pokéball de Winston de seu cinto, mas a pequena Cleffa em sua mochila exclamou como um apelo para que não fizesse isso. Bijou choramingou de medo e o arqueólogo a pegou em seu colo.

    — O-Obrigada por me impedir... – sussurrou ele, saindo do arbusto também e correndo ao lado de Hilda, que estava paralisada.

    Dois Bunnearys em uma só cajadada? – debochou Aramis, pronto para atacar os dois humanos.

    O que ele não esperava é que Hilbert surgisse novamente para contra atacar com um golpe semelhante ao Close Combat, que não deu oportunidade para o Virizion desviar os tentar golpeá-lo. Ele recebeu chutes, socos e tapas em todas as partes do corpo antes de cair alguns metros longe, com concussões, machucados, hematomas e sangramentos, ficou aliviado por pelo menos estar vivo.

    O garoto encarava seu adversário com uma postura dura, os músculos enrijecidos tremiam com tanta força, ele estava de costa para seus amigos e sua figura nunca pareceu tão intimidadora. O Pokémon mosqueteiro percebeu que uma de suas patas estava impossibilitada de lhe ajudar a voltar a batalha, então decidiu que era hora de recuar. Levantou-se com dificuldade e notou que o menino já se preparava para o novo round, porém, como o vento e em um movimento extremamente rápido, o Virizion sumiu floresta a dentro, sem deixar rastros.

    Sua única herança daquela confusão era um Hilbert completamente fora de si e que não parecia querer voltar ao normal tão cedo. Acumulando toda a coragem possível, Hilda correu para a frente de seu amigo e o encarou nos olhos, partiu o coração ao ver que aquela expressão juvenil, inocente e determinada dava lugar pra uma figura coberta de ódio, ela agarrou o braço do companheiro e se assustou em ver como os músculos estavam fortes e enrijecidos.

    — Hilbert! – ela berrou, como se o jovem fosse surdo. – O que tá acontecendo com você?! Volta pra gente!

    O resmungo semelhante ao um rosnar que Hilbert soltou não parecia ser uma resposta positiva. A garota segurou os braços dele com mais força e o sacudiu, desesperada:

    — Vamos lá, você não é isso! Hilbert! – sua voz ficou embargada e ela jurou ter sentido uma lágrima escorrer de seus olhos.

    Mas nem isso comoveu o menino, que sem pensar, agarrou Hilda pelo pescoço e a levantou com uma força sobre humana e deixou a garota em desespero, balançando as pernas enquanto lutava por um ar que logo acabaria. Jack tentou intervir agarrando o braço livre de Hilbert.

    — Hilbert, para com isso! Você é melhor do que essa coisa!

    Com outro grunhido, ele empurrou o arqueólogo que caiu no chão e caminhou com Hilda até uma árvore, prendendo-a contra o grosso tronco, encarando-a com uma expressão de insanidade. A garota retribuiu o olhar, com pena e tristeza. Havia perdido o menino que escalara o prédio da sua casa de madrugada para lhe dar lições sobre sonhos? Tudo aquilo agora se resumira a um monstro que havia dominado seu corpo?

    — Hilbert... – ela chamou novamente, com a voz mais gentil, pronta para aceitar seu destino.

    — Vic, por favor! – Jackson berrou.

    Vic saiu de dentro da bolsa e olhou para seu amigo. Disposto a ajudar, seu corpo tomou uma aura psíquica rosa e seus olhos brilharam.

    Desculpa por isso, amigão – começou o Victini. – Mas eu faço tudo para te salvar.

    O Pokémon liberou um golpe conhecido como Psyshock que, como o nome sugere, acertou Hilbert como um raio psíquico, fazendo-o curvar suas costas para frente e soltar um grito, como se toda descarga tivesse dominado seu cérebro, seu corpo amoleceu, os olhos se tornaram brancos e opacos e ele soltou Hilda, que caiu de joelhos no chão com a cabeça do garoto desmaiado em seu colo. Apesar da reação de alívio que todos soltaram, a menina não pode segurar o choro, acariciou os cabelos do menino que aos poucos voltavam a assumir completamente o castanho, enquanto os chifres voltavam ao seu tamanho inicial.

    — Por favor, não me assuste mais assim... – sussurrou, depositando um longo e suave beijo na testa de Hilbert.

     



    A noite caiu e nada da jornada tinha avançado. Jackson preparava uma fogueira com uma refeição mais decente porque sabia que a ocasião necessitava, tudo estava quieto, os Pokémon dos três se mantinham em grupo, tão tensos quantos os humanos. A única conversa ouvida era de Grimaud e Jack.

    — Então o Hilbert é um meio Pokémon? – questionou o arqueólogo, tentando ficar a par da situação.

    Exatamente – respondeu o Joltik, com precisão. – Os três mosqueteiros e eu fomos transformados em Pokémon. Acredito que seja uma forma de agradecimento por terem salvado tantas vidas. E acredito que eles queriam continuar sua missão, apesar do Lorde Aramis ter se desviado tanto de seu objetivo inicial.

    — O jeito que ele fala dos seres humanos... – comentou o jovem, mexendo nas labaredas da fogueira. – Imagino o que o deixou assim. Ele já foi humano.

    Esse poder deve ter lhe subido a cabeça de uma forma que o deixou cego – comentou Grimaud, reflexivo. – Lembro-me de que o lorde odiava a corrupção dos humanos, talvez isso tenha o incentivado.

    — Eu admito que somos uma espécie que muitas das vezes não pensa nas consequências de seus atos – ele olhou de relance para Winston, como se quisesse dar exemplo. – Mas sempre existe aqueles que combatem e isso e querem transformar o mundo num lugar melhor. Ainda que sejamos poucos, somos a gota de esperança que ainda move nossa sociedade.

    O senhor Athos acredita nisso também... Acho que Hilbert puxou isso dele, sempre enxergar o lado positivo das coisas e nunca abaixar a cabeça.

    — Espero que esteja tudo bem com ele – disse Jack, servindo um pouco da comida em um prato descartável. – Ele está distante desde que acordou. Hilda, o jantar está pronto.

    Hilda, que estava encostada em uma pedra um pouco longe, se aproximou e pegou o prato.

    — Obrigada, Jack. Vou levar para o Hilbert – sorriu a garota levemente, com a voz baixa e rouca.

    Ela se virou nos calcanhares e foi até onde Hilbert jazia. Um baixo galho de árvore grosso, sentado com as pernas encolhidas, cheio de curativos feitos pela menina, usando apenas a camiseta preta e suas calças. Com a expressão distante e desanimada, mal notou quando sua companheira sentou ao seu lado e lhe serviu o jantar.

    — Isso é meio nostálgico, né? Sempre que acontece algo, a gente senta num tronco de árvore para refletir – riu ela, tentando manter o bom humor.

    Mas o menino não parecia compartilhar a mesma empolgação, ele olhou de relance para o pescoço de sua amiga que estava coberto por um pano úmido, provavelmente para aliviar quaisquer marcas deixadas.

    — Como tá seu pescoço? – questionou ele, com a voz quase inaudível.

    — Hm? – Hilda olhou curiosa para ele. – Ah, está melhor. Jack me pediu para ficar com isso durante a noite assim não fica tão vermelho.

    — Desculpe... – Hilbert encolheu-se mais, desanimado.

    O silêncio predominou novamente antes que o garoto pudesse confessar.

    — Eu ouvi você me chamando – disse, um pouco tímido. – Foi o que não deixou aquela... coisa me dominar completamente.

    — Ficamos com medo de te perder – respondeu Hilda, corada. – E-Eu fiquei...

    E o menino nada respondeu de novo, ele apenas virou-se de costas e se manteve isolado novamente, como se fechasse completamente uma porta para que ninguém pudesse entrar, mas a garota parecia ter a chave dessa fechadura. Ela colocou as duas mãos nas costas do amigo e apoiou a cabeça nela, como um gesto de carinho.

    — Lembra da conversa sobre médico, né? – disse ela, arrancando um riso baixo do garoto.

    A atenção foi desviada quando Jackson e Vic apareceram e fizeram os dois recuarem, tímidos.

    — Vocês não fazem nem questão de disfarçar que estão espiando, né? – ironizou a menina.

    Espiar? Nunca nem vi – disfarçou o Victini, indo até o ombro de Hilbert. – Você tá melhor? Ainda consegue pensar? Quanto é 2+2?

    — Eu fiquei sabendo que você deu um choque no meu cérebro, senhor Vic – o treinador olhou para o Pokémon. – Eu poderia te bater, mas você me salvou. Obrigado, amigão – o sorriso gentil, sincero e calmo deixou o anjo emocionado.

    Ah, não me olha desse jeito ­– respondeu, com a voz embargada. – Eu só não queria te perder.

    — Desde quando o Vic é tão sentimental assim? – questionou Hilda, arqueando a sobrancelha.

    Ei, eu não sou uma pedra! Eu só não gosto de externar meus sentimentos nos momentos errados.

    — Sei, sei...

    Jackson foi o próximo a subir no galho, agradeceram a Arceus por ele ser bem resistente. O arqueólogo estendeu para o menino o famoso boné vermelho, um tanto surrado e sujo.

    — Eu achei isso aqui com a ajuda dos meus Pokémon – sorriu o rapaz. – Acho que ele é extremamente importante pra você.

    Hilbert pegou aquele acessório de pano e o observou cheio de memórias.

    — Obrigado, Jack. Acredito que devemos uma explicação pra você.

    — O Grimaud, o Joltik falante, me contou tudo – disse Jackson, sorrindo.

    — Está assustado? Com medo?

    — Na verdade, só estou curioso pra saber se você pode ser capturado com uma Pokéball – refletiu o arqueólogo.

    — Ninguém nunca tentou.

    O grupo gargalhou e Hilbert se sentiu confortável em saber que mesmo nas dificuldades e nos momentos de tensão, ele tinha excelentes companhias que sempre iriam segurar ele. E ele com certeza tentaria retribuir tudo a altura.

     


    Aramis estava deitado com as patas escolhidas, observando a que estava ferida, torcendo para que fosse algo momentâneo. Não imaginava que o filho de Athos atingiria uma força tão grande quanto o pai, apesar de saber que era o mais fraco, praguejou ao imaginar que sua velocidade não fora tão eficaz. Mas não queria pensar nisso agora, seu maior medo – se é que isso era possível em alguém como ele – era ser descoberto daquele jeito.

    Sua atenção se desviou para um arbusto que se mexeu violentamente.

    Um Pokémon?

    Não.

    Era um humano. A pequena figura apareceu. Uma garotinha de quase seis ou sete anos que parecia extremamente assustada e perdida, sua pele negra brilhava com alguns raios de lua que atravessavam as folhas das árvores. Usava uma roupa extremamente pobre e mal-acabada. Seus olhos observaram aquela enorme criatura com esperança, a pose do Virizion remetia à segurança graças a seu tamanho, mas seu rosto não demonstrava a mesma imagem.

    O que você quer, garotinha? Saia daqui antes que eu te mate – ameaçou ele.

    A menina tentou falar, mas nenhum som saia. Seria ela muda?

    Você não fala? Que “sorte” a minha – ironizou a criatura. – Vá embora. Você é uma criança, é perigoso ficar sozinha.

    Ela se aproximou e sentou-se perto do tronco do Virizion, que a encarou arisco, mas a menina não pareceu se importar, ela descansou seu corpo contra o do Pokémon, como se fosse um travesseiro gigante. Seja lá quem fosse essa garota, ela só parecia querer um porto seguro.

    Aramis pensou na possibilidade de simplesmente matá-la ali e não deixar rastros. Mas ver os olhinhos perolados dela aos poucos se cerrando para dormir o fez sentir uma compaixão que há anos não sentia. Ele deitou a cabeça no chão, próximo a menina.

    Que droga... – ele murmurou antes de dormir.


        

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  • Notas da Autora (Capítulo 22)



    SAUDAÇÕES, HUMANOS FRACASSADOS!
    Tudo bem com vocês? 

    Ainda em êxtase pelo capítulo 22. Não os culpo. Ninguém imaginaria que o Hilbert tinha um lado diferentão. 
    Eu apelido esse capítulo de Casos de Família. NO TEMA DE HOJE: MEU TIO ME ODEIO POR EU SER MESTIÇO E QUER ME MATAR! 

    Mas enfim, a família de Hilbert vai se revelando e o menino se prova ser uma ovelha negra. Abandonado pelo pai e odiado pelo tio é muito azar pra um personagem. MUST PROTECC HILBERT.

    Mas cá estamos. Aramis é diretamente inspirado em Sesshoumaru, o irmão mais velho de Inuyasha. E obviamente, o Hilbert possuído é claramente uma paródia do Inuyasha "full youkai", seja lá qual seja o nome. 

    Mas vamos ao que interessa: DÁ PRA CAPTURAR O HILBERT COM UMA POKÉBALL?
    E pra fechar as enquetes: Já pararam pra pensar que o Hilbert é um gijinka de Pokémon andando no meio dos humanos? 

    Com essa eu me despeço com uma boa notícia: Estou finalizando a primeira temporada de NPU <3 Obrigada a todos que me acompanharam até aqui :3 

    Um beijo e um abraço
    StarChan
     

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  • Capítulo 21


    Uma semana havia se passado desde os acontecimentos envolvendo a Light Stone. Jackson passara os dias frequentando a delegacia para retratar com detalhes os acontecimentos envolvendo seu Darmanitan. Como os únicos danos envolviam o material, uma multa fora aplicada – que logo foi paga pelo Museu de Nacrene a pedido de Lenora.

    As investigações sobre a confusão causada pela Team Plasma foram em vão pois não havia quaisquer vestígios, o que dificultava a apresentação de provas para culpar a equipe, que mais uma vez, tinha saído como inocente. E para piorar, as publicações em redes sociais sobre “resgates” de Pokémon vítimas de maus tratos ganhava cada vez mais repercussão.

    A boa notícia é que a recuperação de Hilda havia sido ótima, permitindo que ela recebesse alta rapidamente. Hilbert estava em seu quarto de hospital, aguardando a enfermeira retirar as últimas faixas curativas de seu braço.

    — Acho que a última vez que fiquei tanto tempo num hospital foi quando eu torci o tornozelo numa apresentação de teatro – comentou a garota entre risos enquanto observava a funcionária retirar o objeto de algodão próxima do seu pulso.

    — Eu quebrei o braço uma vez, tava escalando uma árvore – contou seu colega, pensativo. – É, a dor é insuportável, mas pelo menos eu ganhei um gesso maneiro – riu. Seus olhos pousaram sobre o pulso da garota, local onde a enfermeira trabalhava, algo curioso chamou sua atenção. – Ué, isso é um machucado?

    — Ah, não, não é – respondeu Hilda, acariciando de leve. – É uma marca de nascença. Parece um coraçãozinho né? – riu. – Acho tão fofo, minha mãe não tem, então acredito que eu deva ter puxado do meu pai.

    — Pais, como sempre, deixando marcas na gente – suspirou Hilbert, com bom humor.

    Lenora requisitou a presença de Hilbert, Hilda e Jackson em seu escritório, seu sobrinho a havia contado sobre as aventuras envolvendo a Light Stone e em como a garota tinha um certo “poder sensitivo” quanto a ela, tudo aquilo era muito intrigante, porém, extremamente útil.

    — Espero que esteja melhor, Hilda – sorriu a líder, sentada em sua confortável cadeira, parecendo o mais receptiva possível.

    — Estou bem melhor, pronta para mais uns quinze tombos – riu a menina, sentada em uma cadeira igualmente confortável, no meio dos dois amigos.

    — Bem, certamente não chamei só vocês para saber de Hilda. Mas sim para conversar sobre algo importante – ela encurvou-se pra frente, apoiando os braços na mesa. – Jack me contou tudo o que aconteceu. Posso ver o fragmento da Light Stone?

    Hilda retirou o pequeno fragmento branco de seu colete, era incrível ver como o objeto permanecia limpo e brilhante. Lenora o pegou com certo cuidado, examinando a veracidade. Não se parecia com nada que tenha visto anteriormente, era maciça como a Dark Stone que havia conhecido pessoalmente. Naquela altura, não tinha como duvidar: As esferas que prendiam os dragões lendários de Unova existiam.

    — Vocês acham que podem ter mais fragmentos desse? – questionou a líder para os jovens, os observando.

    — Eu acredito que sim, eu ainda ouço um pouco do crepitar de fogo – a menina contou, apontando para o objeto. – Vem desse aí, então quer dizer que talvez a Light Stone ainda exista, ela só precisa... ser montada novamente – apesar de não acreditar muito nas suas próprias palavras, a morena parecia confiante.

    — Isso é... – a negra procurou a palavra certa. – Inacreditável, porém, não consigo provar o contrário. Não é nada contra você, Hilda, é que eu estou há tantos anos no meio da ciência que eu preciso de muitas provas concretas pra acreditar – ela riu de leve, devolvendo o objeto para a garota.

    — Não se preocupe, senhora Lenora, eu também estou meio perdida com tudo isso – a jovem riu de volta. – Mas tem algo dentro de mim que me... destina a isso. E é isso que está sendo o meu motor.

    — Admirável – Lenora se levantou e caminhou por sua sala, arquitetando para si mesma um plano. – Vamos trabalhar com hipóteses. SE POR ACASO – ela enfatizou as palavras. – Os fragmentos existirem, e for possível unir eles novamente, vocês acham que o Reshiram que está dentro dela, se libertará?

    — Se não se libertar, alguém fará isso – comentou Jackson. – Se os fragmentos estiverem espalhados por Unova, as pessoas vão encontrar e pesquisar, teremos sorte se alguns ignorarem. Mas não podemos confiar.

    — Isso logo se espalhará, não é possível esconder segredos da internet. Alguém vai descobrir algo, publicar e isso vai se espalhar – continuou o sobrinho.

    — O que podemos fazer? Não posso chegar para os líderes ou para meu grupo de cientistas e pedir para eles caçarem pecinhas minúsculas por toda a Unova.

    — É para isso que estamos aqui, não? – Hilbert se pronunciou pela primeira vez. – A Hilda sente a presença dos fragmentos. Ela é basicamente nosso Herdier farejador – o garoto levou uma cotovelada da amiga.

    — Não posso deixar duas crianças resolverem sozinhas um problema que pode tomar grandes proporções – Lenora demonstrou preocupação. – Apesar de vocês se provarem capazes, eu sou mãezona o suficiente para me preocupar com a segurança de vocês.

    — Eu vou com eles – Jackson levantou o braço. – Tia, aquilo que eu disse no discurso para o conselho e a polícia não foi da boca pra fora.

    — Jack..

    — Não, deixa eu terminar – o rapaz se levantou. – Eu sei que pareceu um ataque a você. Mas nós dois sabemos melhor do que ninguém o que é ser rebaixado ou menosprezado por detalhes bestas como cor de pele ou quantidade de experiência. Nós dois sofremos por um sistema que prioriza sempre o maior, mas nós dois temos algo muito maior em comum: Nós temos pulso firme, ninguém nos derruba fácil.

    Hilda e Hilbert ouviam o amigo com admiração. A garota sabia dos privilégios de sua vida e de como ela extremamente fácil, então agradecia imensamente em ter a oportunidade de conhecer pessoas guerreiras como seu companheiro de jornada e Jackson, que apesar de serem pisoteados por coisas triviais como cor, experiência e aparência, mantinham a cabeça erguida. Era isso que a motivava a procurar um sonho. Adoraria poder ajudar as pessoas.

    A líder por sua vez, soltou um sorriso espontâneo, não se preocupando em manter segredo sobre seu orgulho, ela levantou a cabeça e encarou seu sobrinho:

    — Eu realmente te coloquei no caminho certo, né?

    — Eu tenho orgulho de dizer que sou sobrinho da melhor arqueóloga e líder do mundo Pokémon. Eu vou trazer essa esfera de volta, eu prometo.

    Os dois selaram a conversa com um abraço reconfortante.


    No apartamento de Jack, o trio se preparava para pôr o pé na estrada. A líder do ginásio de Nacrene pedira pra que os jovens fossem um pouco discretos na busca, então eles deviam conciliar a procura dos fragmentos da Light Stone com a jornada de Hilbert pelas insígnias. O arqueólogo reuniu seus Pokémon, deixando Winston, o Darmanitan e Jesse, seu Excadrill em Pokéball, enquanto a Cleffa Bijou resolveu o acompanhar do lado de fora, usando sua mochila como transporte. Mochila essa que estava sendo preenchida com o essencial.

    — Como eu faço os trinta volumes das “Aventuras dos Dragão Guerreiro” caber nessa mochila? – questionou Jackson, sentado de pernas cruzadas no chão de seu quarto, encarando sua bolsa.

    — A ideia não era levar o essencial? – questionou Hilda, alimentando Koin e Sombra com alguns petiscos.

    — E eu tô levando o essencial – o negro olhou para a amiga.

    — Posso levar metade na minha mochila – ofereceu Hilbert, interessado naquela coleção de mangás.

    Que história é essa de “posso levar metade”? – questionou Vic, ao lado do amigo. – Esqueceu que eu moro na sua bolsa?

    — Poxa, Vic, é uma coleção do Dragão Guerreiro, imagina a possibilidade de ler durante a jornada – argumento o treinador. – Dá uma apertadinha que cabe.

    — Ok, ok, vamos dividir então, cada um leva dez volumes e pronto, todo mundo vai ler o mangá – disse Hilda, recebendo um abraço duplo dos garotos.

    — VOCÊ É UM ANJO! – eles disseram, em coro. A menina suspirou, seria uma longa jornada ao lado dos dois, mas ela estava feliz.

    Lenora encontrou-se com o trio na saída da cidade para últimas instruções antes de finalmente se dirigirem a Castelia City, lar de Hilda e palco do primeiro encontro dela com Hilbert. Reflexiva, a líder disse:

    — Eu andei pesquisando sobre as pedras, talvez procurar algo nos arquivos históricos pudesse me ajudar a reconstruir a Light Stone – começou, com as mãos na cintura. – E eu encontrei um nome que pode nos ajudar: Junsei Kurosawa.

    — O noveleiro e desenhista? – questionou Jack, reconhecendo o nome.

    — Ele mesmo, obviamente não vão conseguirão falar com ele, ele viveu há mais de setecentos anos atrás. Mas ele e sua família foram responsáveis por cuidar das duas orbes por mais de mil anos.

    — E o que devemos fazer? Tem alguma instrução nos livros dele? – questionou Hilda.

    — Nada do que eu vi, mas estamos falando de uma pessoa conectada a arte – Lenora colocou a mão sobre o queixo. – E se tem alguém que entende de arte é o Burgh.

    — O líder de Castelia! – pronunciou Hilbert, animado. – É para onde estamos indo.

    — Exatamente, ao encontrarem Burgh, questionem sobre Junsei Kurosawa, ele provavelmente saberá como ajudar vocês.

    — Obrigada pelo apoio, dona Lenora – sorriu o treinador de boné vermelho.

    — Dona não, assim eu me sinto velha – riu ela. – De qualquer forma, por favor, se cuidem. Vocês têm uma missão importante na mão – a líder abraçou seu sobrinho, carinhosamente. – Eu vou sentir sua falta no museu, garotão.

    Jack retribuiu o abraço.

    — Voltarei vitorioso só pra te deixar orgulhosa – ele sorriu, confiante.

    — Você já faz isso muito bem, meu querido.



    A rota que ligava Nacrene City e a majestosa Pinwheel Forest também recebia o nome da floresta e era incrivelmente úmida, ao sul, pequenas poças e até algumas lagoas se formavam, a natureza crescia de forma desarmoniosa, mas isso não deixava de ser belo, gramas altas se misturavam com as rasas e a combinação de verdes era um alívio para os olhos do trio que caminhavam calmamente por uma estrada de asfalto que direcionava eles até para dentro da floresta. Os três conversavam sobre assuntos triviais, aproveitando o clima agradável de verão para se conhecerem melhor.

    — Deixa eu ver se eu entendi – começou Jack. – Seu time atual é uma Snivy, uma Minccino e QUINZE WOOBATS?!

    — Isso porque ele tava tentando pegar um Roggenrola inofensivo – riu Hilda.

    — Cara, eu morria de medo de Woobats. Agora eu adoro minha Legião – riu o treinador. – Eles nos ajudaram muito contra os Plasmas.

    — É inspirador ver Pokémon dedicados aos seus treinadores – comentou o arqueólogo, observando a Cleffa em sua mochila, a criatura rosa se divertia em observar cada cantinho do mundo externo. – Vocês são cheios de histórias, vou adorar compartilhar as minhas e ouvir as suas.

    — Vamos contar pra ele como a gente se conheceu, Hilda! – riu Hilbert, empolgando, olhando pra a amiga. Ele parou bruscamente quando notou que sua companheira tinha ficado uns metros para trás.

    A garota estava fixando seu olhar para o sul da rota, seus olhos pareciam procurar algo enquanto ela se concentrava. Jackson e Bert se aproximaram, preocupados.

    — Hilda, tá tudo bem? – questionou o treinador.

    — Acho que tô sentindo um fragmento – disse ela, meio ansiosa. – Digo, é uma sensação diferente desse que tá no meu colete, meio longe, mas naquela direção – ela apontou.

    — Eita – exclamou seu amigo, surpreso. – Não achei que seria tão fácil.

    — Geralmente as primeiras peças são as mais fáceis mesmo – riu Jackson, animado. – O que estamos esperando? Nos leve até esse fragmento, Hilda.

    O arqueólogo ajeitou seu sobretudo e caminhou pela grama molhada e pelas poças da rota, seguido de seus novos companheiros de jornada, seus calçados aguentavam bem o impacto da terra úmida, seguindo o poder sensitivo da garota, eles apressaram o passo, ansiosos. Alguns Pokémon se assustaram com a agitação, era possível perceber que os treinadores raramente frequentavam aquela região da rota.

    A busca os levou até entre algumas árvores baixas e um som de coaxar harmonioso como uma melodia preencheu os ouvidos dos jovens. Havia uma extensa lagoa com um tamanho considerável e não parecia funda, e na beirada dela, estava o dono da música, um Pokémon anfíbio bípede com menos de um metro de altura rechonchudo, não tinha braços ou mãos, apenas pés com três dedos redondos, de cor azul predominante com exceção de sua barriga que era bege. Três esferas azul claro decoravam o topo de sua cabeça, dois olhos e uma boca carregavam uma expressão engraçada, fora alguns detalhes em preto, o corpo da criatura terminava em uma cauda branca achada.



    Hilbert sacou sua Pokédex imediatamente, permitindo que a voz eletrônica lhes desse informação sobre o novo Pokémon:

    “Palpitoad, o Pokémon vibração. Ele vive na terra e na água e usa sua língua pegajosa para imobilizar clientes. Além disso, quando ele vibra os solavancos em sua cabeça, é capaz de fazer ondas na água e na terra faz pequenos terremotos”

    A melodia do coaxar era diferente de um coaxar tradicional. Era tão harmonioso que parecia ensinado, cativante, porém, soava como um lamento, ainda que as notas que saíam não parecessem como um. Os três jovens encaravam aquilo com certa admiração e por um minuto se esqueceram do motivo de estarem ali.

    Hilda foi a primeira a sair do transe causado pela cantoria.

    — T-Tá dentro da lagoa – apontou a menina, entrando na laguna, que mal chegava nos seus joelhos.

    Seguindo seu instinto paranormal, ela caminhou até o centro do lago e teve que mergulhar seu braço na água para procurar o fragmento da Light Stone, deu o azar daquela água não ser transparente e o objeto que procurava podia facilmente se camuflar. Dessa vez, foi o Palpitoad que notou a presença dos humanos, ele cerrou sua cantoria e se levantou receoso, mas logo seu olhar baixou-se sobre a garota que parecia extremamente focada em sua busca. Seus olhos brilharam ao ver aquela humana, como se aquela figura fosse conhecida sua. Sem rodeios, o Pokémon grunhiu e se aproximou, roçando se gordo corpo contra a perna da menina que quase pulou ao sentir pele úmida e pegajosa do Palpitoad.

    — A-ah! – Hilda olhou para o anfíbio que parecia a encarar com extrema felicidade. – O-oi, rapazinho. Eu tô meio ocupada, mas logo vou deixar sua lagoa em paz, eu prometo – disse, com calma, e logo depois, retomando sua procura.

    Jackson e Hilbert ajudavam na busca em volta do lago enquanto o Pokémon aquático insistia em ficar perto da garota como um servo fiel. Apesar disso, a jovem não de desviava de seu objetivo, as falas de Clara sobre Reshiram e a decisão da guerra ser responsabilidade dela a impactaram o suficiente.

    Foi quando ela sentiu o objeto, pontiagudo e de um tamanho considerável. Seu sorriso foi instantâneo quando ela retirou a mão da água e levantou o fragmento contra o sol, como um sinal de comemoração.

    — Achei! – exclamou para seus amigos, que deram atenção para ela na hora, tão contentes quanto a companheira.

    Por estar com as mãos molhadas, aquela lasca nunca lhe pareceu tão escorregadia. Um acidente, um pequeno vacilo e aquela preciosidade escapou por entre seus dedos retornando à água, mas dessa vez, não para o fundo da lagoa, e sim para a boca de um Tympole, criatura semelhante a um anfíbio menor que era da família evolutiva de Palpitoad. A curiosa figura olhou para a humana e seu grunhido parecia de deboche, como se chamasse ela de idiota.



    — Seu... – Hilda reprimiu um xingamento. – Devolve isso!

    O Pokémon grunhiu e saltou para fora do lago, fugindo por entre a grama alta, deixando o trio completamente perplexo e derrotado.

    — É isto! Vamos voltar para casa e nos enfiar debaixo de cobertores em nossos pijamas velhos! – exclamou Jackson. – É isso o que fazemos de melhor mesmo.

    — Calma aí, Jack. Vamos seguir ele – riu Hilbert, pegando uma Pokéball de sua bolsa, começando a correr.

    — Mal começamos essa procura e estamos apanhando pra um Tympole – retrucou o rapaz, correndo também, seguido da menina.

    — Faz parte da aventura – ela disse. E é claro, o Palpitoad não pôde ficar para trás e foi-se junto a eles.

    Por não possuir pernas, a forma de locomoção do Tympole era por pulos, então dava pra ver a criatura saltitar ao longe, em direção ao que parecia ser outra lagoa. O problema foi quando o trio alcançou e ninguém pode conter o choque. Dezenas de Tympoles brincavam e conviviam entre si. Era bizarro pensar como aquela espécie andava em grupo e como eles eram incrivelmente azarados por serem roubados por tal família.

    — Cara... E agora? – questionou Jack, ainda sabendo que não receberia uma resposta concreta.

    — A gente pode abrir a boca de um por um – sugeriu o treinador, liberando Brianna.

    — Além de demorado, isso é nojento e perigoso – respondeu a menina. – E se eles se irritarem?

    — Você não consegue sentir?

    — C-consigo, m-mas tem tantos deles que fica difícil apontar um. E eles não param de se mexer – observou a morena, tentando se concentrar.

    — Vic, de ladrão para o ladrão. Quem você acha que é? – questionou o treinador de boné vermelho.

    O Victini saiu de sua bolsa e encarou o amigo.

    Eu não vou nem comentar sobre a imagem que você tem de mim – o Pokémon cruzou os braços. – Mas não faço ideia de quem seja.

    Palpitoad assumiu a frente dos três, fazendo uma pose pomposa e convencida, como se tivesse a solução dos problemas, ele olhou para Hilda e grunhiu, ela, por sua vez, franziu a testa e estranhou.

    — Alguém traduz? – a jovem olhou para os amigos, que estavam tão confusos quanto ela.

    O Pokémon aquático chamou para si as atenção dos Tympoles. Ele grunhiu como se coçasse a garganta, fechou os olhos e mais uma vez, pôs-se a cantar. Mas dessa vez, ao invés da melodia anterior, era algo mais animado - talvez até infantil - uma canção que animou aqueles anfíbios e logo os fizeram se posicionar e acompanharem com coaxares melódicos. Muito semelhante a uma sinfonia, o Palpitoad agia como um excelentíssimo maestro.

    Hilda foi a primeira a notar a finalidade daquele plano e sorriu.

    — Fiquem de olho em todos os Tympoles – alertou ela para seus amigos. - Agora que eles estão cantando, irão abrir e fechar a boca o tempo todo, é nossa hora de encontrar nosso ladrãozinho.

    O grupo se manteve atento em todos os cantores daquele concerto, observando atentamente suas enormes bocas entoando notas musicais. Se alguém passasse por lá e se deparasse com a cena, provavelmente riria por ser inusitada.

    Jackson apontou para um Tympole no fundo. Dava pra ver por entre sua língua pegajosa, o pequeno fragmento brincando e se movimentando. Era sorte aquele Pokémon não ter engolido o objeto.

    — Aquele ali! – apontou o arqueólogo.

    — Ok, Brianna, traga aquele rapazinho pra gente com o Vine Whip – ordenou Hilbert.

    A Snivy usou suas vinhas para agarrar o culpado, isso acabou assustando os outros de sua espécie, que fugiram. O ladrão foi trazido para perto, ele encarava assustado os humanos, confusos com aquela ação repentina. Hilda se aproximou gentilmente, libertando o Pokémon das vinhas e segurando-o em seu colo.

    — Fica calmo, tá? É que você tem algo na sua boca que nos pertence e é muito perigoso se você engolir – com paciência e delicadeza, ela sentou-se no chão com o pequeno e retirou um pouco de petiscos para Pokémon da sua bolsa. – Vamos fazer um acordo? Eu te dou esses petiscos e você nos devolve o fragmento.

    Compreendendo as palavras da garota, Tympole cuspiu o fragmento da Light Stone na mão da garota e logo em seguida recebeu com satisfação seu alimento, grunhindo animado.

    — Missão cumprida – Hilda estendeu o recebido para os amigos e mostrou a língua. – Uma negociação um pouco nojenta, mas concluída com sucesso.

    Hilbert riu e sentou-se perto da amiga também, usando sua Pokédex para registrar aquela criatura.

    — Pessoal – chamou Jackson, observando em volta. – Temos companhia.

    Os dois sentados olharam e viram o grupo que tinha fugido, se aproximar novamente, interessados nos petiscos oferecidos pela menina, por ser uma região afastada e frequentada por raros treinadores só interessado em subir o nível de seus Pokémon, a oportunidade de receber um pouco de carinho, comida diferente e atenção não podia ser desperdiçada.

    Todos os Tympoles receberam atenção, eles brincaram com Vic e os outros Pokémon, fizeram uma pequena cantoria e muitas outras coisas que tornaram aquela tarde super divertida. Não tinha clima mais leve e melhor para recomeçar uma jornada cheia de desafios.

    Quando acharam que eram a hora de partir, Hilda, Hilbert e Jackson se despediram daquela rota, prontos para adentrarem a serena Pinwheel Forest antes que anoitecesse definitivamente. Mas parecia que nem tudo estava concluído.

    Ei, galera – chamou Vic, de dentro da bolsa, olhando para trás. – Olha só.

    Os três humanos também desviaram seus olhares para trás, curiosos. E lá estava ele, admirando a garota com seu jeito desengonçado e tímido, o Palpitoad cantor parecia insistir em seguir o grupo como se faltasse algo para fazer.

    — Tudo bem, rapazinho? – questionou Hilda, se aproximando. – Quer mais petiscos?

    Carinhoso e talvez carente, o Pokémon aquático roçou na perna da garota, mas dessa vez, ela não se importou de sentir a pele úmida e gosmenta dele, pelo contrário, sorriu ao notar tanto carinho.

    — Eu tô com a sensação de que você gostou de mim – riu, agachando para acariciar o Pokémon. – Eu não sou treinadora, mas sei dar muito amor e carinho.

    Os grunhidos da criatura pareciam querer falar algo, mas a menina não conseguia entender, então resolveram apelar para o único tradutor: Vic.

    Vocês abusam demais dos meus poderes – murmurou ele, convencido. – Vamos lá, rapazinho, não faço isso com qualquer um, então seja rápido nas palavras – o Victini concentrou uma habilidade psíquica que parecia abusar de seus poderes.

    — Pode falar agora – sorriu Hilda.

    “V-Você é a Rosa?”, questionou o Palpitoad, esperançoso.

    — R-Rosa? – a garota respondeu, curiosa. – N-Não, meu nome é Hilda. V-Você está perdido?

    “R-Rosa é minha treinadora, f-faz um ano que ela me deixou e não voltou”, a voz da criatura soava como uma súplica. Uma súplica que provavelmente nenhum dos quatro poderiam ajudar a julgar pelo olhar que trocaram.

    — Qual é o seu nome? – questionou Hilda depois de uns segundos.

    “E-Eu não consigo me lembrar, faz tanto tempo que ninguém me chama pelo nome que eu simplesmente esqueci”, respondeu o Pokémon, desanimado.

    Com um carinho gentil e confortante, a garota soltou um sorriso meigo.

    — Você pode se chamar Lucio – disse. – Uma vez ouvi uma história onde tinha um cantor com esse nome. Acho que combina com você, canta tão bem.

    “O-obrigado”, Palpitoad virou os olhos, acanhado.

    — Eu não sei se sua treinadora batalhava por insígnias ou se tinha um time poderoso – ela liberou Sombra e Koin, que olharam intrigados para o novo Pokémon. – Mas eu não sou uma treinadora poderosa, então o melhor que posso te oferecer é muitos mimos e abraços. Sei que sente falta da sua mestra, talvez a encontremos no meio da nossa jornada. Mas enquanto isso, que tal se juntar a nós? – ela procurou na bolsa uma Pokéball na bolsa, mas logo sua feição mudou para decepção. – Hã... Hilbert, você tem Pokéballs?

    — Eu? Não – respondeu Hilbert. – Eu meio que gastei todas capturando quinze Woobats. E a gente não reabasteceu.

    — Jackson?

    — Eu esqueci de pegar algumas também – o arqueólogo respondeu, coçando o cabelo sem graça.

    Hilda suspirou e riu.

    — Como pode perceber, não somos a equipe mais preparada. Mas te daremos todo o suporte que precisar.

    Lucio se jogou nos braços da menina. Aquilo aqueceu ambos os corações, como se completassem um quebra-cabeça.

    — Prometo que assim que chegarmos em Castelia irei te comprar uma Pokéball para oficializarmos a captura – informou a morena.

    O-Ok, rapaziada – riu o Victini, meio tenso. – Sei que o papo tá lindo, mas quando só tem um psíquico trabalhando, isso me esgota demais.

    — Ah, obrigada Vic. Você foi um anjo.

    Vic respirou fundo, se desfazendo de seu poder e voltando para a bolsa de Hilbert para um longo descanso merecido. 

    Resolveram acampar próximos a entrada da Pinwheel Forest, o céu estava estrelado e o clima agradável, perfeito para dormir ao ar livre. Os jovens se acomodavam em paz, deitavam em suas barracas e sacos de dormir sem a menor preocupação. Mas ninguém imagina que as árvores possuíam olhos observadores.

    Escondido nas sombras como um assassino, o Pokémon encarava aquele patético grupo de humanos com certa soberba, não tinha intenção de ataca-los, pelo contrário, queria manter distância deles. Mas a figura sonolenta de Hilbert lhe chamava a atenção, aqueles chifres pontiagudos amarelos lhe era tão familiar que ele não pode deixar de esconder a surpresa.

    Então os boatos estavam corretos – comentou para si mesmo, ainda que parecesse que conversasse com alguém. – Athos realmente teve um filho com uma humana – ele reprimiu uma risada antes de saltar para o topo de uma árvore. – Isso vai ser interessante. Vamos conhecer meu “sobrinho”.


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