Capítulo 18
Sentia
que seus pulmões iriam explodir a cada passada que dava. Mas não havia tempo
para descanso, sua missão havia sido cumprida, porém isso não significava que
estavam em paz.
Não
era a primeira vez que invadira a casa de alguém para roubar algo precioso e
oferecer a seus superiores, mas toda santa vez, sentia o mesmo maldito frio no
estômago. Aliás, qual fora seu primeiro roubo mesmo? Ela provavelmente não se
lembrava.
—
Mano, você viu a fúria daquele Darmanitan?! – berrou Peter enquanto acompanhava
seu colega de crime.
— Vi
o suficiente para nunca mais chegar perto dele! – respondeu Maggie, olhando
para trás as vezes.
—
Cara, ele quase matou DOIS Watchogs sozinho! O chefe Kogsu vai surtar com a
gente!
—
Pegamos a Light Stone, não pegamos? – a menina mostrou o item. – Isso daqui
vale muito mais que a vida de dois míseros Watchogs.
— Às
vezes você fala como se não fosse filha de um líder de ginásio – o rapaz riu,
tenso.
—
Nem me fale daquele velho idiota.
O
quartel general da Team Plasma não ficava tão longe, por ser uma estrutura
temporária, optaram por escolher um lugar que não chamasse muito a atenção,
porém, os dois jovens decidiram tomar o caminho mais longo, a fim de despistar
o Darmanitan furioso. Quando perceberam que não havia mais sinal, sentaram-se
sob a sombra de uma árvore de uma área florestada da cidade.
—
Você tá me devendo um encontro depois disso tudo – começou Peter, não perdendo
a oportunidade.
—
Fomos quase mortos por um bicho descontrolado e você tá preocupado com um
encontro?
—
Prioridades – ele riu, recuperando o fôlego. – Deixa eu ver essa coisa de novo.
Maggie
colocou luvas térmicas e tirou de sua bolsa transversal a esfera branca que
mesmo depois de anos de existência, parecia brilhar como nova, feito mármore.
— Eu
ainda acho bizarro como fizeram um puta fuzuê pra pegar a Dark Stone – comentou
o homem, observando. – Mandaram duas membras do alto escalão. E pra pegar essa
aí, chamaram nós dois.
—
Ninguém sabia da localização dessa daqui até eu contar – explicou a ruiva,
observando o objeto. – Na verdade, muita gente nem deve saber da existência
dessas pedras. Foi Kogsu que estudou cada centímetro do território e da
história Unoviana pra descobrir que elas são reais.
— E
tem realmente um Pokémon aí dentro?
—
Meu pai me contou a história de como os dragões lendários eram muito mais que
metáforas. Internamente, ele acreditava na existência deles, ainda que não
deixassem transparecer por causa do trabalho dele – Maggie pareceu nostálgica
enquanto acariciava o objeto. – Quando ele leu esse livro na infância, ele me
contou que aquilo o incentivou a se especializar no Dragon-type. São
criaturas que carregaram no olhar a história de qualquer civilização.
— É
tão bom te ouvir contando sobre seu passado – Peter sorriu sincero. – Espero
que um dia você se resolva com seu pai.
— Um
problema de cada vez, Peter. Precisamos levar isso para o Kogsu antes que
aquele Pokémon maluco apareça.
A
menina devolveu o objeto para sua bolsa e se levantou, por sorte, acreditava
que o Darmanitan não tinha os seguido até tão longe. O que teria acontecido com
ele?
O
centro da cidade de Nacrene não parecia estar acostumado com aquele tipo de
cena. Um grande Pokémon de fogo corria pelas ruas derrubando motos e quase
virando carros, parecia descontrolado. Seu objetivo parecia incerto, como se
tivesse perdido completamente o foco.
O
trânsito estava um caos, o som das buzinas e dos xingamentos dos civis foi mais
do que suficiente para que a polícia fosse imediatamente acionada em grande
escala para acalmar a criatura, que apesar de não passar de um metro e trinta,
conseguia causar uma boa confusão graças a sua fúria.
— A
criatura está em linha reta em direção com o cruzamento das ruas 6 e 7 –
informou um dos policiais através do rádio comunicador.
O
Darmanitan de Jackson continuava a jornada sem rumo, agora, sua fúria
incontrolável dividia espaço com um medo inexplicável, que só piorava com os
barulhos das sirenes policiais. Quando achou que teria finalmente paz, se viu
cercado por cerca de cinco carros de polícia, os oficiais que desceram com seus
Herdiers e Arcanines encaravam atentos e temerosos aquele Pokémon, qualquer
movimento violento deveria ser respondido com agilidade.
Winston
sentiu seu sangue ficar mais quente que sua própria chama, só queria
reencontrar Jack e voltar para sua casa, no aconchego com Bijou, a única que
conseguia o distrair de dores do passado.
— A
gente tenta capturar ele com Pokéballs? – questionou um dos agentes para seu
superior.
—
Não podemos arriscar, se ele tiver um treinador, será impossível – retrucou o
outro. – Temos que acalmá-lo para levarmos ele ao Centro Pokémon, será mais
fácil de cuidá-lo por lá.
—
Certo – o primeiro acenou e alguns policiais liberaram a mesma espécie de
Pokémon.
Era
uma criatura branca e circular, no topo e na parte de baixo de seu corpo havia
duas seções de algodão que parecia extremamente fofo, nas laterais duas folhas
verdes pareciam asas, os olhos, bem no centro, eram alaranjados, na traseira do
corpo, um caule indicava que aquele bicho conhecido como Cottonee era do Grass-type,
combinado com o Fairy-type.
—
Todos agora usem Cotton Spore.
Ao
mesmo tempo, os Pokémon liberaram de seus corpos pequenos esporos de algodão
que tinha um efeito paralisante e relaxante já que grudavam no corpo do
adversário. Esse golpe era utilizado em batalhas oficiais para diminuir a
velocidade. O Darmanitan não reagiu, sentiu que era melhor se deixar levar do
que causar mais confusão, mas não pode deixar de ouvir a voz de Jackson ao
fundo.
—
WINSTON! – exclamou o jovem negro, abrindo espaço entre as pessoas e quebrando a
barreira de proteção imposta pelos policiais. – Ei, é meu Pokémon!
—
Garoto, a área é perigosa! – um dos oficiais, grandalhão e completamente sem
paciência, depositou um pouco de força no empurrão que deu contra Jack.
Aquilo
foi a gota d’água para Winston. Seu primeiro ato foi bater em retirada em
direção ao seu mestre, mas aquilo, que era pra ser apenas um ato de proteção
entre Pokémon e treinador, foi interpretado como uma atitude rebelde para os
policiais. O tiro foi ensurdecedor e pegou a pata direita do Darmanitan, que
pela dor, caiu no chão, próximo de Jackson, que estava boquiaberto.
—
WINSTON! NÃO! – o arqueólogo envolveu o Pokémon num abraço, desesperado. –
PORQUE FIZERAM ISSO?! ELE SÓ ESTAVA VINDO AO MEU ENCONTRO!
—
Deixou um Pokémon fora de controle sozinho por aí! – exclamou um policial. –
Olha a bagunça que ele fez!
—
ELE É UM POKÉMON DOENTE! Vocês atiram em tudo que vão contra o que acham
normal?! – retrucou, sentindo o choro preso na garganta. – Por favor, alguém
chama uma ambulância.
Hilda,
ao lado de Hilbert, sacou seu celular e jogou para o garoto, que se assustou ao
pegar o aparelho.
—
Ligue para a emergência, eu vou ajudar – com a pequena Bijou em seu colo, a
menina agachou-se perto do Pokémon de fogo. – Calma, grandão, acho que posso ajudar
a diminuir a dor. Eu não sou médica, mas vou fazer o que der – confortou,
retirando de sua bolsa, um antidoto caseiro para dor. – Um senhor muito bom me
deu esse, é para dor.
Cleffa,
por sua vez, grunhiu gentilmente, preocupada com o amigo.
O
policial se aproximou de Jackson:
— Rapaz,
vai ter que se explicar perante a polícia.
— Eu
tô ocupado agora!
—
Quanto mais você levanta a voz, mais é pior pra você – o oficial estava
impaciente.
Jack
deu de ombros, focado em Winston.
—
Moleque!
A
discussão só não continuou quando Lenora apareceu com uma expressão séria e
encarou o policial.
—
Meu senhor, por favor, eu te peço paciência. Gritar não vai resolver nada –
começou. – Vou garantir que meu sobrinho compareça à delegacia assim que o Darmanitan
dele estiver bem. E não se esqueça que a polícia deve explicações sobre usar
armas contra um Pokémon.
—
Foi em defesa, senhora – o guarda pareceu intimidado com a presença da líder.
— É
o que veremos. Por enquanto, faça o seu trabalho e traga a paz de volta. Não há
mais nada para olhar aqui.
A
negra observou a sua volta e não pode deixar de perceber que as pessoas
fotografavam e filmavam o momento, e que em breve, tudo aquilo estaria em várias
redes sociais que se espalhariam por Unova inteira.
Jackson
caminhava de um lado para o outro no Centro Pokémon, desesperado por alguma
notícia. Hilda e Hilbert pareciam não querer interrompê-lo ou incomodar,
mantendo-se em silêncio, mas igualmente preocupados, foi quando Lenora agarrou
o braço do sobrinho, irritada.
—
Quando eu confiei os cuidados do Winston a você, significava que você tinha que
mantê-lo distante das pessoas até que ele estivesse sociável novamente, e não
deixar ele correr por aí! – bronqueou. – O que ele fazia fora de casa?
—
F-Foi um descuido meu – o negro tomou cuidado com as palavras.
— Um
descuido muito grande. Espero que ele fique bem – a mais velha soltou o braço
dele. – Passe na delegacia depois, não quero que fique com o nome manchado na
justiça.
— Eu
farei isso, não fujo dos meus problemas – Jack enfim sentou-se ao lado de
Hilda.
—
Q-Qual o problema com o Winston? – questionou a menina, ainda que não tivesse
certeza de que eles quisessem falar sobre esse assunto.
—
Winston era um Pokémon de um ex-militar – surpreendentemente, o arqueólogo
explicou com sinceridade, olhando pra ela. – Ele já viu muita coisa, e isso
afetou o psicológico dele. Como ele foi criado exclusivamente para... matar –
ele pareceu relutante em dizer a palavra, ainda que fosse radical demais, era o
termo mais simples no momento e direto. – Às vezes ele perde o controle. A
Bijou, minha Cleffa, me ajuda a mantê-lo calmo, como se fosse uma
responsabilidade pra ele se distrair e encontrar outro sentido na vida.
—
Uau... – naquela hora, por algum motivo, a morena só conseguiu pensar no
discurso de Ghetsis em Accumula Town e as falas de N. Os Pokémon realmente eram
objetos dos humanos? Mas como generalizar quando existiam pessoas como Jackson?
—
Que bom que ele tem você agora – o treinador de boné entrou na conversa. –
Espero que ele fique bem.
—
Obrigado pelo apoio, vocês dois – Jack sorriu de leve.
Uma
enfermeira surgiu carregando consigo uma prancheta, gentil, ela sorriu.
—
Temos notícias sobre o Darmanitan – começou ela, recebendo os olhares dos
outros quatro. – O tiro atravessou, então a bala não ficou alojada, o que não
precisou de uma grande cirurgia. Alguns dias e um pouco de fisioterapia vai ser
o suficiente. Essa espécie de Pokémon é muito forte.
—
Ah, graças a Arceus – Lenora suspirou aliviada.
—
Iremos comunicar vocês quando ele acordar – a funcionária do Centro Pokémon se
retirou.
—
Tudo bem – a líder olhou para seu celular. – Eu tenho um...compromisso agora.
Você vai ficar bem, Jack?
—
Claro que vou. Obrigado por tudo, tia.
Ela
depositou um beijo leve e carinhoso na testa dele e saiu logo em seguida.
—
Você vai contar pra ela? – questionou Hilda.
—
Sobre a Light Stone? – Jackson suspirou. – Eu não sei o que fazer...
O
silêncio prevaleceu, a atenção foi roubada pela televisão.
— E
a pauta de hoje é: Pokémon e humanos – começou a jornalista que usava um
elegante óculos. – Apesar de ser normal os relacionamentos estabelecidos
entre as espécies e nós, seres humanos, a pauta sobre a exploração e abuso
contra os Pokémon começou a ganhar destaque de umas semanas pra cá.
Recentemente, a cidade de Accumula foi palco de um abandono em série das
criaturas pelos seus treinadores, os policiais, juntamente com médicos
concluíram que se tratava de um efeito psíquico no cérebro das pessoas que
deixavam elas em transe e com essa necessidade de libertação, algo como uma
hipnose, mas ninguém sabe a fonte disto.
“Coincidentemente,
há mais de uma semana atrás, o discurso de um homem que se intitulava Ghetsis
sobre libertar os Pokémon foi feita em praça pública. Ontem à noite, um grupo
de ativistas conhecido nas redes sociais como Plasma postou fotos de supostos
Pokémon resgatados. Não há confirmação da origem dessas fotos, mas foi o
suficiente para gerar de pessoas que se solidarizaram e prestaram apoio a causa.”
Hilda
e Hilbert se entreolharam, os dois já tinha se deparado várias vezes com a Team
Plasma, mas era confuso ver como eles tinham os dois lados da moeda, uma hora,
estavam bancando os solidários aos Pokémon, enquanto, em episódios como no
Dreamyard, eles faziam os mesmos sofrerem. Qual era todo o plano por trás
disso?
—
Existem pessoas boas e ruins no mundo – refletiu Jack, ainda meio desanimado. –
As más tem que pagar pelo mal que fazem, o problema é que essa punição acaba
afetando até aquelas que não tem nada a ver com a história. Mundo injusto, né?
Os
dois assentiram de leve. Até agora, aquela jornada de conquistar insígnias e
descobrir-se a si mesmo eram os maiores desafios para a dupla, mas perceber que
nem tudo era só flores assustava um pouco eles, até porque, eles eram apenas
adolescentes de treze e catorze anos.
A
luz que refletiu nos vidros do Centro Pokémon deixava o tom alaranjando nos
objetos, anunciando que o dia estava acabando. Tanta coisa tinha acontecido
naquele dia, Hilbert havia ganhado sua insígnia, a Light Stone fora roubada,
Winston infelizmente havia tomado um injusto tiro. Que dia...
—
Ei, vocês dois – Jack virou-se para eles. – Vão voltar para a estrada?
— É
a intenção – começou o menino, mas recebeu uma leve cotovelada de sua companheira.
– Ouch...
—
Não queremos te deixar sozinho, Jack, está com tantos problemas – disse a
menina, preocupada. – Ficaremos para ajudar como pudermos, principalmente com o
Winston.
O
moreno deu um sorriso franco, confortado.
—
Obrigado. É sempre bom ter apoio – ele procurou em seu bolso um molho de chaves
e entregou para Hilda. – Eu vou passar a noite aqui no Centro Pokémon, quero
estar aqui quando ele acordar. Mas vocês podem usar meu apartamento para passar
a noite, eu insisto.
— É
muito gentil da sua parte – a garota aceitou o objeto. – Vê se come alguma
coisa.
—
Pode deixar.
A
dupla de viajantes se levantou e se direcionou a saída, deixando Jackson e a
pequena Bijou para trás. Andaram lado a lado pelas ruas de Nacrene que já
parecia ter retomado seu fluxo normal como se nada tivesse acontecido, o
silêncio era absoluto, mas a cabeça dos dois parecia estar cheia de pensamentos
e dúvidas.
—
Acha que pode ter sido a Team Plasma? – questionou Hilbert por fim.
— Que
pegaram a Light Stone? Eu acho que sim – respondeu a outra. – Mas eu não sei o
motivo. Eles são uma equipe bem confusa, ora se dizem amigos dos Pokémon, ora
machucam eles.
— Eu
queria tanto poder fazer alguma coisa – lamentou o garoto, dando de ombros.
— Eu
acho que o máximo que podemos fazer agora é ajudar Jackson no que for
necessário – sorriu a morena de leve. – Tá com fome?
— Tá
pensando o mesmo que eu? – Hilbert encarou a amiga com um sorriso travesso.
— Scratch
Café! – eles disseram em uníssimo.
— Eu
vou querer um Cookie – Vic se manifestou na bolsa.
Por
volta das sete da noite, Jackson era uma das únicas pessoas no Centro Pokémon,
compartilhava o local com os funcionários e alguns treinadores de passagem que
recuperavam seus Pokémon. O jovem estava distraído com sua Cleffa até que a
mesma enfermeira apareceu.
—
Jackson, certo? – ela continuou após ele assentir de leve e dá-la a devida
atenção: - O Darmanitan acordou, está bem calmo, mas parece bem assustado.
—
Posso vê-lo?
— É
claro.
A
funcionária o guiou pelos corredores, era incrível como aquela área era quase
invisível para quem via de fora, dando toda a privacidade para os pacientes e
médicos. Jack caminhou calmamente até chegar no quarto onde o enorme Darmanitan
descansava, ligado com alguns fios que mediam seus batimentos, um soro, uma
bolsa de sangue e seu braço atingido estava enfaixado. Se animou ao ver o seu
mestre.
— Ei
garotão – o humano esbanjou um sorriso e se aproximou. Bijou saltou de seu colo
e abraçou o amigo Pokémon com carinho. – Como se sente?
A
criatura de fogo grunhiu grave e baixo. Com uma boa conexão, o treinador
pareceu entender aquilo e sorriu.
— Eu
levei um susto... – começou ele, sincero. – Você tentou impedir o roubo da
Light Stone né? – acariciou levemente o pelo do outro, que parecia
decepcionado. – Você deixou um “presentinho” lá no apartamento. Foi uma atitude
impensável, mas eu sei que não fez de propósito. Obrigado por isso, mas da
próxima vez, eu prefiro que preze pela sua sanidade.
O
Pokémon de fogo grunhiu novamente, apontando para a Cleffa.
—
Oh, você tentou proteger ela também? – Jackson riu de leve. – Você é um Pokémon
incrível. Agora eu só preciso pensar em como explicar pra polícia e pra minha
tia o que realmente aconteceu – ele suspirou. – Ser adulto é um saco.
Bijou
grunhiu curiosa e inocente. O negro riu novamente.
Após
um bom jantar, Hilda e Hilbert retornaram ao apartamento cedido gentilmente
pelo novo amigo e decidiram que a melhor maneira de ajudar era limpando toda a
bagunça deixada por Winston. Arrumaram móveis no lugar, jogaram fora os objetos
quebrados, devolveram livros e documentos para seus devidos lugares nas
prateleiras. A tarefa mais árdua foi limpar todo o sangue deixado, apesar de
ser um elemento natural presente em vários humanos e Pokémon, observar aquela
quantidade e imaginar como aquilo parecia cena de um crime, deixava os jovens
de espinha arrepiada.
Não
tardaram muito até terminarem a limpeza, não estava perfeito, mas pelo estavam
sentindo a sensação de dever cumprido. O cansaço após isso era tanto que a
dupla se deitou no mesmo colchão de casal na sala e não tiveram grandes
problemas para dormir logo.
“Hilda, tu és ela. A VERDADE.”
—
Q-quem é? – a voz da garota ecoou naquele vazio. Estava num sonho?
Olhou
em volta e se viu cercada de fogo, igual quando tivera sua visão com o lendário
dragão, Reshiram, mas dessa vez, não viu a criatura, quem apareceu foi um
humano.
Uma
mulher.
Montando
em um elegante cavalo de Alola conhecido como Mudsdale, estava ELA, a moça que
vira no quadro na biblioteca em Striaton City: A Princesa Branca. Seus cabelos
incrivelmente brancos não indicavam velhice, já que seu rosto tinha traços
finos, suaves e a expressão séria, porém serena denunciavam o oposto. Usava um
vestido branco combinado com uma armadura que brilhava quase como diamante e
estava com uma pose pomposa.
— A
Princesa Branca... – aquela afirmação saiu como um sussurro, estava muito
impressionada.
—
Hilda Foley – a voz saiu como melodia e ela sorriu.
—
V-Você me conhece?
—
Como não conhecer? Compartilhamos o mesmo espírito.
—
H-hã?
— Você
é a nova Princesa Branca, você é a nova guardiã do dragão da verdade, Reshiram
– informou a princesa, sem muitos segredos. – Eu, Princesa Clara e você, Hilda
Foley só temos um objetivo: Provar ao mundo que a VERDADE deve
prevalecer.
—
M-mas...
—
Agora vá procurar ele. Ele está meio irritado de estar em mãos erradas.
Hilda
acordou num pulo, assustada e confusa, sua respiração estava ofegante e podia
jurar que estava suando, olhou em volta, a sala só estava iluminada com a luz
fraca de um abajur e pelos fechos de luz da lua que atravessam a janela, sinal
de que o céu estava limpo. Respirou fundo e encolheu as pernas, começando
assimilar a visão que tinha tido. Era um sonho né? Nada disso era real e estava
só delirando, certo?
Um
som de brasas queimando preencheu seus ouvidos e ela teve a sensação de sentir
seu corpo queimar, nada muito insuportável, mas que a fez virar a cabeça em
busca da origem do som, admirou-se quando percebeu que o tal som vinha do lado
de fora. Se levantou e abriu a janela, colocando um pouco da cabeça pra fora e
olhando para as ruas, mas nada da origem daquele som, ergueu a cabeça e
continuou a olhar em volta.
— É
só seguir o som – a voz de Clara sussurrou-se quase que dentro de sua
cabeça. – Ele te chama. A Verdade te chama.
—
I-Isso é brincadeira – Hilda provavelmente seria tachada de louca se seu
companheiro, que dormia feito uma pedra, a visse falando sozinha.
— Olhe
bem e você encontrará.
—
Encontrar o quê?!
— O
objeto que armazena o nosso dragão.
— A
Light Stone? – aos poucos, as coisas começaram a fazer sentido, ainda que
estivesse cética sobre o assunto de “compartilhar almas”, a morena sentiu uma
gota de esperança ao saber que o objeto perdido por seu amigo Jackson poderia
ser encontrado por ela. – Tem certeza do que está falando?
— Há
milhares de anos, tentaram pacificar a guerra entre mim e meu irmão, Eric,
prendendo Reshiram e Zekrom em esferas que controlavam seus poderes –
explicou Clara, com a voz amargurada. – Depois disso, um novo Rei assumiu
Unova e fomos enforcados em praça pública por causa da destruição causada na
região. Mas nossa luta nunca cessou – a voz agora parecia determinada. – Recupere
a Light Stone, liberte Reshiram, encontre quem possui a alma de meu irmão e
termine essa guerra, Hilda.
— É
muita informação para uma menina de catorze anos!
— Não
fuja da sua responsabilidade.
— Eu
não estou fugindo! Aliás, eu nem pedi por isso!
Mas
a princesa não respondeu.
Quem
respondeu foi Hilbert, que parecia ter acordado com os berros da companheira.
—
H-Hilda, tá ficando maluca? – ele resmungou, mal-humorado pelo sono. – Fecha
essa janela, tá frio.
—
Hilbert! – Hilda exclamou e se jogou no colchão, ajoelhada ao lado do amigo que
se assustou. – Você tá ouvindo também? O barulho de chamas!
— A
única coisa que tô ouvindo é você berrando no meio da madrugada. Tá falando com
quem?
— Eu
sonhei com o Reshiram, mas dessa vez, eu vi a Princesa Branca! – a morena
continuava a gesticular a cada palavra dita. – A mesma que vimos lá no quadro
na biblioteca de Striaton!
— É
um belo sonho... – o menino de chifres coçou seus cabelos, meio não sabendo
como responder apropriadamente tudo aquilo.
—
Não! Não é só isso...
Dessa
vez, Vic foi o que despertou.
— Cara,
o sol nem nasceu ainda, de onde vocês tiram essa empolgação?
—
Vic! – Hilda agarrou o pequeno Pokémon. – Fala que você tá ouvindo um barulho
de chamas!
— Moça,
eu sou um Pokémon de fogo, tem literalmente uma chama dentro de mim. Se eu
parar de ouvir ela, eu acho que morro.
—
Não essa chama! – ela sacudiu o Victini, agoniada.
—
Hilda! – Hilbert segurou o braço da amiga, roubando sua atenção. – Conta, com
calma, o que aconteceu.
Soltando
a criatura de fogo, a menina começou a contar tudo que tinha acontecido, desde
o começo do sonho, a conversa com Clara e o som que martelava em sua cabeça. O
meio Pokémon ouvia tudo com calma e compreensão, da mesma maneira que a amiga
fizera na Route 2, quando ele lhe contou seu segredo, notou na colega o mesmo
medo e desespero que sentira quando descobrira sobre quem ele era.
Hilda
terminou o discurso quase em lágrimas, parte dela acreditava que tudo era uma
ilusão, mas aquela sensação dentro de seu corpo a fazia temer pelo o destino
que haviam lhe imposto. Só podia estar delirando.
Foi
quando sentiu dois braços magros, porém fortes, lhe envolverem num abraço, um
abraço quente e calmo. Sabia que Hilbert não era um dos humanos mais carinhosos
do mundo, então vê-lo fazer isso a encheu de surpresa, mas com uma sensação
gostosa e tranquila de conforto, sua reação imediata foi retribuir enquanto
sentia as mãos do companheiro acariciando suas madeixas longas e soltas de seu
cabelo.
— Eu
sei que assusta no começo – ele sussurrou. – Mas não deixa o medo te dominar.
Lembre-se: Eu não vou saber te ajudar se você não me disser o que está
sentindo. É como um médico, lembra?
Hilda
sorriu de leve.
—
Obrigada, Hilbert – sentiu seu rosto corar. Era efeito da tal chama, né?
— Ok
– o outro coçou a cabeça, meio corado também. – Hã... Então quer dizer que você
consegue nos dizer onde a Light Stone está?
— Eu
acho que sim. É como um GPS dentro de mim – ela refletiu. – Talvez se eu seguir
o som e essa sensação dentro de mim e conforme ela for aumentando, isso pode me
levar até ela.
—
Então podemos recuperar o objeto para o Jackson?
— E
não é perigoso ir atrás de um objeto tão valioso? – questionou Vic, não
disfarçando muito o medo.
—
Vic, eu rio na cara do perigo – debochou Hilbert, procurando sua jaqueta.
— Hilbert,
raciocina um pouco. Se essa Light Stone é tão importante, quem roubou ela não
foi uns lacaios idiotas da Team Plasma, deve ter gente grande nisso aí. Somos
só um Victini ladrão e dois humanos que mal chegaram na fase adulta.
— Eu
vejo um Victini habilidoso, um treinador que ganhou duas insígnias e uma garota
que tem um destino incrível nas mãos. Desde quando nós temos medo de alguma
coisa, cara? – sorriu o garoto, determinado.
—
Ele tem razão, o motivo de eu seguir vocês numa jornada é por causa da enorme
coragem dos dois – riu Hilda, se levantando e prendendo o cabelo. – Vamos lá,
levanta esse traseiro lendário e vamos fazer o que sempre fazemos!
— Caçar
comida?
—
Não, nós arrumamos confusão – riu o menino, vestindo sua jaqueta. – Vamos lá,
Hilda, nos leve até essa Light Stone!
Estava
próximo de amanhecer quando Hilda e Hilbert chegaram ao local indicado pela
garota graças a sua nova “habilidade” sensitiva. Era uma espécie de arquitetura
construída para ser temporária, como se quem estivesse hospedado ali pudesse
recuar sem deixar pistas a qualquer hora. Por ser numa região afastada da
cidade, não chamava a atenção, o que infelizmente, dificultava as coisas para a
dupla, já que não tinha iluminação pública, tiveram que contar com a luz dos
minúsculos raios de sol que nascia bem preguiçosamente no horizonte.
— É
aqui? – questionou o garoto, escondido atrás de um arbusto com a companheira.
—
A-Aham, o som das chamas aumentou – a morena apontou para uma direção que dava
para os fundos do local. – É por ali.
—
Certo, precisamos nos aproximar com cuidado. Pode ter uma galera vigiando –
observou Hilbert.
—
Não consigo ver ninguém, vamos antes que fique mais claro e dificulte nosso stealth
– Hilda deixou o esconderijo sem muito cuidado e foi seguida por seu amigo.
—
Espera Hilda!
A garota
sentiu sua caminhada ser interrompida quando seu corpo bateu contra outro
corpo, ela recuou com o impacto, só não caiu porque seu companheiro a segurou e
encarou a nova figura. Era um rapaz de quase dois metros de altura com um porte
físico forte, o que explicava o motivo dele permanecer intacto mesmo com a
colisão, ele encara os dois com um semblante sério e irritado e usava o
famigerado uniforme da Team Plasma.
—
F-Ferrou – sussurrou o treinador para a mulher, intimidado.
Notas da Autora (Capítulo 18)
Cara, esse provavelmente é um dos capítulos mais importantes dessa temporada, eu apelidei ele e o 19 como divisores de água. Vocês vão ver que muito além de caçar insígnias, o grupo de Hilbert terá uma missão muito importante. Portanto, estejam ligados.
Há essa altura, todo mundo já notou que o Jackson é nosso terceiro protagonista e ele surgiu no melhor momento Quando eu crio personagens para um grupo, eu gosto de imaginar as funções deles e o motivo deles se unirem, muito mais de que "vamos juntos pq é mais legal", eu prefiro motivos que unam eles mais e mais. Talvez eu esteja acostumada com Overwatch onde a composição do time tem que fazer sentido e prefira algo que vá além do óbvio, ainda que eu saiba que muita das vezes as pessoas se unem justamente pq tinham que se unir. É o fio vermelho do destino.
Muito bem, Light Stone roubada, Darmanitan do Jackson, Hilda e sua nova habilidade, é muito coisa pra um capítulo, não? Eu gosto desse capítulo já que ele prepara um campo para a bagunça que vai ser o 19.
De toda forma, façam suas apostas. Hilbert e Hilda vão conseguir a Light Stone de volta?
StarChan
Galeria do Burgh - Fanart #08 (Anan - Autor de NPS #02)
Não podia faltar o senhor Hilbert e sua trupe de Woobats aqui na galeria de fanarts. Na verdade, nem eu desenharia 15 Woobats, então tá perdoado rs Na verdade, eu adorei como você retratou a inocência e a animação deles ao verem o menino corno, essa era a impressão que eu queria passar. O Woobat com o boné do Hilbert é meu novo espírito animal aaaaa <3
Obrigada pela fanart!
Capítulo 17
Maggie
chegou no QG da Team Plasma localizada em uma área afastada e escondida de
Nacrene City carregando consigo uma informação importante que podia ter a
capacidade de mudar o rumo dos planos e até mesmo da região de Unova. Antes de
entrar no prédio, ela parou e refletiu se valia a pena tudo aquilo.
Tinha
ouvido de seus superiores que a Dark Stone havia sido encontrada e roubada,
esfera essa que há até dias atrás, era considerada apenas uma lenda boba, mas
que em questão de horas, estava nas mãos dos “vilões”. A Dark Stone carregava a
o lendário dragão dos ideais, Zekrom, e que nas mãos erradas, causaria um
estrago, assim como nas páginas dos livros que lera. Agora, ouvira do sobrinho
da Lenora, a líder do ginásio local, que estava em suas mãos, a contraparte, a
Light Stone, que carregava o dragão da verdade, Reshiram. Duas partes unidas
que iriam conceder a quem tivesse a posse, um poder inimaginável.
E
tudo estava em suas mãos. Uma garota de quinze anos rebelde, filha de um dos
melhores líderes de ginásios da região e uma aspirante a treinadora. Era esse o
grande ato que queria provar ao seu pai?
—
Maggie? Vai ficar parada aí na porta? – Peter, seu companheiro de equipe,
apareceu e arqueou a sobrancelha, observando-a.
—
Preciso falar com o senhor Kogsu – respondeu a ruiva, sem muitos rodeios. – É
urgente.
—
Vish, aí vem encrenca.
Kogsu,
apesar de soar como um nome de uma pessoa com mais idade, na verdade era um
rapaz que se aproximava dos seus trinta anos, com um charme que invejava
qualquer homem de sua faixa etária. Usando sempre roupas sociais e o cabelo
azul petróleo preso e um rabo de cavalo, ele brincava com uma caneta quando
Maggie entrou na sala.
—
S-Senhor... Eu descobri algo que possa lhe interessar. Tem haver com... a Light
Stone.
O
sorriso sádico preencheu o rosto do líder.
— Sente-se, e me conte tudo.
Hilda
acordou de bom humor. Era a segunda noite seguida que tivera a oportunidade de
dormir em uma cama confortável, ainda que a cama fosse um colchão velho
oferecido por Jackson e tivesse que dividir ele com Hilbert (que não era uma
das melhores companhias para isso). Empurrou levemente seu companheiro para o
lado que quase caiu no chão, mas sem acordar, e se levantou, indo para o
banheiro.
Jackson
foi o próximo a despertar, vestindo uma camiseta preta e calças da mesma cor.
Se aproximou do local onde seu Darmanitan e Cleffa repousavam e os acariciou
levemente.
—
Bom dia – sorriu ele. – Dormiram bem?
Bijou,
a menor, grunhiu animada, ainda que estivesse muito sonolenta, e Winston, mais
sério, apenas gesticulou positivamente com a cabeça.
—
Hoje vou acompanhar o Hilbert e a Hilda na batalha de ginásio dele. Deixarei
vocês sozinhos, ok? – explicou o arqueólogo, atencioso. – Winston, se você
achar que vai perder o controle, tente relaxar. Bijou está aqui com você –
completou, dando leves tapas na cabeça do Pokémon de fogo.
O
jovem então se dirigiu até o outro cômodo e riu da situação de Hilbert. Foi até
a cozinha e refletiu sobre preparar um café da manhã mais decente do que estava
costumado a tomar, foi quando Hilda, usando suas vestes de jornada apareceu.
—
Bom dia, Jackson – cumprimentou. – Posso ajudar no café?
—
Bom dia – ele retribuiu. – Ah, seria uma boa, ando acostumado a tomar aqueles
cafés prontos que nem faço ideia do que fazer para vocês.
A
menina riu.
—
Olha, eu sou uma menina da cidade grande, quando eu falo em ajudar, eu falo de
no máximo fritar ovos e bacon e servir com torradas. Café só em cápsula –
confessou. – Castelia rules.
O
moreno retribuiu a risada.
— Bom,
café de máquina com torrada, bacon e ovos para o café da manhã?
— Eu
não pediria coisa melhor.
Não
demorou muito para que Hilbert e Vic acordassem com o cheiro da comida e fossem
atraídos pelo aroma divino, segundo eles mesmos. Os três trocaram algumas
palavras sobre a aproximação do desafio do ginásio e do nervosismo do treinador.
Não
passava das dez da manhã quando o trio adentrou o museu, dessa vez, sendo recepcionado
pela própria Lenora, que usava a mesma roupa do dia anterior, só que dessa vez,
esbanjando um sorriso mais confiante.
—
Você chegou cedo, meu jovem – disse a negra. – Pronto para uma das batalhas
mais emocionantes da sua vida?
—
Estou ansioso e bem preparado – respondeu o mais jovem, agitado.
A
líder passou os olhos para os outros companheiros dele até pousar o olhar em
seu sobrinho.
—
Ah, estavam com o Jack? Ele recepcionou vocês bem? – questionou a mais velhas
para as duas crianças, que assentiram logo em seguida. Com uma risada, ela
continuou: - Eu preciso falar com você depois, querido. É sobre Driftveil.
—
Oh, o que aconteceu?
Com
certa de discrição, ela apenas meneou a cabeça levemente negativamente.
—
Falaremos disso depois. Por ora, vamos focar na nossa batalha. Por aqui.
Guiando
novamente os jovens pelo museu, Lenora foi até os fundos, onde uma enorme
biblioteca ficava, Hilda e Hilbert mal tiveram tempo de admirar o local quando
a mulher puxou um dispositivo que fez movimentar uma das prateleiras, revelando
um lance de escadas que levavam para o subsolo.
—
Uau! – exclamou o treinador. – Seu ginásio é aí embaixo?
—
Exatamente, meu escritório e meu campo de batalha ficam aqui embaixo –
respondeu a líder, orgulhosa. – Eu sei que eu podia fazer algo mais simples,
mas eu quis imitar um pouco da arquitetura interna das pirâmides, onde o
melhor, fica lá dentro – ela apontou e começou a descer.
Luzes
automáticas se acenderam revelando o enorme espaço construído para recepcionar
os desafiantes, além da área onde exibia os pertences de Lenora, uma estrutura
com marcações de campo estava organizada para a tão esperada batalha.
— E
chegamos – ela ergueu os braços. – Bem-vindo ao ginásio de Nacrene City,
Hilbert. Precisa de algum tempinho para se preparar?
— Eu
vim preparado! – agitou Hilbert, já procurando uma das Pokéball em sua mochila.
A
arqueóloga riu e apontou para uma das extremidades do campo.
—
Você fica lá. Jack, mocinha, vocês podem se sentar ali – indicou a mulher,
sendo obedecida logo em seguida. – Hm, cadê o meu juiz?
Mais
do que depressa, um jovem usando óculos fundo de garrafa apareceu, nervoso,
aparentava ser novato na profissão, ele se dirigiu até um pequeno palanque em
uma das laterais do local.
—
D-desculpe a demora.
—
Tudo bem, meu querido – Lenora sorriu e também assumiu sua posição. – Hilbert,
mais uma vez, bem-vindo, você vai disputar sua segunda insígnia. Meu nome é
Lenora Petrie, líder desse ginásio e especialista em Normal-type. E eu
sou osso duro de roer – ela sacou uma Pokéball.
O
jovem juiz começou a ditar as regras:
—
Será uma batalha livre, a treinadora da casa se limitará ao uso de 2 Pokémon
enquanto o desafiante tem o direito de usar quantos Pokémon quiser, se
limitando em 6, de acordo com a regras de própria liga. As trocas são livres
entre os turnos. O primeiro que tiver seu último Pokémon fora de combate, perde
– ele levantou os dois braços. – O desafiante tem a prioridade do primeiro
golpe – abaixou as mãos rapidamente. – Comecem.
— Brianna,
eu escolho você! – Hilbert arremessou a
esfera com confiança, liberando sua Snivy, que parecia compartilhar da mesma
determinação.
—
Vai, Herdier! – anunciou Lenora, liberando seu Pokémon.
Herdier
era a evolução de Lillipup. Era incomparavelmente um cachorro de porte médio
com pelagem marrom, as orelhas estavam sempre alertas assim como seus olhos, no
rosto, uma espécie de bigode de cor creme cobria a boca e o tronco era coberto
por uma espécie de capa também feita de pelos de cor azul escuro. Checando sua
Pokédex, o desafiante descobriu que a espécie costuma ser fiel a seu dono. Ele
soltou um latido, que pareceu intimidar um pouco sua oponente.
—
Vamos começar com tudo, use Vine Whip! – ordenou o garoto.
A
inicial de grama liberou vinhas perto de seu pescoço e direcionou elas ao
Herdier inimigo, com intenção de chicotear ele, apesar de acertar o golpe, o
adversário não pareceu sofrer graves danos. Graças a sua habilidade Intimidate,
os ataques da Snivy tinham um dano menor.
—
Isso fez cócegas – riu a líder. – Use Leer.
O
cachorro encarou o outro Pokémon e seu olhos tomaram um leve brilho
avermelhado, a cobra de grama sentiu sua espinha gelar, atenta ao olhar dele,
totalmente desconexa das ordens de seu treinador.
—
Ataque com Bite – ordenou Lenora logo em seguida, vendo seu Herdier
avançar em direção a adversária e acertá-la com uma mordida dolorida, que fez
ela grunhir de dor.
—
Brianna! – tentando manter a calma, Hilbert ordenou outro Vine Whip, mas
a criatura de grama não conseguia se livrar das presas do cachorro, que a
mordia como um caçador devorando sua presa.
Em
um ato de desespero, Brianna usou suas vinhas para envolver o pescoço do
adversário e fazer certa pressão, como se o enforcasse. Herdier, sentindo a
falta de ar, recuou rapidamente, mas o Pokémon inimigo, apesar de frouxar, não
o libertou, mantendo-o em seu controle. Wrap era o nome do golpe, já
utilizado anteriormente pela criatura numa batalha contra Cheren.
—
Bom trabalho, Brianna. Vamos atacar com Vine Whip novamente.
— Contra-ataque
com Take Down – disse a líder de Nacrene, demonstrando tranquilidade.
Snivy
fez aparecer outras duas vinhas, prontas para atacar o cachorro inimigo, porém,
o golpe mal teve tempo de ser concluído, quando o adversário, em um golpe
surpreendente correu de encontro a cobra e lhe atingiu uma investida em uma
proporção maior, cancelando o Wrap e o Vine Whip de Brianna que
foi arremessada a certa distância, nocauteada. O Herdier grunhiu levemente, se
sacudindo, como se o impacto do golpe tivesse o machucado também.
Hilbert
retornou seu Pokémon e engoliu seco, aquilo tinha sido uma derrota rápida. Era
hora do próximo round, colocaria seu treino em ação definitivamente.
—
Vamos lá, Mirsthy! – o menino liberou a Minccino, que também se intimidou com a
presença do Herdier, mas demonstrou confiança em batalhar.
— Um
Normal-type também? Agora sim vai ser interessante.
— Se
prepare para ver o poder da minha Mirsthy. Comece com Baby-Doll Eyes –
ordenou o de boné.
A
chinchila grunhiu e sua encarada com seus olhos brilhantes e meigos fez com que
o Herdier ficasse com a guarda baixa, completamente perdido no olhar da
pequena.
—
Agora use Swift!
A
Pokémon usou sua cauda felpuda e fofinha para liberar pequenas estrelas que
explodiram ao atingir o corpo do paralisado Herdier, que grunhiu de dor. O
nível da batalha tinha evoluído, era uma briga de iguais agora.
—
Parece que você escondeu alguns truques, Hilbert – Lenora retirou a Pokéball de
seu Pokémon em campo e o retornou. – Mas você não é o único que sabe brincar
com os status de um Pokémon. Vai Watchog!
A
evolução do Patrat surgiu no campo com seus enormes olhos expressivos e um
corpo esticado, sempre mantendo a pose. Suas bochechas eram rechonchudas, como
se sempre carregasse comida dentro dela. Os seus pelos variavam entre tons de
marrom, amarelo, vermelho e branco. A sua cauda comprida e fina, balançava,
como se identificasse o local. A Pokédex informava que aquele era um Pokémon observador,
e provavelmente, não deixaria nada passar sem que ele notasse.
—
Vamos de Charm agora! – ordenou o treinador da Minccino.
A
criatura soltou uma piscadela para seu novo adversário, que mesmo se distraindo
um pouco, não deixou de dar atenção as ordens de sua mestra.
—
Watchog, bota ela pra dormir, Hypnosis!
O
furão saltou em direção a menor e com rostos próximos, ele liberou ondas
psíquicas de seus olhos, aquele efeito era cativante que Mirsthy não conseguia
desviar o olhar, como um pêndulo que balança de um lado para o outro, o golpe
fez a criatura dormir profundamente.
—
Droga... – murmurou Hilbert, como se tivesse esquecido desse pequeno detalhe.
Pokémon
Normal-type geralmente eram menosprezados pela maioria dos seus ataques
serem físicos ou pouco efetivos na maioria dos outros tipos, mas não era
difícil de se admitir que flexibilidade e resistência definiam essas criaturas.
Eles têm a habilidade de mudar todo o rumo de uma batalha com apenas um golpe.
Pokémon duros na queda, combinava perfeitamente com a personalidade e o título
de Lenora. Ela observava seu desafiante enquanto o mesmo tentava refletir sobre
o que fazer.
Não
querendo arriscar sua Minccino, que não conseguiria atacar, Hilbert a recolheu
de volta para sua devida esfera e sacou seu último Pokémon disponível, seria a
primeira batalha deles e estava com medo de não ter a mesma sintonia que tivera
com Brianna e Mirsthy, mas desde a sua conversa e treinos no Day Care, sentiu
que deveria confiar no potencial dos dois.
—
Vai, Wooby!
O
morcego peludo ganhou o ar voando ao redor do campo de batalha e se adversário,
que apesar de ter certa desvantagem por enfrentar um Pokémon no ar, não parecia
preocupado com isso, demonstrando grande experiência.
— Eu
gostei da sua variedade de Pokémon, Hilbert. Não trouxe nenhum Fighting-type
para me derrubar. Você gosta de complicar as coisas – observou Lenora,
empolgada.
—
Digamos que eu já tentei facilitar as coisas e não funcionou muito – riu
Hilbert do outro lado. – A graça de uma batalha é a emoção que ela dá. Use Gust!
— Crunch!
O
golpe utilizado por Watchog era Dark-type, o que o tornava super efetivo
para um Pokémon Psychic-type como o Woobat, mas por sorte, a ventaria
causada pelo Gust dificultou que a mordida fosse mais intensa,
entretanto, isso não anulou a efetividade do golpe, o morcego gemeu de dor e
recuou para mais perto de seu treinador.
— Eu
não tinha pensado nesse tipo de coisa – comentou Hilbert para si mesmo, olhando
para seu Pokémon, que apesar não ter olhos a mostra, retribuiu o olhar, como se
os dois fizessem uma comunicação interna – É hora do plano, fique atento. Use Confusion!
Ondas
psíquicas atingiram o Watchog inimigo, que colocou as mãos na cabeça, sentindo
o efeito do golpe quase dentro do seu cérebro. Pokémon psíquicos podiam ser bem
perigosos quando querem. Apesar do efeito, pelo nível relativamente maior do
furão, não foi algo super efetivo.
—
Ok, isso foi fofo, querido – riu Lenora. – Mas vamos voltar para o assunto
sério. Hypnosis!
O
golpe novamente foi direcionado ao novo Pokémon, que não teve muito tempo para
raciocinar e cair no sono, deixando o menino em apuros.
—
Ah, droga – resmungou Hilda, nervosa. Nunca tinha visto Hilbert em ação daquele
jeito, teve vontade de sacar sua Pokéball para ajudar, mas se conteve e apenas
torceu para o amigo.
—
Minha tia consegue ser muito chata com esses golpes de status – comentou
Jackson, percebendo o nervosismo da menina.
— Mas
e agora? O que acontece?
—
Ele reza pro Woobat acordar a tempo ou ferrou – riu o moreno. – Ok, não tem
tanta graça, mas confia.
A
morena apoiou os cotovelos nas pernas, nervosa.
—
Não sabia que assistir batalhas dava esse frio na barriga. Imagina como o
Hilbert está.
De
volta ao campo de batalha, Lenora fazia uma tensão antes de finalmente anunciar
seu último golpe.
— Crunch
novamente.
Watchog
correu em direção do Pokémon adormecido, pronto e confiante para acertar um
golpe super efetivo que com certeza derrubaria seu oponente. Foi quando Hilbert
riu e ordenou:
— Air
Cutter!
Num
pulo, para a surpresa dos presentes, o Woobat começou a bater asas rapidamente,
criando lâminas de vento que atingiram com super efetividade o inimigo que não
teve tempo de desviar graças a proximidade, isso arremessou ele para o outro
lado do campo e derrubou o Pokémon, nocauteado.
Lenora
encarou seu companheiro caído e olhou para seu desafiante, perplexa.
—
C-Como?
— O
Wooby fingiu dormir, esse era meu golpe surpresa – riu, convencido. – Eu sabia
que você usava Hypnosis, então treinei meu Pokémon para que se
concentrasse em não ser atingido pelo golpe e enganar vocês encenando que tinha
sido efetivo.
—
Você contou com um pouco de sorte, né? – riu a líder.
—
Também – respondeu o treinador. – Mas funcionou, agora lance seu último Pokémon
e vamos terminar com isso.
— Eu
ainda não acabei, Hilbert – a negra trouxe seu Herdier de volta para o campo de
batalha, a criatura estava um pouco debilitada, mas não parecia exausta ou
prestes a desistir.
— Vamos atacar com Gust, Wooby!
— Retaliate!
O
bater de asas e a leve ventania no Woobat não foram suficientes para parar o
cachorro que atacou ferozmente seu adversário mesmo no ar que caiu rapidamente
nocauteado, trazendo mais uma surpresa para todos.
—
O-o que foi isso?! – exclamou Hilda, surpresa e boquiaberta. – O Wooby não
levou golpe nenhum quase, como ele caiu?
— Senhorita
Hilda – dessa vez Grimaud apareceu em seu ombro. Seu tamanho possibilitava
que ele aparecesse em momentos aleatórios. – O Retaliate é um movimento que
tem o dano dobrado quando um Pokémon do time no round anterior é derrotado. É
quase como uma vingança.
Jack
notou a presença do Pokémon falante e apenas franziu a testa:
—
Você e seu amigo são cheios das surpresas, hein? – riu.
Hilbert
retornou Wooby e o agradeceu pelo desempenho, e em seguida, trouxe Mirsthy para
o campo de batalha. A chinchila se espreguiçou a acordou, estava livre do
efeito da Hypnosis, mas ainda tinha o efeito do Intimidate em seu
corpo.
Ambos
os Pokémon estavam debilitados, qualquer um poderia cair em terra se seus
respectivos treinadores não tomassem cuidado. O menino poderia arriscar usar um
outro golpe para mudar o status de ataque do Herdier, mas corria o risco
de Lenora vir sem piedade e finalizar com um último golpe.
Refletindo,
ele resolveu colocar tudo nas mãos da sorte.
— Pound!
— Take
Down!
Líder
e desafiante viram seus Pokémon correrem um em direção ao outro, sem receios ou
medo, confiantes de que saíram vitoriosos. A Minccino foi a primeira a atingir
o cachorro, com um soco em seu focinho, enquanto ele acertou uma investida no
estômago da mamífera. A lei de ação e reação fez com que os dois fossem
arremessados para perto de seus mestres.
Mirsthy
ficou sobre as quatro patas, ofegante, tentando se manter em pé, recuperando
seu corpo da dor do golpe, o Herdier também a encarava, mas o impacto e um dos
efeitos do Take Down o esgotou completamente, fazendo com que deixasse a
gravidade tomar conta total do si e ele caísse, nocauteado. A mamífera
deitou-se no chão, aliviada.
O
apito do jovem juiz, que parecia eufórico pela batalha que tinha visto, soou
como um sino de vitória para o Hilbert.
— O
último Pokémon de Lenora, a líder do ginásio de Nacrene City está fora de
combate – anunciou. – Isso significa que a vitória vai para Hilbert, o
desafiante!
—
ELE CONSEGUIU! – Hilda se levantou por impulso, em êxtase.
O
vencedor olhou para a companheira na plateia e riu, ainda meio sem acreditar.
Jackson riu da situação, achando interessante a empolgação dos mais novos.
—
Meus parabéns, Hilbert – Lenora retornou seu Pokémon desmaiado e caminhou com
passos leves e firmes em direção ao centro do campo, o treinador notou e mais
do que depressa repetiu o ato. – Foi uma excelente batalha, seus Pokémon
lutaram bem e tem boa sincronia com você, e por isso, você merece isso.
Ela
tirou do bolso uma insígnia com o formato retangular e comprida, com bordas e
detalhes dourados, e a cor interna era de um magenta escuro.
— Basic
Badge – revelou, entregando para o garoto.
—
M-Minha segunda insígnia – ele pegou com o maior cuidado do mundo, olhando
admirado para Lenora. – Muito obrigado, dona Lenora!
A
líder riu e tirou uma espécie de mini CD de outro bolso e ofereceu para ele
também.
— A
sua Minccino pode se interessar por isso – explicou. – É um CD contendo um Technical
Machine, resumidamente um TM, dentro dele tá gravado um passo a passo de um
golpe que você pode ensinar para seu Pokémon. Claro, se ele puder aprender –
riu. – Esse aqui é o TM79 – Retaliate. Foi o que eu usei contra você hoje,
espero que sua Minccino consiga aprender também.
—
Ah, uau, muito obrigado – Hilbert pegou o novo item e o guardou.
Hilda
e Jack se aproximaram também. A garota abraçou o amigo, animada.
—
Segunda insígnia! – riu a menina, deixando o outro envergonhado.
—
P-Pois é – ele retribuiu com uma risada tímida.
—
Foi uma batalha incrível – disse Jackson, sorrindo. – Acho que deveríamos
comemorar.
— Só
se for agora! Vem Hilda, vamos passar no Centro Pokémon, aí a gente vai comer
alguma coisa! – o menino agarrou o braço da companheira.
— É,
está quase na hora do almoço mesmo.
—
Vamos lá! – Hilbert puxou a amiga para a saída com tamanha emoção que nem se
preocupou em garantir se Jack os seguia.
O
moreno foi interceptado por sua tia quando resolveu ir.
—
Podemos conversar?
—
Agora, tia? – ele respondeu, com uma expressão desinteressada. – Eu queria
comemorar com eles. Essa galera é incrível!
Lenora
soltou um suspiro e logo depois completou com um sorriso.
—
Vai se divertir.
A
tarde no Scratch Café foi tão divertida que nem perceberam o tempo
passar. Hilda e Hilbert eram tão receptivos que Jackson já se sentia parte do
grupo, é como se fossem eles três desde sempre.
—
Fala sério, Hilbert, foi sorte aquele lance com o Hypnosis né? –
questionou Jack.
—
Total! – confessou. – Na verdade eu meio que treinei meu Wooby pra ser um bom
ator e ele fingir dormir, como a gente não vê os olhos dele, dá pra enganar.
—
Você é todo criativo, Hilbert – continuou a garota, tomando um gole do
milkshake de chocolate – seu favorito – e rindo. – Em Striaton você usou saias
pra ganhar a insígnia.
—
Como é que é? – riu o negro, olhando para o treinador de boné. – Eu tive uma
visão do inferno agora.
—
Não foi bem assim, Hilda! – retrucou Hilbert, meio envergonhado.
—
Temos tempo de sobra, quero ouvir essa história direitinho.
E a
dupla compartilhou as histórias e experiências que tiveram nesse pequeno início
de jornada, ocultando o fato sobre o Hilbert ser um meio Pokémon, o moreno se
divertiu com cada coisinha contada. Só notaram que era hora de ir quando uma
das garçonetes os expulsou indiretamente alegando que haviam clientes esperando
do lado de fora.
Quando
voltaram ao apartamento de Jack, o arqueólogo já sentiu que algo estava errado
a julgar pela bagunça na sala, o sofá estava virado, livros e documentos
jogados no chão e algumas cortinas rasgadas, era como se um furacão tivesse
invadido o local. A primeiro momento julgou ser um roubo, mas notou que nenhuma
das janelas da sala estava aberta ou quebrada.
Hilda
e Hilbert começaram a investigar o ambiente, mas não conseguiam ajudar por não
conhecerem tanto o local, foi quando o negro notou algo.
—
Bijou? – ele chamou por sua Cleffa, como se previsse algo. Começou a andar pela
casa quando não ouviu nenhuma resposta. – Rápido, procurem embaixo dos móveis!
A
dupla obedeceu rapidamente, procurando desesperadamente por cada canto do
local. Teria a Pokémon sido sequestrada? Quem a roubaria?
—
Ela é boa no esconde-esconde – murmurou Hilbert, mesmo não conseguindo quebrar
o clima de tensão no ar.
—
Jackson, o que está acontecendo?
—
BIJOU! – berrou mais uma vez o negro, ignorando a pergunta.
O
grunhido fofo e baixo de resposta foi ouvido do quarto. Os três correram até o
cômodo, e perceberam que o epicentro da suposta bagunça era lá, a escrivaninha
estava virada, o colchão rasgado como se uma criatura raivosa tivesse
descontado toda sua frustração lá. Hilda soltou um grito e escondeu seu rosto
no peitoral de Hilbert quando viu algo.
Marcas
de sangue espalhados pelo chão e pelos móveis denunciavam a espécie de
violência que tinha acontecido por ali, a dúvida era saber a origem daquele
sangue.
—
J-Jack... – começou o menino de boné, passando o braço em volta do ombro da
amiga em sinal de conforto.
O
arqueólogo tirou a pequena Cleffa de uma pilha de livros e a abraçou,
preocupado. A criatura rosa estava assustada e com medo.
—
Foi o Winston... – disse, se referindo ao seu Darmanitan, enquanto tentava
acalmar a pequena bebê.
—
Porque ele faria isso?! – exclamou a menina, incrédula. – Isso é horrível!
Jackson
pensou em responder, mas foi interrompido pelos seus pensamentos quando viu a
janela quebrada.
Sua
espinha gelou.
Só
sentiu seu coração disparar quando levantou sua escrivaninha de estudos e pegou
a almofada vazia.
— R-Roubaram a
Light Stone.
Seu
olhar se voltou para a vidraça quebrada novamente, sério, ele se virou para os
dois jovens:
— Precisamos procurar o Winston. E rápido.
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