Galeria do Burgh - Fanart #11 (Carol #02)
Capítulo 28
Quando
um gélido e impetuoso vento gelado adentrou o quarto através de uma fresta do
shoji e atingiu o corpo adormecido naquele quarto, sua primeira reação foi se
encolher e cobrir-se por inteira, ainda que as pontas dos seus pés acabassem
descobertas.
Uma
pequena criatura peluda e esguia se aproximou devagar, caminhando em suas
curtas patas e lambeu levemente os dedos expostos da mulher antes dela rir
graciosamente e finalmente despertar. Se desfez do seu grosso cobertor e
sentou-se em seu macio futon usado como cama, coçando os bagunçados cabelos
ruivos alaranjados e soltando um leve bocejo, acariciou o Pokémon que a
despertara, uma criatura conhecida como Furret.
Levantou-se
e caminhou vagarosamente até as finas portas de papel de correr e as abriu. A
paisagem de inverno no quintal nos fundos do templo em que morava tinha tons frios,
mas não deixava de ser refrescante aos olhos com plantas típicas da região, um
pequeno lago que descongelava em ritmo lento, mesmo assim, já era possível ver
Magikarps e Goldeens e, como um clássico, uma pequena ponte de madeira com
corrimões vermelhos com formas de uma arquitetura antiga completava o cenário.
Após
um leve contato com a natureza, Inari se dirigiu a sua higiene matinal, sempre
focada em manter uma pele limpa e os cabelos bem penteados em um delicado rabo
de cavalo preso com uma fita púrpura. Fitou a si mesma com os olhos verdes
esmeralda e apreciou o resultado.
Caminhou
pelos corredores de madeira usando meias quentinhas até chegar a outra sala
semelhante ao seu quarto, só que com a presença de uma mesa baixa rodeada de
almofadas, era a sala de jantar. Lá, disposto de forma milimetricamente
organizado estava um cheiroso filet de Magikarp grelhada, Gohan, o tradicional
nori, misoshiru quentinho e – seu favorito - , o Nattô, uma soja fermentada com
um cheiro extremamente forte.
Sentou-se
sobre as pernas com a postura ereta, segurou delicadamente seu ohashi, juntou
as mãos agradecendo a comida e começou a comer.
—
Mais uma manhã normal, que vai se tornar um dia normal e se transformar numa
vida normal – comentou ela.
Mas
aquilo não parecia deixar ela feliz.
Mais
de um dia foi necessário para que o barco atracasse em Olivine. A cidade
litorânea, conhecida pelo seu belo farol dava as boas-vindas aos novos
visitantes. Por sorte, o fim do inverno estava chegando, mas ainda era possível
sentir o vento gelado castigando os corpos dos desprotegidos, coisa que Hilda,
Hilbert e Jackson não sofriam. Os meninos usavam as roupas de sempre, mas a
garota tinha adotado um estilo mais moderno com meias calças, os shorts
convencionais e um moletom rosa cropped. Quentinha e na moda.
No
mesmo dia do embate contra Burgh, o trio embarcou às pressas para Johto com um
pequeno investimento de Ben. O objetivo? Localizar o templo da família Kurosawa.
De acordo com Chansol, que era parente distante da família, eles se localizavam
em Ecruteak City. Com essas informações em mãos, só bastava que eles se
transportassem até lá. Mas a grande questão era: Como se
localizar em uma região nova com uma língua diferente?
— Não é possível que eles não tenham placas em inglês – comentou Hilda,
parada na porta de saída do porto.
— Quem precisa de placas quando se tem um fluente da língua bem na frente
de vocês? -gabou-se Jackson. O jovem parecia estar extremamente empolgado em
conhecer a região pela primeira vez. – Passei anos da minha vida assistindo
animes para esse momento!
— Jack, por favor, aqui não tem legenda – debochou a menina. – Vamos
procurar por placas ou panfletos e-
O arqueólogo se aproximou da primeira pessoa que encontrou na rua,
ignorando completamente o que a amiga tinha sugerido.
— Ohayou. Watashi wa Jackson desu! – apresentou-se, como se
treinasse a vida toda para fazer isso.
A pessoa, uma senhora, olhou para o jovem e estranhou tanta informalidade,
mesmo assim, ela retribuiu com “olá” e aguardou para que o outro continuasse.
— Ih, rapaz. E agora? – refletiu Jack, olhando para os amigos. – O que eu
falo?
— Pergunta pra ela como podemos ir para Ecruteak – disse Hilda.
— Hã... – o mais velho pensou. – Watashi quero iku para
Ecruteak.
A senhora olhou meio espantada e sem entender, com toda a gentileza de um
morador da região, ela se desculpou e foi embora sem muitos rodeios.
— Espera! – Jackson tentou impedir, mas era tarde demais.
— Boa, Jack, seu japonês é pior que o meu francês – debochou Hilda,
cruzando os braços.
— Pelo menos algum de nós tá tentando ajudar! – retrucou o mais velho.
— Pessoal! – Hilbert se aproximou com um papel em mãos. – No porto estavam dando
um mapa da região – ele exibiu para os seus amigos. – E o melhor é que tem umas
coisas escritas na nossa língua.
— Uau, Hilbert! – sorriu a menina. – Quando conseguiu isso?
— Assim que a gente desceu – confessou, recendo um olhar irritado de
Jackson.
— E você nos avisa depois que eu passei aquela vergonha? – questionou.
— Passou vergonha porque quis.
A boa notícia é que existia duas formas de se deslocar entre cidades, uma
era da forma convencional com ônibus, e a outra era através de um trem
extremamente rápido conhecido como shinkansen, que apesar do preço alto,
foi escolhido pelos jovens devido a pressa em chegar outra cidade antes do
anoitecer.
A viagem ocorreu tranquilamente até eles chegarem em Ecruteak.
A cidade tinha um ar mais clássico e tradicional que a cidade anterior, a
julgar pelos diversos templos e casas com um enorme telhado que fazia parte da
arquitetura Johtoniana. O local recebia também muitos treinadores que faziam
sua parada para enfrentar o líder do local. Era muito comum ver mulheres
andando elegantemente em seus quimonos enquanto faziam tarefas do dia a dia,
homens com roupas sociais correndo para o trabalho e algumas crianças com seus
uniformes voltando para casa.
— Cara, isso é um sonho – comentou Jackson. – É exatamente como assistir um
anime.
— Acho que o lado otaku de alguém despertou – brincou Hilda.
— Eu só tô aproveitando a vibe do lugar, não contem pra ninguém – riu, sem
graça. – Aliás, estamos indo para um templo. Será que teremos sacerdotisas
jovens e bonitas?
— Jackson, dá pra ter um pouco do foco? – brincou a garota. – Precisamos
saber tudo sobre as esferas e o que vai acontecer quando juntarmos todos os
fragmentos.
— Dizem também que essa família tinha um certo poder que era capaz de
manter Reshiram e Zekrom presos – complementou. – Me pergunto se eles são uma
família de sobrenaturais cheios de fantasmas e Pokémon psíquicos.
— Você tem uma imaginação muito fértil.
Por incrível que pareça, não foi muito difícil encontrar o templo da
família Kurosawa, parecido com a maioria dos outros templos, ele tinha um
tamanho considerável, como se abrigasse muitas pessoas por lá. O torii, um arco
vermelho de arquitetura icônica, foi o que os recepcionou logo de cara, eles
caminharam por um caminho de pedras, observando cada detalhe em volta, havia
uma pequena casinha na esquerda onde aparentemente servia como um pequeno
comércio que vendia coisas relacionadas à religião local. No prédio principal,
no final da longa passarela de pedras, encontrava-se uma senhora de idade
avançada de estatura baixa que tirava a neve dos corrimões junto de sua bengala.
O trio se aproximou para obter informações, mas tinha um pequeno problema:
a língua.
— Ok – começou Hilda. – Como vamos nos comunicar?
— Vamos tentar a sorte – Jackson se aproximou. – Com licença? Você consegue
me entender?
A idosa olhou o rapaz dos pés à cabeça como se analisasse a figura. Ele
apoiou um dos pés no degrau da varanda na tentativa de se comunicar melhor, mas
a velha nada respondeu. Sua única reação foi encarar aquela atitude e continuar
em um silêncio constrangedor. Hilda e Hilbert estavam logo atrás e se
entreolharam.
Jack perdeu um pouco da paciência.
— Não é possível que ninguém fale inglês nessa região! – reclamou,
levantando os braços para o alto como quem pede uma súplica.
E a súplica foi atendida.
— Posso ajudar? – a voz feminina e gentil veio de trás deles. Os dois mais
novos foram os primeiros a olharem, logo depois, Jackson, que não escondeu a
admiração em ver a nova figura.
A ruiva de aproximadamente vinte anos e rabo de cavalo usava um kimono
branco e vermelho, como um uniforme da casa, em suas delicadas mãos, ela
segurava uma vassoura. Seu olhar pairava entre a dupla de jovens e por fim, no
arqueólogo, que parecia imobilizado. Ajeitando a franja, um pouco tímida, ela
tornou a perguntar:
— Precisam de algo?
Hilda, vendo que ninguém iria responder, tomou a conversa:
— Este é o templo da família Kurosawa? Eles moram aqui ainda?
A mulher assentiu, e se curvou levemente:
— Meu nome é Inari Kurosawa – sorriu. – Já devem conhecer minha avó – ela
indicou para a senhora.
— Mais ou menos – riu a morena, sem graça. – Acho que ela não nos entendeu.
— Todos da família têm inglês como segunda língua – informou Inari,
curiosa. – Obaa-sama, porque não está falando com nossos visitantes?
— O pé dele – disse baixinho a velha. – Ele tá pisando sem tirar os
calçados – ele encarou Jackson, mal-humorada.
— Oh – a ruiva se aproximou. – S-Senhor, pode tirar seus calçados antes de
entrar? É uma tradição.
Jack, ainda meio desnorteado, notou a jovem e recuou um pouco,
completamente encantado com tamanha beleza. Inari riu, meio envergonhada
também.
— São novos na cidade? Talvez devessem entrar, assim conversaremos melhor –
ofereceu. – Só peço que tirem os sapatos ou a obaa-sama vai ser um
treco.
— Somos de Unova – informou Hilda, tirando seus coturnos. – Eu sou Hilda,
essa é o Hilbert e aquele com cara de idiota é o Jackson.
— É um prazer. Por favor, a casa é de vocês.
Guiados pelas duas moradoras pelos longos corredores do templo, eles foram
parar em uma sala que dava visão para o jardim do local, Hilda admirou e
invejou aquela visão, por crescer em cidade grande, o máximo que tinha da visão
de sua janela era mais e mais prédios, e de vez quando, dava pra ver o que os
vizinhos da frente estavam fazendo, mas nada se comparava com aquela majestade
da natureza.
A avó de Inari, que logo se apresentou como Yukiko, indicou para que os
novos visitantes se acomodassem nas pequenas almofadas no chão. Hilbert
estranhou não haver cadeiras, mas logo se sentou de pernas cruzadas, ato
copiado por seus amigos. A mais velha do ambiente se sentou sobre os
calcanhares, com certo costume, se virou para neta e pediu:
— Traga-nos chá.
Inari se curvou gentilmente e saiu um pouco animada. Seria um dia diferente,
finalmente?
— Em que posso ajudar vocês? – questionou Yukiko. – Vieram de tão longe só
para conhecer nosso templo?
— Na verdade, viemos em busca de informações e ajuda – respondeu Hilda.
— Ajuda?
— Pra resumir, é sobre a Light Stone e a Dark Stone – contou Jackson. –
Soubemos que a família Kurosawa há milhares de anos atrás foi responsável pelos
cuidados dessas esferas em nome do próprio rei.
— Não fale desses objetos aqui – a senhora tomou um semblante sério. – Meus
ancestrais vieram para essa região justamente para nos livrarmos dessa praga.
— P-Praga? – a garota parecia confusa.
— A família Kurosawa nunca teve paz desde que nos entregaram às duas
esferas. Nos exploraram só porque tínhamos habilidades psíquicas que eram
capazes de manter aqueles dois dragões presos – explicou Yukiko, com certo
rancor. – Meus ancestrais sofriam diariamente com pessoas que tentavam se
apossar das esferas. Eles eram perseguidos, agredidos e intimados.
— N-não parece nada com o que Junsei Kurosawa contava em seus livros e
ilustrações – argumentou Jackson.
— Junsei era um maluco. Acreditava em destinos e achava que a vida era uma
poesia – disse, como se a pronúncia daquele nome fosse algo proibido.
— E todos nós não somos destinados a algo? – perguntou Hilda, ainda que
esperasse que sua pergunta gerasse apenas uma reflexão, mas a senhora parecia
ter tudo na ponta da língua:
— Somos destinados a morrer apenas, minha jovem, o que você faz nesse
processo é decisão sua.
Hilda apenas abaixou a cabeça e refletiu.
— Olha, não precisa se “envolver” diretamente nisso – Jackson continuou. –
Só precisamos de informações, aconteceu algo que se não controlado, pode acabar
com Unova – ele olhou para a menina em seu lado que apenas lhe entregou um
frasco com três fragmentos da Light Stone. – Esse é nosso problema – ele
mostrou para a senhora. – Isso são fragmentos da Light Stone, ela foi destruída
dias atrás, mas os fragmentos dela ainda existem. Estamos correndo atrás desses
pedaços antes que outras pessoas façam.
Yukiko olhava perplexa para aquele objeto.
— E o que querem fazer com essa esfera?
— Evitar que pessoas erradas coloquem as mãos nela – respondeu Jack.
— Quem me garante que vocês não são as pessoas erradas?
Hilbert encarou a senhora.
— E porque você está tão preocupada? – questionou o treinador. – Até
minutos atrás nem queria saber dela.
A senhora agarrou sua bengala e acertou um leve golpe na cabeça do garoto.
— Ei! – praguejou ele, acariciando o local do impacto.
— Não fale assim com os mais velhos, menino – bronqueou. – Não estou
preocupada, só estou fazendo vocês refletirem. São vocês que estão desesperados
atrás de informações.
— Existe uma equipe em Unova que conseguiu a contraparte, a Dark Stone.
Agora, com os fragmentos espalhados pela região, nós temos medo deles
conseguirem juntá-los antes da gente e fazerem uma catástrofe.
Nesse momento, Inari surgiu, carregando consigo uma bandeja com delicadas
xícaras rústicas de cerâmica com um cheiro levemente amargo do chá verde, ela
ajoelhou-se do lado da avó e serviu os convidados, mas logo os fragmentos da
Light Stone lhe chamaram a atenção.
— Que peças lindas... – disse. – Elas têm um brilho diferente. É como se
pegassem fogo.
— Você enxerga isso também? – questionou Hilda, surpresa. – Digo, todo
mundo enxerga, né?
Quando Hilbert, Jackson e Yukiko negaram, a menina olhou surpresa para a
ruiva.
— Na verdade, desde que ela se partiu, ela só parece pedaços de qualquer
coisa – riu o treinador. – Deveria brilhar?
Jackson, que parecia mais atento, passou a olhar fixamente para Inari,
sabia que tinha algo nela que sua avó tentava esconder. Mal se deu conta quando
foi atingido pela mesma bengala.
— Pare de olhar para ela desse jeito!
— Você falou de poderes psíquicos – ignorando o golpe, o arqueólogo
virou-se para Yukiko. – Eles ainda continuam na família?
O silêncio tomou conta do ambiente. Os piados dos Pidgeys nas árvores traziam
mais angústia naqueles segundos intermináveis, Jack continuava a encarar a
senhora e ela não parecia se importar. Inari parecia preocupada e levemente
confusa enquanto Hilda e Hilbert mal respiravam com medo de provocar uma tensão
maior.
— Essa garota ainda carrega os poderes psíquicos dos Kurosawa, com
certeza – Clara disse na cabeça de Hilda. – Mas acredito que nem ela
saiba disso ou do que estamos falando.
— Inari, você conhece algo sobre a Light Stone? – questionou.
— L-Light Stone? – a ruiva pareceu curiosa, mas sua avó não estava disposta
a prolongar a conversa, muito menos que sua neta soubesse.
— Ok, já chega – ela ordenou, com certa superioridade, coisa de se
impressionar vindo de uma senhora de estatura baixa. – Já disse que esse tipo
de assunto não nos interessa.
Yukiko tomou um pouco de ar.
— Sinto muito por não ajudar vocês – disse, com sinceridade, e logo depois,
mudou seu tom para algo mais convidativo: - Mas convido que fiquem. Temos
muitos quartos e em breve teremos um festival.
— Festival? – Hilbert questionou curioso.
— Em homenagem a Ho-Oh, o guardião dos céus, da vida e da esperança –
informou Inari, se levantando. – Dia 23 de Fevereiro, depois de amanhã. Teremos
fogos e barraquinhas com comidas típicas – sorriu. – Espero que possam ficar
para aproveitar.
— E esse ano vai ser mais especial, já que Inari será a dançarina da noite
– a mais velha olhou para a garota em pé, que ficou completamente tímida.
— Dança? – questionou Hilda.
— É para demonstrar nossa devoção – explicou Yukiko. – Inari está treinando
há meses. – Espero que possam ficar.
Jackson foi o primeiro a olhar para os amigos como um filho que pede
autorização da mãe. A viagem não estava sendo exatamente como queriam, mas acho
que não teriam problemas se ficassem um pouco para aproveitarem as maravilhas
da região de Johto. Hilda riu e acenou positivamente.
— Vai ser uma honra – sorriu o arqueólogo.
— Ah, ótimo! – Inari retribuiu o sorriso. – Podem me acompanhar? Vou
leva-los para o quarto de hóspedes.
O trio se levantou. A ruiva acenou para que eles a seguissem e foi na
frente, mas ela não esperava tropeçar no vão da porta e cair de cara no chão.
Talvez seja um bom momento para dizer que uma das características marcantes de
Inari é ser desastrada. Preocupados, os outros se aproximaram e Jack ajudou a
garota a levantar.
— Tudo bem?
— Eu esqueci que fico no mundo de Cresselia quando tô animada – riu ela,
completamente acostumada. – Não se preocupe, isso acontece com frequência.
Venham, venham – ela voltou a seguir seu caminho acompanhada dos visitantes.
Yukiko suspirou, degustando de seu chá.
Inari abriu mais uma porta de correr e exibiu o quarto de hóspedes.
— Não estranhem a falta de camas – disse ela, indo até um armário de cor
bege. – Dormimos em futons que ficam guardados nos armários. De noite, é só
tirar e estender no chão – explicou. – Inclusive, podem guardar suas coisas
aqui. Se não trouxeram pijamas, podem usar os quimonos.
— Uau – disse Hilda após a explicação. – É como se sempre estivessem
prontos para visitas.
— Gosto quando tem pessoas diferentes aqui – contou a ruiva. – Não sei
exatamente para o que vieram procurar, mas ficarei feliz se ficarem – toda
acolhedora, ela se curvou. – Por favor, fiquem à vontade – e assim, ela saiu.
Jackson mal disfarçou um suspiro bobo.
— Ela é incrível – confessou.
— Achei estranho ela não conhecer sobre as esferas – comentou Hilda. – Não
é algo que a família esqueceu com o tempo, é como se não contassem pra ela
mesmo.
— O que acham sobre ela enxergar a mesma coisa que a Hilda enxerga na Light
Stone? – questionou Hilbert, abrindo a bolsa e deixando que Vic saísse.
— Clara disse que talvez ela carregue consigo os poderes dos Kurosawa –
comentou a garota. – A grande questão é: O que faremos? A senhora Yukiko não
quer nos ajudar ou nem falar sobre assunto.
— Por enquanto, o máximo que podemos fazer é esperar e ficar atento a
possíveis informações – Jackson ajeitou sua mochila no armário. – Podíamos dar
uma volta na cidade para investigar.
— Com investigar você quer dizer conhecer todas às lojas da cidade? –
questionou Hilda.
— Interprete como quiser – ele deu de ombros, rindo.
Inari carregava uma segunda bandeja em direção a outro quarto que ficava
mais afastados do resto da casa. A pessoa que pretendia servir tinha uma dieta
mais restrita e um gosto mais refinado então a garota carregava com todo o
cuidado possível. Ao seu lado, Furret a seguia como um Pokémon fiel e dedicado,
evitando que sua dona tropeçasse em qualquer lugar e estragasse tudo.
— Chegou a ver os novos hóspedes, Cami? – questionou para sua Pokémon, um
pouco mais animada que o usual. – Eles vieram lá de Unova. Deve ser uma região
incrível, adoraria visitar um dia.
A criatura peluda grunhiu em resposta.
— Vovó pareceu não gostar muito deles – comentou. – Estavam falando sobre
aqueles objetos estranhos que a Hilda carregava num frasquinho. Fiquei curiosa
para saber o que era.
Mas antes que prosseguisse na sua conversa, ela parou na porta da sala de
seu destino, ajoelhando em frente a ela, deixando a bandeja no chão. Com a voz
mansa, ela chamou pela pessoa lá dentro:
— Vovô?
A sombra vista pelas paredes de papel mostrava uma pessoa de estrutura
raquítica que estava sentada sobre os calcanhares, esta, ao ouvir o chamado,
acenou levemente para que a mais nova entrasse. A moça se levantou novamente,
agarrou a bandeja e abriu a porta.
— Trouxe seu almoço – disse, com um sorriso.
O homem parecia um verdadeiro monge com seu robe, feição pacífica e careca.
Passava dias e dias meditando, mas estava sempre disposto a conversar.
— Meu almoço não foi a única coisa que você me trouxe – disse, como se
lesse a mente da mais nova. – Trouxe dúvidas também.
Inari assumiu a mesma pose de seu avô.
— O que é uma Light Stone? – ela perguntou sem grandes rodeios. – Um grupo
de turistas veio se hospedar aqui e eles estavam conversando com a vovó sobre
isso. Ela parecia brava.
O mais velho olhou para sua neta, franzindo a testa.
— Light Stone? Há quanto tempo não ouço sobre isso – disse ele, cercado de
mistérios.
— O senhor conhece? – ela questionou, meio esperançosa.
— Eu conheço – ele assentiu. – Mas acho que eu teria problemas com a sua
avó se te contasse.
— Sinto que ela sempre esconde as coisas de mim – confessou a ruiva. – Isso
desde que o papai e a mamãe morreram naquele acidente. Então, todos os dias são
os mesmos, como se eu não pudesse mudar.
— Sabe que ela não faz isso por mal. Ela só está te protegendo – confortou
o avô.
— Eu sei, eu sei – Inari suspirou. – Mas eu só queria, pelo menos uma vez,
seguir minha própria voz interior sem medo.
— E o que essa voz interior diz?
— Viva seus sonhos.
— Saberá o momento certo de ouvir ela – confortou o mais velho. – E quando
esse dia chegar, você vai saber e nenhum medo vai te prender. Você só precisa
ter paciência.
— Só sei que ela falou um pouco mais alta quando aqueles três visitantes
chegaram lá de Unova – disse, sorrindo com a sensação de conforto. – Acha que
eles podem significar algo?
— Todos somos ligados pelo akai ito. O fio pode ser longo e cheio de
nós, mas ele nunca se quebra. Talvez no final do seu fio, você encontre uma
grande surpresa.
— Você acha que meus pais ficariam contentes com as minhas decisões?
Perder os pais com apenas dez anos ainda deixava uma sensação estranha em
Inari. Era como se eles realmente nunca tivessem partido, mas permanecido por
perto, assistindo-a crescer. Eles não podiam falar com ela e ela não tinha como
pedir conselhos. Como saber que estava tomando as decisões certas? Devia ser
por isso que a garota se focava em manter uma rotina única. Mas até quando?
— E o que isso importa? – questionou o mais velho. – Você vive para agradar
quem? Sua avó? Eu? Os seus pais? Inari, você tem vinte anos. Não se trata da
gente, se trata de você.
— Meu maior medo é sair e no primeiro degrau, tropeçar. Seria muito
provável – ela riu, acariciando Cami.
— Se cair, levante. Mas se estiver acompanhada das pessoas certas, são elas
que vão te levantar.
— Obrigada, vovô – sorriu, delicada. – Mas agora coma seu almoço antes que
esfrie.
Eram quase seis da tarde quando Hilda, Hilbert e Jackson alcançaram o
Templo Kurosawa depois de um longo dia de turismo em Ecruteak. Estavam cansados
e famintos, e é claro, lotado das coisas. Inari, que estava varrendo a varanda
da porta da frente notou a chegada de seus hóspedes e sorriu ao vê-los animados,
ainda que pareciam estar discutindo.
— VOCÊ TORROU MEU DINHEIRO COM MÁQUINA DE VENDA, HILBERT?! – questionou a
garota de boné rosa.
— HILDA, TINHA SORVETE! – o garoto retrucou, em êxtase.
— É que em Unova não existe sorvete, né? – ironizou.
— NÃO NESSE TIPO DE MÁQUINA – ele riu.
A moradora sorriu e cumprimentou-os com uma leve curvada típica.
— Vejo que aproveitaram o melhor de Johto essa tarde – sorriu ela.
— Ah, é tudo incrível – Hilda retribuiu o sorriso, mudando o humor. –
Fiquei apaixonada pela lojinha de lembranças. Comprei algumas para minha
família e uma pelúcia de um Teddiursa para o meu primo – riu, mostrando suas
sacolas.
— São minhas favoritas também – riu Inari e logo se virou para Jackson. –
Você parece ter se divertido mais. Olha esse tanto de sacolas.
— A-ah – o arqueólogo riu, tímido. – Comprei algumas action figures.
— A maioria ele nem conhece – brincou a morena.
— Mas é uma boa oportunidade de conhecer o anime com um item na coleção. É
tipo um incentivo – riu Jack. – E também, estavam baratas.
— Posso ver algumas? Sempre via nas vitrines das lojas, mas nunca assisti
nada além de Sailor Lunatone – contou a ruiva.
Jackson, mais do que depressa, abriu as sacolas para que a moça pudesse ver
melhor.
— Uau, são tantas – ela riu, pegando uma das caixas. – Oh! – ela fez uma
expressão de surpresa e seu rosto assumiu um rubor intenso.
— O quê? – o arqueólogo estranhou a reação e pôs-se ao lado dela para
descobrir, sentiu sua pele esquentar quando viu que Inari pegara uma figure de
uma personagem vestida de coelha com seus exuberantes seios de fora. – A-Ah!
E-Eu... posso explicar.
Yukiko apareceu com sua bengala e percebeu a cena. Olhou para o objeto
erótico nas mãos de sua neta a acertou um golpe em Jackson, em reprovação.
— HENTAI! – gritou ela.
— AI! – Jack exclamou de dor.
— Venha, Inari, é melhor você ficar longe desse... esquisito – ela segurou
um dos braços da neta, puxando-a para dentro.
— N-não se esqueçam de apareceram para o jantar. Hoje teremos Nabemono. Vão
adorar – convidou a mais nova, logo depois, seguindo a mais velha.
Jackson segurava sua figure cabisbaixo e derrotado.
— Boa, Romeu, queimou seu filme com a família – debochou Hilda.
— Obrigado pelo apoio, Hilda – ironizou o mais velho, encarando-a enquanto
a mesma ria.
Nabemono era um prático clássico no inverno Johtoniano. Sua junção de palavras significava literalmente coisas na panela, já que não exigia um preparo tão complexo. Legumes, cogumelo, raízes e carnes eram colocados em uma panela de barro quente junto a um molho e esta, ainda quente, era posta sobre a mesa para degustação. Apesar de simples, o Nabemono se destaca pelo seu fator social, já que o intuito dele é juntar as pessoas na mesa para que compartilhem da comida.
O trio de Unova se aproximou da sala de jantar quando o cheiro praticamente
dominou a casa. Inari e Yukiko aguardavam os convidados que logo se sentaram.
Hilbert foi o primeiro a lamber os beiços, esfomeado, estendeu uma das mãos
para pegar, mas levou uma bengalada da mais velha.
— Ai, ai, vovó – choramingou o menino, acariciando sua mão.
— Agradeça a refeição antes, seu afobado – respondeu, logo em seguida,
juntou as mãos e fechou os olhos.
Inari repetiu o movimento, e os outros, em respeito, fizeram o mesmo. As
duas moradoras da casa disseram “itadakimasu” em coro, que significava
“eu recebo humildemente”. Logo em seguida, buscaram seus ohashi em cima da mesa
e começaram a comer. O trio sem entreolhou, confuso, não fazendo a menor ideia
de como usar um ohashi.
— Estão sem fome? – questionou a ruiva.
— N-Não é isso – riu Jackson, sem graça. – É que não sabemos usar esses
talheres.
— Oh – riu ela, meiga. De joelhos, ele se aproximou do arqueólogo e tomou
as mãos para posicionar corretamente os palitos de madeira. – Agora você faz
esse movimento.
Inari olhou para Jack, sorrindo. Ainda estava surpresa, já que não tinha
notado como as mãos do outro eram grandes e fortes, isso a deixou um pouco
tímida.
— ... Entendeu? – ela disse, quase sem voz.
— E-Entendi – o outro parecia levemente tímido também.
Hilda riu quando sentiu alguém cutucar seu ombro. Ela se virou e deu de
cara com um Hilbert de expressão bizarra com os dois palitos, um enfiado em
cada buraco de seu nariz.
— Olha, Hilda, sou um Walrein – disse ele, orgulhoso do seu ato.
A garota do seu lado não conseguiu conter a raiva e depositou um tapa nele.
— PORQUE VOCÊ AGE COMO UM SELVAGEM, HEIN?!
— Eu só tava tentando te fazer rir – choramingou o menino, no chão.
O resto dos presentes riram. Até mesmo Yukiko soltou uma leve risada, ela
olhou para a neta e notou a expressão animada da garota enquanto Jackson lhe
contava sobre algumas das histórias que Hilda e Hilbert tinham passado.
Inari ria e a sua voz interior gritava cada vez mais.
Notas da Autora (Capítulo 28)
Basicamente, minha filha favorita rs
Johto sempre foi uma das minhas regiões favoritas, então, escrever nela tá sendo uma maravilha rs Eu sempre fui fã da cultura japonesa, então tentei ao máximo trazer esse meus pequenos conhecimentos para uma atmosfera maneira <3
Esse finzinho de temporada vai explicar algumas coisinhas para que finalmente os protagonistas estejam informados e prontos para embarcar em uma aventura para juntar os fragmentos e para conseguirem lidar com ele.
Mas, mais do que isso, eu criei um grupo na qual eu me orgulho de ter criado, são personagens que se completam e que terão um longa aventura pela frente :3 Espero que assim como Nabemono, NPU una esses personagens <3
Agradecimentos ao Leucro por ser tão flexível com a sua região!
StarChan
Capítulo 27
Adorava
observar o jardim de inverno lotado de plantas pela manhã. Era um espetáculo de
natureza numa cidade tão “morta”. Muitos Pokémon insetos desfrutavam daquele
espaço, livres para irem e virem. Algumas Caterpies se sentiam confortáveis
para se tornarem duros Metapods por ali, ansiosos para logo alcançarem os céus
como Butterfrees, Sewaddles devoravam folhas, Burmys dormiam pendurados e até
um solitário Dwebble completavam toda aquela obra de arte.
Burgh
sorriu e soprou seu café, para assim, tomar um gole. Despertou de seus
pensamentos quando a porta de seu quarto abriu e de lá, Chansol, usando um
roupão, saiu enquanto secava o cabelo.
—
Bom dia – disse o diretor do museu ao ver o líder. – Deixou café pra mim?
—
Bom dia, querido – respondeu. – Deixei uma xícara esfriando pra você.
O
marido riu, agarrou a xícara e se aproximou da mesa de jantar onde o líder do
tipo inseto estava sentado, e se pôs na cadeira ao seu lado. Depositou um beijo
tímido em seus lábios e começou a observar o jardim de inverno.
—
Aquilo é um Caterpie novo? – questionou, apontando.
— É
sim, mais um que vai fazer desse cantinho, sua morada.
—
Não te parece irônico? – começou Chansol. – Numa cidade como Castelia, esses
Pokémon procuram nossa casa como abrigo. Enquanto nós usamos a mesma cidade
como abrigo de outros lugares. Ao mesmo tempo que ser ignorado é uma coisa boa
por aqui, é também ruim.
— O
que quer dizer?
—
Pensa bem. Viemos para Castelia porque sabemos que aqui, as pessoas são tão
focadas em suas próprias vidas que ignoraram se somos um casal ou não, já que
para eles, tanto faz – detalhou o Park. – Enquanto isso, na mesma linha de
ignorância, temos seres que ignoram a existência de outros a ponto de criarem
espaços que só servem para uma espécie.
—
Deixa eu ver se eu entendi – disse Burgh. Seu cérebro estava ainda raciocinando
o começo de um novo dia para entender a filosofia do marido. – Odiamos a
ignorância das pessoas, mas adoramos ela ao mesmo tempo, pois só assim podemos
ter uma relação em paz?
—
Basicamente sim – riu o outro. – Não é irônico?
— É
uma linha de raciocínio complexa. Tão complexa quanto a determinação daquele
garoto de ontem.
— Eu
gostei daquele jovem – confessou. – Ele me passou o mesmo ar que você quando
começamos a namorar. Você odiava me ver triste por causa do preconceito da
minha família, então teve um dia que você chutou o balde e enfrentou todos –
Chansol olhou para o outro, completamente apaixonado. – Você é incrível, Burgh,
só te falta um pouco mais de poesia para a vida. A mesma inspiração que teve quando
falou de sua paixão por Insetos.
— Eu
só... – Burgh bebeu o último gole do seu café. – Eu só acho que não consigo
enxergar coisas como antes.
—
Procure o artista dorminhoco dentro de você e o acorde. Estamos precisando.
Na
casa dos Foley, a agitação começou logo pela manhã. Hilbert estava sentado no
chão da sala, analisando cada um dos seus Pokémon fora de suas Pokéball.
Brianna ajeitava a folha em sua cauda, Wooby mantinha o foco no treinador,
Mirsthy comia uma pequena Oran Berry e Mushi, o novo Venipede, permanecia
silencioso e tímido.
— É
só levar o Wooby – sugeriu Hilda, por fim. – Burgh usa Pokémon do tipo Inseto,
e o Wooby tem golpes aéreos.
— Eu
não arriscaria todas as chances só nele – disse Jackson. – O Burgh tem em seu
time um Pokémon conhecido como Dwebble. Ele é do tipo Pedra e pode causar bons
danos contra um tipo Voador.
—
Sem contar que o Wooby e a Mirsthy já batalharam recentemente – completou
Hilbert. – Eu queria levar a Brianna. Sinto que ela pode ser uma boa aliada.
—
Leve a Brianna, o Wooby por prevenção e talvez seja melhor outro Pokémon com
vantagem também.
— E
o Mushi? – questionou Hilda.
—
Ainda é muito cedo pra entrar com ele em campo, não temos tanta afinidade – o
treinador acariciou a dura carapaça do inseto e sorriu. – Desculpe, carinha,
fica pra próxima – disse para o Pokémon, todo atento. – Eu deveria ter um
Pokémon do tipo Fogo. Me ajudaria tanto.
— Já
vou avisando que não entro em batalha – respondeu Vic logo de cara. – Mas
tem outros Pokémon de fogo nesse ambiente.
— Já
aviso que o Winston não pode entrar em batalha ou eu vou ter que voltar pra
delegacia – riu Jack, com pesar.
Hilbert
então virou-se para Hilda e correu de joelhos até seus pés.
—
HILDA, EMPRESTA O KOIN!
— O
quê? – a garota recuou um pouco, assustada. – O Koin não batalha, a única
função dele é ser mimado por mim!
—
Vamos Hilda, ele vai ficar bem! – implorou o amigo. – É só uma batalha,
precisamos garantir a vitória.
Hilda
suspirou e entregou a Pokéball de Koin à Hilbert.
—
Cuide bem dele...
—
Você é um anjo! – Hilbert pegou o objeto e o olhou admirado.
—
Acho que com essa questão resolvida, deveríamos ir ou ficaremos atrasados –
informou Jackson, se levantando. O trio preparava suas bolsas para tomarem o
caminho até o ginásio quando a porta principal abriu e Havana adentrou o
apartamento.
—
Cheguei – anunciou e olhou surpresa para o trio. – Oh, já estão de pé?
—
Estamos de saída, mãe – explicou a menina. – Vamos até o ginásio do Burgh.
—
Sair? Ah, não, não – a loira se aproximou. – Você tem um compromisso comigo
agora. Temos que ir na joalheria para ver as joias para seu aniversário e
provar seu vestido, temos um “sketch” pronto já.
—
M-mas mãe...
Havana
foi até a cozinha e cumprimentou Maisy.
—
Vem com a gente, irmã? – questionou a mais velha.
—
Vou ter que deixar pra outro dia, Havana – riu a mais nova, lavando a louça. –
Oliver pegou um leve resfriado e está de cama.
— Putz
– murmurou Vic, já sabendo o motivo.
—
Oh, que pena – lamentou a dançarina. – Será um dia de mãe e filha, não é, minha
querida? – sorriu a mulher com um sorriso tão sincero e convincente que Hilda
teve pena de dizer não.
—
P-Pois é – respondeu ela, sem graça. Ela se virou para o treinador: - Bem, vou
perder essa batalha – riu a garota. – Mas boa sorte, Hilbert. Cuida bem do
Koin.
—
Deixa comigo – sorriu o outro.
Hilbert
e Jackson adentraram o museu e o atravessaram com certa pressa. Naquela hora da
manhã, não havia tantos visitantes, a maioria eram apenas funcionários limpando
os quadros, esculturas e os corredores. O treinador se questionou se o palhaço
mímico de ontem estava por lá, mas não tinha tempo para conferir. Após
caminharem um pouco, finalmente adentraram no verdadeiro ginásio de Burgh, e lá
estava ele, parado, aguardando seu desafiante. Chansol, por sua vez, estava à
direita, posicionado com um pequeno apito no pescoço, indicando que ele faria o
papel do juiz.
Ansioso,
o menino trocou apenas alguns olhares com o líder, que parecia bem confiante.
Jack bateu de leve no ombro do amigo desejando-lhe um ‘boa sorte’ breve e indo
para o lado do diretor do museu.
—
Achei que iria desistir – brincou Burgh.
— Eu
não desisto dos meus objetivos – o treinador sacou uma Pokéball.
—
Será uma batalha 2x2. Ambos só poderão usar 2 Pokémon cada, o primeiro que
perder ambos, recebe uma derrota – explicou Chansol. – O desafiante tem
vantagem do primeiro ataque. Sem limite de tempo. Comecem!
Com
classe, o líder do ginásio arremessou sua esfera e assim, libertou seu primeiro
Pokémon para o embate. O pequeno inseto parecia bem tímido em sua carapaça de
pedra de formato circular. Mas fora toda a casa que carregava nas costas, a
criatura era um exímio inseto alaranjada com diversas patas e olhos curiosos. A
Pokédex, por fim, informou que aquela criatura era Dwebble, um Pokémon do tipo Bug/Rock-type,
como previsto por Jackson.
— Brianna,
eu escolho você! – anunciou o menino, liberando a pequena Snivy que parecia
ansiosa por mais uma batalha.
—
Uma escolha esperta. Vamos ver do que é capaz.
—
Vai se surpreender – Hilbert estendeu o braço para frente. – Bree, use Vine
Whip!
A
inicial de grama liberou as vinhas e começou a ricochetear o inimigo à sua
frente, mantendo certa distância já que não sabia como ele revidaria. Burgh
refletiu, o golpe ordenado não surtia grande efeito, então tinha tempo de se
planejar.
A
Snivy recuou seu golpe para se recuperar, então, o líder ordenou:
—
Vamos começar com Rock Polish.
Dwebble
se desfez de sua carapaça e começou a polir suas patas dianteiras, assumindo
novamente a pose de batalha. Desconfiado, porém, sem muito pensar, o treinador
ordenou um Tackle para sua companheira, que logo bateu em disparada em
direção à criatura laranja.
Mas
o que talvez Hilbert não soubesse é que o ataque utilizado pelo adversário
aumentasse a velocidade, e por consequência, o tempo de reação do pequeno
inseto, que ordenado pelo seu mestre, se esquivou, correndo para trás de sua
pedra.
A
Snivy encarou-o, um pouco irritada.
—
Use Smack Down!
Apesar
do tamanho, o Dwebble tinha uma grande força, agarrou sua pequena “casa” e
arremessou com impacto contra a pobre criatura de grama que voou para longe.
Era de se impressionar como aquela espécie carregava algo tão pesado em suas
costas.
Preocupado,
Hilbert procurou a Pokéball de Brianna no bolso para fazê-la recuar, mas a
Snivy soltou um grunhido de protesto, voltando para seu lugar no campo e
encarando aquele maldito ser. Estava determinada a não perder mais nenhuma
batalha sequer.
Naturalmente,
começou a rodar seu corpo e milhares de folhar começaram a surgir em volta,
formando um pequeno redemoinho.
— Leaf
Tornado – averiguou Jackson.
— Um
golpe novo? – sorriu o treinador da criatura. – Ok, Brianna, manda pra ele!
Saltando,
Bree lançou seu golpe que crescia conforme girava em direção ao pobre inseto,
esse tentou fugir, mas logo foi tomado pela fúria do golpe, rodopiou e caiu com
impacto no chão, fragilizado.
—
Foi uma reação divina – admitiu Burgh. – Mas essa batalha tá só começando. Sand
Attack.
Um
golpe já conhecido por Hilbert não lhe trazia grande apreensão, mas sabia que
aquele golpe, que foi usado para dificultar a visão dos participantes daquele
embate, poderia virar completamente o jogo.
—
Vamos usar Leaf Tornado novamente – ordenou o garoto.
O
golpe foi utilizado na mais pura sorte já que não se enxergava muito bem a
posição exata do Dwebble, e Burgh parecia satisfeito com isso, já que poderia
preparar o seu ataque surpresa de novo.
— Smack
Down!
Com
a velocidade aumentada graças ao poder do Rock Polish, o pequeno inseto
laranja pode surgir da direita da serpente de grama e atingi-la em cheio,
jogando-a contra o solo, o que a fez soltar um grunhido surdo.
Vic
espiou de dentro a bolsa do treinador para ver o que ocorria, viu Brianna caída
no campo e se encheu de preocupação.
— Ei,
Bree, não desiste não – disse, baixinho, onde só a inicial de grama poderia
ouvir. – Tenta prestar atenção nos passos dele. Esse desgraçado tem várias
patas, barulho é o que não falta.
A
Snivy se levantou e analisou o ambiente, o Dwebble tinha desaparecido novamente
graças ao efeito do golpe de areia. Hilbert não ordenou nada além de silêncio e
atenção para seu Pokémon. Burgh teve um pouco de receio, mas estava confiante.
— Smack
Down!
Brianna
pode ouvir o barulho nervoso das patinhas do inseto correndo na esquerda,
quando ele saltou e finalmente apareceu para arremessar sua pedra contra a
adversária, a inicial de planta usou um Vine Whip para agarrar o golpe e
impedir que o objeto a acertasse. O pequeno Pokémon laranja encarou aquilo com
um gelo na alma.
Vingativa,
usou seus chicotes para destruir a pobre casa do adversário.
—
Finalize com Tackle!
A
serpente mais do que depressa investiu contra o corpo do inimigo e o arremessou
para longe, sem tempo de reação e desprotegido, Burgh só viu o resultado
daquele round quando a areia cessou e o seu primeiro Pokémon estava caído,
desacordado.
Com
um sorriso de derrota, o líder retornou seu Pokémon e o ato foi repetido pelo
treinador, que agradeceu o bom trabalho de Brianna.
—
Você lidou bem com meu Dwebble, mas o meu próximo Pokémon vai te dar um pouco
de dor de cabeça – sacando uma segundo Pokéball, Burgh colocou seu segundo
Pokémon em campo.
A
expressão gentil e serena da criatura verde e amarela só mostrava o quanto ela
estava acostumada com batalhas. Um alto inseto bípede se apresentou, com olhos
vermelhos, folhas cobrindo o corpo como roupa, pernas finas e braços que
pareciam lâminas, esse era Leavanny, o Pokémon destaque do líder de Castelia.
Hilbert
sabia que aquele seria um desafio maior, mas ele também tinha um truque na
manga.
—
Conto com você, Koin!
O
Tepig de Hilda foi liberado e ele olhou confuso para o ambiente. Onde estava os
petiscos? Os cafunés de Hilda? O que estava acontecendo?
—
K-Koin, desculpa ser um pouco repentino. Mas a Hilda te emprestou para mim e eu
preciso da sua ajuda – explicou o treinador. – A Hilda precisa da nossa ajuda.
Vai me ajudar?
O
pequeno porco analisou os movimentos ansiosos do garoto e reconheceu o nome de
sua tão amável mestra, então sabia que estava em boas mãos e tinha uma missão a
cumprir. Se posicionou com as quatro patas abertas e fez uma expressão
confiante.
—
Comecem – anunciou Chansol.
—
Koin, ataque com Ember!
Apostando
em golpes efetivos, o inicial de fogo lançou poderosas brasas em direção do
inseto, mas Burgh parecia pronto para os espertinhos de plantão que achavam que
ganhariam facilmente.
—
Use Protect.
O
Leavanny uniu os braços em um X contra o peito e criou uma bolha em volta do
seu corpo, que bloqueou completamente as chamas do adversário. Refletindo,
Hilbert sentiu que teria que abaixar a defesa primeiro, então ordenou um Tail
Whip. O porco se aproximou do adversário, a bolinha na ponta do seu rabinho
torcido emitiu um brilho avermelhado fraco e ele começou a balançar de um lado
para o outro, distraindo o inseto gigante.
— Tackle
agora! – ordenou o treinador de Tepig, logo em seguida.
—
Contra-ataque com Cut! – comandou Burgh.
O suíno
foi o primeiro a disparar, ele era meio lento apesar de não ser muito grande,
mas estava ganhando boa velocidade para impactar o adversário, que por sua vez,
logo se livrou do efeito do golpe anterior e partiu para cima.
O
movimento do Leavanny foi tão rápido e preciso que quase ninguém viu exatamente
o que aconteceu, o que deixou até mesmo o Tepig confuso. Ele só percebeu que
tinha sido atingido quando uma dor súbita em seu corpo o fez ceder um pouco.
Rápido como uma lâmina, os braços do Pokémon de Burgh chegaram a brilhar de tão
afiados.
—
Você não é o primeiro e nem o último a trazer um Tepig para batalhar contra meu
Leavanny, Hilbert – disse o líder, um pouco debochado. – Não ache que simples
brasas e golpes baratos vão me derrubar.
—
Está bem confiante pra quem está perdendo, Burgh – retrucou Hilbert. – Eu vou
conseguir o brinco de você. Está comigo, Koin?
O
pequeno inicial se levantou e grunhiu animado, pronto para mais uma rodada.
—
Ataque com Ember!
—
Use Cut para cessar as chamas e ataque! – ordenou o líder.
O
porco obedeceu ao seu comando e não economizou em disparar dezenas de brasas
enquanto o Leavanny quebrava uma por uma até o momento em que voltou a fazer um
novo golpe transversal e derrubar o Tepig novamente.
Aquela
disputa não parecia ter fim, ainda que Koin estivesse sofrendo mais e mais danos
graças ao simples golpe do Cut, ele parecia determinado em continuar,
lançando cada vez mais do seu Ember que algumas vezes conseguia atingir
o corpo magro do Leavanny. Foi na quinta recaída que Hilbert, desesperado,
pegou a Pokéball do pequeno mamífero para trazê-lo de volta. Talvez Brianna
pudesse dar conta daquele inseto.
Mas
o grunhido de negação do Tepig o impediu. O inicial de fogo se levantou mais
uma vez, iria até o fim de sua missão para ajudar Hilda e seus amigos.
Ofegante, ele soltou um grunhido mais alto, como um grito de guerra e logo em
seguida, o que ninguém esperava era que um brilho acometeria o corpo de Koin.
Aquele
brilho era de evolução. De quadrupede para bípede, o corpo de Koin se assumiu
oval, suas pernas eram curtas e seus braços, fortes, o padrão de cores se
mantinha, com detalhes novos, como a substituição da esfera vermelha em sua
cauda para um emaranhado de pelos desajustados. Uma expressão de confiança e
duas presas inferiores amostras completavam o que era aquela criatura: Um
legítimo Pignite.
—
MEU ARCEUS, O PORCO EVOLUIU! – exclamou Hilbert, eufórico. Mas logo sua
felicidade passou quando ele se lembrou de Hilda, então sua expressão mudou
para desespero e medo: - Meu Arceus, o porco evoluiu...
Mas
Koin não parecia se importar com a aflição do garoto. Seu corpo logo se
encobriu de chamas mais poderosas num ataque conhecido como Flame Charge
e partiu em direção do Leavanny, que parecia interessado em ter um oponente a
altura, literalmente.
O
porco atacou, mas o inseto revidou com um Protect, que não pareceu ter a
mesma força de proteção como antes, o desespero tomou conta até mesmo de Burgh
quando aquela bolha trincou, prestes a explodir.
—
Fuja daí, Leavanny! – gritou o líder do ginásio.
Velocidade
ainda era o ponto forte daquele Pokémon, com agilidade e precisão ele cessou
seu golpe e começou a fugir daquela criatura enfurecida. Foi quando Burgh logo
em seguida ordenou que o Pignite fosse interrompido com um golpe conhecido como
Sting Shot.
Da
boca do inseto, um fio de seda foi arremessado como uma corda e acertou a perna
esquerda do adversário e o derrubou de cara.
—
Koin! – exclamou Hilbert. – Consegue se levantar? Usa aquele golpe de novo!
— Struggle
Bug! – ordenou Burgh.
Uma
aura vermelha cobriu o corpo de Leavanny e a mesma atacou diversas vezes o
Pignite que lutava pra se libertar. Era incrível como mesmo com a evolução
recente, o Pokémon do líder continuava a dar trabalho. Burgh estava se sentindo
tão vivo que poderia fazer um quadro sobre aquela batalha.
—
Meu Arceus, garoto, acho que nem ligo para quem vai ganhar – comentou,
eufórico. – Eu com certeza vou querer registrar esse momento naquela parede – e
ele apontou para a tela em branco que tinha comentado no dia anterior.
Hilbert
olhou em direção ao que estava sendo apontado e seus olhos passearam para cada
figura desenhada naquela parede até a figura de um Combee, Pokémon original da
região de Sinnoh, lhe chamar a atenção, e por algum motivo, sua memória o levou
para a conversa que tivera com o palhaço mímico no dia anterior. “Parede”,
“Mel”, “Combee”, essas eram as palavras ditas pelo artista. Com um sorriso de
canto de boca, o garoto disse:
— É
hora do Detetive Hilbert entrar em ação – e se virou para seu Pokémon. – Koin,
use toda sua força para acertar uma investida naquela parede!
Todos
os outros presentes olharam atônitos para o comando do treinador, mas o Pignite
estava disposto a obedecer a tudo e como um touro enfurecido, usou uma
investida pesada contra a parede, que apesar da aparência robusta, não passava
de uma drywall, paredes de gesso finas que podiam ser facilmente
derrubadas para mudanças futuras em um ambiente, e é claro, graças a sua
facilidade em derrubá-las, não demorou para que viesse tudo abaixo. Mas o que
mais surpreendeu foi que se revelou logo atrás.
Potes
e mais potes de mel estavam empilhados como se estivessem armazenados por anos ali.
—
Mas o que é isso? – questionou Burgh, intrigado.
—
Bem, esse prédio foi uma fábrica de mel no passado – comentou Chansol. – Mas eu
nem podia imaginar que havia mel estocado ainda. Isso explica o cheiro de mel
que se alastra pelo museu as vezes.
—
Como sabia disso, Hilbert? – questionou Jackson.
— Um
palhaço mímico me contou ontem sobre uma parede com um Combee e mel – respondeu
o treinador, ainda meio surpreso. – Mas não sabia que era real...
— E
achou que seria uma boa ideia testar justamente na parede que eu estava
pintando? – questionou Burgh, irônico.
—
Foi mal...
Uma
quinta pessoa adentrou para interromper pela segunda vez aquela batalha. A
roupa social o deixava diferente, mas aquele rosto era reconhecível por
Hilbert.
— O
palhaço! – apontou ele. – É você!
—
Desculpe interromper vocês – começou ele, sem graça. – Mas eu devo explicações.
—
Quem é você? – questionou Chansol.
— Eu
fui o último diretor da fábrica de mel que era instalada nesse museu – disse.
O
homem começou a explicar sobre a falência de sua fábrica com termos que o
treinador não entendia e nem queria, até que ele chegou a explicar que guardava
um estoque de mel escondido para alguma emergência, mas o próprio tinha
esquecido dele quando a mudança foi feita.
— E
porque não veio falar comigo? – questionou Chansol.
—
Porque eu sou extremamente tímido – o empresário coçou a garganta. – Tá sendo
um sacrifício falar com vocês agora – ele riu sem graça. – Aí me disfarcei de
palhaço e esse jovem treinador foi o único a me dar atenção.
—
Foi bem trabalhoso desvendar esse mistério – Hilbert se gabou. – Mas eu
consegui.
— Eu
irei tirar todo esse mel se me permitirem.
— Claro
– respondeu Burgh. – Mas só precisamos terminar essa batalha.
—
Putz, tinha quase me esquecido – riu o treinador. – Koin, volta aqui, vamos
voltar e-
Aquele
estoque de potes de mel tinha deixado Koin completamente maravilhado e faminto,
seus olhos brilhavam. Sem muita noção de física, o Pignite puxou um dos potes
de mel e o abriu para comer, mas aquilo acabou por derrubar uma fileira de pelo
menos vinte potes, que se partiram e mancharam o campo de batalha.
—
Koin! – exclamou o garoto.
Leavanny,
que até o momento observava tudo, começou a se sentir enjoado com o cheiro
exagerado daquele doce, tentou cobrir as narinas para evitar o pior, mas logo
caiu nocauteado no chão.
—
Leavanny! – gritou o líder, preocupado.
Chansol,
que estava completamente confuso, anunciou.
— O
Leavanny de Burgh está... fora de combate? O vencedor é o desafiante Hilbert!
O
treinador olhou surpreso para o líder e para o juiz, ainda incrédulo, fora a
vitória mais diferente de toda a sua curta carreira.
—
Pelo menos foi uma doce vitória – comentou o garoto.
Já
fora daquele ambiente que estava sendo devidamente limpado e os potes de mel
que tinha sobrado sendo levados embora, Burgh, Chansol, Jackson e Hilbert
conversando na sala do diretor do museu.
—
Primeiramente, parabéns pela vitória, Hilbert – começou o líder. – Você merece
isso – ele estendeu a mão aberta onde além do fragmento da Light Stone, estava
também uma pequena insígnia com detalhes em dourado que remetia a uma folha. –
Acho que essa foi a Insect Badge que eu mais tive orgulho de entregar.
Você despertou uma inspiração em mim que há muito tempo não tinha. Esbanjou
criatividade e nem se importou muito com tipagem – sorriu. – Estou ansioso para
fazer quadros e mais quadros sobre nossa batalha e expor por todos os cantos.
—
Muito obrigado, senhor Burgh – orgulhoso de si e do seu time, o menino pegou os
objetos, guardando cada um em seu devido lugar. – Desculpe pela parede.
—
Não se preocupe, existem muitas paredes brancas por aí precisando de cores –
sorriu o líder. – Mas agora, acho que vocês querem ouvir informações sobre a
Light Stone.
Jackson
assumiu a conversa:
— Na
verdade, minha tia, Lenora, nos disse que você poderia nos informar sobre
Junsei Kurosawa. Ele parece ter sido alguém completamente ligado às duas
esferas.
E
Chansol entrou na conversa também.
—
Nesse caso, sou eu que devo explicações – sorriu o diretor, por fim. – É uma
longa história, então peço que sentem e prestem atenção.
A
conversa durou um pouco mais de duas horas, e já passara pouco mais da hora do
almoço quando Jack e Hibert tomaram o caminho de casa para contar tudo à Hilda,
que provavelmente deveria estar nos nervos.
A
dupla adentrou o apartamento da família Foley e se dirigiu até a sala, lá, se
encontraram com uma Hilda sentada no sofá com a mãe, Havana e ambas usavam uma
máscara de aparência cremosa no rosto. A menina se levantou aos ver os amigos:
—
Ah, finalmente chegaram! – disse ela, se aproximando. – C-Conseguiram?
Os
dois se entreolharam e Hilbert mostrou suas conquistas para amiga. Ela não
conteve a empolgação e abraçou os dois.
—
Vocês são incríveis! – sorriu, animada. – Como o Koin foi?
—
Ele foi o destaque da batalha! – empolgou o treinador. – Ele levou a Leavanny
do Burgh sozinho e-
Quando o garoto buscou a Pokéball do bolso, lembrou-se
do infeliz fato da evolução de Koin, engoliu seco e entregou para a amiga.
— Erm, Hilda, eu preciso te contar algo.
Mas a garota ignorou, abraçando a esfera com orgulho.
— Ah, meu Arceus, você é meu orgulho! – sorriu,
pressionando o botão para liberar a criatura. – Vou te encher de beijos e
abraços – abrindo os braços pronta para receber um pequeno Tepig em seus
braços, ela com certeza não estava fisicamente preparada para um peso de um
Pignite que caiu como três sacos de arroz em cima da garota, derrubando-a.
— Então, Hilda – Hilbert começou. – Sobre o Koin...
Ele... meio que evoluiu...
Hilda encarou o menino, séria.
— Hilbert, cadê o meu porco?
— O-O Koin agora é um Pignite – ele respondeu, meio
recuando.
— CADÊ O MEU PORCO, HILBERT?! – a primeira reação dela
foi agarrar as orelhas do amigo, claramente possessa e irritada com a
maravilhosa surpresa do menor.
— FOI MAL, HILDA! AI! AI!
— Filha, a ideia de usar uma máscara relaxante era
justamente para te manter calma – ironizou Havana, fechando uma revista.
— Além do mais, nós conseguimos informações – disse
Jackson, calmo, mas que chamou a atenção de Hilda.
— Sobre a Light Stone? – ela questionou, curiosa.
— Chansol nos explicou tudo – respondeu o arqueólogo.
– E tem um lugar onde podemos conseguir mais respostas.
— E qual é?
Jack olhou para os dois mais novos, Hilbert assentiu
com a cabeça, confiante. Logo depois, o mais velho do trio olhou para a menina:
— Nós vamos para Johto.
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