• Thursday, May 6, 2021

     


    Adorava observar o jardim de inverno lotado de plantas pela manhã. Era um espetáculo de natureza numa cidade tão “morta”. Muitos Pokémon insetos desfrutavam daquele espaço, livres para irem e virem. Algumas Caterpies se sentiam confortáveis para se tornarem duros Metapods por ali, ansiosos para logo alcançarem os céus como Butterfrees, Sewaddles devoravam folhas, Burmys dormiam pendurados e até um solitário Dwebble completavam toda aquela obra de arte.

    Burgh sorriu e soprou seu café, para assim, tomar um gole. Despertou de seus pensamentos quando a porta de seu quarto abriu e de lá, Chansol, usando um roupão, saiu enquanto secava o cabelo.

    — Bom dia – disse o diretor do museu ao ver o líder. – Deixou café pra mim?

    — Bom dia, querido – respondeu. – Deixei uma xícara esfriando pra você.

    O marido riu, agarrou a xícara e se aproximou da mesa de jantar onde o líder do tipo inseto estava sentado, e se pôs na cadeira ao seu lado. Depositou um beijo tímido em seus lábios e começou a observar o jardim de inverno.

    — Aquilo é um Caterpie novo? – questionou, apontando.

    — É sim, mais um que vai fazer desse cantinho, sua morada.

    — Não te parece irônico? – começou Chansol. – Numa cidade como Castelia, esses Pokémon procuram nossa casa como abrigo. Enquanto nós usamos a mesma cidade como abrigo de outros lugares. Ao mesmo tempo que ser ignorado é uma coisa boa por aqui, é também ruim.

    — O que quer dizer?

    — Pensa bem. Viemos para Castelia porque sabemos que aqui, as pessoas são tão focadas em suas próprias vidas que ignoraram se somos um casal ou não, já que para eles, tanto faz – detalhou o Park. – Enquanto isso, na mesma linha de ignorância, temos seres que ignoram a existência de outros a ponto de criarem espaços que só servem para uma espécie.

    — Deixa eu ver se eu entendi – disse Burgh. Seu cérebro estava ainda raciocinando o começo de um novo dia para entender a filosofia do marido. – Odiamos a ignorância das pessoas, mas adoramos ela ao mesmo tempo, pois só assim podemos ter uma relação em paz?

    — Basicamente sim – riu o outro. – Não é irônico?

    — É uma linha de raciocínio complexa. Tão complexa quanto a determinação daquele garoto de ontem.

    — Eu gostei daquele jovem – confessou. – Ele me passou o mesmo ar que você quando começamos a namorar. Você odiava me ver triste por causa do preconceito da minha família, então teve um dia que você chutou o balde e enfrentou todos – Chansol olhou para o outro, completamente apaixonado. – Você é incrível, Burgh, só te falta um pouco mais de poesia para a vida. A mesma inspiração que teve quando falou de sua paixão por Insetos.

    — Eu só... – Burgh bebeu o último gole do seu café. – Eu só acho que não consigo enxergar coisas como antes.

    — Procure o artista dorminhoco dentro de você e o acorde. Estamos precisando.



    Na casa dos Foley, a agitação começou logo pela manhã. Hilbert estava sentado no chão da sala, analisando cada um dos seus Pokémon fora de suas Pokéball. Brianna ajeitava a folha em sua cauda, Wooby mantinha o foco no treinador, Mirsthy comia uma pequena Oran Berry e Mushi, o novo Venipede, permanecia silencioso e tímido.

    — É só levar o Wooby – sugeriu Hilda, por fim. – Burgh usa Pokémon do tipo Inseto, e o Wooby tem golpes aéreos.

    — Eu não arriscaria todas as chances só nele – disse Jackson. – O Burgh tem em seu time um Pokémon conhecido como Dwebble. Ele é do tipo Pedra e pode causar bons danos contra um tipo Voador.

    — Sem contar que o Wooby e a Mirsthy já batalharam recentemente – completou Hilbert. – Eu queria levar a Brianna. Sinto que ela pode ser uma boa aliada.

    — Leve a Brianna, o Wooby por prevenção e talvez seja melhor outro Pokémon com vantagem também.

    — E o Mushi? – questionou Hilda.

    — Ainda é muito cedo pra entrar com ele em campo, não temos tanta afinidade – o treinador acariciou a dura carapaça do inseto e sorriu. – Desculpe, carinha, fica pra próxima – disse para o Pokémon, todo atento. – Eu deveria ter um Pokémon do tipo Fogo. Me ajudaria tanto.

    Já vou avisando que não entro em batalha – respondeu Vic logo de cara. – Mas tem outros Pokémon de fogo nesse ambiente.

    — Já aviso que o Winston não pode entrar em batalha ou eu vou ter que voltar pra delegacia – riu Jack, com pesar.

    Hilbert então virou-se para Hilda e correu de joelhos até seus pés.

    — HILDA, EMPRESTA O KOIN!

    — O quê? – a garota recuou um pouco, assustada. – O Koin não batalha, a única função dele é ser mimado por mim!

    — Vamos Hilda, ele vai ficar bem! – implorou o amigo. – É só uma batalha, precisamos garantir a vitória.

    Hilda suspirou e entregou a Pokéball de Koin à Hilbert.

    — Cuide bem dele...

    — Você é um anjo! – Hilbert pegou o objeto e o olhou admirado.

    — Acho que com essa questão resolvida, deveríamos ir ou ficaremos atrasados – informou Jackson, se levantando. O trio preparava suas bolsas para tomarem o caminho até o ginásio quando a porta principal abriu e Havana adentrou o apartamento.

    — Cheguei – anunciou e olhou surpresa para o trio. – Oh, já estão de pé?

    — Estamos de saída, mãe – explicou a menina. – Vamos até o ginásio do Burgh.

    — Sair? Ah, não, não – a loira se aproximou. – Você tem um compromisso comigo agora. Temos que ir na joalheria para ver as joias para seu aniversário e provar seu vestido, temos um “sketch” pronto já.

    — M-mas mãe...

    Havana foi até a cozinha e cumprimentou Maisy.

    — Vem com a gente, irmã? – questionou a mais velha.

    — Vou ter que deixar pra outro dia, Havana – riu a mais nova, lavando a louça. – Oliver pegou um leve resfriado e está de cama.

    Putz – murmurou Vic, já sabendo o motivo.

    — Oh, que pena – lamentou a dançarina. – Será um dia de mãe e filha, não é, minha querida? – sorriu a mulher com um sorriso tão sincero e convincente que Hilda teve pena de dizer não.

    — P-Pois é – respondeu ela, sem graça. Ela se virou para o treinador: - Bem, vou perder essa batalha – riu a garota. – Mas boa sorte, Hilbert. Cuida bem do Koin.

    — Deixa comigo – sorriu o outro.

     

    Hilbert e Jackson adentraram o museu e o atravessaram com certa pressa. Naquela hora da manhã, não havia tantos visitantes, a maioria eram apenas funcionários limpando os quadros, esculturas e os corredores. O treinador se questionou se o palhaço mímico de ontem estava por lá, mas não tinha tempo para conferir. Após caminharem um pouco, finalmente adentraram no verdadeiro ginásio de Burgh, e lá estava ele, parado, aguardando seu desafiante. Chansol, por sua vez, estava à direita, posicionado com um pequeno apito no pescoço, indicando que ele faria o papel do juiz.

    Ansioso, o menino trocou apenas alguns olhares com o líder, que parecia bem confiante. Jack bateu de leve no ombro do amigo desejando-lhe um ‘boa sorte’ breve e indo para o lado do diretor do museu.

    — Achei que iria desistir – brincou Burgh.

    — Eu não desisto dos meus objetivos – o treinador sacou uma Pokéball.

    — Será uma batalha 2x2. Ambos só poderão usar 2 Pokémon cada, o primeiro que perder ambos, recebe uma derrota – explicou Chansol. – O desafiante tem vantagem do primeiro ataque. Sem limite de tempo. Comecem!

    Com classe, o líder do ginásio arremessou sua esfera e assim, libertou seu primeiro Pokémon para o embate. O pequeno inseto parecia bem tímido em sua carapaça de pedra de formato circular. Mas fora toda a casa que carregava nas costas, a criatura era um exímio inseto alaranjada com diversas patas e olhos curiosos. A Pokédex, por fim, informou que aquela criatura era Dwebble, um Pokémon do tipo Bug/Rock-type, como previsto por Jackson.

    — Brianna, eu escolho você! – anunciou o menino, liberando a pequena Snivy que parecia ansiosa por mais uma batalha.

    — Uma escolha esperta. Vamos ver do que é capaz.

    — Vai se surpreender – Hilbert estendeu o braço para frente. – Bree, use Vine Whip!

    A inicial de grama liberou as vinhas e começou a ricochetear o inimigo à sua frente, mantendo certa distância já que não sabia como ele revidaria. Burgh refletiu, o golpe ordenado não surtia grande efeito, então tinha tempo de se planejar.

    A Snivy recuou seu golpe para se recuperar, então, o líder ordenou:

    — Vamos começar com Rock Polish.

    Dwebble se desfez de sua carapaça e começou a polir suas patas dianteiras, assumindo novamente a pose de batalha. Desconfiado, porém, sem muito pensar, o treinador ordenou um Tackle para sua companheira, que logo bateu em disparada em direção à criatura laranja.

    Mas o que talvez Hilbert não soubesse é que o ataque utilizado pelo adversário aumentasse a velocidade, e por consequência, o tempo de reação do pequeno inseto, que ordenado pelo seu mestre, se esquivou, correndo para trás de sua pedra.

    A Snivy encarou-o, um pouco irritada.

    — Use Smack Down!

    Apesar do tamanho, o Dwebble tinha uma grande força, agarrou sua pequena “casa” e arremessou com impacto contra a pobre criatura de grama que voou para longe. Era de se impressionar como aquela espécie carregava algo tão pesado em suas costas.

    Preocupado, Hilbert procurou a Pokéball de Brianna no bolso para fazê-la recuar, mas a Snivy soltou um grunhido de protesto, voltando para seu lugar no campo e encarando aquele maldito ser. Estava determinada a não perder mais nenhuma batalha sequer.

    Naturalmente, começou a rodar seu corpo e milhares de folhar começaram a surgir em volta, formando um pequeno redemoinho.

    Leaf Tornado – averiguou Jackson.

    — Um golpe novo? – sorriu o treinador da criatura. – Ok, Brianna, manda pra ele!

    Saltando, Bree lançou seu golpe que crescia conforme girava em direção ao pobre inseto, esse tentou fugir, mas logo foi tomado pela fúria do golpe, rodopiou e caiu com impacto no chão, fragilizado.

    — Foi uma reação divina – admitiu Burgh. – Mas essa batalha tá só começando. Sand Attack.

    Um golpe já conhecido por Hilbert não lhe trazia grande apreensão, mas sabia que aquele golpe, que foi usado para dificultar a visão dos participantes daquele embate, poderia virar completamente o jogo.

    — Vamos usar Leaf Tornado novamente – ordenou o garoto.

    O golpe foi utilizado na mais pura sorte já que não se enxergava muito bem a posição exata do Dwebble, e Burgh parecia satisfeito com isso, já que poderia preparar o seu ataque surpresa de novo.

    Smack Down!

    Com a velocidade aumentada graças ao poder do Rock Polish, o pequeno inseto laranja pode surgir da direita da serpente de grama e atingi-la em cheio, jogando-a contra o solo, o que a fez soltar um grunhido surdo.

    Vic espiou de dentro a bolsa do treinador para ver o que ocorria, viu Brianna caída no campo e se encheu de preocupação.

    Ei, Bree, não desiste não – disse, baixinho, onde só a inicial de grama poderia ouvir. – Tenta prestar atenção nos passos dele. Esse desgraçado tem várias patas, barulho é o que não falta.

    A Snivy se levantou e analisou o ambiente, o Dwebble tinha desaparecido novamente graças ao efeito do golpe de areia. Hilbert não ordenou nada além de silêncio e atenção para seu Pokémon. Burgh teve um pouco de receio, mas estava confiante.

    Smack Down!

    Brianna pode ouvir o barulho nervoso das patinhas do inseto correndo na esquerda, quando ele saltou e finalmente apareceu para arremessar sua pedra contra a adversária, a inicial de planta usou um Vine Whip para agarrar o golpe e impedir que o objeto a acertasse. O pequeno Pokémon laranja encarou aquilo com um gelo na alma.

    Vingativa, usou seus chicotes para destruir a pobre casa do adversário.

    — Finalize com Tackle!

    A serpente mais do que depressa investiu contra o corpo do inimigo e o arremessou para longe, sem tempo de reação e desprotegido, Burgh só viu o resultado daquele round quando a areia cessou e o seu primeiro Pokémon estava caído, desacordado.

    Com um sorriso de derrota, o líder retornou seu Pokémon e o ato foi repetido pelo treinador, que agradeceu o bom trabalho de Brianna.

    — Você lidou bem com meu Dwebble, mas o meu próximo Pokémon vai te dar um pouco de dor de cabeça – sacando uma segundo Pokéball, Burgh colocou seu segundo Pokémon em campo.

    A expressão gentil e serena da criatura verde e amarela só mostrava o quanto ela estava acostumada com batalhas. Um alto inseto bípede se apresentou, com olhos vermelhos, folhas cobrindo o corpo como roupa, pernas finas e braços que pareciam lâminas, esse era Leavanny, o Pokémon destaque do líder de Castelia.



    Hilbert sabia que aquele seria um desafio maior, mas ele também tinha um truque na manga.

    — Conto com você, Koin!

    O Tepig de Hilda foi liberado e ele olhou confuso para o ambiente. Onde estava os petiscos? Os cafunés de Hilda? O que estava acontecendo?

    — K-Koin, desculpa ser um pouco repentino. Mas a Hilda te emprestou para mim e eu preciso da sua ajuda – explicou o treinador. – A Hilda precisa da nossa ajuda. Vai me ajudar?

    O pequeno porco analisou os movimentos ansiosos do garoto e reconheceu o nome de sua tão amável mestra, então sabia que estava em boas mãos e tinha uma missão a cumprir. Se posicionou com as quatro patas abertas e fez uma expressão confiante.

    — Comecem – anunciou Chansol.

    — Koin, ataque com Ember!

    Apostando em golpes efetivos, o inicial de fogo lançou poderosas brasas em direção do inseto, mas Burgh parecia pronto para os espertinhos de plantão que achavam que ganhariam facilmente.

    — Use Protect.

    O Leavanny uniu os braços em um X contra o peito e criou uma bolha em volta do seu corpo, que bloqueou completamente as chamas do adversário. Refletindo, Hilbert sentiu que teria que abaixar a defesa primeiro, então ordenou um Tail Whip. O porco se aproximou do adversário, a bolinha na ponta do seu rabinho torcido emitiu um brilho avermelhado fraco e ele começou a balançar de um lado para o outro, distraindo o inseto gigante.

    Tackle agora! – ordenou o treinador de Tepig, logo em seguida.

    — Contra-ataque com Cut! – comandou Burgh.

    O suíno foi o primeiro a disparar, ele era meio lento apesar de não ser muito grande, mas estava ganhando boa velocidade para impactar o adversário, que por sua vez, logo se livrou do efeito do golpe anterior e partiu para cima.

    O movimento do Leavanny foi tão rápido e preciso que quase ninguém viu exatamente o que aconteceu, o que deixou até mesmo o Tepig confuso. Ele só percebeu que tinha sido atingido quando uma dor súbita em seu corpo o fez ceder um pouco. Rápido como uma lâmina, os braços do Pokémon de Burgh chegaram a brilhar de tão afiados.

    — Você não é o primeiro e nem o último a trazer um Tepig para batalhar contra meu Leavanny, Hilbert – disse o líder, um pouco debochado. – Não ache que simples brasas e golpes baratos vão me derrubar.

    — Está bem confiante pra quem está perdendo, Burgh – retrucou Hilbert. – Eu vou conseguir o brinco de você. Está comigo, Koin?

    O pequeno inicial se levantou e grunhiu animado, pronto para mais uma rodada.

    — Ataque com Ember!

    — Use Cut para cessar as chamas e ataque! – ordenou o líder.

    O porco obedeceu ao seu comando e não economizou em disparar dezenas de brasas enquanto o Leavanny quebrava uma por uma até o momento em que voltou a fazer um novo golpe transversal e derrubar o Tepig novamente.

    Aquela disputa não parecia ter fim, ainda que Koin estivesse sofrendo mais e mais danos graças ao simples golpe do Cut, ele parecia determinado em continuar, lançando cada vez mais do seu Ember que algumas vezes conseguia atingir o corpo magro do Leavanny. Foi na quinta recaída que Hilbert, desesperado, pegou a Pokéball do pequeno mamífero para trazê-lo de volta. Talvez Brianna pudesse dar conta daquele inseto.

    Mas o grunhido de negação do Tepig o impediu. O inicial de fogo se levantou mais uma vez, iria até o fim de sua missão para ajudar Hilda e seus amigos. Ofegante, ele soltou um grunhido mais alto, como um grito de guerra e logo em seguida, o que ninguém esperava era que um brilho acometeria o corpo de Koin.

    Aquele brilho era de evolução. De quadrupede para bípede, o corpo de Koin se assumiu oval, suas pernas eram curtas e seus braços, fortes, o padrão de cores se mantinha, com detalhes novos, como a substituição da esfera vermelha em sua cauda para um emaranhado de pelos desajustados. Uma expressão de confiança e duas presas inferiores amostras completavam o que era aquela criatura: Um legítimo Pignite.


    — MEU ARCEUS, O PORCO EVOLUIU! – exclamou Hilbert, eufórico. Mas logo sua felicidade passou quando ele se lembrou de Hilda, então sua expressão mudou para desespero e medo: - Meu Arceus, o porco evoluiu...

    Mas Koin não parecia se importar com a aflição do garoto. Seu corpo logo se encobriu de chamas mais poderosas num ataque conhecido como Flame Charge e partiu em direção do Leavanny, que parecia interessado em ter um oponente a altura, literalmente.

    O porco atacou, mas o inseto revidou com um Protect, que não pareceu ter a mesma força de proteção como antes, o desespero tomou conta até mesmo de Burgh quando aquela bolha trincou, prestes a explodir.

    — Fuja daí, Leavanny! – gritou o líder do ginásio.

    Velocidade ainda era o ponto forte daquele Pokémon, com agilidade e precisão ele cessou seu golpe e começou a fugir daquela criatura enfurecida. Foi quando Burgh logo em seguida ordenou que o Pignite fosse interrompido com um golpe conhecido como Sting Shot.

    Da boca do inseto, um fio de seda foi arremessado como uma corda e acertou a perna esquerda do adversário e o derrubou de cara.

    — Koin! – exclamou Hilbert. – Consegue se levantar? Usa aquele golpe de novo!

    Struggle Bug! – ordenou Burgh.

    Uma aura vermelha cobriu o corpo de Leavanny e a mesma atacou diversas vezes o Pignite que lutava pra se libertar. Era incrível como mesmo com a evolução recente, o Pokémon do líder continuava a dar trabalho. Burgh estava se sentindo tão vivo que poderia fazer um quadro sobre aquela batalha.

    — Meu Arceus, garoto, acho que nem ligo para quem vai ganhar – comentou, eufórico. – Eu com certeza vou querer registrar esse momento naquela parede – e ele apontou para a tela em branco que tinha comentado no dia anterior.

    Hilbert olhou em direção ao que estava sendo apontado e seus olhos passearam para cada figura desenhada naquela parede até a figura de um Combee, Pokémon original da região de Sinnoh, lhe chamar a atenção, e por algum motivo, sua memória o levou para a conversa que tivera com o palhaço mímico no dia anterior. “Parede”, “Mel”, “Combee”, essas eram as palavras ditas pelo artista. Com um sorriso de canto de boca, o garoto disse:

    — É hora do Detetive Hilbert entrar em ação – e se virou para seu Pokémon. – Koin, use toda sua força para acertar uma investida naquela parede!

    Todos os outros presentes olharam atônitos para o comando do treinador, mas o Pignite estava disposto a obedecer a tudo e como um touro enfurecido, usou uma investida pesada contra a parede, que apesar da aparência robusta, não passava de uma drywall, paredes de gesso finas que podiam ser facilmente derrubadas para mudanças futuras em um ambiente, e é claro, graças a sua facilidade em derrubá-las, não demorou para que viesse tudo abaixo. Mas o que mais surpreendeu foi que se revelou logo atrás.

    Potes e mais potes de mel estavam empilhados como se estivessem armazenados por anos ali.

    — Mas o que é isso? – questionou Burgh, intrigado.

    — Bem, esse prédio foi uma fábrica de mel no passado – comentou Chansol. – Mas eu nem podia imaginar que havia mel estocado ainda. Isso explica o cheiro de mel que se alastra pelo museu as vezes.

    — Como sabia disso, Hilbert? – questionou Jackson.

    — Um palhaço mímico me contou ontem sobre uma parede com um Combee e mel – respondeu o treinador, ainda meio surpreso. – Mas não sabia que era real...

    — E achou que seria uma boa ideia testar justamente na parede que eu estava pintando? – questionou Burgh, irônico.

    — Foi mal...

    Uma quinta pessoa adentrou para interromper pela segunda vez aquela batalha. A roupa social o deixava diferente, mas aquele rosto era reconhecível por Hilbert.

    — O palhaço! – apontou ele. – É você!

    — Desculpe interromper vocês – começou ele, sem graça. – Mas eu devo explicações.

    — Quem é você? – questionou Chansol.

    — Eu fui o último diretor da fábrica de mel que era instalada nesse museu – disse.

    O homem começou a explicar sobre a falência de sua fábrica com termos que o treinador não entendia e nem queria, até que ele chegou a explicar que guardava um estoque de mel escondido para alguma emergência, mas o próprio tinha esquecido dele quando a mudança foi feita.

    — E porque não veio falar comigo? – questionou Chansol.

    — Porque eu sou extremamente tímido – o empresário coçou a garganta. – Tá sendo um sacrifício falar com vocês agora – ele riu sem graça. – Aí me disfarcei de palhaço e esse jovem treinador foi o único a me dar atenção.

    — Foi bem trabalhoso desvendar esse mistério – Hilbert se gabou. – Mas eu consegui.

    — Eu irei tirar todo esse mel se me permitirem.

    — Claro – respondeu Burgh. – Mas só precisamos terminar essa batalha.

    — Putz, tinha quase me esquecido – riu o treinador. – Koin, volta aqui, vamos voltar e-

    Aquele estoque de potes de mel tinha deixado Koin completamente maravilhado e faminto, seus olhos brilhavam. Sem muita noção de física, o Pignite puxou um dos potes de mel e o abriu para comer, mas aquilo acabou por derrubar uma fileira de pelo menos vinte potes, que se partiram e mancharam o campo de batalha.

    — Koin! – exclamou o garoto.

    Leavanny, que até o momento observava tudo, começou a se sentir enjoado com o cheiro exagerado daquele doce, tentou cobrir as narinas para evitar o pior, mas logo caiu nocauteado no chão.

    — Leavanny! – gritou o líder, preocupado.

    Chansol, que estava completamente confuso, anunciou.

    — O Leavanny de Burgh está... fora de combate? O vencedor é o desafiante Hilbert!

    O treinador olhou surpreso para o líder e para o juiz, ainda incrédulo, fora a vitória mais diferente de toda a sua curta carreira.

    — Pelo menos foi uma doce vitória – comentou o garoto.

     

    Já fora daquele ambiente que estava sendo devidamente limpado e os potes de mel que tinha sobrado sendo levados embora, Burgh, Chansol, Jackson e Hilbert conversando na sala do diretor do museu.

    — Primeiramente, parabéns pela vitória, Hilbert – começou o líder. – Você merece isso – ele estendeu a mão aberta onde além do fragmento da Light Stone, estava também uma pequena insígnia com detalhes em dourado que remetia a uma folha. – Acho que essa foi a Insect Badge que eu mais tive orgulho de entregar. Você despertou uma inspiração em mim que há muito tempo não tinha. Esbanjou criatividade e nem se importou muito com tipagem – sorriu. – Estou ansioso para fazer quadros e mais quadros sobre nossa batalha e expor por todos os cantos.

    — Muito obrigado, senhor Burgh – orgulhoso de si e do seu time, o menino pegou os objetos, guardando cada um em seu devido lugar. – Desculpe pela parede.

    — Não se preocupe, existem muitas paredes brancas por aí precisando de cores – sorriu o líder. – Mas agora, acho que vocês querem ouvir informações sobre a Light Stone.

    Jackson assumiu a conversa:

    — Na verdade, minha tia, Lenora, nos disse que você poderia nos informar sobre Junsei Kurosawa. Ele parece ter sido alguém completamente ligado às duas esferas.

    E Chansol entrou na conversa também.

    — Nesse caso, sou eu que devo explicações – sorriu o diretor, por fim. – É uma longa história, então peço que sentem e prestem atenção.

     

    A conversa durou um pouco mais de duas horas, e já passara pouco mais da hora do almoço quando Jack e Hibert tomaram o caminho de casa para contar tudo à Hilda, que provavelmente deveria estar nos nervos.

    A dupla adentrou o apartamento da família Foley e se dirigiu até a sala, lá, se encontraram com uma Hilda sentada no sofá com a mãe, Havana e ambas usavam uma máscara de aparência cremosa no rosto. A menina se levantou aos ver os amigos:

    — Ah, finalmente chegaram! – disse ela, se aproximando. – C-Conseguiram?

    Os dois se entreolharam e Hilbert mostrou suas conquistas para amiga. Ela não conteve a empolgação e abraçou os dois.

    — Vocês são incríveis! – sorriu, animada. – Como o Koin foi?

    — Ele foi o destaque da batalha! – empolgou o treinador. – Ele levou a Leavanny do Burgh sozinho e-

    Quando o garoto buscou a Pokéball do bolso, lembrou-se do infeliz fato da evolução de Koin, engoliu seco e entregou para a amiga.

    — Erm, Hilda, eu preciso te contar algo.

    Mas a garota ignorou, abraçando a esfera com orgulho.

    — Ah, meu Arceus, você é meu orgulho! – sorriu, pressionando o botão para liberar a criatura. – Vou te encher de beijos e abraços – abrindo os braços pronta para receber um pequeno Tepig em seus braços, ela com certeza não estava fisicamente preparada para um peso de um Pignite que caiu como três sacos de arroz em cima da garota, derrubando-a.

    — Então, Hilda – Hilbert começou. – Sobre o Koin... Ele... meio que evoluiu...

    Hilda encarou o menino, séria.

    — Hilbert, cadê o meu porco?

    — O-O Koin agora é um Pignite – ele respondeu, meio recuando.

    — CADÊ O MEU PORCO, HILBERT?! – a primeira reação dela foi agarrar as orelhas do amigo, claramente possessa e irritada com a maravilhosa surpresa do menor.

    — FOI MAL, HILDA! AI! AI!

    — Filha, a ideia de usar uma máscara relaxante era justamente para te manter calma – ironizou Havana, fechando uma revista.

    — Além do mais, nós conseguimos informações – disse Jackson, calmo, mas que chamou a atenção de Hilda.

    — Sobre a Light Stone? – ela questionou, curiosa.

    — Chansol nos explicou tudo – respondeu o arqueólogo. – E tem um lugar onde podemos conseguir mais respostas.

    — E qual é?

    Jack olhou para os dois mais novos, Hilbert assentiu com a cabeça, confiante. Logo depois, o mais velho do trio olhou para a menina:

    — Nós vamos para Johto.

       

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    1. Bertinho, você só tinha uma tarefa que era cuidar do porco da Hilda! HAHAEUHEH Os dois iniciais representaram nessa batalha, tudo muito bem descrito. No fim das contas eu gostei da forma como você planejou o plot do mímico e o mel, assim como essa busca do Burgh por recuperar o brilho nos olhos referente à suas pinturas. "Ainda existem muitas paredes por aí precisando de cores", a criatividade nunca se esgota! Nosso Bertinho está crescendo e deixando sua marca, estou ansioso para ver o crescimento desse time, até porque já temos alguns sinais de que ele está querendo equilibrar seus tipos. Na próxima vez não acho que a Hilda vai emprestar o Koin, ou ele pode acabar voltando como um Emboar kkkkkkkkkk

      Opaaa, é assim que eu gosto quando os capítulos terminam, já deixa o leitor ansioso e sem conseguir parar! Vamos ver o que Johto nos aguarda, e tenho certeza que será inesquecível.

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      1. Yoo Canas

        HILBERT, CADÊ O PORCO???
        Estava na hora da Brianna brilhar, mesmo que isso signifique que ela tenha que destruir a CASA DE UM DWEBBLE! Mas o KOIN CARA, essa cena foi inspirada no mangá, onde a White surta pq o Black evoluiu o Tep dele haushaushu

        Hilbert mudando as pessoas e Burgh voltando a enxergar a criatividade que há dentro dele <3 E NUNCA MAIS A HILDA DEIXA O PORCO NA MÃO DO BERTINHO

        Terminamos o capítulo com mais um CLIFFHANGER COMO EU SEMPRE FAÇO AAAAAAAAAA

        Obrigada pelo comentário, Canas

        Te vejo em Johto

        See ya

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    2. Eae, tranks?

      Certo, nesse capítulo temos a batalha de ginásio. Hilbert parece estar ficando melhor, ganhou de 2×0.
      Não quis usar o Vanipede por que ele não tinha intimidade, mas pegou o Pokémon de outra pessoa. Acho que isso quer dizer que o Hilbert e a Hilda estão em união parcial de bens.

      A batalha num geral foi boa, principalmente Pignite vs Leavanny. Apesar de eu não gostar da resolução com a parte do mel.

      Então é assim que eles vão pra Johto. Eles vão ir e voltar antes do niver da Hilda? Boa sorte.

      E é isso, Star. Até mais ver!

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      1. Salve Alefu

        Hilbert está evoluindo como treinador, ele só precisava de um incentivo ahusahushu União parcial de bens foi foda huasuhahushua

        Essa batalha foi só pra explicar pq o museu tinha cheiro de mel hausahushuahus Hora de ir pra Johto! Não se preocupe, voltaremos a tempo, qualquer coisa, eu roubo o Celebi do Leucro e é isso haushuashu

        Obrigada pelo comentário Alefin <3

        See ya

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    3. OH CORNO, O QUE TU FEZ COM O MEU PORCO?

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    4. Eu adoreeei batalha, mas Hilbert, como você não avisa para o pobre porco que vai entrar em uma batalha de ginásio? Se a May fizesse isso com o cagão do Nigel com certeza ia perder por WO.
      Melhor parte do capítulo: "CADÊ O MEU PORCO, HILBERT?!". HILBERT VOCÊ SÓ TINHA UM TRABALHO e o pobre do bacon virou uma feijoada comunitária completa.
      Eu jurava que a parte do mel ia terminar com o porco comendo o mel e ganhando um mega boost, mas assim também foi ok. Fiquei surpresa também do Burgh não ter surtado, na verdade, achei ele até bem legal.
      Finalmente teremos a gostosa que merecemos. Inari vem ai ole ole olá.

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