

Brianna acordou com o som de
marteladas. Marteladas altas e fortes vindo do quarto ao lado. Sentou-se,
resmungando alguns palavrões leves antes de finalmente se levantar e ir checar
o que estava acontecendo, apenas por curiosidade. A barulheira vinha do seu
antigo quarto, o mesmo em que o teto sofrera um acidente e cedera graças a
chuva, ao entrar, a Snivy notou que um pequeno Pokémon humanoide cinza
conhecido como Timburr consertava o local como um exímio marceneiro e
construtor.
Observando tudo, estava Lilly, com
as mãos na cintura, curiosa com o serviço.
— A madeira estava velha? – ela
questionou para o trabalhador.
— Um pouco, madame – ele disse, com
um sotaque simples e carregado. – Acho que já estava meio úmida e a chuva
ajudou para que caísse tudo.
— Bom dia, senhorita Lilly –
cumprimentou Brianna, se aproximando após passar uns minutos olhando o trabalho
do Timburr.
— Oh, bom dia, Brianna. Dormiu bem?
Desculpe acordar vocês com barulho – riu ela.
— Ah, não se preocupe. É bom ver
que vão arrumar esse quarto. Ele é bem grande e dá pra receber uma família
quase – riu Bree, com bom humor.
— É bom que esteja animada. Hoje
vai ser um dia agitado – disse a Lilligant, ansiosa. – Convoquei Pokémon
curandeiros para algumas entrevistas e em breve teremos um para cuidar dos
possíveis acidentes – ela informou, orgulhosa.
— Isso é muito bom – celebrou
Brianna, intrigada com o trabalho de Timburr. – Ei, esse buraco leva até o
sótão né? – questionou para o trabalhador.
— Exatamente, madame. Algum
problema?
— Acho que podemos ver aquela
Darumaka que vive rindo da gente! – empolgou-se a Snivy, subindo na escada de
mão. – Com licença, querido – curiosa, a Pokémon de grama colocou a cabeça para
dentro do buraco que ainda restava no teto e começou a olhar em volta.
Como um clássico sótão do tipo
japonês, o teto era visível e o “chão” do local era feito de tatame, seria um
lugar agradável de viver se não fosse a escuridão e a poeira. Bree olhou em
volta, curiosa, o tempo ali começava a dar a sensação de filme de terror.
— Darumaka? C-Cadê você? –
questionou ela, começando a ficar apreensiva.
O silêncio foi quebrado por passos
pequenos rápidos que despertaram a atenção da Snivy, seus olhos procuraram em
todo canto, mas ela sentiu uma respiração pesada em seu pescoço. Com tensão,
ela começou a virar-se em direção da sensação e se deparou com um rosto
iluminado assustadoramente por uma chama de fogo produzida pela própria
Darumaka, fazendo com que seus olhos e sorriso desse medo a qualquer um.
Pálida, Brianna desceu rapidamente,
com os olhos arregalados, ela encarou o Timburr.
— Fecha essa porcaria e NUNCA MAIS
ABRA NOVAMENTE!

A fila se estendia por vários
metros, Pokémon de todas as espécies, tipos e tamanhos aguardavam ansiosamente
para serem entrevistados por Lilly, em busca da tão sonhada vaga de curandeiro
da pensão. A dona do local estava surpresa, não imaginava que seria algo tão
concorrido.
Um por um, os Pokémon foram
atendidos, alguns ficaram nervosos demais e mal conseguiram falar, enquanto
outros eram realmente habilidosos e impressionavam a Lilligant, que parecia
extremamente dividida em várias opções, mas aquele era só o começo.
Vic e Brianna estavam sentados
próximo a uma janela da sala de estar, no andar térreo, observando o “evento do
dia”.
— É bem legal a dona Lilly pensar
na composição do time dela – comentou o Victini, se espreguiçando.
— Hm? – resmungou a Snivy, sem
muita disposição.
— O time dela, pensa só, é como uma
guilda. Tem a líder, que é ela, e agora ela vai ter o curandeiro, agora só vai
faltar o arqueiro, o tanque, o espadachim e... – ele foi interrompido.
— Você andou jogando PokéRPG né? –
questionou a amiga, com um sorriso leve.
— O Hilbert tentou ensinar a Hilda,
mas nem ele sabe jogar direito – o outro deu de ombros, rindo. – Um dia eu te
ensino.
— E que classe eu seria? – a moça
questionou, um tanto curiosa com o rumo que a conversa levaria.
Vic refletiu por longos minutos até
responder.
— Um Viking – o rapaz percebeu que
sua companheira fez uma expressão confusa, então completou: - É que eles são
conhecidos pela agressividade.
Quando terminou a frase, ele
ligeiramente se arrependeu quando sentiu a encarada da outra e sua espinha
gelar.
— Eu só não vou gritar ou te bater
porque eu não quero comprovar essa sua teoria – a mulher cruzou os braços. – E
só para constar, eu acho que você combinaria com a classe dos ladrões, por
motivos óbvios.
Vic se aproximou de Brianna, sorrindo
charmoso e instigante.
— É porque eu roubei seu coração,
minha colega? – disse.
A Snivy empurrou o rosto do amigo
para longe gentilmente, rindo um tanto corada.
— Sai fora – ela virou a cabeça,
olhando novamente para fora e para enorme fila, e algo despertou sua curiosidade.
- Aquela é a Mirsthy?
— Hm? – o Victini copiou o ato da
colega e olhou para a mesma direção. – Vish, é ela mesmo, o que ela tá fazendo
na fila?
— Certeza que ela deve estar lá sem
sabe o motivo dessa fila – a Snivy revirou os olhos, se levantando. – Eu vou
até lá.
— E se a gente ficar vendo até onde
ela vai para depois rir da frustração dela? – sugeriu o jovem.
— Você é um péssimo Pokémon –
rindo, a inicial de grama se dirigiu para fora, atravessando a longa fila e
chegando até a amiga. – Ei, Mirsthy.
— Bree! – cumprimentou a Minccino,
contente em ver a colega. – Não te vejo desde o café da manhã. Sabe me falar se
a Lilly já demonstrou interesse em alguém? Não quero perder minha chance.
— Mi, você sabe do que é essa fila?
– questionou a de cabelo verde, com as mãos na cintura.
— Claro que sei, é pra entrevista
para a vaga de curandeiro da pensão – respondeu a outra, naturalmente.
— E desde quando você é curandeira?
– Brianna franziu a testa.
— Ora, desde sempre – alegou, com convicção.
— Mirsthy, você pode ser tudo,
menos médica.
— Que cruel! Olha aqui, eu sou um
tipo de médica diferente do convencional. Eu não curo os machucados externos,
eu curo os daqui da sua cabecinha – ela cutucou levemente a testa da outra com
o indicador.
— Lá vai ela de novo... –
resmungou. – Mi, sacudir seu rabo na cabeça das pessoas não será o suficiente
pra cuidar de uma ferida mais grave.
— Não, não, não. Eu falo de dentro
da sua cabeça – sorriu. – Você me conta seus problemas, o que te incomoda, seus
medos e eu te dou conselhos e assim a sua mente se ilumina – na imaginação de
Mirsthy, tudo aquilo era tão impressionante que com certeza impressionaria
Lilly.
— Não tem como isso dar certo. Só
acredito vendo – murmurou Brianna, revirando os olhos.

— Anuncio para vocês a contratação
da nossa nova curandeira da Pensão da Lilly Lilligant: Mirsthy, a Minccino –
anunciou Lilly, na sala de jantar, naquela mesma noite, com orgulho e satisfação.
— Não acredito! – exclamou Bree,
surpresa e incrédula.
— Bem-vinda, minha querida –
aplaudiu levemente a dona da pensão, sorrindo. – Espero que possa ajudar a
todos por aqui. Gostaria de dizer algumas palavras?
A Minccino caminhou até o centro do
cômodo e sorriu.
— Eu estou sem palavras, senhora
Lilly. É uma honra ter a oportunidade de poder ajudar nessa instituição tão
nobre e maravilhosa. Eu serei mais de que uma curandeira para vocês, irei
ajudá-los com problemas que estejam incomodando a cabecinha de vocês – ela
começou com a voz gentil, orgulhosa de si própria. – É só me procurar e
conversaremos, então eu te ajudarei da melhor maneira possível.
— Como ela convenceu a Lilly? –
resmungou Brianna, sentada e encostada no sofá, ainda sem digerir a história.
— Ah, Bree, acho que deveríamos
confiar nas habilidades da Mi – disse Vic, rindo da amiga. – Pense pelo lado
positivo, teremos prioridade no atendimento.
— Sim, seremos o primeiro a morrer
– a Snivy fingiu uma risada e notou que Mirsthy se aproximou depois de seu
discurso e sentou ao seu lado, satisfeita.
— E então, fui bem no discurso? –
ela questionou.
— Você sempre boa em falar, Mi –
riu o Victini. – Confio em você, hein?
— O que você falou para a dona
Lilly, Mirsthy? – questionou a de cabelo verde, de imediato. – Não usou seu Baby
Doll-Eyes para convencê-la, né?
— É claro que não – respondeu, na
defensiva. – Eu só expliquei pra ela a minha proposta e ela achou muito
interessante, só isso.
A Pokémon de grama foi retrucar,
mas a Minccino levantou o indicador, interrompendo-a.
— Se serve de consolo, não vamos
mais pagar nossas diárias pela pensão.
— Essa é minha garota! – exclamou
Vic, animado, fazendo um cumprimento conhecido como high five com a
mamífera cinza.
— Estou ansiosa para começar as
consultas amanhã – sorriu Mirsthy, exalando ansiedade.
No outro dia, mais uma fila enorme
se formava, dessa vez, era dos próprios membros da pensão que tinham um
objetivo em comum: ser atendido pela doce e nova curandeira, a doutora Mirsthy,
como ela se denominava. Brianna encarava aquela fila com certa negatividade, em
sua cabeça, tudo aquilo era besteira e seria um completo desastre, mas não quis
intervir.
O primeiro da fila era o velho
Grimaud, que comentara lembrar de pessoas que “vendiam” conselhos na sua época.
Talvez as consultas da Minccino fosse algo que descendia daquilo, e aquilo
despertara muita atenção nele.
— Pode entrar o primeiro da fila! –
anunciou a voz da mamífera de dentro de seu consultório improvisado.
O velho Joltik entrou então,
tomando um assento que lhe fora oferecido.
— Bom dia, senhor Grimaud – sorriu Mirsthy,
cordial.
— Bom dia, mocinha – respondeu o
senhor. – Parabéns pela vaga.
— Ah, muito obrigada. Em que posso
ajuda-lo hoje?
— Ok, acho que você pode me ajudar
em algo superimportante – ele se ajeitou em sua cadeira. – Os tempos mudaram, e
como pode ver, estou velho para entrar em combate, mas ainda sou sábio o
suficiente para aprender estratégias e informá-las ao meu mestre, o senhor
Athos. Agora me diga, jovem conselheira, quais são as melhores estratégias de
guerra utilizadas hoje em dia?
A de cabelo cinza encarou o homem a
sua frente, perplexa. Piscou algumas vezes para tentar digerir o que ouvira.
— G-Guerra? Desculpa, eu não
entendi – a moça tentou assimilar as coisas, não era bem esse tipo de problema
que ela esperava ouvir.
— Não é bem uma guerra, mas o
senhor Athos e eu sempre corremos grandes perigos, e tínhamos estratégias para
tal. Sempre procurávamos um conselheiro real que nos vendia informações sobre
os grupos que queríamos atacar – Grimaud continuou a gesticular intensamente. –
Nunca mais vi alguém fazendo isso até você aparecer.
— Espera, o quê? Não! Não! – ela
sacudiu as mãos. – Não sou uma conselheira real, não é bem esse tipo de
conselho que eu dou. Você me conta um problema que incomoda seu coração ou sua
cabeça e eu te ajudo da melhor forma. Eu devo ter explicado isso mais de uma
vez – riu, sem graça.
— Oh, então você cuida de problemas
pessoais, tipo... internos? – o Joltik refletiu por uns segundo e abaixou a
cabeça envergonhado. – Que descuido meu, sinto muito, mocinha – ele riu de
leve.
Mirsthy suspirou, tentou pensar em
algo, mesmo que não fosse aquele tipo de orientação que estava pensando em dar,
não queria ver seu primeiro paciente sair de mãos abanando.
— Olha, se te serve de consolo, um
bom “ataque” pode ser feito na base do diálogo. Ele é a chave de tudo – sorriu,
contente em ver que aquilo tinha saído levemente poético.
— Diálogo? – Joltik refletiu e se
levantou. – Muito obrigada, jovem conselheira, tenho certeza que o senhor Athos
ficará agradecido com o seu conselho.
— A-Ah – a Minccino riu de leve,
acanhada. – Fico feliz.
Grimaud tomou a direção da porta,
mas antes de sair se virou e questionou:
— Essa estratégia de diálogo
funciona com as mulheres também?
— Principalmente com as mulheres – sorriu. – É melhor que assustá-las pulando nelas – riu.
A próxima vití... paciente foi a
pequena Sombra, o que surpreendeu a doutora. Não conseguia imaginar como uma
criatura tão nova teria problemas, imaginou então que seriam perguntas
relacionadas ao seu crescimento ou poderes. Coisas que toda criança
perguntaria.
A Zorua sentou-se na cadeira e
colocou em cima da mesa de madeira um pacote de biscoitos recheados.
— M-me trouxe um presente? –
Mirsthy franziu a testa.
— Não! – disse a outra, agitada. –
Você disse que ajudava com problemas dos outros né? Então... Essa coisa é um
problema mim.
A mais velha sorriu e percebeu que
estava diante de problema realmente sério. O biscoito provavelmente
representava a fome intensa da raposinha e esta queria emagrecer. Era hora de
agir:
— Oh, querida. Entendo que se
preocupe com a sua saúde, mas você é muito novinha pra ficar obcecada com dietas.
Deixe tudo agir no seu tempo e aproveite sua infância devorando muitos
biscoitos recheados – o sorriso da mulher ia de orelha a orelha, o peito estava
estufado de orgulho.
Foi quando Sombra retrucou:
— Tia Mirsthy, porque você tá
falando coisa estranha? Eu quero que você abra esse pacote pra mim. Roubei da
bolsa da Hilda, mas não consegui abrir ainda.
No final, era só um problema de
criança mesmo.
Dentre tanto outros atendimentos
mais sérios, Koin questionou sobre ser mais que um Pokémon fofo e mimado, Vic
confessou que as vezes roubava apenas por diversão e vício e admitiu que se
envergonhava um pouco disso. Até mesmo Brianna, que antes estava relutante,
quase entrou aos prantos tentando explicar seu receio de sua família tê-la
esquecido e de que nunca mais a viessem busca-la.
Foi quando a última paciente entrou.
Lilly, acanhada e falando consigo mesma, ensaiava algum diálogo imaginário.
Mirsthy terminava de arrumar sua mesa quando a viu.
— Oh, senhora Lilly. Tudo bem? Devo
dizer que o primeiro dia foi um sucesso – sorriu. – Apesar de alguns
imprevistos, foi tudo uma maravilha.
— E-Eu... quero uma consulta –
confessou a Lilligant, acariciando as mãos, nervosa.
— Uma consulta? – a Minccino
pareceu surpresa, mas convidou sua inesperada paciente para se sentar.
A outra obedeceu, demonstrando que
estava buscando coragem de algum lugar para revelar algum segredo obscuro e
polêmico, como se o que ela dissesse, pudesse mudar todo o rumo de um mundo
inteiro.
— Senhora Lilly, você não é
obrigada a me contar nada. Eu estou aqui para ajudar como puder, mas só quando
a pessoa está disposta ou estiver em muito perigo.
— É sobre minha relação com
humanos... – revelou por fim, a dona da pensão.
— Oh – Mirsthy esboçou um certo
sorriso confortante. – É um passo importante. Quer me contar o que aconteceu?
— Eu tinha um treinador...
Naquela noite, choveu novamente.
Tanto do lado de fora, quanto do lado de dentro, Lilly desabou em lágrimas ao
contar sobre seu passado, a doutora estava tensa pelo peso daquelas palavras,
mas também se sentia grata por receber a confiança de uma pessoa tão
importante.
A boa notícia é que o serviço do
Timburr se provara de excelência e o teto se manteve firme.
Oiii Star. Finalmente sou a primeira a comentar em algum capítulo.
ReplyDeleteEu nem percebi o capítulo correndo, pra falar a verdade, de tão entretida que estava. Achei muito inteligente e original o fato da primeira médica da pensão na verdade ser uma psicóloga. E isso é realmente útil se consideramos o fato de que só o fato de conviver com esses treinadores malucos já faria todo mundo surtar.
Vic e Brianna estão cada vez mais se consolidando com casal. Ela nem nega mais hahaha. No fim, todos, ou quase todos os monstrinhos curtiram a ideia kkk tenho certeza que a própria Brianna será uma frequentadora assídua do consultório.
PELO AMOR DE DEUS MULHER Q SEGREDO É ESSE, TEM CRIANÇA CHORANDO, TEM VELHO CAINDO, TEM GRÁVIDA VOMITANDO TA TODO MUNDO TRISTE TODO MUNDO DEPRESSIVO PRECISAMOS SABER O SEGREDO DA DONA DA PENSÃO.
Yooo Carol
DeleteA NEW RECORD
Vamos ser sincero que uma médica não seria útil, já que o maior perigo que se enfrenta na pensão é não ficar louco ahsuauhsahus
Vic e Brianna é aquele casal que precisa de pelo menos 100 empurrões pra ele se tocarem ahsuahusahus
Bree louquinha da silva vai fazer cartão fidelidade
PELO AMOR DE DEUS, EU AMO DEIXAR TODO MUNDO DESESPERADO COM OS SEGREDOSH AUSHUASHUAHUS
Obrigada pelo comentário
See ya