• Arquivos: Capítulo 1


    Striaton City, 2010

    Ato 1: Sonho
    — Quem vai cortar a faixa de inauguração? – sorriu uma mulher com cabelos negros e presos em um coque delicado, usando uma roupa formal.
    — Acho que deveria ser você – disse um homem com cabelo castanho e óculos.
    — E se deixarmos a Amanita cortar? – sugeriu a outra, olhando pra uma criança de aproximadamente cinco anos.
    — Boa ideia. Tudo bem por você, Fennel? – o de óculos olhou pra uma jovem aproximadamente vinte e cinco anos.
    — Claro, papai.
    — Aqui, meu amorzinho – ele agachou na altura da menina e lhe entregou a tesoura, supervisionando-a. Com cuidado, Amanita se aproximou da faixa vermelha que estava em frente a um portão de um enorme prédio e cortou-a.
    — Declaro oficialmente aberto o Dreamyard!

    A família Hartley era composta por cientistas, Lauren e Albert formavam um casal renomado e Fennel, sua filha mais velha, seguia os passos deles, tinha estudado em Castelia para se formar em Ciências, além dela, havia também a pequena Amanita, que era tão curiosa quanto eles. Juntos, eles realizaram o sonho de qualquer cientista: Inaugurar um laboratório.
    Obviamente, os adultos eram os responsáveis e eles não estavam sozinhos, Thomas era um dos investidores cientistas e amigo da família, ele trouxe outros cientistas profissionais para trabalharem no Dreamyard.
    Dreamyard nasceu com um único objetivo: Estudar o Dream Mist e suas propriedades energéticas. O prédio fora construído em uma área afastada de Striaton City e o nome significava literalmente Jardim dos Sonhos.
    Fennel caminhava pelo laboratório 1 com uma prancheta na mão, ainda tentando trazer para a prática todas as teorias que tinha visto na faculdade, mesmo que fosse um pouco complicado para ela. Parou em frente a uma máquina onde um Pokémon rosa e roxo flutuava encolhido como se tivesse dormindo, ele estava com vários fios presos por todo seu corpo, monitorando seus sinais vitais.
    — Ei, Musharna, tá tudo bem por aí? – a cientista perguntou, observando a criatura, que respondeu com um grunhido gentil. – Só mais algumas análises e já te tiramos daí – ela olhou para a prancheta que carregava e anotou alguns números.
    Thomas entrou no laboratório e caminhou pelo ambiente, seu terno sempre bem limpo e a pose pomposa.
    — E então, alguma evolução? – questionou ele, indiferente.
    — Estamos nos exames diários, senhor, a extração da Dream Mist vem depois – explicou Fennel, um pouco intimidada, era uma pressão grande estar trabalhando definitivamente em projetos importantes, ainda que parte do local fosse de sua família, ela tinha medo de falhar com seus superiores.
    — Não acha que está demorando não? – ele fez uma nova pergunta, fazendo as pernas da mais nova tremerem. – Olha, você não precisa checar todo dia, só uma vez por semana. Extraia o Dream Mist e liberar o Musharna.
    — M-mas...
    Thomas levantou o dedo e tocou os lábios de Fennel.
    — Quem é o mais experiente daqui mesmo?
    — O-o senhor – ela respondeu, ainda tensa.
    — Foi o que eu pensei... – ele saiu, deixando para trás a jovem cientista tremendo de medo.



    Fennel ainda tinha contatos com alguns colegas de faculdade, um deles era a Aurea Juniper, filha de um renomado cientista Pokémon. Às vezes, ela aparecia no Dreamyard para saber da pesquisa, até porque isso acabava por interessar toda a comunidade cientifica.
     As duas caminhavam pelo refeitório do enorme laboratório carregando bandeja com sanduíches prontos e suco, escolheram uma mesa perto de uma janela e sentaram-se uma de frente pra outra.
    — Tudo parecia tão mais fácil fazendo os projetos bobinhos na faculdade – começou Fennel, suspirando.
    — Nem me fale. Pelo menos, se a gente errasse algo na faculdade, só ganhávamos uma nota baixa – riu Juniper. – Agora, se você erra, pode custar uma vida. Ainda bem que meu pai tá me deixando cuidar dos iniciais e das licenças por enquanto, mas logo eu devo assumir completamente o controle do laboratório de Nuvema e das pesquisas – explicou, enquanto tomava um gole do seu suco. – E então, o que você pode me contar?
    — Esse mês descobrimos que se as partículas do Dream Mist ficam muito próximas, acabam mostrando imagens dos sonhos que os Musharnas e Munnas devoram.
    — Uau, então é verdade? Algumas pessoas falavam que era lenda – Aurea parecia surpresa e interessada. – Isso já um grande avanço.
    — Agora eu ouvi que eles vão começar a analisar a energia que as partículas usam para formar essas imagens, serão longas semanas – riu Fennel.
    — Você tá livre esse fim de semana? Vamos dar uma descansada lá em Nuvema antes da correria começar – sugeriu Juniper, arrumando uma mecha do cabelo da amiga, fazendo-a corar um pouco.
    — Só se você fizer aquele bolo de Oran Berry.
    — Pode apostar que sim – riu a outra.



    Julgando toda a rotina de laboratório dos mais velhos, era comum que Amanita e a gentil Musharna, que servia como mascote da família, passassem a maior parte do tempo no Dreamyard. A menina adorava explorar os corredores enquanto seus pais e sua irmã mais velha estavam ocupados demais. A Pokémon seguia ela como uma babá.
    — Vamos apostar uma corrida, quem chegar ao refeitório primeiro, ganha um pirulito! – riu a criança, se preparando pra correr quando ouviu alguém conversar em um dos escritórios. Seria uma situação corriqueira se não fosse pelo assunto. A garotinha, no auge de sua curiosidade, espiou por entre a fresta entreaberta da porta de madeira e viu que se tratava de Thomas, ele dava medo nela, parecia uma espécie de monstro que seu pai expulsava de debaixo da cama antes de dormir.
    — ... Eles descobriram que esses bichos criam imagens dos sonhos que devoram – contou o homem, na sua mão, um celular de última geração era ostentado. – Nhá, eu também pensei que fosse besteira, mas eles conseguiram me mostrar. Enfim, apenas continue injetando grana.
    Ele caminhava pela sala, brincando com uma caneta por entre os dedos.
    — Jeffery, estamos falando de uma pesquisa que se der certo, vai encher nossos bolsos. Imagina só se descobrem que aquela fumacinha rosa idiota é capaz de produzir, sei lá, energia elétrica... – ele parou seu discurso e encarou o telefone. – Não ria, seu idiota! Imagina o que faria as outras regiões se soubessem que Unova tem uma fonte de energia melhor? Imagina os empresários! Chegarão com malotes de dinheiro!
    Amanita se encolheu quando sentiu que Thomas olhou em sua direção.
    — O quê? Os outros? Eu não tô nem aí, vão se vender rapidinho, tem um grupo que tá do meu lado, o casal bobo e a filha recém-formada deles vão se render a nós rapidinho com a pressão. O mais forte vence.
    Musharna sentiu seu corpo estremecer, devorar sonhos era um processo automático para seu corpo, bons ou ruins, todos eles eram sugados pelo Pokémon, e definitivamente, as ambições do homem no telefone era das piores. Com um grunhido fraco, ela se encolheu e seu corpo expeliu uma fumaça rosa escura, quase invisível e imperceptível, mas que parecia perigosa. Amanita, naquela hora, sentiu vontade de chorar, ainda que não entendesse a situação.


    Ato 2: Impuro
    Jantar em família era algo raro para os Hartley, as rotinas agitadas no Dreamyard impediam que eles se sentassem a mesa e comessem algo decente, mas pelo bem das relações entre os quatro, aquela noite seria diferente. Nada de pratos congelados, algo caseiro e preparado com carinho por eles. Amanita ainda se sentia estranha com a conversa que ouvira de Thomas mais cedo, mas preferiu não contar para os pais, enquanto a Musharna parecia incomodada.
    — E como está a Aurea? – questionou Lauren para a filha mais velha.
    — Está muito bem, vou passar o final de semana na casa dela em Nuvema – sorriu Fennel, colocando os pratos na mesa. – Ela vai assumir o laboratório do pai – sorriu, orgulhosa. – Ser a Professora Pokémon da região deve ser uma honra.
    — E ela é uma das mais novas, se não, a mais nova. Parte disso se deve ao próprio Cedric que guiou as filhas nos passos dele – completou a mulher, sorrindo, colocando uma travessa de carne de Bouffalant assada na mesa. – Hmm, que cheiro bom.
    — Meu nariz já estava anestesiado com o cheiro do laboratório misturado com os pratos esquentados no micro-ondas – riu Albert, sentando-se na mesa. – Vem comer, Amanita, querida.
    — Ok, papai! – sorriu a garotinha, se aproximando da mesa e sentando em seu lugar.
    Todos os outros membros da família sentaram-se também, mas o que era pra ser uma agradável noite, se transformou em pesadelo quando os pais e a irmã mais velha da menina de cabelos castanhos puxaram seus celulares, focados em qualquer notícia do trabalho, perdendo completamente o clima familiar.
    Ninguém puxava conversa, Amanita era a única que prestava atenção no que comia e que tentava de alguma forma puxar algum assunto que não fosse sobre o laboratório, começara a ficar frustrada quando notou que nenhum dos olhos se viravam pra ela e as respostas eram sempre automáticas. Ela abaixou a cabeça, irritada, Musharna ao seu lado percebeu, e novamente começou a se sentir estranha, devorando os sonhos da pequena garota, um deles a deixou em choque: “Queria que o Dreamyard sumisse!”
    Com um grunhido alto que parecia de dor, todos os humanos presentes se viraram para a criatura rosa que se encolhia e retorcia.
    — Musharna, o que houve? – questionou Fennel, preocupada.
    — Nunca vimos ela assim – Albert pareceu apreensivo, tentando entender o que se passava.
    — Tem uma fumaça rosa escura saindo dela! – exclamou Lauren, ainda mais apavorada.
    Musharna grunhiu mais alto, aquilo fez com que luzes começassem a piscar e aparelhos domésticos a ligarem e a desligarem, parecido com um poltergeist.
    — MUSHARNA, PARA! – a irmã mais velha berrou, abraçando a criatura, mas imediatamente seus olhos visualizaram imagens que ela orava para deixar de ver, dentre elas, o sonho impuro de Amanita.
    A tensão só foi controlada quando o patriarca da família retornou o Pokémon para sua Heal Ball, interrompendo os acontecimentos e fazendo a que estava abraçada com a criatura cair de joelhos no chão, choramingando desesperada.
    — Fennel, filha! – a matriarca correu em direção dela. – O que aconteceu?
    A cientista olhou para sua irmã mais nova com uma feição de tristeza.
    — Você quer que o Dreamyard suma?
    Agora, a atenção estava na pequena.
    — C-Como é? – Lauren questionou, agachando na altura da garota, acariciando os cabelos castanhos dela como um gesto de conforto.
    — Amanita, isso é horrível – disse Albert, um tanto decepcionado.
    — V-Vocês... – ela começou, num murmúrio. - Nunca jantamos juntos, e quando finalmente fazemos isso, vocês ficam nesses celulares, só pensando no Dreamyard, então eu quero que aquele lugar suma para que vocês possam prestar atenção em mim de novo – a menina cobriu o rosto, choramingando.
    A mãe foi a primeira a abraçar a garotinha com carinho e apoio, o ato foi copiado pelos outros dois membros.
    — Nós nunca deixaremos de ser uma família, com ou sem Dreamyard, nós amamos vocês duas acima de tudo – explicou Albert.
    — Não sabíamos que isso te incomodava tanto – consolou Lauren. – Vamos tentar melhorar. Somos os Hartley, ninguém pode nos separar.



    Muitos mais intrigados com a reação de Amanita, Albert estava curioso com a reação que Musharna tinha causado no ambiente, sabia que Pokémon psíquicos podiam ser causadores de vários efeitos paranormais, mas aqui parecia ser diferente, tudo tinha começado com os sonhos que a criatura rosa tinha devorado. Seria o Dream Mist capaz de causar energia?
    Resolveu apresentar a possibilidade para sua esposa, que tão curiosa quanto ele, toparam em contar para Thomas sobre a possível descoberta.
    — Energia elétrica? Aquela fumaça? – foi a resposta do homem ao ouvir. Ainda que estivesse um pouco curioso e assustado por sua suposta previsão estar certa, ele ainda desconfiava. – Não acho que ela é tão poderosa para tanto.
    — Senhor, nossa Musharna fez as luzes piscarem depois de exalar o Dream Mist que tinha devorado.
    — Dra. Lauren, não confunda eletricidade com efeitos de filmes de terror. Essas criaturas são instáveis, a sua Musharna deve estar exausta de tanto ser usada para testes caseiros.
    — Está insinuando que fazemos testes escondidos, sr. Thomas? – Albert encarou a figura perversa dos outro lado da mesa de madeira nobre.
    — Longe de mim, dr. Albert – ele levantou as mãos ironicamente, num gesto de inocência. – Só estou levantando hipóteses em como vocês chegaram a essa conclusão sendo que minha equipe mal consegue acompanhar o ritmo de vocês e da sua filha.
    — Não fazemos testes fora desse lugar, senhor – defendeu-se a mulher. – Nosso compromisso com sua equipe e você é garantido, esse lugar sempre foi nosso sonho desde a faculdade, agora que conseguimos, nunca iríamos trair ele.
    — Eu sei que não, madame, mas o dinheiro investido nas pesquisas é meu. E enquanto não descobrirem uma árvore que faz nascer dinheiro, eu tenho de que me certificar de que ele está sendo usado com efetividade e não com pesquisinhas bobas de gente que anda assistindo Poltergeist.
    — Nos dê uma chance – implorou Albert, apoiando as mãos na mesa. – Alguns receptores de energia e peças para construirmos um gerador adaptado para o Dream Mist devem ser úteis. Arcaremos do nosso bolso se estivermos errados.
    Thomas revirou os olhos assinou alguns papéis.
    — Descubram isso em dois meses ou irei cobrar-lhes com juros – com certa violência ele deu os documentos para os dois cientistas que respiraram aliviados, ainda que um tanto apreensivos.



    Fennel resolve começar a pesquisa consultando o maior Biólogo Pokémon de Unova, Cedric Juniper, também conhecido como ‘pai da sua melhor amiga’. Sentada em uma sala de reunião, a cientista usava um notebook para se comunicar diretamente em uma chamada de vídeo com o laboratório de Nuvema.
    — Você ainda me deve uma visita – riu Aurea enquanto penteava os pelos de seu Cinccino.
    — Desculpe, depois do que aconteceu no jantar de antes de ontem, meus pais que quiseram a todo custo adiantar o início das pesquisas – explicou-se, um tanto sem graça.
    — Não se preocupe, vou guardar uma fatia de bolo pra você – riu a professora.
    — Seu pai está?
    — Hm? Meu pai? Está sim. Quer falar com ele?
    — Se ele não estiver ocupado...
    Juniper saiu da sala e em poucos minutos apareceu com um senhor que apesar da idade, estava bem conservado, seus cabelos castanhos claros quase loiros disfarçavam bem os fios brancos, ele usava uma camisa branca por baixo de um suéter amarelo e calças marrons, percebia-se que era muito vaidoso a julgar pela barba bem cuidada.
    — Fennel? Olá, minha querida. Há quanto tempo – cumprimentou ele, sentando-se.
    — Dr. Juniper, que prazer revê-lo – a mulher se curvou levemente num gesto de respeito. – Desculpe incomodá-lo num sábado.
    — Ah, não se preocupe com isso, passo os dias nesse laboratório por pura diversão mesmo, só dando os últimos apoios para que Aurea possa assumir sem problemas maiores – explicou-se, rindo com bom humor. – Mas pelo tom sério, parece que é uma situação preocupante.
    — Mais ou menos, eu só estou levantando dados sobre Munnas e Musharnas.
    — Oh, criaturas intrigantes não? – sorriu ele. – Posso ajudar em quê?
    — É sobre o Dream Mist. Eles devoram sonhos e expelem em forma de fumaça, descobrimos que as partículas juntas são capazes de formar imagens.
    — Isso é muito interessante, lembro de ouvir que era uma lenda – comentou o biólogo.
    — O senhor saberia informar algo mais?
    — Com certeza, as Munnas especificamente devoram os pesadelos das pessoas também para que essas fiquem em paz. E eu observei uma Musharna uma vez que devorou os sonhos impuros de um assistente meu, a fumaça que exalou dela era rosa escuro, era extremamente prejudicial se aproximar dela.
    — Rosa escuro? – Fennel demonstrou surpresa e lembrou dos acontecimentos no jantar com a família. – Ah meu Arceus.
    — Se é efeito do Dream Mist ou não, existia uma energia naquela situação que quase queimou um dos meus computadores – Cedric continuou a explicar enquanto observava o rosto pensativo da cientista do outro lado da tela.
    — Então não foi “obra do poltergeist” – concluiu Fennel, falando para si mesmo.


    Ato 3: Explosão
    As próximas semanas foram de trabalho extensivo e esperançosos, Fennel tinha contado para os pais sobre a conversa com Cedric Juniper. Trabalhavam dia e noite, em turnos revezados para compreender as misteriosas partículas do Dream Mist e como possivelmente transformar elas em energia.
    Albert não parava de cogitar possiblidades:
    — Imagina se conseguirmos descobrir a capacidade disso? Imagina se conseguirmos multiplicar essas células em laboratório? Seria uma fonte de energia limpa!
    — Ok, ok, senhor esperançoso – riu Lauren. – Mas só vamos descobrir algo se nos mantermos focados. Não quero ser chata, mas nosso prazo está acabando.
    — Quanto tempo ainda temos?
    — Cerca de uma semana e meia, acha que vamos conseguir?
    — Claro que vamos, estamos indo no caminho certo, faltam poucos testes.
    O processo se resumia em depositar a Dream Mist em um receptor e fazer com que ela passasse por um gerador de energia em escala reduzida que acenderia uma lâmpada, na maioria dos testes, a fumaça se dissipava rapidamente.  
    Vários experimentos foram feitos, eles multiplicaram o número de células artificialmente, triplicaram, tentaram usar fontes de calor, vento e até mesmo água para tentar acelerar o processo de energia. Até que o grande dia chegou.
    Fennel encarava a lâmpada com grande ansiedade e olhou para seu pai.
    — Último teste, começando agora.
    — Por favor, funcione...
    A fumaça rosa passou do receptor até o gerador de energia, em um movimento circulares, ela parecia acelerar cada vez que se aproximava dos fios que estavam ligados na lâmpada, Lauren anotava cada processo, logo, os três voltaram seus olhos para o objeto que receberia toda a energia e esperaram longos minutos, o cientista suspirou num tom de desistência, mas sua filha se levantou ao ver aos poucos a luz sendo emitida.
    — EURECA!
    — Funcionou! – a mulher mais velha exclamou, agitada. – Temos energia!
    — Convoquem uma reunião!
    — Não precisa de reunião – Thomas entrou no ambiente. – Ora, ora, vejo que conseguiram – ele sorriu. – Meus parabéns.
    — Precisamos marcar uma reunião, procurar o governo, mais investidores, procurar outras comunidades interessadas nesse estudo – Albert estava tão animado que não conseguia se acalmar. Era o sonho de sua vida se realizando.
    — Venderemos a ideia para todos os empresários que quiser – o homem novo do recinto disse. – Ficaremos milionários por descobrir uma nova fonte de energia!
    — M-Milionários? Vender? – Fennel estava confusa.
    — Do que está falando, sr. Thomas. Isso daqui não é pra se vender. É algo revolucionário para a humanidade, podemos salvar a natureza, isso é uma fonte limpa – argumentou Lauren.
    — Me poupe da sua preocupação com a natureza, isso não enche meu bolso. Vamos vender.
    — Não vamos! Vamos ajudar as pessoas! Nosso sonho sempre foi usar a ciência como uma forma de salvar a humanidade.
    — Que se dane a humanidade! Que se dane as pessoas! Pensem no poder que teremos sobre todos! – ele começou a rir. – Imagina quando todos os outros recursos se esgotarem e só nós tivermos uma fonte de energia, as pessoas beijarão nossos pés!
    — Isso vai completamente contra a ciência, estamos aqui para evoluirmos todos juntos! – foi a ver de Albert gritar, irritado.
    O grupo de Musharnas usados para pesquisas observava a confusão e Fennel foi a primeira a perceber que elas agiam estranhas, inconscientemente elas devoravam os sonhos dos presentes, e a julgar pelo lado maligno que Thomas demonstrava, era óbvio que a fumaça expelida era de um rosa escuro, a cientista então tentou acalmar os ânimos, mas ninguém parecia ouvi-la.
    Primeiro veio o piscar de luzes.
    Depois o superaquecimento das máquinas.
    E por fim, a EXPLOSÃO.



    O acontecimento misterioso no Dreamyard foi noticiado por toda Unova, comunidades cientificas se solidarizavam com os sobreviventes, dois cientistas ajudantes e Fennel. Albert e Lauren não conseguiram sobreviver, nem o próprio Thomas conseguira sair com vida. Era o fim de um sonho.
    A cientista estava sentada na cama em seu quarto de hospital olhando pela janela com desânimo, Amanita não tinha recebido a notícia tão bem, mas não conseguia chorar mais, as lágrimas pareciam ter secado.
    Aurea entrou no quarto da amiga, passava dias e dias ao lado dela oferecendo todo o suporte possível, ela se sentou em uma cadeira e olhou para a irmã mais nova dormindo em um sofá-cama oferecido pelo lugar.
    — Finalmente ela descansou um pouco – depois virou sua atenção para a de cabelo negros e compridos e acariciou levemente sua bochecha. – E você, quando vai descansar?
    — Eu não quero mais saber da pesquisa... – respondeu, num sussurro. – Jogue todos os papéis que recuperaram fora, ou queime-os.
    — Fennel, você não está raciocinando direito – Juniper argumentou com calma. – Tire um tempo pra você, é uma situação horrível, você não precisa tomar decisões agora.
    — Amanita tinha razão, o Dreamyard não deveria existir! – a outra começou a chorar e recebeu um abraço da professora.
    — Eu sei que está sendo horrível, e eu não vou pedir para você tentar esquecer ou fingir ser forte. Eu quero que você chore o máximo que puder, chore até sentir seus olhos secarem – ela acariciou as madeixas da enferma. – E quando sentir que a dor foi deixada para trás junto com as suas lágrimas, aí sim você vai levantar essa sua cabeça e tomar uma decisão. Você tem a Amanita, você tem eu, meu pai. Não estará sozinha e nunca estará.
    Com um sorriso falho, mas sincero, Fennel apenas conseguiu dizer, citando sua mãe:
    — Somos os Hartley, ninguém nunca irá nos separar.

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  • Especial: Arquivos


    Nome: Neo Pokémon Unova: Arquivos
    Gênero: Drama
    Classificação : +14
    Publicada em: 30/04/2020
    Terminada em: 

    Por trás de toda história, existe outra...história. Arquivos reúne um compilados de capítulos avulsos que tem por objetivo acrescentar conteúdo e informações aos acontecimentos do plot principal. 

    CAPÍTULOS



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  • Galeria do Burgh - Fanart #01 (Subversivo)


    » COMENTÁRIO DO ARTISTA


    Confesso que a região de Unova ainda é lugar onde devo explorar mais. Lembro que joguei apenas uma vez o primeiro jogo e nem fui tão longe, mas tinha uma Zebra elétrica e um cãozinho valente que ao lado do meu Oshawott, formávamos a melhor equipe de toda região kkk Deu uma saudade até, quem sabe eu volte a jogar agora que tenho a oportunidade de ler uma historia da região. No anime, acompanhei bastante, e me decepcionei bastante tbm com o Ash, como se isso fosse alguma novidade kkkkk.
    Castelia? Como assim a historia não começa em Nuvema? Kkk adorei essa quebra de ‘roteiro’, todas as regiões são tão grandes pra começarem sempre no mesmo ponto, por mais que o enredo tome rumo pra Nuvema como tem que acontecer, eu gostei da fic começar em uma cidade diferente. Sobre os protagonistas... Eu não tinha reparado o quanto a Hilda é linda kkk fui ver as demais protagonistas das outras regiões e de fato ela é a mais bonita de todas, percebi quando fui pegar referencias na hora de desenhar ela, pode aguardar mais desenhos dela, vou adorar fazê-los.
    E ela me lembra uma grande massa de pessoas da idade dela mesmo, não ter nenhum objetivo ou sonho não é um pecado, não é sempre que a gente sabe o que quer exatamente sobre diversas coisas, e tá tudo bem. Ao longo da vida as coisas vão acontecendo da forma que tem que acontecer, a gente vai só se encaixando kkkk E o Hilbert tbm é maravilhoso, imagino agora o quanto de besteiras ele vai aprontar nessa jornada, quantos problemas ele pode se meter. Vai ser bom vê-los
    Ainda to no cap 2, e poxa, que vontade de desenhar a Hilda de pijama com o travesseiro na mão kkkk Gostei muito dos detalhes que você colocou nesse inicio, eu acredito que são pequenos detalhes que fazem uma grande história, e a impressão que tenho é você escreve com muita delicadeza. É uma leitura gostosa.

    Sobre o desenho... Bom, digamos que eu tenha tentado dar um passo maior que a perna kkkk Durante boa parte da minha infância ficava desenhando os x-men das revistas que minha mãe me dava, e acho que isso me fez preferir o traço de hq invés do mangá, não que um seja melhor que o outro, é apenas gosto pessoal mesmo. E ai vai minha tentativa de fazer esses personagens nessa pegada. Sobre o cenário, bom, foi meu maior sofrimento. Não tenho nenhuma pratica e fiquei horas batendo a cabeça pra fazer algo que nem me agradou, então só taquei uma foto pronta ai no fundo, um pouco de Blur, grade de saturação e pronto kkkk Vou estudar mais e quero refazer esse cenário daqui um tempo. Mas enfim, fiquei satisfeito com o esforço em si, embora o desenho não tenha saído conforme minha expectativa, deu pra por tudo o que sei nele, e isso me deixa contente. Agradeço também o seu apoio e de todos os outros do Discord, eu desisti desse desenho umas 10 vezes, mas voltei com ele todas elas pra terminar depois do apoio. Obrigado mesmo.
    Comentário da Autora «

    Eu vou começar falando que estou parecendo uma criança de cinco anos que ganhar uma Barbie no Natal e fica carregando e exibindo o presente nos quatro cantos do mundo rs
    Na verdade, quando esse rascunho foi enviado no Discord eu já fiquei meio "cara, aquilo é o Minccino e o Victini?", aí quando confirmaram eu comecei a morrer de ansiedade. Eu achei que demoraria uns 50 capítulos para alguém ter a vontade de fazer uma fanart, ou eu nem receberia nenhuma. E então surge o Subversivo com a clássica cena do capítulo 01 do roubou dos Casteliacones. E NÃO SÓ UM, DUAS VERSÕES! E EU JÁ AMO AS DUAS DE PAIXÃO.

    É tão bom ver alguém se dedicando nesse nível por algo meu, as vezes eu acho que nem vale o esforço, mas todo mundo que lê me prova o contrário, seja com fanarts, seja nas piadas nos servers da Aliança e da Neo Aliança, isso dá uma motivação sem limites.
    Além disso, você comentou que testou seus limites para fazer cenários, e escolheu minha pequena Unova para isso, eu estou orgulhosa e muito honrada. E EU NÃO TENHO PALAVRAS PARA DESCREVER O QUÃO LINDO ELAS FICARAM. O Hilbert, a HIlda, o coitado do Oliver, OS POLICIAIS E O DONO DA BARRAQUINHA DE SORVETE LÁ ATRÁS. É tanto detalhe.

    MAIS UMA VEZ, SUBVERSIVO, MUITO OBRIGADA <3 

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  • Galeria do Burgh

    Fonte: Fanpop

    SAUDAÇÕES, AMANTES DA ARTE!
    Meu nome é Burgh, conhecido principalmente por ser o líder de ginásio especializado em Bug-type em Castelia City, mas além disso, sou um exímio pintor. E é claro que não gosto de expor minhas obras de arte sozinho, tenho muitos convidados, não é mesmo, Star?

    Muito obrigada pela introdução, Burgh, você é um amor. 
    Bem-vindos a Galeria do Burgh! Aqui a gente vai expor as artes feitas por mim relacionadas a fanfic, e a fanarts de vocês (seja ela relacionada a fanfic ou não).
    "Star, eu não sou muito bom no desenho, mas adoraria te mandar um" 
    Estética, traço perfeito ou habilidade fora do normal não são requisitos aqui, o único requisito é que seja um desenho que não desrespeite a ética. Aceitamos desde Monalisas até homens-palito e garanto que todos serão emoldurados com a melhor moldura de ouro do mercado <3
    "Por onde eu mando minha fanart?"
    Simples, na página de CONTATO, tem um e-mail dedicado ao blog, é só anexar sua fanart e deixar um comentário falando sobre a arte e pronto, tentaremos postar o mais rápido possível

    » ARTES DA AUTORA «






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  • Hall da Fama


    HALL DA FAMA DE NEO UNOVA
    O Hall da Fama é onde veremos os marcos do blog de Neo Unova. Talvez seja bobo para os leitores, mas para mim, como autora, são números especiais que cultivei com vocês.
    Lá no futuro, será interessante ver a evolução desse blog que eu não faço sozinha, tenho ajuda de muita gente <3
    AGRADEÇO IMENSAMENTE O CARINHO E ESPERO CONTINUAR COM A ATENÇÃO DE TODOS VOCÊS!


    • 24/04/2020 - 500 views
      » Número de capítulos postados: 6
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    • 05/05/2020 - 100 comentários
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  • Capítulo 6


     

    Diferente das suas vizinhas, Striaton City possuía mais pontos interessantes a se visitar, a cidade contava com um ginásio que funcionava como um restaurante também liderado pelos três irmãos, Cilan, Cress e Chili – conhecidos, por eles mesmo, como Triple Trouble. Vizinho do ginásio, se localizava o Centro Pokémon, que era praticamente igual ao de Accumula Town, e do lado do hospital, estava a escola na qual Hilda e Bianca estudaram na infância. A garota até pediu para o companheiro visitar o local para matar as saudades, mas ele preferiu adiar para depois que conquistasse sua primeira insígnia.
    A cidadela se dividia em duas áreas, do lado leste ficavam os prédios comerciais e residências enquanto do lado oeste, ficava um elegante jardim com esculturas de Pokémon feitos de arbustos. O local estava um pouco movimentado devido a locomoção de adultos e crianças para a escola ou para o trabalho. Era só um dia que começava.



    — Vamos direto pro ginásio. Vamos nos perder se essa aglomeração aumentar – disse Hilbert, caminhando pelas calçadas, seguindo em direção ao ginásio que podia ser visto ao longe graças ao enorme letreiro.
    — Mas você treinou seus Pokémon? – questionou Hilda, fazendo o garoto parar e olhar para ela.
    — M-minha única batalha foi contra o N – admitiu. – Vish, e agora?
    — E se você der uma pesquisada sobre como é a estratégia dos líderes no próprio ginásio? Ouvi dizer que é um restaurante muito bom, aí a gente aproveita pra comer, tô com um pouco de fome – sorriu a menina, juntando as mãos e balançando elas.
    — Eu tô viajando com dois mortos de fome – murmurou o garoto.
    Eu acho uma excelente ideia! – exclamou Victini, espiando de dentro da bolsa.
    Sinto um pouco de falta da comida humana – começou Grimaud, repousando no ombro de Hilda, concordando com a ideia. – Vai ser interessante.
    — Isso tá parecendo uma jornada gastronômica – suspirou Hilbert, retomando a caminhada.
    A fachada do restaurante-ginásio era convidativa para qualquer um, os tons de marrom das paredes e pilares ornavam com os lindos vitrais espalhados simetricamente dos lados esquerdo e direito da porta de entrada, o telhado era azul como o céu. Os jovens se aproximaram com o intuito de entrar no local, mas foram barrados por uma das garçonetes do local que vestia um requintado uniforme marrom.
    — Desculpe, meus jovens, vieram para batalhar com os líderes? – questionou.
    — Essa é a intenção – respondeu o treinador, levando uma cotovelada leve da companheira. – E-e viemos comer também.
    — Lamento. Mas o ginásio está fechado hoje, assim como as atividades do restaurante – explicou a mulher, se apoiando sobre sua vassoura. – Os chefes estão se recuperando de uma batalha e precisam se preparar para uma visita importante essa semana – riu, um tanto sem graça.
    — Ah, mas que falta de sorte – murmurou Hilbert.
    — Acreditamos que amanhã estaremos de volta – sorriu gentilmente. – Pedimos desculpas.
    — Bem, o jeito é dar uma volta por aí e esperar – riu Hilda, empurrando seu companheiro de leve para outro lugar. – Obrigada, viu?
    Os dois alcançaram uma pequena distância quando ouviram o grito da garçonete.
    — TARADO! – exclamou, agarrando algo por entre seu decote e arremessando na direção dos jovens. Grimaud caiu no ombro da garota, um tanto atordoado.
    — O que foi que você fez? – questionou a menina, confusa.
    Eu só queria uma visão melhor – explicou-se, pensativo. – Definitivamente são como dois pêssegos.
    — H-hein? – o garoto de boné olhou igualmente confuso para o velho Joltik.
    Ele pigarreou antes de responder.
    Nada demais. Vocês são muito novos para entender.


    Aproveitando o dia de sol, Hilda e Hilbert resolveram passar o tempo na maravilhosa praça da cidade. Parecia um paraíso, a água do lago era limpa e cristalina, a enorme fonte no centro fazia um show que deixava qualquer um admirado. Sentaram-se em um banco e a menina tirou alguns sanduíches da bolsa que tinha comprado em Accumula.
    — Não é uma grande refeição, mas dá pra matar a fome – riu.
    Os Pokémon deles não ficaram de fora da pausa para o lanche e foram libertados de suas Pokéball e começaram a degustar suas rações.
    — O olho da Brianna parece bem melhor, né? – perguntou a garota de cabelos castanhos se referindo a Snivy.
    — É. Por sorte não foi mais grave – comentou o que estava do seu lado.
    Por um momento, Hilda pareceu reflexiva que nem sentiu o vento brincar com o seu cabelo. Sua mente parecia distante até que seu companheiro notara e a despertara de seu devaneio.
    — Hilda?
    — Hm?
    — Tudo bem? Tá no mundo de Cresselia? – riu.
    — N-não – riu, um pouco envergonhada e ajeitando algumas mechas. – Estava só pensando nessa ideia de arrumar um sonho. Achei que seria mais fácil – continuou rindo.
    — Só estamos começando a jornada, terá tempo de sobra para isso – seu companheiro fez uma expressão reflexiva também. – Talvez você devesse olhar mais a sua volta. Vai que encontra alguma coisa.
    — Olhar em volta?
    Interpretando literalmente, Hilda começou a olhar por todo o parque, como se a resposta para sua dúvida estivesse escondido em algum canto entre os arbustos, sua visão focou-se quando viu uma mulher adulta se aproximar deles.
    A mais velha tinha uma expressão gentil em seu rosto fino, parecia trazer inocência por onde passava graças aos seus longos cabelos de tom azul escuro e seus olhos da mesma cor que se escondiam atrás dos óculos retangulares. Usava um jaleco que provavelmente indicava que ela trabalhava em alguma área médica ou da ciência, a roupa debaixo era um completo mistério já que a peça branca parecia cobrir tudo, nos pés, delicadas sapatilhas rosas.


    — Com licença? – começou ela, com uma voz fina. – D-desculpe, não pude deixar de ouvir. Estavam falando sobre sonhos?
    — O-oi – cumprimentou Hilda. – É, mais ou menos. Eu meio que estou procurando um pra mim.
    — Ah, meu Arceus. Eu adoro falar sobre isso – meio ignorando o que a morena tinha falado, a mulher tomou lugar ao lado dos dois no banco. – Meu nome é Fennel. Eu estudo sonhos.
    — Estuda sonhos? – Hilbert franziu o cenho.
    — Os sonhos são uma energia poderosa que movimentam o mundo – ela juntou as mãos, animando-se ao falar. – Mas não metaforicamente, eu falo de uma energia que pode ser extraída e usada para outras coisas.
    — Isso parece...incrível – elogiou a menina ao lado da cientista, um tanto confusa ao imaginar como seria tal energia.
    — É maravilhoso! – as bochechas de Fennel assumiram um tom de rosa que realçava sua empolgação. Provavelmente havia algum tempo que queria compartilhar todos seus anos de estudos com alguém, infelizmente, não teve muito tempo de explicar muita coisa quando uma voz conhecida pelos jovens treinadores a chamou.
    — Senhorita Fennel! – era Bianca, ela se aproximou, acenando, juntamente do pequeno Oshawott. Sua respiração estava ofegante.
    — Oh, olá Bianca – sorriu a gentil mulher. – Estava te esperando quando encontrei esses dois jovens.
    A loira foi continuar a falar, mas notou a presença dos outros dois.
    — Ah, Hilda, Hilbert! Que coincidência encontrar vocês por aqui – disse, com um sorriso cansado, apoiando as mãos sobre os joelhos. – S-Senhorita Fennel, você recebeu a ligação da Professora Juniper?
    — Professora Juniper? – ela refletiu por alguns minutos. – Ah, sim! Sim, a Aurea ligou para mim ontem à noite – riu. – É sobre o sumiço do Tepig, né? Acha que ele pode ter vindo até Striaton sozinho?
    — E-eu não sei... E-eu... – a menina com o Oshawott não conseguiu completar a frase e acabou desmaiando, só não caiu no chão pois Hilbert fora rápido o suficiente para segurá-la.
    Era verão em Unova. Julgando o cansaço de Bianca, era óbvio que ela tinha passado muito tempo sem descanso e sob o sol quente, era questionável se tinha comido alguma coisa.
    — Bianca! – Hilda exclamou preocupada, se levantando.
    — Ah minha nossa – Fennel levantou-se também. – Vamos para a minha casa, não é muito longe. Ela precisa de descanso.
    A cientista tomou a frente, guiando os jovens em direção a sua casa em um dos prédios no limite da cidade.


    Escondido no meio das árvores, localizado ao nordeste de Striaton City, estava o Dreamyard, ou pelo menos o que sobrou dele. O lugar, que um já fora um grande laboratório, hoje só se afundava em escombros de destruição que o tempo insistia em preservar. Onde primeiramente tinha humanos, hoje servia de habitação para Pokémon. Por ser relativamente perigoso, poucas pessoas raramente se arriscavam em ir até lá.
    Era o local perfeito para planejar coisas escondidas.
    Dois membros da Team Plasma vigiavam o local para garantir que ninguém entrasse ali. Dois outros dois apareceram, trazendo consigo um Pokémon redondo e pequeno de cor rosa, lembrava um elefante rechonchudo com quatro curtas patas, estampas de flores distribuídas pelo seu corpo e olhos vermelhos que atualmente olhavam assustados para seus raptores.
    — Esse é o quarto que encontramos – disse um, que possuía uma cara cansada. – Será que é o suficiente?
    — Veremos – uma mulher se aproximou com uma pequena máquina que possuía uma espécie de cano maleável, como de um aspirador e encaixou a ponta solta em um círculo oval rosa localizado no focinho da criatura. – Agora, meu querido Munna, nos dê todo seu Dream Mist.
    A Plasma então, ligou a máquina que começou a sugar uma névoa densa de cor rosa que saía do Munna e ia direto pra máquina. A criatura se contorceu de dor, sentido como se sua vida tivesse sido drenada por aquele assustador aparelho que fazia um barulho infernal que só acabaram quando a própria acabou desmaiando.
    — Não conseguimos nem metade do tanque – a mulher separou o Pokémon do aparelho e o jogou em um canto junto com outros três da mesma espécie. – Quatro Munnas não foram suficientes para encher um tanque de energia. Que perda de tempo – murmurou, sentando-se em um latão velho.
    — Não deveríamos estar maltratando eles desse jeito – comentou um Plasma que estava um pouco acima do peso. – Se os chefes e o Rei descobrirem, estaremos ferrados.
    — Eles nos mandaram nessa missão – retorquiu a mulher, se espreguiçando. – “Recolham o máximo de Dream Mist que conseguirem” – disse, imitando a voz de seus superiores. – Além do mais, quem é o cabeça da missão é Tsuyo.
    — É bom que saibam quem é a autoridade aqui – uma voz masculina brandiu sob as cabeças dos presentes que olharam para cima. Aparentemente aquele era Tsuyo.
    Sentado na beirada do que era para ser uma espécie de segundo andar, o dono da voz mal podia ser visto por causa da luz do sol que exibia apenas sua silhueta, um homem magro e adulto de aproximadamente 1,80. Não era possível enxergar seu rosto, mas dava para saber que ele estava sorrindo sarcasticamente.
    — Eu realmente acho uma perda de tempo ficar aqui, recolhendo uma neblina rosinha idiota – começou. – Mas se meu pai pediu, quem sou eu pra discordar? Pelo menos tá sendo divertido.
    — Vamos ficar semanas aqui se não conseguirmos uma fonte maior de energia – disse a serviçal da Plasma, olhando para o homem enquanto usava as mãos para proteger os olhos do sol.
    — Fonte de energia maior? – ele pareceu reflexivo, mas desviou sua atenção quando um vulto veio da entrada do local e saltou para seu lado, revelando-se um felino de aproximadamente um metro de altura.
    Seu corpo era esbelto, com pelos roxos na parte de cima do corpo e amarelo para o peito, barriga, patas e alguns círculos espalhados em seu tronco. Seu rosto era delicado com uma expressão gatuna, tinha uma espécie de “máscara” cor de rosa na região dos belíssimos olhos verdes. Era da espécie do Liepard.
    — O que foi, garota? – o dono do Pokémon acariciou a felina. – Encontrou alguma coisa?
    Os dois trocaram olhares por alguns instantes como se conversassem entre si.
    — Hmmm... – ele sorriu diabolicamente. – Uma Musharna é? Talvez essa seja a solução do nosso plano.


    Não passara das quatro da tarde quando Bianca finalmente despertou, sentindo uma brisa suave brincar com seu rosto e seu cabelo. Ela sentou-se devagar e notou que estava repousando sobre um sofá incrivelmente confortável, deu uma olhada em volta e concluiu estar no apartamento onde Fennel morava. Não era um local tão grande, estava um pouco bagunçado graças a enorme máquina estranha que ficava no meio da sala, fazendo a sala e a cozinha se apertarem como podiam.
    — Finalmente você acordou! – exclamou Hilda, sentada em outro sofá com Sombra em seu colo. – Se sente melhor?
    Um pouco confusa, assentiu.
    — E-eu desmaiei? – perguntou enfim, tentando se lembrar.
    Fennel apareceu vindo da cozinha e colocando sobre a mesa de centro uma bandeja retangular com alguns biscoitos, sanduíches e suco.
    — Desmaiou sim, mas não se preocupe. Era só o cansaço – disse a cientista. – Não deveria se esforçar tanto. Coma alguma coisa, por favor – insistiu, sentando-se ao lado de Hilda.
    — Obrigada – a loira sorriu levemente. – Eu só estou preocupada com o Tepig. Ele fugir foi culpa minha.
    — Tenho certeza de que vão encontrar ele – consolou a morena. – Mas porque ele fugiria?
    — Eu não faço ideia – respondeu, suspirando, olhando para o Oshawott no chão que se deliciava com uma ração, junto com os Pokémon de Hilbert, incluindo o próprio Victini.
    O garoto saiu de uma das portas do apartamento que aparentava ser o banheiro e se aproximou da sala, sorrindo quando viu Bianca.
    — Oh, você acordou. Como está?
    — Bem melhor – riu a menina.
    — Ele foi seu príncipe, Bianca – provocou Hilda. – Foi ele que te segurou e te trouxe no colo até aqui.
    O jovem de cabelos castanhos sentiu suas bochechas arderem de timidez quando a loira riu, igualmente corada.
    — Muito obrigada, meu herói – agradeceu, toda acanhada.
    — N-não foi n-nada – ele não conseguiu evitar a gaguez.
    Passos apressados foram ouvidos no corredor e chamaram a atenção dos presentes, quando perceberam, a porta principal do apartamento se abriu, revelando uma garotinha de aproximadamente nove ou dez anos usando um delicado vestido solto azul, cabelos castanhos amarrados por maria-chiquinha, óculos grandes e sapatilhas vermelhas, ao seu lado, flutuando, estava um Pokémon que lembrava um elefante, com a cabeça e o focinho comprido de cor rosa bebê, a cor do corpo e das patas eram de um tom de roxo claro e ele vivia encolhido como se tivesse dormindo, mas era possível perceber que a criatura estava atento a tua a sua volta e de um círculo oval no seu nariz, saia uma densa névoa cor de rosa.



    — Oh, a casa tá cheia – comentou a recém-chegada, analisando as pessoas na sala.
    — Crianças, essa é minha irmãzinha, Amanita – sorriu Fennel, levantando-se e se aproximando da irmã. – E essa é a minha Musharna.
    Hilbert sacou sua Pokédex para conhecer o novo Pokémon.
    — Um Pokémon que devora sonhos? – questionou, conferindo as informações no aparelho.
    — Exatamente. E esses sonhos devorados se transformam no Dream Mist – explicou. – Passo anos da minha vida estudando a energia que isso possui. Bem, não fui só eu... – ela pareceu nostálgica, se aproximando de uma janela, olhando para um lugar específico fora da cidade.
    — Lá vai ela contar essa história de novo – riu Amanita, pegando um dos biscoitos da mesa e se sentando para ouvir a irmã mais velha.
    — Conseguem ver aquele lugar? – apontou a cientista.
    Hilda, Hilbert e Bianca espiaram pela vidraça e enxergaram uma construção aparentemente destruída e tomada pelas plantas, assentiram com a cabeça e olharam para a contadora da história.
    — Aquele lugar era o Dreamyard. Foi meu primeiro emprego depois que eu saí da faculdade – começou, sentando-se novamente no sofá. – Era um laboratório muito grande com um futuro muito próspero. Lá, eu e um grupo pequeno de cientistas estudávamos as habilidades misteriosas do Munna e Musharna e a energia que possuía o Dream Mist.
    Dream Mist? – a morena de boné rosa olhou para a Musharna que repousava ao lado de Amanita. – É essa fumacinha rosa?
    — Exatamente – Fennel tocou levemente na névoa e seu toque revelou que se tratava de algo denso. – Se olharem de perto, poderão ver que a névoa está cheia de sonhos de humanos e Pokémon. É algo super intrigante.
    — Chegaram a alguma conclusão? – questionou a menina loira. – A Professora Juniper me contou que visitou o laboratório uma vez e disse que a pesquisa estava bem avançada.
    — Aurea e eu estudamos na mesma faculdade – contou a mulher. – Ela preferiu seguir um pouco os passos do pai e se especializou em Biologia Pokémon e acabou assumindo o laboratório em Nuvema. Mas ela sempre aparecia no Dreamyard para compartilhar experiências e aprimorar seu conhecimento sobre Munna e Musharna.
    — E o que aconteceu? – questionou Hilbert, cruzando as pernas. – Digo, se estava tão avançado, por que o local está daquele jeito?
    — Bem. Algumas pessoas... tem sonhos podres – Fennel olhou para os garotos. – Depois de meses de estudo, descobrimos que a energia do Dream Mist poderia ser usada como eletricidade. Uma energia renovável e limpa que poderia trazer a revolução para Unova. Acontece que no mundo da ciência, há aqueles que fazem tudo por dinheiro.
    Ela respirou fundo, como se fosse doloroso lembrar de tudo. Amanita chegou a abraçá-la, como se compartilhasse da mesma dor.
    — Eu pulei esse detalhe, mas nossos pais trabalhavam nesse laboratório também. E eles, assim como eu, defendiam que o projeto de energia elétrica a partir do Dream Mist deveria ser algo público e acessível para a população – a cientista acariciou o cabelo da irmã. – Mas tanto o chefe que fundou o laboratório e alguns outros cientistas queriam lucrar com a ideia, ignorando completamente a missão nobre da ciência de ajudar os outros. Ambições são sonhos também, boas ou más, os Musharnas e Munna comem de qualquer jeito, só que a gente não sabia que dimensão enérgica teria um sonho ruim.
    Ela abaixou a cabeça, refletindo em como contar aquilo.
    — O laboratório simplesmente explodiu.
    Os jovens olharam atônitos para Fennel.
    — Descobrimos que a energia de um sonho impuro pode sair do controle a qualquer hora da pior maneira possível – refletiu, juntando as mãos. – Essa energia é tão grande que destruiu o Dreamyard e todos os nossos sonhos. Mas o material é o de menos – a mulher desvencilhou as mãos e passou um dos braços sobre os ombros de Amanita. – Nossos pais... não conseguiram sair a tempo.
    O silêncio pairou sobre o ambiente. As duas irmãs continuavam abraçadas, tentando esquecer as memórias ruins, Bianca evitava o contato visual com os demais, como se estivesse de luto e Hilbert apenas se mantinha sério. Foi Hilda que quebrou um silêncio:
    — O-Obrigada por compartilhar essa história com a gente, senhorita Fennel – disse, sendo cuidadosa com as palavras. – Sei que deve ser difícil ficar lembrando isso, mas eu tenho certeza de que seus pais estão orgulhosos das duas. A Musharna era deles?
    — Sim, foi uma parte que sobrou deles – sorriu Fennel levemente, ajeitando os óculos. – Ela adora buscar a Amanita na escola. Cuida dela como nossos pais cuidavam.
    — É incrível ver esse carinho que os Pokémon tem com a gente, né? – a morena sorriu.
    A cientista assentiu, sentindo o coração mais leve com as palavras de conforto da garota a sua frente.
    — Bem, mas acho que temos outra coisa pra discutir – a mulher virou seu olhar para Bianca. – O caso do Tepig desaparecido.
    — Ah! – a loira exclamou, se levantando. – Eu preciso ligar para a Professora Juniper e contar que estou aqui! – ela saiu do apartamento, mexendo em algo no seu pulso.


    A noite caiu, e depois de convencer que era mais seguro que os jovens passassem a noite em sua casa e retomassem suas atividades pela manhã, Fennel preparou um colchão no chão para que o garoto dormisse e os sofás para as meninas. Ela também arranjou confortáveis pijamas para que suas roupas fossem lavados e secadas durante a noite e estivesse limpinhas para o outro dia.
    Hilda foi a primeira a fazer suas higienes noturnas e a vestir um pijama rosa. Hilbert foi logo em seguida, voltando em um quente pijama azul e usando uma touca – por motivos óbvios - pontuda e um tanto engraçada. Bianca foi a última ir ao banheiro enquanto Fennel levava Amanita para o seu quarto.
    — Vai contar pra ela? – questionou a morena para o garoto enquanto ajeitava sua coberta.
    — Contar o quê? – ele olhou curioso para sua companheira.
    — Contar pra Bianca sobre quem é você e sobre seu passado – respondeu.
    — C-Claro que não – o menino pareceu um pouco constrangido.
    — Não acho que ela ficaria com medo ou te acharia uma aberração. A Bianca é muito compreensiva – argumentou, deitando-se, ainda olhando para seu companheiro.
    — Não é isso – suspirou. – Eu só conto isso para as pessoas que eu realmente confio e acho especial – ao terminar a frase, deitou-se também, se cobrindo.
    Hilda sentiu suas bochechas arderam levemente de vergonha e seu coração disparar. Não teve tempo de responder quando Bianca e Fennel apareceram, a loira, que usava um delicado pijama amarelo, correu para o sofá e jogou-se por entre a coberta quentinha.
    A cientista soltou um sorriso e colocou a mão sobre o interruptor de luz.
    — Estão todos confortáveis? – questionou para os jovens que assentiram em uníssimo. – Boa noite, meus queridos.
    A luz foi apagada e o escuro só não foi maior graças ao brilho fraco da lua no céu.


    Era madrugada, e quase ninguém estava na rua, característica de uma cidade do interior, apenas alguns Pokémon noturnos se aventuravam na calda da noite e o único estabelecimento aberto era o Centro Pokémon que funcionava 24 horas. Nos telhados dos prédios, Tusyo saltava entre eles como um verdadeiro ninja juntamente de um Watchog, um Pokémon bípede e comprido de cor marrom e listras amarelas, seus olhos eram observadores, e sua Liepard. A felina indicou o destino quando parou em um dos telhados e sinalizou uma das janelas do terceiro andar.
    — Então o Musharna está aqui? – comentou para si mesmo. – Ok, já sabem o que fazer.
    O homem arremessou uma corda e amarrou firmemente sobre um pequeno pilar, começou a descer com se fizesse rapel no prédio, era muito ágil e preciso, Watchog desceu junto com ele. Ao chegarem na janela indicada, Tsuyo viu a figura de Musharna dormindo próxima a cama de Fennel, onde a mesma repousava em um sono profundo.
    Ele então, usando de utensílios específicos, rompeu a tranca da vidraça e abriu o objeto em silêncio, adentrou o quarto junto com o Pokémon observador e notou que a criatura rosa despertara, rapidamente, o ladrão ordenou que um Hypnosis que fez ela dormir. Agradeceu a Arceus por a habilidade dela não ser Synchronize.
    Colocou a desacordada embaixo do braço e saiu, retornando para o telhado onde sua Liepard a recepcionou com um leve grunhido de vitória, o rapaz então, comemorou o plano bem executada com um sorriso cruel.



    Na manhã seguinte, Hilda, Hilbert e Bianca foram despertados pelos gritos desesperados de Fennel que apareceu na sala ainda usando sua camisola azul marinho.
    — A-a Musharna foi sequestrada!


      

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