• Galeria do Burgh - Fanart #07 ( Sir Naponielli)





    » Comentário do Artista

    Desenho de shippin, tu sabe, é aquilo né. FAZ GIF PORRA! 

    Comentário da Autora«

    Napo trouxe para nós uma obra prima dos shipps de Unova. A chata Snivy e o ladrão Victini é um dos meus shipps favoritos nessa fic, mesmo que estejam apenas no comecinho rs
    Depois de desafiar o Napo a fazer o desenho de 4 shipps, dentre eles um de Neo Unova (Stonks), ele me aparece com uma obra dupla pronta para um GIF. E ESTÁ AÍ, UM GIF.
    OBRIGADA PELA ARTE, QUERIDO <3

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  • A Pensão da Lilly Lilligant - Capítulo 2


    Brianna acordou de mal humor. Na noite anterior, tomara um banho de chuva quando o teto do seu quarto rompeu graças à força dos pingos e a madeira de baixa qualidade. Depois, teve que abandonar seu cantinho para dividir quarto com Mirsthy e Sombra.
    A manhã se iniciou como se nada tivesse acontecido, o sol nasceu gentilmente e os únicos resquícios da chuva anterior eram o cheiro de terra molhada e as gotas que escorriam pelos objetos, a Snivy abriu a janela do quarto e um Pidove pousou em um galho próximo dela, piando gentilmente:
    — Bom dia, minha querida dama, como es-
    — CALA A BOCA, SEU IDIOTA! NÃO TÁ VENDO QUE EU TO COM CARA DE QUEM NÃO QUER PAPO COM NINGUÉM?!
    O Pokémon pombo resmungou e levantou voo, assustado com o mal humor.
    Mirsthy se levantou logo em seguida e encarou sua colega.
    — Existem outros jeitos de se dar bom dia. Que tal tentar com um sorriso? – disse, com voz de sono.
    — Não existe nada de bom, Mirsthy, eu ainda estou meio ensopada por causa da chuva de ontem, a folha da minha cauda murchou um pouco, eu tive que dormir nesse quarto apertado com vocês duas e a Sombra não para de roncar!
    — Coitadinha dela, ela é só um bebê.
    — Um bebê que é maior que a gente – resmungou a Snivy, indo até a porta do quarto, mas foi interrompida quando deu de encontro com ela, acertando diretamente seu nariz.
    — BOM DIA! – Vic exclamou ao abrir a porta na cara da amiga. – Como estão? Ué, cadê a Bri?
    Brianna tirou o objeto de madeira de sua cara e apresentou uma cara mal-humorada e um pequeno vermelhidão formado em seu nariz com a pancada.
    — Opa... – riu o Victini, sem graça. – Bom dia.
    — Seu filho de Giratina – resmungou ela em resposta, irritada.
    — Eu juro que foi sem querer. Grimaud me pediu pra avisar que o café da manhã já tá sendo servido.
    Zorua levantou as orelhas e saltou perto do amigo.
    — Comida? – disse ela, abanando o rabo peludo.
    — É isso aí, garota. E pelo cheiro, parece que Lilly cozinhou algo muito bom – sorriu o Pokémon anjo, que riu quando a raposinha saiu correndo escada abaixo até a cozinha. – Olha, a gente deveria seguir ela antes que fiquemos sem café.

    Era o segundo dia da Pensão da Lilly Lilligant.
    Lilly estava ansiosa na possibilidade de novos hóspedes, mas estava preocupada com a qualidade do atendimento e da estrutura, tinha ficado sabendo do acontecimento da noite passada e pretendia compensar Snivy com um delicioso café da manhã especial.
    A cozinha aconchegante recebeu finalmente a presença do grupo, Grimaud subiu até a mesa, Vic, Brianna e Sombra sentaram-se. Mirsthy foi a primeira a abrir a conversa:
    — Bom dia, senhorita Lilly – sorriu a Minccino com um ar de positivismo.
    — Bom dia, minha querida. Bom dia para todos – a Lilligant parecia compartilhar do mesmo espírito, se aproximando para servir os pratos com berries de café da manhã. – Espero que tenham todos tido uma excelente noite de sono – ela se aproximou da Snivy. – Eu fiquei sabendo do que aconteceu...
    — Está tudo bem, senhorita. Está sendo uma hospedagem agradável – a cobra verde forçou um sorriso. – E eu não ligo de dormir junto das minhas queridas amigas.
    O resto do grupo encarou Brianna com certo desprezo pela ironia da outra.
    — Oh, não seja tão gentil – riu a dona da pensão, toda coradinha. – Mas como pedido de desculpas pela noite de ontem, eu preparei um prato especialmente para você.
    Snivy soltou um sorriso todo encantador e animado. Sentiu-se lisonjeada que por um minuto esqueceu-se de tudo que lhe acontecera.
    — Fiz uma geleia de Cheri e Leppa Berry – Lilly serviu o prato com algumas torradas feitas artesanalmente. – Espero que goste.
    Brianna olhou para o seu prato, usando seus cipós para passar a geleia no pão.
    — Parece tão bom – Vic estava quase babando com o que fora servido para amiga. – Eeeei, Bri, o que acha de dividir?
    — Você deu com a porta na minha cara, obviamente não vai ganhar nem uma migalha – ela levantou o nariz e levou seu café da manhã especial e comeu, com gosto. – Hmmm...
    Lilly ficou com expectativa alta, observando sua hóspede.
    — Você disse que era geleia do quê? – Brianna olhou para sua anfitriã, um pouco desconfiada com o sabor.
    — Cheri e Leppa Berry.
    — Oh, eu conheço, são muito populares pelo seu gosto picante – explicou Grimaud.
    — Picante? – a Snivy engoliu seco.
    — Comeu muito rápido e agora tá com a língua dormente? – debochou Vic.
    — Eu tenho alergia a alimentos picantes...
    — Vish – o Pokémon anjo desviou o olhar. A Darumaka riu do sótão. 

    Ok, ok, talvez o começo do seu segundo dia como dona de uma pensão não tivesse sido tão bem, Lilly se desculpou mil vezes com Brianna, que mesmo um pouco mal-humorada, disse que estava tudo bem e que logo iria passar, ainda que sua língua levemente inchada denunciasse outra coisa, a Lilligant então tentou oferecer assistência, mas percebeu que em seu staff, não havia um médico. Ela então decidiu que era hora de aumentar a equipe da Pensão da Lilly Lilligant.
    Grimaud observava a Pokémon flor, ela parecia um pouco nervosa, então ele achou que era hora de intervir.
    — Se está preocupada com a menina, não fique. Tenho certeza que ela não guardaria mágoas por causa disso.
    — Eu abri esse lugar sem muito planejamento – confessou, ainda um pouco assustada por saber que não estava sozinha. – Fui um pouco irresponsável.
    — É seu segundo dia e você está desistindo? – o Joltik riu com bom humor. – Não se preocupe, você está fazendo um excelente trabalho, madame.
    — Você tem razão, meu bom senhor – Lilly sorriu, gentil. – Obrigada pelo apoio. Mas da próxima vez, anuncie que está presente, eu quase morri do coração achando que estava sozinha.
    — O meu tamanho não ajuda muito – o velho riu de volta. – Mas vou tentar.


    A Snivy estava em seu quarto, calada, desde a noite anterior, só coisas ruins tinham lhe acontecido, parecia que alguém tinha jogado um amuleto de azar perto dele e isso estava atraindo confusão. O seu silêncio se devia ao fato da sua língua ainda estar um pouco inchada.
    — Que besteira, quem tem alergia a coisas picantes? – murmurou Vic para os outros, meio longe da amiga.
    — Shhh! – repreendeu Mirsthy. – Ela vai ouvir.
    — A tia Brianna vai ficar muda? – perguntou Sombra em alta voz, com inocência.
    — Não seria uma má ideia – riu Victini.
    — Que horror, vocês dois! – a Minccino cruzou os braços. – Vai falar com ela, Vic.
    — Euuuuu?! – ele fez escândalo. – Ela vai me matar se eu ousar chegar perto dela. Ela tá mais irritada que um Zangoose.
    — Não é isso, querido – observou a Pokémon cinza. – Aconteceu só coisa ruim desde a noite anterior. Ela precisa de ajuda.
    — A única ajuda que eu preciso é que vocês fiquem em silêncio – irritou-se Brianna, com a voz meio atrapalha pela língua. – Se estão tentando sussurrar, deveriam praticar.
    Vic se aproximou da amiga.
    — Quer que eu coloque gelo na sua língua? – ele questionou.
    — Gelo num Pokémon do tipo Grass – a outra encarou ele. – Você tem um excelente senso de humor, Vic, meus parabéns – ela disse, com ironia.
    O outro olhou para Sombra e Mirsthy.
    — Posso tacar fogo nela agora?
    — Minhas coisas! – a Snivy se animou ao observar algo pela janela. – MINHAS COISAS CHEGARAM! – soltando um sorriso e correndo para fora.
    As enormes bagagens de Brianna eram trazidas por uma Fearow, um Pokémon da distante região de Kanto, que trabalhava com uma espécie de correio. Ela pousou próximo da pensão onde as donas das bagagens e Lilly a aguardavam.
    — Ufa, eu nunca carreguei tanta coisa na minha vida – riu ela, bem humorada.
    — Obrigada pelo seu serviço novamente, Ciela – sorriu a dona da pensão. – Quer comer alguma coisa?
    — Ah não, eu passo, obrigada – a Fearow descarregou uma caixa das suas costas. – Essa foi a mais pesada. O que tem aqui, pequena? – riu ela, olhando para Brianna.
    — São minhas joias! – a menor respondeu, ainda com a voz meio falha, se aproximando. – Finalmente algo de bom hoje – sorriu, procurando meios de abrir.
    — Devem ser muitas, são quase pesadas igual a um Tepig – Ciela ajudou ela.
    Todo mundo se surpreendeu ao ver que no lugar de preciosas joias, o que tinha dentro da caixa era um porco laranja e preto, a criatura era conhecida dos amigos.
    — KOIN! – exclamou Brianna.
    O Tepig saiu da caixa e se espreguiçou, despreocupado.
    — Olha só, e não é que é um Tepig mesmo – riu a Fearow, achando inusitado.
    — Oi gente, cheguei! – sorriu ele.
    — SEU NARIZ DE TOMADA IDIOTA, CADÊ MINHAS JOIAS?! – exclamou Snivy, agarrando o porco com suas vinhas, irritada.
    — Brianna! – sorriu ele, inocente. – Sua voz tá diferente.
    — Não se faça de inocente! O que você fez com as minhas preciosidades?
    — Tá falando daquelas coisas brilhantes esquisitas? – Koin perguntou. – Eu joguei fora, elas estavam me apertando dentro da caixa.
    Brianna largou o amigo e recuou, chocada. Primeiro tinha perdido seu quarto, tomado um banho de chuva, depois a sua língua e agora havia perdido todas as suas preciosas e maravilhosas joias, ela sentiu a raiva subir e estava perto de explodir.
    — Bri? Amiga? – Mirsthy colocou a mão no ombro dela. – Ei, t-tá tudo bem – ela tentou consolar, ainda temerosa.
    — NÃO TÁ TUDO BEM! – a Pokémon gritou, assustando os outros. – TO DESDE ONTEM NUMA ONDA DE AZAR! E TUDO POR CULPA DE VOCÊS! E o pior, vocês nem estão ajudando!
    Num surto, ela saiu correndo para dentro da pensão, subindo para um dos quartos, o silêncio prevaleceu nos que sobraram, os mais próximos da cobra verde se entreolhando, preocupados. Koin, que ainda não tinha entendido direito, soltou:
    — Que horas vai ser o almoço?


    Brianna não apareceu para a hora do almoço e nem para o jantar. A verdade é que ela não apareceu o resto do dia, com certeza ainda estava irritada, com certa razão, devido aos acontecimentos, mas talvez ela tivesse exagerado. E para piorar, nenhum de seus amigos teve coragem de aparecer para perguntar se estava tudo bem.
    A Snivy estava em seu antigo quarto – o que fora atingindo pelas goteiras – sentada próxima a janela, em silêncio enquanto refletia, ela só foi trazida de volta a realidade quando ouviu a Darumaka no sótão rir.
    — DO QUE TÁ RINDO?!
    A criatura continuou a rir.
    — ORA, SUA MALDITA! APAREÇA E VENHA RIR NA MINHA CARA! – continuou a outra, olhando para o teto. - ... Eu sou engraçada né? Tô surtando por besteira.
    A Pokémon parou de rir para ouvir o desabafo.
    — Eu comecei com frescura de dormir sozinha, tomei o que merecia, reclamei de ter dormido no mesmo quarto que minhas amigas e queimei a língua, eu mereci aquilo também. Agora eu culpei meus amigos e mereço essas risadas. Pode continuar a rindo.
    — Cara, você não me ajuda a te ajudar – a cobra olhou para trás e viu Vic na porta. – Tá falando sozinha agora?
    — Calado, seu i- - ela respirou fundo, não era hora de discutir. – Estava falando com a Darumaka que fica no sótão. Acha que um dia ela vai dar as caras?
    — Talvez. Mas e você, quando vai sair desse quarto? Não almoçou ou jantou, como consegue passar um dia inteiro sem comer?
    — Uma dama nunca revela seus segredos – respondeu, com um sorriso leve e bobo.
    O Victini riu calorosamente, ficou feliz de encontrar a amiga num bom clima.
    — Olha, desculpa por hoje. Não foi fácil pra você e a gente não colaborou também – ele confessou, sentando-se ao lado dela. – Debochamos porque achamos que você estava exagerando, mas isso realmente te incomodou e não fizemos nada pra te ajudar. A Ciela até tentou procurar suas joias pela região, mas não achou nada.
    Brianna olhou para a Vic, ele sabia ser prestativo e fofo quando queria. Era esse jeito que fazia ela ser mais próxima dele do que dos outros.
    — Eu exagerei mesmo, eu fiquei bancando a superior, mas a verdade é que eu adoro a presença de todos vocês – a cobra deitou a cabeça no ombro do colega e sorriu, sentiu seu rosto esquentar um pouco. – Eu não sou azarada. Eu sou muito sortuda de ter vocês.
    O Victini, que também se sentia estranho com o contato, riu de leve:
    — Na verdade, nós somos sortudos por ter uma dama tão incrível que controle a bizarrice que é o nosso grupo.
    Os dois se entreolharam e ficaram assim por alguns minutos.
    — Oh, ok – o Pokémon anjo cortou o silêncio. – Deixamos um prato de berries pra você lá embaixo como pedido de desculpas. Vamos descer.
    — Sem nada picante? – ela riu.
    — Eu juro que queria colocar uma no meio só pra ouvir aquela sua voz engraçada de novo – Vic riu e mostrou a língua, recebendo um tapa leve de Brianna.
    — Bobo.
    A dupla desceu o lance de escadas de madeira em direção a cozinha onde Mirsthy, Sombra, Grimaud e até mesmo Koin os aguardavam. A Minccino foi a primeira a levantar quando viu a amiga.
    — Bri! – sorriu ela. – Ah, estávamos preocupados, aí obrigamos o Vic a ir falar com você.
    — Basicamente me colocaram na zona de fogo, a sorte é que esse é meu tipo – ele riu.
    — Eu estou bem – Snivy acompanhou a risada. – Eu sinto muito se gritei com você, não tiveram culpa de nada e eu estava fazendo um pouco de drama.
    — Não diga isso, somos seus amigos, temos que apoiar em qualquer momento – argumentou a outra.
    — E eu sou a Pokémon mais sortuda por isso – ela sorriu.
    — TIA BRIANNA! – Sombra, ainda que não entendesse muito a situação, correu em encontro dela e abraçou. O gesto foi repetido por todas os outros, incluindo o Tepig, que mesmo sem entender nada, sentiu que precisava fazer isso.
    — Eu amo vocês – a inicial de grama sorriu. – Agora, onde estão minhas berries?
    — Você não vai acreditar, mas eu comi tudo! – confessou Koin, despreocupado. A Snivy encarou ele:
    — VOCÊ FEZ O QUÊ, NARIZ DE TOMADA?!
    — Vai começar tudo de novo... – suspirou Vic. 

    Do lado de fora, Lilly caminhou até alguns metros longe de sua pensão, carregava uma placa de madeira com um papel grudado nela. Quando estava em um local estratégico, ela fincou o objeto que carregava no chão, se afastou alguns minutos.
    — Acho que isso vai atrair a atenção – sorriu ela.
    Na placa dizia:

    “Você, Pokémon curandeiro, está convocado para ser contratado pela Pensão da Lilly Lilligant.

    Procure pela dona da pensão, que sou eu, Lilly” 

    — E o segundo dia se encerra com algumas confusões, mas com uma esperança nova – disse para si mesma, sorrindo. 

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  • Capítulo 10


    — Senhor Hilbert, como conseguiu uma insígnia tão difícil? – Hilbert imitou a voz de uma mulher que aparentemente estava o entrevistando, o garoto disse em seguida para seu personagem imaginário: - Ora, ora, foi com muita habilidade. Minha Snivy sofreu bastante, mas minha Minccino deu um show e ajudou sua companheira – ele estufou o peito, orgulho.

    Alguém por favor, me mata – murmurou Vic de dentro da bolsa.

    — É a terceira vez que ouço essa “entrevista” – resmungou Hilda, caminhando ao lado de Bianca, atrás do garoto.

    — Deixa ele, gente – riu a loira. – É um momento importante para ele.

    — Isso tudo é inveja porque você não tem uma insígnia linda como essa – disse Hilbert, ouvindo as amigas.

    — Pois saiba que eu e Bianca ajudamos com essa coisinha aí. Você nos deve um obrigado – a garota cruzou os braços.

    — Quer um beijinho? – debochou o companheiro.

    — Claro que não!

    Eu mesmo farei os agradecimentos por ajudar o Senhor Hilbert, senhorita Foley – Grimaud, o Jolkit saltou do ombro de Hilbert e pousou no rosto da morena que recuou um pouco, mas não se assustou. A pequena criatura então deu uma pequena mordida, que supostamente deveria ser um beijo, na testa da garota.

    — Você sabe que tá me mordendo né? – ironizou a menina.

    Desculpe, eu sou desprovido de lábios, senhorita – respondeu, saltando em Bianca e imitando o gesto de “beijo”.

    — Será que vocês vão virar Mulheres-Joltik por terem sido beijadas por um? – questionou o garoto, com a mão no queixo, refletindo em sua dúvida.

    — Alguém aqui tá lendo muita história em quadrinho – suspirou a morena.

    — Pessoal, chegamos! – anunciou a loira, parecendo animada, apontando para a construção a sua frente, do outro lado da rua.

    Depois dos acontecimentos do ginásio de Striaton, era a vez de seguirem os planos de Hilda e Bianca, e a duas decidiram que queriam visitar a escola que estudaram juntas na infância: A majestosa escola infantil Dreamyard Academy.

    Construída há trinta anos e recebendo anos depois o nome em homenagem ao laboratório de pesquisa sobre Dream Mist. Mesmo recente, a arquitetura seguia um estilo mais clássico com tijolinhos vermelhos decorando o exterior. Muros cercavam a construção com paredes e cercas de metal, tudo terminava em um enorme portão de ferro que mantinha a segurança dos alunos.


    — Não mudou nadinha – riu Hilda, toda nostálgica.

    — Será que ainda tem o banco de areia? – questionou Bianca, segurando o braço da amiga, animada.

    — Eu adorava aquele banco de areia! – respondeu a outra – Lembra quando brincamos com meia? A professora quase surtou.

    — Eu não tenho culpa se a gente não sabia como colocar a meia de novo – rindo.

    — Nós vamos entrar? – questionou Hilbert.

    — Acho que podemos fazer uma pequena visita. Será que a Srta. Greil ainda dá aulas aqui? Adorava as aulas de literatura – a loira começou a andar com os companheiros em direção ao portão da escola, mas foi parada por um enorme homem que fazia sombra nos três de tão alto. Sua expressão demonstrava descontentamento e mau-humor.

    — Posso ajudá-los? – questionou, com a voz estrondosa.

    — Ih, ferrou. Olha o tamanho desse homem – sussurrou Hilbert, se escondendo atrás da sua companheira de jornada.

    — H-hã, só viemos fazer uma visitinha – respondeu Bianca, olhando pra cima e reconhecendo o rosto do enorme segurança – Big Joe?!

    O maior franziu o cenho, franzindo os olhos para enxergar melhor as crianças, tirou um pequeno óculos de seu terno e os colocou, soltando um sorriso bobo.

    — Menina Bianca. Menina Hilda! – exclamou, animado, deixando toda a expressão carrancuda de lado e abraçando com um dos enormes braços as duas garotas. – Meu Arceus, como cresceram!

    — Eita, conhecem esse cara? – questionou o garoto, todo impressionado em como a estatura de Joe não combinava com sua personalidade amigável.

    — Ele é segurança e zelador da escola. O nome dele é Joel, mas apelidamos carinhosamente de Big Joe – sorriu Bianca, olhando para o velho amigo.

    — Essa duas sempre me davam balas e pirulitos na saída – riu Big Joe.

    — E seu favorito era o de Oran Berry – lembrou Hilda, rindo. – Como está, Joe? Estou em jornada com ele – apontou para o garoto. – O nome dele é Hilbert.

    — Estou bem – sorriu o grandalhão. - É um prazer, garoto. Cuide bem da pequena Foley.

    — Eu estou trabalhando com a Professora Juniper no laboratório de Nuvema Town – disse Bianca.

    — Uau, as duas cresceram mesmo – riu. – O que vieram fazer aqui?

    — Queremos fazer uma visita, estamos com saudades daqui – explicou a loira.

    — Os alunos estão em aula agora, acho que a diretora não ficaria contente com gente andando pelo corredor – respondeu o zelador. – Mas creio que possam ficar na biblioteca até o sinal do intervalo.

    — Obrigado, Big Joe – agradeceu Hilda.

    O trio percorreu os corredores em direção a biblioteca. Apesar dos anos, as duas garotas lembravam com facilidade sobre como andar pela enorme escola, adentraram na grande sala após atravessarem uma porta dupla de madeira.

    A biblioteca era a mais conservada pelo tempo, milhares de livros estavam dispostos em prateleiras altas de madeira nobre. Havia uma área para estudo com mesas largas e cadeira confortáveis. O local contava também com enormes vidraças decoradas em estilo clássico.

    — Eu adorava ficar no corredor dos livros de ficção – confessou a morena, falando em um tom de voz mais baixo. – Acha que tem livros novos?

    — Talvez, vamos olhar – convidou Bianca.

    O treinador de boné vermelho permaneceu quieto, apenas acompanhando as amigas. Tinha estudado em uma escola pequena em Lentimas com apenas uma classe e uma gentil e inteligente professora, seu acesso com livros era da pequena coleção da tutora (o favorito dele era sobre uma grande aventura de um Axew). Estava impressionado com a dimensão daquela escola, por um minuto desejou voltar aos tempos escolares e estudar ali.

    Os jovens alcançaram o corredor dos livros de ficção e Hilda começou a observar cada um dos livros, alguns altos, finos, de capas duras e até mesmo um com a lombar azul escuro, de letras douradas com o título “Honedge de Madeira”, a garota riu de leve, curiosa com a história.

    — Olha, tem um livro com o Victini – disse a loira, retirando um livro laranja da prateleira, os outros se aproximaram e Vic saiu da bolsa. – “Victini, o Vitorioso”. É um conto infantil.

    Eu tenho um livro? Do que fala?

    Bianca abriu o livro e começou a ler rapidamente.

    — Fala do lar dos Victinis. O Liberty Garden – ela apontou para a figura de uma pintura de uma ilha.

    — Tem mais de um Victini? – questionou Hilda, curiosa.

    — Consegue se lembrar desse lugar, amigão? – questionou Hilbert, olhando para o Pokémon.

     Nunca vi esse lugar antes... – disse o pequeno, um tanto frustrado.

    — É uma história infantil, pode ser mentira, pode ser verdade – concluiu a morena.

    Os outros dois jovens assentiram, mas Vic ainda parecia intrigado. O silêncio só foi quebrado quando Hilda viu dois grandes quadros expostos um ao lado do outro com a figura de duas pessoas, uma mulher de branco e um homem de preto. Pareciam de artistas diferentes. Ela se aproximou e procurou no rodapé, informações sobre os quadros.

    — “A Princesa Branca e o Príncipe Negro. Juntos pela criação e destruição de Unova” – leu em voz alta.

    — Destruição? Arceus nos proteja – comentou o treinador.

    — Não é sobre a lenda do Ideal e a Verdade? - questionou Bianca, apoiando-se nos ombros da amiga. – A professora Greil contou. Dois irmãos fundaram Unova com a ajuda de um único Pokémon Lendário. Com o passar do tempo, os irmãos começaram a ter ideias diferentes, a irmã mais velha, a princesa, seguia a verdade, e o irmão mais novo, o príncipe, seguia os ideais. Foi aí que o Pokémon se dividiu em dois e assim nasceram Reshiram e Zekrom. Os dois começaram a travar uma guerra, e como nenhum conseguia derrotar o outro, fogo e raio destruíram a região de Unova – contou, toda concentrada.

    — Uau... – sussurrou a morena, olhando para o quadro da Princesa Branca, sentindo uma conexão estranha. – Parece que ela tá olhando diretamente pra mim.

    — O artista é muito bom no que faz – riu a loira.

    Enquanto isso, Vic parecia concentrado no livro, mesmo não sabendo ler, estava admirado com as figuras que o livro tinha. Vários de sua espécie se divertiam e pareciam felizes com a vida despreocupada longe dos humanos, sua leitura só foi interrompida quando ouviu passos se aproximarem, mais que rapidamente, fechou o livro e, carregando-o consigo, entrOU na bolsa de Hilbert, que notou a agitação.

    — Ei...

    Tem alguém vindo.

    Curiosos, os jovens olharam em direção de onde a suposta figura se aproximava. Revelou-se ser um garoto da idade do trio, tinha cabelos negros bem penteados, pele clara e um par de olhos azuis que se escondiam atrás de um óculos com armação vermelha. Seu corpo era magro e esbelto que era trajado com uma camiseta branca e vermelha que ficava por baixo de um blazer azul, calças pretas e um tênis social da mesma cor do blazer.


    O menino olhou para os três e franziu o cenho, carregava na sua mão um livro sobre biologia Pokémon.

    — Olá Bianca, Hilda – disse, com a voz calma.

    — C-Cheren... – Bianca sentiu a voz falhar, aparentando timidez.

    — O Cheren? Sério? – Hilda parecia impressionada. – Uau, quase não te reconheci.

    — O que faz por aqui? – questionou a loira, se aproximando. – Faz uns dois meses que você passou no laboratório da professora Juniper pra pegar seu inicial e começar a jornada. Pensei que estaria longe.

    — Eu estava – suspirou, ajeitando o cabelo. – Mas tive um problema com minha Pokédex, vou até Nuvema e ver se a professora consegue consertá-la. Aproveitei a volta para passar aqui e estudar um pouco.

    — Amante dos livros desde sempre – riu a garota, sentindo as bochechas vermelhas.

    Dessa vez, foi Hilda e Hilbert que se aproximaram.

    — E vocês, o que fazem por aqui? – questionou Cheren, arrumando os óculos.

    — Eu estou aqui para resolver algumas coisas da Professora Juniper, mas acabei prolongando minha estadia – riu Bianca.

    — Eu estou em jornada com ele – apontou a morena para o garoto de boné. – Cheren, esse é o Hilbert, Hilbert, esse é o Cheren. Ele estudou comigo e com a Bianca.

    — Nunca expressou vontade em sair em jornada, o que a fez mudar de ideia?

    — Eu estou procurando um sonho pra mim – riu, meio envergonhada. – Parece bobeira, mas eu sinto que vou achar um.

    O garoto de óculos riu e olhou para o outro treinador.

    — E você deve estar atrás de insígnias também – disse para ele.

    — Exatamente – respondeu, um tanto orgulhoso, continuou: - Conquistei a insígnia do ginásio de Striaton ontem.

    — É sua primeira insígnia? Foi uma batalha fácil para mim – comentou Cheren, um tanto soberbo. – Minha Panpour conseguiu levar o Pansear do Chili facilmente. E você? Quais Pokémon usou?

    — Nenhum – respondeu, inocentemente, recebendo um olhar incrédulo do outro. – Eu na verdade ajudei eles e eles me deram a insígnia. Foi uma grande vitória.

    — É apenas o primeiro ginásio, o mais fácil. Não comemore tanto.

    — Toda vitória tem que ser comemorada, senão, não se chamaria vitória – filosofou Hilbert, recebendo um olhar de todos os outros presentes que tentavam entender sua filosofia.

    — De qualquer forma, não é um caminho fácil. Tem que se planejar, treinar muito para ser o melhor.

    — Chegando lá já não é alguma coisa? Qual é a graça de planejar tudo? – questionou o moreno, um tanto confuso.

    Hilda sussurrou para Bianca:

    — Essa conversa vai ser longa.

    — Se você não planeja, corre o risco de se perder nas suas próprias ações.

    — E se você planeja demais e não dá certo, você quebra a cara.

    — Essa discussão tá interessante. Como chegamos nela mesmo? – a morena continuou a sussurrar com a amiga.

    — Você não tem noção de nada – Cheren virou o rosto, sentindo seu orgulho um tanto ferido.

    — A gente pode mudar de assunto? – interrompeu a companheira de Hilbert. – E se a gente for comer alguma coisa? Lembro que a lanchonete da escola tinha as melhores bolinhas de queijo da região.


    — Não, não, não! a voz de um homem ecoou bravo pela sala e o garoto soltou seu lápis, assustado. – É a terceira vez que você erra, Cheren!

    — D-Desculpa, papai – o pequeno garoto resmungou, ainda com medo.

    — Pedir desculpas não vai resolver essa lição de matemática – bravejou o pai. – Se quer ser perfeito, comece as fazer coisas corretamente. Não pago uma das escolas mais caras de Unova para você tirar notas baixas.

    Cheren sentiu seu corpo estremecer, com sete anos, ele via os amiguinhos de escola conversarem sobre os Pokémon iniciais que eles queriam pegar no futuro. Em casa, tudo que ele ouvia era seu pai e sua mãe escolhendo profissões para ele. “Ele vai ser médico”, dizia a mãe, enquanto tomava uma xicara de chá. “Nada disso, quero meu filho como cientista ou empresário”, retrucava o pai. Mas ninguém perguntava o que o pobre Cheren queria.

    ...

    — Eu vou sair em jornada – confessou o Cheren de catorze anos, parado em frente aos pais na sala de casa.

    O pai se levantou, indignado.

    — Que história é essa?

    — Eu já preenchi meu formulário com a Professora Juniper, a minha licença de treinador fica pronta em uma semana – respondeu, juntando toda a coragem do mundo, mas sentindo suas pernas falharem um pouco pelo medo.

    — Cheren Linton Cox! – exclamou a mãe. – Fez tudo isso nas nossas costas?!

    — Desculpe, mãe, mas se eu contasse antes, vocês não deixariam.

    — Mas você estava tão animado para ser médico! Disse que iria começar o cursinho – a mulher parecia desolada.

    — Eu menti para te agradar... E-eu quero ser treinador. Eu quero coletar insígnias, treinar Pokémon, conhecer o mundo – confessou, olhando para o seu pai. – O senhor não pode me impedir agora. Eu quero tomar minhas decisões pelo menos uma vez na vida...

    — Você pode ir – disse, enfim, o patriarca da família após um momento de silêncio. Cheren olhou surpreso e esperançoso para ele. – Você pode ser treinador, Cheren, pode fazer sei lá o que. Mas terá de ser o melhor, se chegar até lá em cima e perder, não pense que vai receber um abraço de conforto, pois eu virarei as costas se você falhar.

    “Nunca menos que o perfeito. Nada além do perfeito”


    — Eu disse que essas bolinhas eram perfeitas. E continuam com o mesmo sabor de sempre – disse Hilda, segurando o salgado na ponta dos dedos como se admirasse uma pérola.

    Os quatro jovens estavam sentados na velha e limpa lanchonete da escola, alguns alunos já começavam a circular pelo local para aproveitarem a hora do recreio.

    Vic, de dentro da bolsa de Hilbert, chamou a atenção do amigo.

    Ei... Deixa eu comer isso aí – sussurrou, recebendo em seguida uma pequena porção das bolinhas de queijo. Ele analisou o alimento antes de devorá-lo. Não era tão gostoso quanto um Casteliacone, mas estava na lista de seus alimentos humanos favoritos.

    — Quais Pokémon tem, Cheren? – questionou o treinador de boné vermelho, roubando um dos petiscos da companheira.

    — Atualmente estou com um Servine, uma Panpour e um Bagon – respondeu. – E você?

    — Estou com uma Snivy e uma Minccino – o garoto pegou a Pokédex em sua bolsa, pesquisando sobre os Pokémon do outro. – Uau, Servine é a evolução de Snivy? E o Bagon, parece tão raro.

    — Encontrei na Pinwheel Forest, passei dias pesquisando onde encontrá-lo, o último estágio da evolução dele é um poderoso Salamence, faz muito sucesso em Hoenn.

    — Você planeja tudo? Até que Pokémon vai capturar? – questionou o moreno.

    — Eu já disse que tudo depende do planejamento para ser perfeito.

    — Não tem graça ser perfeito...

    — Posso te mostrar a graça da perfeição numa batalha 1x1 – desafiou Cheren, ajustando os óculos, confiante.

    — Considere o desafio aceito.

     

    Por algum motivo, era comum nas escolas possuírem um campo dedicadas a batalhas Pokémon, e é claro, que em uma escola cheia de crianças, não faltou plateia, mesmo que as inspetoras tentassem impedir, não tinha nenhuma regra que impedia delas assistirem, desde que ficassem em segurança, como atrás das grades. As únicas dentro do tal campo eram Bianca e Hilda que se sentaram em um banco na lateral do local.

    — Parece que tem um parque de diversão aqui dentro – comentou a loira, rindo das crianças que se espremiam para assistir

    — Se sente nervoso com tantos olhares para a gente, Cheren? – provocou Hilbert.

    — Quanto mais pessoas reconhecendo minhas habilidades, melhor. Um contra um, a batalha só acaba quando um dos Pokémon forem derrotados – o de óculos sacou a Pokéball lustrada vermelha e branca. – Panpour, é com você.

    A pequena macaca saiu do objeto esférico e soltou um grunhido.

    — Eu já vi esse. E não pense que eu sou bobo, eu tenho o Pokémon perfeito com vantagem sobre ela – o de boné tirou o mesmo tipo de bola do bolso e arremessou. – Vai, Brianna.

    A Snivy grunhiu docemente e ajeitou as folhas de sua cauda.

    — Te dou as honras de começar – disse Cheren, analisando o adversário.

    — Ok, Brianna, vamos testar seu novo golpe. Ataque com Vine Whip – ordenou Hilbert, agitado.

    A criatura verde fez surgir de suas costas dois cipós que foram guiados em direção ao Panpour em linha reta.

    — Use Fury Swipes pra se defender – ordenou o treinador de óculos, pacientemente.

    A macaca de água usou suas pequenas mãos para rebater os golpes dos chicotes da adversária. A Snivy continuava a tentar atacar incansavelmente, até que recolheu os cipós, recuperando-se.

    — Minha vez agora? – sorriu o treinador da Panpour – Play Nice.

    O Pokémon começou a dançar, parecia estranho para os humanos, mas para a réptil à sua frente, aqui era incrivelmente contagioso tanto que ela não conseguia tirar os olhos da sua adversária.

    — Brianna?

    Lick! – ordenou o outro.

    Panpour parou sua dança e correu em direção a Snivy.

    — BRIANNA! – gritou Hilbert.

    A Pokémon despertou do transe quando a outra estava quase a atacando com a língua pra fora, rapidamente, ela desviou, mas um golpe rápido do macaco a derrubou no chão. Um pouco da saliva dele tinha molhado as patinhas de baixo da criatura tipo planta.

    No chão, Brianna olhou para a adversária que se virou para ela. A debaixo tentou fugir, mas sentiu um dos efeitos do Lick em seus pés, paralização.

    — Use o Vine Whip!

    Fury Swipes!

    Como anteriormente, os Pokémon começaram a usar seus golpes para se defenderem, porém a do tipo grama parecia em desvantagem graças a paralisia em suas pernas, mesmo assim, ela lutava para não sofrer arranhões.

    — Uma hora ela vai cansar...

    — Brianna, por favor, resista!

    Snivy continuou por alguns minutos até que usou seus chicotes pra envolver o corpo da Panpour e prender seus braços, imobilizando-a.

    Ela usou o Wrap – sussurrou Grimaud no ombro de Hilbert.

    — Boa Brianna. Manda ela pra longe!

    Com força e desespero, Brianna arremessou a macaca de água para longe que só parou com impacto contra o chão. Apesar da vitória temporária, as pernas da criatura continuavam imóveis.

    — Não consegue se mexer?

    A criatura negou para seu treinador.

    — É o fim. Water Gun – ordenou Cheren.

    Um pouco machucada devido ao impacto, Panpour se levantou e esguichou um jato forte de água em direção a inimiga. Ela tentou usar um novo Vine Whip para dissipar a força do golpe com a ordem de Hilbert, mas falhou e a Snivy foi atingida em cheio, sendo arrastada para fora do campo, completamente fora de batalha.

    — Não! – o treinador da derrotada se aproximou e pegou a inicial no colo. – Ei...

    A criatura grunhiu, se encolhendo no colo do dono, sentindo dor pelo efeito da paralização, mas aliviada por sentir o contato do treinador. Cheren recolheu seu Pokémon e se aproximou do rival e lhe estendeu um frasco com spray contendo um líquido amarelado.

    — Tá vendo como é bom se planejar? – disse, com a voz calma, sem aparentar agressão, mas com um grande ar de superioridade. – É um Paralyze Heal, é um nome sugestivo, mas ele cura os efeitos da paralização. É só espirrar.

    — Obrigado, Cheren – disse Hilbert, espirrando o remédio nas patinhas de seu Pokémon e em seguida retornando-a para sua Pokéball. – Foi uma batalha incrível. Acho que você tem um pouco de razão sobre o planejamento, vou levar isso como lição – riu.

    Cheren incomodou-se um pouco com a animação do garoto mesmo acabando de perder. “Nada além do perfeito”, era a frase que ecoava em sua cabeça toda vez. Nem se tocou com os gritos eufóricos das crianças que não se importavam com quem tinha ganhado. Com certeza tinha sido um dia inesquecível para elas.

     

    A visita a escola se encerrou um pouco depois das duas da tarde. Os quatro jovens saíram do prédio em direção ao Centro Pokémon quando Bianca recebeu uma ligação no seu Xtransceiver da Professora Juniper.

    Bianca? Oi querida. Tudo bem por aí? – questionou Aurea.

    — Oi professora. Está sim.

    É que depois do resgate do Tepig você nem apareceu mais. Fiquei preocupada – riu a mulher.

    — Eu tive alguns acontecimentos envolvendo restaurantes e escola – riu de volta a loira. – Mas estarei retornando em breve. Ah, olha só quem a gente encontrou – a garota se virou para Cheren.

    Cheren! Como anda a jornada?

    — Oi professora. Está indo bem. Consegui duas insígnias, mas tive um probleminha com minha Pokédex, estou voltando para Nuvema para consertá-la.

    Traga ela aqui, aproveitamos para ver seu progresso – sorriu a cientista. – Bianca, acha que pode voltar com ele ainda hoje? Eu tenho umas coisinhas pra resolver e precisava de você aqui – riu.

    — C-claro – respondeu. – Isso se o Cheren não se incomodar com a companhia – disse ela, olhando de relance pro rapaz, corada.

    — Por mim tudo bem – assentiu o de óculos.

    — Então iremos pegar o caminho de volta ainda hoje, professora.

    Tomem cuidado no caminho. Até mais! - a ligação foi encerrada.

    — Quer dizer que você vai ter que ir embora? – lamentou Hilda, abraçando a amiga. – Eu vou sentir sua falta.

    — A Professora Juniper precisa de mim. Ela confia em mim – sorria a loira. – Mas vou sentir falta de você. Foram dias agitados e divertidos, nunca tinha sido garçonete na vida – riu.

    — E eu vou sentir falta de companhia feminina – a morena devolveu a risada.

    — Deveríamos ir, Bianca, antes de anoitecer – alertou Cheren.

    — Oh, tem razão. Chegaremos à noite em Accumula se sairmos agora. Precisa de algum suprimento? Podemos passar no Centro Pokémon...

    — Como sempre, estou bem equipado e planejado, não se preocupe – respondeu. – Vamos indo.

    — Ei, Cheren, ainda quero uma revanche hein? – disse Hilbert.

    — Quando você conseguir sua próxima insígnia, vamos nos encontrar. Esteja pronto, pois eu estarei muito mais aperfeiçoado.

    — Pois eu também terei evoluído – sorriu o garoto de boné.

    Bianca e Cheren saíram acenando para os dois que ficaram para trás. O moreno então sugeriu que eles deveriam se dirigir ao Centro Pokémon para que a enfermeira pudesse dar uma olhada na saúde de Snivy, e assim o fizeram. Ficaram esperando sentados em sofás fofinhos enquanto Hilda penteava os pelos de Zorua e dava mimos para o Tepig.

    — Preciso de um nomezinho para você, Tepig – começou a garota, olhando para o porquinho que retribuía com um olhar de curiosidade.

    — Chama ele de Bacon – sugeriu o garoto, rindo.

    — QUE HORROR, HILBERT! – exclamou a outra. – Eu acho que vou te chamar de Koin.

    O Pokémon continuou a olhar curioso para sua dona, soltando um grunhido animado para ela.

    — De onde tirou isso?

    — Eu ouvi que em alguma língua isso significa torcido, igual o rabinho dele. E também gostei do som – riu.

    Dessa vez, foi a vez de Vic entrar na conversa, ele abriu o zíper da bolsa e mostrou uma das figuras do livro que carregava consigo.

    Nem brincando que os Pokémon da minha raça gostam de Oran Berry, aquilo é azedo demais! – disse.

    Hilda e Hilbert encararam o Pokémon.

    O quê?

    — Por favor, não me diz que você roubou o livro da biblioteca – disse o garoto.

    Não roubei. Eu... – ele refletiu por uns segundos. – Peguei emprestado temporariamente por tempo indeterminado.


     

    Os dois integrantes da Team Plasma observavam de um ponto alto e privilegiado o grande movimento das máquinas e trabalhadores que mineravam sem parar as paredes de pedras da Twist Mountain. O que mais importava para eles era uma passagem bloqueada por um portão de ferro e uma placa com os dizeres: “Entrada proibida de pessoas não autorizadas”.

    — Como se uma placa segurasse pessoas – disse a capanga de cabelos pretos e curtos. – Até hoje ninguém nunca respeitou a placa de “Não pise na grama”.

    — O problema não está na placa, olha o tamanho daquele Machamp e daquela Arcanine – respondeu o homem, usando seus binóculos.

    — Como você sabe que é fêmea? – questionou a outra, franzindo a testa.

    — O pelo dela é diferente.

    — O pelo é igual a de todos os outros Arcanines.

    — E você lá entende disso?

    — E você entende?

    Uma terceira figura surgiu, uma mulher misteriosa que quando falava, parecia um sussurro.

    — Estão com tempo de sobra para discutir assunto irrelevantes?

    — N-não, senhora... Nós... Só estávamos observando o movimento. Nenhum sinal da Lenora e nem do Clay – respondeu o homem, tenso.

    — A Gothorita tá posicionada – informou a recém-chegada. – Estejam prontos para informar ao Rei tudo o que ela me passar – ela fechou os olhos e se concentrou.

    A mulher de cabelos negros olhou pelo seu binóculo e notou a figura de um Pokémon humanoide preto e roxo próxima de algumas caixas, quase camuflada perto de alguns operários que conversavam perto da área proibida.

    — Sério que ninguém viu ela?

    — Shhh... – repreendeu. – Hmmm... Lenora chegou em Driftveil hoje de tarde e ela deve vir com Clay até a Twist Mountain amanhã de manhã – disse a mulher, como se recebesse as informações da própria Pokémon lá em baixo. Ela então abriu os olhos e sorriu.

    — E então?

    — Comuniquem o Rei.

       

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