• Capítulo 26

    Vic guiava Oliver pelas ruas de Castelia, despreocupado com os olhares das pessoas, mesmo numa cidade grande como aquela, nenhuma pessoa realmente olhava para o lado para prestar atenção. O menino caminhava convencido após seu encontro com Yasmin, que foi buscada pelos seus pais minutos antes.

    — Você viu como ela sorriu? – disse para o Pokémon na sua frente. – Eu acertei demais no presente.

    Você quase fez xixi nas calças, isso sim, garoto – Victini se virou para o jovem. – “Esse presente é pra mim?”, “Não!” – debochou a criatura, imitando as vozes.

    — Aquilo foi um pequeno imprevisto. Eu fui incrível – Oliver colocou as mãos na cintura, presunçoso.

    Pois saiba que eu mereço crédito pelo seu ato, já que parte do seu charme veio desse meu lindo rostinho naquela estátua – não querendo perder uma guerra de egos, Vic parou e imitou o gesto de seu adversário, observando-o.

    — Você é literalmente igual a todos os Victinis – retrucou. – O talento foi meu.

    Se eu nem existisse, você nunca teria conquistado a garota.

    — Posso provar que sou mais incrível que você.

    Com uma corrida até sua casa?

    — Quem perder, paga Casteliacones para o outro.

    Fechado!

     


    Hilbert corria na frente dos amigos, tentando não perder o carro de vista. Lá dentro, o homem não parecia muito preocupado com a perseguição, estava mais atento e imerso com os afazeres de seu celular do que com o mundo externo.

    O treinador desacelerou um pouco o passo, cansado. Hilda e Jackson o alcançaram, correndo em um ritmo mais lento.

    — Por que isso parece quando fugimos da polícia naquela vez? – questionou a garota.

    — Fugir da polícia por causa de Casteliacones é menos ridículo do que perseguir um carro por causa de uma lasca de pedra – retrucou o menino de boné, rindo ofegante.

    — Falando desse jeito, parece que estamos envolvidos com tráfico – brincou Jack, rindo.

    Após perseguirem o veículo por várias quadras e atravessarem perigosamente algumas ruas, o alívio ao ver o carro finalmente parar foi automático. Hilda colocou as mãos no joelho, recuperando o ar.

    — Está tão quente que eu tenho certeza que vou virar um Fire-type – comentou, ofegante.

    — Eu descobri que sou mais sedentário do que pensava – comentou o arqueólogo, enxugando o suor na testa.

    Do táxi, enfim, desceu o alvo da operação. Agora era mais fácil de vê-lo. Seus traços orientais denunciavam sua origem, provavelmente de Johto, sua pele era clara e lisa como de uma boneca, o que denunciava sua vaidade em usar muitos produtos para a pele. Seus cabelos castanhos quase pretos eram lisos e bem penteados com um corte moderno. Suas roupas demonstravam que ele era atento a moda, mas que precisava manter uma postura mais séria, então preferia roupas escuras. Por fim, após checar algumas notificações em seu celular, ele entrou em um dos prédios.

    — Atrás dele! – berrou Hilbert, recuperando o fôlego rapidamente (algum privilégio de ser meio Pokémon) e voltando a correr.

    Nem pararam pra perceber em qual era o tipo de construção que estavam adentrando, mas o cheiro de mel surgiu em suas narinas que eles se questionaram qual produto de limpeza teria um cheiro tão bom. Depois da sensação do olfato, a visão os privilegiou diversas pinturas protegidas por quadros, e estátuas expostas em longos corredores com iluminação clara e extremamente brilhante, os pilares de uma arquitetura antiga dava a aparência de clássico e bancos estofados permitiam que visitantes pudessem se sentar e admirar com conforto. Estavam em um museu de arte.

    — Oh, o Museu de Arte de Unova – comentou Hilda, que já frequentara o local antes. – Nem reconheci quando entramos.

    — Ele pode ter ido para qualquer lugar, vamos nos separar e procurar por pistas – disse o treinador, atento. – Jackson na direita, Hilda na esquerda e eu no meio.

    — Você ainda assistindo muito Houndoom-Doo em casa – ironizou a garota.

    O trio se separou.

     

    Hilda caminhava pelo corredor prestando atenção em alguns quadros, curiosa como o mesmo mundo era visto de forma diferente por diversos olhos de artistas de várias épocas. Quadros que contavam indiretamente a história de Unova com acontecimentos marcantes e pessoas importantes. Um dos que mais chamou a sua atenção foi uma pintura de Clara, a Princesa Branca. Era diferente da pintura da biblioteca de Striaton e mais parecida com a figura de seus sonhos.

    O artista era muito bom, já que conseguia transmitir a seriedade e a intensidade do olhar da monarca com perfeição que até deixou a garota intimidada. A pose ereta sentada em um trono de ouro refletia toda a realeza que um dia governara a terra de Unova com orgulho.

    — Sempre me chamaram de carrancuda por causa do meu jeito de governar – comentou Clara, surgindo depois de muito tempo. – Mas muita gente me achava mais atraente e bonita por causa disso – ela suspirou, como se quisesse desabafar. – Um bando de mentirosos.

    — Bom te ouvir de volta – Hilda comentou baixinho. – Achamos um fragmento e estamos à procura de outro agora.

    — Eu sei – disse, meio convencida. – Eu sempre estou aqui, só não tenho paciência pra ficar falando.

    — Poderia nos ajudar a encontrar.

    — Eu ajudo, se você consegue sentir a presença dos fragmentos é por minha causa.

    — Sempre bom falar com você – ironizou a menina.

    Clara suspirou.

    — Desculpa, eu não sou boa pra lidar com pessoas. E não é por mal – continuou a princesa. – Vocês são sortudos de viver numa época onde é fácil mostrar a verdade.

    — As pessoas ainda mentem muito, Clara – refletiu a jovem. – Elas usam o que chamamos de internet para se esconderem atrás de fotos editadas e atacarem outras pessoas.

    — Ainda assim, vocês conseguem desmascarar em poucos minutos. Na minha época, uma mentira podia ser levada por anos, e isso destrói a sua vida – e suspirou. – É por isso que eu sigo fielmente o princípio da verdade, não quero pessoas iludidas.

    — Fala como se já tivesse sido iludida por algo ou alguém.

    A princesa permaneceu alguns minutos em silêncio.

    — Você lê mentes?

    — Bom, você vive dentro de mim, eu logo acabaria adivinhando – riu a menina.

    — É uma história de um triângulo amoroso. Eu, meu irmão e um homem – começou Clara. – Esse homem, um lorde, era o amor da minha vida. Como um conto de fadas, eu queria o meu felizes para sempre num casamento. Mas ele sempre pareceu distante, como se nunca tivesse satisfeito, mas para mim, aquilo era só uma insegurança boba – ela riu, pela primeira vez.

    Hilda se questionou como conseguiam achar Clara uma pessoa tão séria. Chegava a ser fofo o modo como ela contava sobre sua história de amor.

    — E o que aconteceu?

    — Uma semana antes de nosso casamento, ele simplesmente sumiu e foi dado como morto.

    — Quando foi que essa história ficou tão trágica? – questionou, assustada.

    — Acho que dois anos se passaram e eu me casei com outra pessoa. Dias depois, como se surgisse dos mortos, o meu amado retorna e com uma confissão que me deixou furiosa. Eric e ele tinham forjado tudo aquilo com a desculpa de que queriam ficar juntos. O meu primeiro amor foi o primeiro amor do meu irmão.

    — Isso parece uma novela – comentou Hilda, ainda sem saber como opinar. A voz de Clara tinha assumido um tom mais sério e ela não parecia lamentar.

    — Depois desse dia, eu percebi que a verdade sempre deve ser dita, e tornei isso minha bandeira.

    — Transformou seu conflito amoroso com o seu irmão em uma bandeira política? – a jovem franziu a testa.

    — Você não entenderia, garota, são outros tempos! – enfezou-se a princesa. – Não era tão fácil...

    — Olha, eu entendo que não foi legal da parte do seu irmão roubar o seu futuro marido – começou Hilda. – Eu até compreendo que ele devia ter te confessado a real e vocês se ajeitassem sem muitos teatros. Mas não acho que tornar tudo tão extremo seja o correto.

    Clara suspirou. Não se sabia se era de decepção ou de alívio.

    — Você é tão nova pra entender...

    — Obrigada por me contar mais sobre você. Isso foi incrível – consolou a garota, com sinceridade. – De verdade, mas a gente realmente precisa procurar aquele fragmento, e eu tô morrendo de medo de alguém aparecer e me taxar de louca.

    — Eu não iria te defender, já aviso – riu a princesa.

    — Ah, muito obrigada pela amizade – ironizou a outra, retomando seu caminho pelo longo corredor.

     

    Hilbert se sentia um verdadeiro detetive, olhando em cada canto possível, ainda que o que procurasse não fosse exatamente algo que poderia se esconder facilmente em qualquer espaço, ainda assim, não queria perder a diversão do momento. Notou a presença de uma figura curiosa em um dos corredores vazios. Um palhaço. Completamente uniformizado com as roupas típicas da profissão, largas e coloridas. Ele não esquecera nenhum detalhe, isso incluía a clássica peruca e a exagerada maquiagem, ele notou Hilbert também e arqueou dramaticamente as sobrancelhas.

    — Oh, olá – o treinador se aproximou, estranhando um pouco a presença do rapaz, talvez ele estivesse em busca de alguma inspiração. – Pode me ajudar? Tô procurando um homem de blusa preta, ele usava um brinco e uma das orelhas, cabelos escuros.

    Mas não houve resposta, o palhaço só inclinou a cabeça levemente para o lado, se fingindo de desentendido.

    — Ué, você é surdo? – questionou o garoto. Em inocência, ele tentou mudar a forma de se comunicar, falando mais alto. – VOCÊ VIU UM HOMEM DE BLUSA PRETA? COM BRINCO!

    O palhaço cobriu as orelhas, incomodado com o barulho alto. Hilbert tentava decifrar qual era a daquela figura misteriosa, mas percebeu que não conseguiria arrancar nada daquele sujeito e resolveu seguir seu caminho. Porém, apesar dos desentendimentos, o palhaço bloqueou seu caminho, como se pedisse para o garoto ficar.

    — Cara, qual é a sua, hein? – o treinador começou a perder a paciência, mas logo notou que o artista tentava se comunicar com ele através de mímicas, fazendo gestos exagerados como se tentasse contar algo para o treinador. Como um verdadeiro artista profissional, seus movimentos pareciam dizer palavras como “mel”, “Combee” e “parede”, essa última palavra, sendo praticamente desenhada no ar com os braços e mãos. O jeito que ele encenou era tão real que o homem tratava aquela parede imaginária como sólida.

    Hilbert continuava a observar tudo completamente confuso. Apesar de ter entendido, não conseguia achar conexão entre tudo. Tentou contornar a situação se despedindo do rapaz, pois estava perdendo seu tempo e se desviando do seu objetivo inicial.

    — M-moço, eu preciso ir – disse o garoto, acenando de leve. – O-Obrigado pela ajuda.

    Mas o mímico parecia insistir em contar sua história para o garoto, inclusive lhe alertando de sua parede imaginária. O treinador acenou de leve, estava perdendo a paciência, a gota d’água foi quando o palhaço lhe agarrou o braço.

    — Cara! Já disse que não tenho tempo pra isso! – ele se desvencilhou com certa brutalidade do artista e resolveu correr, mas deu de cara com algo.

    Naquela hora, Hilbert aprendeu o poder que a parede imaginária de um mímico tem. “Convidado” a ficar, ele se atentou a história do rapaz.

     

    Jackson parecia estar com um pouco mais de sorte que seus colegas, não passara cinco minutos quando encontrou seu alvo de procura. O jovem adulto estava prestes a entrar em uma sala que advertia ser do Staff, o que indicava que provavelmente não estava apenas para uma simples visita para admirar obras. Seria ele apenas um simples funcionário ou algum gerente?

    Quando ele girou a maçaneta, o arqueólogo correu para impedir, chamando mais atenção do que deveria, e isso o deixou um pouco envergonhado.

    — Espera! – ele correu em direção ao de brinco. – Senhor, p-posso falar com você?

    O rapaz parou, um pouco assustado e olhou para o jovem. Antes que pudesse responder, Jack continuou a falar, reconhecendo a figura que perseguiam.

    — Chansol? – começou. – Chansol Park? – ele pareceu admirado.

    — Por favor, use apenas Park – respondeu o rapaz, incomodado com tanta intimidade, como se fosse cultural que seu nome fosse apenas dito por pessoas extremamente próximas.

    — Sinto muito – o de cabelos escuros corrigiu sua postura. – É que, nos encontramos algumas vezes antes. Meu nome é Jackson Petrie, sou sobrinho da líder de ginásio de Nacrene, Lenora. Fomos aos mesmos eventos, mas não tive a oportunidade de conversar com você.

    — Oh, entendo – respondeu Chansol, observando o garoto. – De toda forma, como posso te ajudar?

    — É sobre o brinco que está usando – explicou Jackson. – No caso, o pingente dele.

    Nesse momento, Hilda apareceu, apesar de sua sensibilidade perante a presença dos fragmentos da Light Stone ainda ser inconsistente, ela estava começando a aprender como identifica-la com mais precisão. Viu Jack e seu alvo conversando e logo se aproximou correndo para ajudar.

    — Que bom que achou ele, Jack – disse a garota, observando aquele minúsculo fragmento. Como algo tão pequeno podia dar tanto trabalho?

    — Desculpe, não estou entendo o que está acontecendo – disse o de blusa preta. – Qual o problema com o pingente do meu brinco?

    — Antes de tudo – o arqueólogo tomou a palavra. – Hilda, esse é Chansol Park, ele é o diretor do Museu de Arte de Castelia City.

    — Oh – admirou-se a garota. Já tinha ouvido falar sobre, mas em sua mente, sempre achou se tratar de uma pessoa mais velha. – É um prazer. Não queremos incomodar, é só que... – ela precisou refletir um pouco antes de explicar. – Precisamos do pingente no seu brinco.

    Recuando, Park cobriu seu objeto precioso, receoso em achar que se tratava de um assalto. Voltou a colocar a mão na maçaneta, pronto para correr, mas Jackson foi o primeiro a notar.

    — Espere! Não nos entenda mal, é que esse pingente é algo do nosso interesse, podemos negociar – disse, com calma.

    — Eu realmente preciso ir – intimidado, Chansol abriu a porta do Staff, mas dessa vez, Hilbert finalmente apareceu. Completamente desinformado da situação, não perdeu tempo em fazer alarde.

    — PEGA ELE! ELE VAI FUGIR! – berrou o treinador, correndo em direção do rapaz.

    — HILBERT, PARA! – Hilda foi a primeira a reagir, agarrando o garoto pela gola da blusa e fazendo-o parar de forma abrupta. – Dá pra colaborar?!

    A gritaria pareceu chamar a atenção dentro da sala, logo, um homem trajado com uniforme de segurança surgiu do ambiente, com uma expressão impaciente.

    — Em que posso ajudar, senhor Park? – questionou ele para o diretor. – Essas crianças estão te incomodando?

    — Apenas me assustando – respondeu.

    — Devo tirar eles daqui?

    — Não! Pera aí! – Jackson estendeu a mão, pedindo uma chance para falar. – Como conseguiu esse pingente no seu brinco, senhor?

    — Se queriam saber isso, podiam ter me perguntado antes – suspirou o homem, um pouco mais confiante. – Mas infelizmente, não sei se vão conseguir adquirir um. Eu ganhei do meu marido, e ele disse ser uma peça única.

    — Marido? Tá querendo dizer...? – o arqueólogo não conseguiu completar sua frase quando mais uma pessoa saiu da sala do Staff, dessa vez, alguém que realmente chamava a atenção.

    Alto e esguio, o homem que apareceu andava com naipe de artista, e não era por menos, suas roupas denunciavam um estilo alternativo, seus cabelos volumosos castanhos claros trajavam com uma pele clara e olhos verdes. Um cachecol estiloso de cor rosa enfeitava seu pescoço, uma camisa em gola V bem decotada preenchia o torso, nas pernas, uma calça listrada com tons de verde, rosa e preto, e por fim, um par de mule masculino completava o estilo do homem. Estavam de frente daquele que era o objetivo de Hilbert naquela cidade.



    — Burgh – apresentou-se, por fim, mesmo que a maioria dos presentes já sabia. – Líder de Ginásio de Castelia City e, perdoem a modéstia, um excelente artista e pintor.

    — Uau! – o treinador não conteve sua admiração. – Que sorte! Meu nome é Hilbert e eu estou em busca da minha terceira insígnia! – anunciou, como de costume.

    — Um treinador? – sorriu o líder, com as mãos na cintura. – Mas tenho certeza que a gritaria não foi exatamente por isso.

    Hilda deu um passo à frente.

    — P-pedimos desculpas – disse. – É que... Temos perguntas sobre o pingente do brinco do seu marido.

    Burgh olhou para Chansol. Era notável que o rapaz era mais novo que o líder. Arqueando as sobrancelhas, ele observou seu marido dar de ombros, como se também não estivesse entendendo nada. Cruzou os braços, analisou as três figuras e indicou com o cabeça para que o seguissem.

    — Vamos para minha sala – disse, tomando a frente.

    A sala de Burgh tinha multifunções. Ela conseguia compartilhar tudo que o líder era. Em um conceito aberto e pé direito alto, as paredes pareciam enormes folhas de sulfite prontas para serem pintadas e rabiscadas. Coisa que o artista parecia ter começado a fazer, já que na direita, as ilustrações de diversos Pokémon do tipo inseto preenchiam os olhos dos visitantes com tamanho talento. No chão de madeira brilhante, linhas indicavam o campo de batalha e ao redor de tudo, armários de madeira maciça com todos os materiais possíveis de pintura estavam organizados, ainda que alguns potes de tinta que tinham um cheiro marcante, estivessem abertos próximos a um cavalete onde provavelmente Burgh estava trabalhando em um novo projeto de pintura.

    — Caraca, esse lugar é enorme! – comentou Hilbert, olhando para todos os detalhes como uma criança em um parque de diversão. – Foi você que fez tudo isso? – questionou, apontando para a parede pintada.

    — É um projeto trabalhoso que comecei – respondeu o homem, parando ao lado do garoto. – Estou indo aos poucos. Basicamente quero tentar retratar todos os Pokémon do tipo Inseto que eu já vi pessoalmente e um dia lotar essa parede experiências.

    — Por que os insetos? – questionou novamente o menino, ainda curioso.

    — Todos os insetos são pequenos artistas – Burgh procurou em sua mente algo poético para responder. – Assim como na pintura, tudo é um aglomerado de pequenos detalhes que formam algo maior. Os fios de seda de uma Spinarak tecendo sua enorme teia com linhas e formatos geométricos, os buracos deixados nas folhas por Sewaddle, a forma como um Caterpie molda seu casulo para virar um Metapod, e como esse se abre lentamente para se tornar uma bela Butterfree – o líder continuou a sorrir, deixando os outros reflexivos.

    — Isso foi... inspirador – comentou Hilbert por fim. Apesar de tantas desvantagens em questões competitivas, tinha que admitir que aquela tipagem podia dar dor de cabeça nas mãos certas. Pensou também se Mushi, seu recém capturado Venipede, seria um desses poderosos Pokémon.

    — Mas vamos parar de falar de mim – continuou, voltando-se para Hilda e Jackson também. – Agora quero entender a história da gritaria e qual é o interesse no brinco de Chansol.

    — Provavelmente já deve ter ouvido falar da Light Stone e da Dark Stone, certo? – questionou o arqueólogo.

    — Chegou os boatos de que as existências das duas tinham sido comprovadas – respondeu o líder, pensativo. – O que tem elas?

    — A Dark foi roubada por uma equipe conhecida como Team Plasma. Já a Light Stone veio parar em minhas mãos.

    Jack foi íntegro e sério com suas explicações, relatou como encontrou tal objeto, os motivos dele manter em segredo, o encontro com Hilbert e Hilda, o roubo, o resgate e por fim, a destruição. A garota contou também sobre sua habilidade de sentir a presença dos fragmentos e toda sua relação com a Princesa Branca. Durante a explicação, o líder de Castelia e o diretor do museu trocaram vários olhares, desconfiados.

    — E assim chegamos no dia de hoje – disse Hilda. – O pingente no seu brinco é um fragmento da Light Stone.

    — E estamos extremamente curiosos em saber como conseguiu esse fragmento – completou Jackson. – Chansol – ele pigarreou. – Digo... O senhor Park disse que deu a ele de presente. Isso foi comprado?

    — E também queremos o fragmento! – complementou Hilbert, determinado.

    Burgh ergueu as mãos, pedindo um tempo para raciocinar tantos pedidos.

    — É muita informação... Inacreditável – comentou. – Não sei se consigo processar. Podemos fingir que vocês estão brincando com isso?

    — Mas é verdade! – exclamou Hilda, desesperada.

    Jack colocou a mão sobre o ombro da amiga.

    — Fica calma, Hilda. Eles estão no direito de não acreditar. Desespero não vai ajudar em nada – acalmou o arqueólogo. – Sobre o pingente? Como conseguiu ele?

    — Eu comprei de uma artesã há uns dias atrás em Driftveil – respondeu. – Ela me disse que era só uma pedra de positividade. Já que Chansol é bem conectado à essas coisas, achei que seria um bom presente.

    — E-Ela tinha mais desses pra vender?

    — Era uma peça única que ela vendeu por um preço bem alto – continuou a responder, fazendo uma certa careta ao se lembrar do preço.

    — Então a gente compra de você! – ofereceu Hilbert.

    Os outros quatro olharam incrédulos para o treinador.

    — Vamos? – questionou Jack, confuso.

    — No caso, a Hilda vai – o menino colocou as mãos nas costas da amiga. – É só dar o seu valor e ela paga tudinho.

    — Que história é essa, Hilbert Autevielle? – a garota encarou o outro ao seu lado, com certa raiva. – Tô com cara de banco?

    — Sim – respondeu, direto. – Ah, qual é, você tem dinheiro.

    — Eu teria mais se alguém não tivesse torrado minha grana em Accumula!

    — ... Você não tem mais?

    — É claro que não!

    — Aff. Ninguém mandou gastar tudo feito uma louca.

    A paciência da garota estourou e ela agarrou as duas orelhas do menino.

    — EU VOU TE VENDER PARA O CIRCO E USAR O DINHEIRO QUE GANHAR PRA COMPRAR ESSE BRINCO! – berrou. – SE BEM QUE NÃO PAGARIAM MAIS DE DOIS POKÉDÓLARES POR VOCÊ!

    Aos prantos, o pobre jovem respondeu:

    — Se você vender o Vic junto talvez consiga uns quatro – choramingou. – Por favor, tenha piedade das minhas orelhas!

    — Isso vai dar namoro ainda – debochou Jackson, com as mãos no quadril.

    Hilda encarou o arqueólogo e ele jurou ver uma aura demoníaca saindo do corpo da garota pronta para dominar a sua alma.

    — Isso, Hilda, puxa a orelha dele também! – exclamou Hilbert, se livrando da amiga.

    — Pera aí! Foi só uma brincadeira! – o jovem recuou drasticamente que mal teve tempo de impedir a colisão das suas costas com umas das estantes que comportavam alguns livros que acabaram caindo, fazendo um barulho estrondoso que ecoou pela enorme sala. – Ah, meu Arceus, desculpa.

    — Ok, ok, ok! – Burgh se aproximou e encerrou a discussão. – Chega! – ele elevou a voz, quase tendo um ataque em ver a bagunça. Extremamente organizado e perfeccionista com suas coisas, ver algo fora do lugar era quase com um tapa em sua cara. – Se querem brincar, brigar ou sei lá o quê, façam isso fora do meu ginásio – ele usou seu indicador para apontar em direção a saída, como um gesto de expulsão.

    — Senhor Burgh, por favor, nos dê mais uma chance – implorou Hilda. – É importante para a gente esse objeto.

    — Eu não vou tolerar nem mais cinco minutos de histórias mirabolantes – bronqueou o mais velho. – Não terão o brinco! Por favor, saiam!

    A garota abaixou a cabeça. Jackson se aproximou dela e a convenceu com um toque leve nas costas a saírem. Hilbert observou a expressão triste da amiga em absoluto silêncio, sentiu certa pena e até mesmo indignação em vê-la daquele jeito, mas seguiu sem maiores alardes. Os três atravessaram a porta principal que levava ao museu e desapareceram corredores afora.

    O líder de ginásio recolhia alguns livros quando Chansol se aproximou.

    — Eu já te contei sobre Junsei Kurosawa, né? – questionou para o marido.

    — É impossível não conhecer ele, Chansol – respondeu o outro, guardando os objetos de volta em seus lugares. – As ilustrações dele estão em todos os lugares. Principalmente nos livros de fantasia.

    — Ele fazia parte de uma família que há muito tempo atrás saíram de Unova para morarem em Johto – continuou o diretor, como se não se importasse muito com a resposta ríspida do outro. – Coincidentemente, os Kurosawa e os Park são parentes distantes, então eu ouvi muitas histórias sobre as duas esferas. Eu posso ser meio intuitivo e acreditar em besteiras, Burgh, mas de uma certeza eu tenho: Dark e Light Stone nunca foram apenas ilustrações ou história de um novelista.

    — Vai entregar o seu brinco e se deixar levar na história de crianças? – questionou Burgh.

    — Acho que a atmosfera séria de Castelia está fazendo mal para o seu espírito de artista – riu Chansol. – Não vou entregar de mão beijada, mas também não desacredito.

    Antes que a conversa continuasse, Hilbert voltou correndo, levemente ofegante. Ele encarou o líder do tipo inseto e apontou com o indicador para ele.

    — Eu não quero nem saber se você acredita na gente ou não – começou o treinador. – Mas você deixou a Hilda triste e eu vou conseguir esse brinco queiram vocês ou não!

    — O que vai fazer? Roubar da gente?

    — Se fosse Casteliacones, talvez – refletiu, colocando a mão no queixo. Logo, ele sacudiu a cabeça e voltou a falar: - Mas não! Eu tenho uma proposta. Teremos uma batalha de ginásio, se eu ganhar, você me dá a insígnia e o fragmento da Light Stone.

    — E se eu ganhar?

    O treinador parou por alguns minutos para refletir. O que tinha para oferecer? Pensou na coisa mais preciosa que tinha para ele naquele momento.

    — Minhas insígnias. Se você ganhar, eu te dou as duas insígnias que tenho – o garoto exibiu a case onde suas conquistas em Striaton e Nacrene estavam depositadas.

    Burgh analisou a proposta inocente daquele treinador e sorriu, sem deboche.

    — Amanhã de manhã?

    — Combinado!

     


    — VOCÊ O QUÊ?! – exclamou Hilda, no caminho de casa.

    — Minhas insígnias. Foi a primeira coisa que consegui pensar pra oferecer – explicou Hilbert. – Mas olha, pelo menos ele aceitou nos dar o brinco e a minha insígnia se eu ganhar.

    A garota, que caminhava ao lado dele, encarou o menino com certa desconfiança.

    — E você já tem uma estratégia de batalha pronta?

    — Nenhuma.

    Ela retirou o celular de seu bolso do short e começou a pesquisar algo.

    — O que tá fazendo? – questionou o amigo, curioso.

    — Pesquisando quanto custa uma passagem pra Striaton. Parece que vamos ter que colocar saia em você de novo e pegar insígnias do zero.

    Hilbert fez bico.

    — Que falta de confiança é essa, Hilda?!

    — COMO VOCÊ ME APOSTA DUAS COISAS QUE FORAM DÍFICEIS DE CONSEGUIR E IMPORTANTES PARA VOCÊ POR CAUSA DE UM BRINCO?!

    — PORQUE AQUILO É IMPORTANTE PRA VOCÊ! – berrou o garoto de volta, encarando a outra de perto.

    Ela, por sua vez, fez silêncio. E corou. Sentiu-se envergonhada por duvidar do amigo, mas também feliz em ver tamanha dedicação. Lotada de timidez, ela apenas segurou a manga da jaqueta azul do garoto e disse, baixinho:

    — Obrigada.

    Jackson, que andava logo atrás dos dois, observava a cena.

    — Acho que tô segurando vela – murmurou.


    Enquanto isso, Vic e Oliver pareciam estar com problemas alheios.

    O Pokémon vitória se deliciava de um Casteliacone ao lado de uma caixa cheia deles enquanto encarava com certo deboche o garoto sentado na poltrona próxima.

    Que cara é essa, Oliver, querido? – perguntou o Pokémon, em provocação.

    — Cara, eu não sei onde eu tava com a cabeça quando topei apostar uma corrida com um Pokémon que VOA! – respondeu o menino. – Acabei com toda a minha mesada.

    Se você admitir que eu sou incrível, eu até divido eles com você.

    No auge de inocência com seus oito anos, Oliver sorriu e se aproximou da criatura, faminto por um sorvete.

    — Você é o melhor, Vic! – exclamou.

    O Victini começou a gargalhar, mas sentiu pena do garoto.

    Não precisa de tudo isso, cara – o Pokémon pegou uma das sobremesas geladas e deu para seu amigo humano. – Obrigado pelos Casteliacones, dá até um alivio comer eles sem ter que roubar.

    — Pra falar a verdade – começou o menino, comendo. – A gente comprou muito, não?

    Nunca é demais.

    — É que eu não sei se dá pra esconder no congelador, e fora de lá, isso daqui vai derreter tudo.

    E quem disse que vai sobrar? Estamos em dois, é só comer tudo.

    — Tá falando sério? – os olhos de Oliver brilharam, era um sonho de infância.

    Tu tá recebendo a autorização de um adulto aqui para acabar com tudo isso! ­– brincou Vic.

    — OBA! – comemorou o garoto. – Obrigado, tio Vic, você é o melhor! Nunca que papai e mamãe deixariam eu comer tanto sorvete assim.

    O Victini riu com certo medo, coçou o nariz de leve e deu de ombros. Depois, só soltou com voz baixa enquanto alcançava outro Casteliacone.

    Não repitam isso em casa, crianças. 

       


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  • Capítulo 25

     

    Hilbert só acordou quando o sol começou a incomodar. Adorava dormir em ambientes confortáveis e frescos, e a julgar pelo luxo do estilo de vida da família de Hilda, não era de impressionar ao ver que o até o quarto de Oliver tinha ar-condicionado, naquele verão era tudo que ele precisa que nem se importou em acordar meio tarde. Sentou-se no colchão e se espreguiçou, depois, começou a olhar em volta, notando o pequeno Oliver em sua cama escrevendo em um caderno enquanto Jackson estava no colchão ao lado, focado em seu celular.

    O menino se limitou em dar bom dia a todos presentes no quarto e se levantar, caminhando até a porta para alcançar o banheiro, quando abriu o objeto de madeira e adentrou o corredor, quase soltou um berro ao ver tanta gente na sala da casa. Três dessas pessoas eram Maisy, Havana e Hilda, que estavam paradas em cima de pequenos palanques macios enquanto outras pessoas faziam a medidas de seus corpos. A mãe da garota analisava a pilha de tecidos trazidos pelos costureiros e estilista, querendo escolher a dedo o melhor e o perfeito.

    Hilbert olhou para Ben que estava na bancada da cozinha, tomando uma xícara de café enquanto observava as mulheres, completamente acostumado. Ele olhou para o garoto e riu, falando baixo:

    — Quer café? – ao receber uma resposta negativa, ele continuou: - Vai ser um longo dia, eu me manteria abrigado ou fugiria – riu.

    — Obrigado pela dica – o treinador voltou para o quarto, um pouco assustado.

    — Bem-vindo ao clube – riu Oliver ao ver o garoto entrar.

    — Cara, o que tá acontecendo? A gente precisa salvar a Hilda – disse o de cabelos castanhos.

    — Acredite, tá tudo bem com ela – riu Jackson, bocejando. – Vamos evitar aparecer por lá ou seremos os próximos.

    Hilbert desviou sua atenção para o garoto em sua cama, mais precisamente para o caderno em que ele escrevia loucamente, parecia ser uma espécie de carta endereçada por uma garota chamada Yasmin.

    — Sabia que é feio ficar bisbilhotando a carta dos outros? – disse Oliver, ao notar a presença do mais velho.

    — Como uma criança tem uma letra tão bonita? – comentou, inocente.

    A criança pigarreou, com vergonha.

    — Eu sei que parece letra de menina.

    — Letra de menina? Tá brincando? Eu achei uma letra muito maneira, estou com inveja! – ainda curioso, ele perguntou: - Quem é Yasmin?

    — Uma... garota – respondeu o outro, tímido.

    — Obrigado, Sherlock Holmes – ironizou Hilbert.

    Dá um tempo pro menino, Hilbert – disse Vic, brincando com Angel, a Lillipup. – Ele só tá apaixonado.

    — NÃO TÔ NÃO!

    — É o que um apaixonado diria – apontou Jackson.

    — Ela é da minha turma de escoteiro – explicou Oliver, envergonhado, visto que não teria outra alternativa, já que estava preso no quarto com eles. – Ela é divertida e inteligente. Ela tá há mais tempo que eu, então me ajudou bastante.

    — Oh, então você quer retribuir isso através de uma cartinha? – questionou o arqueólogo.

    — Também – ele encolheu os ombros, trazendo um pesar na voz. – É que eu fiquei sabendo que ela vai se mudar para uma região chamada Decolore, que é muito longe daqui – e abaixou a cabeça.

    Hilbert e Jackson se entreolharam, comovidos com a sinceridade e paixão daquela pequena criança que estava passando pelo primeiro amor da infância.

    — Você conseguiu escrever alguma coisa? – o arqueólogo se aproximou. – Seja sincero e escreva tudo que você gosta nela e de como você vai sentir falta.

    — Mas isso é o suficiente? – o menino olhou para os dois mais velhos como se procurasse conselho dos sábios.

    — Acho que tudo que vem do coração é mais do que suficiente – refletiu o treinador de boné vermelho. – Você pode fazer algo que fique com ela para que ela sempre se lembre de você.

    — Tipo o quê?

    — Alguma coisa importante que ela nunca vai esquecer.

    A porta do quarto se abriu e Benjamin colocou metade do corpo para dentro.

    — Ei, vocês três. Acho que vai ser muito chato se ficarmos enfiados dentro de casa – riu o homem. – Vamos deixar as meninas se divertirem sozinhas e vamos dar uma volta. Castelia sempre tem alguma coisa nova pra fazer.

    — Eu topo se o Vic não roubar Casteliacones – debochou Hilbert.

    Haha! Você é uma piada, Hilbert.

     

    Andar pelas ruas da metrópole Castelia City dentro de um carro dava uma sensação diferente, tudo parecia mais rápido e frenético (se é que isso era possível). Ben não escolhera um destino específico, queria apenas aproveitar o dia com os novos visitantes, então levou eles para conhecer enormes shopping, livrarias, lojas de jogos até resolverem dar uma parada para degustarem de um bom e tradicional fast food.

    Sentados em uma mesa da praça de alimentação, Hilbert não conseguia acostumar seus olhos com o tanto de informações, luzes e pessoas circulando. Por ser do interior, estava acostumado a processar uma coisa de cada vez. O lanche que pediria viera com tantas parafernálias e produtos embalados que ele mal sabia por onde começar, Jackson até achou engraçado, já que assim como Ben e Oliver, estava acostumado com aquele ritmo que mal levantava a cabeça para perceber melhor sua volta. Talvez fosse um mal de gente da “capital”.

    O mais novo do grupo comia seu lanche com pouca animação já que a carta, Yasmin e como dar um bom presente de despedida ainda lhe perturbavam a cabeça. Até que seu pai notou tamanha angústia.

    — Oliver, esse é seu lanche favorito, você costuma devorar ele tão rápido.

    — D-Desculpe, papai – o garoto suspirou. – Estou com pouca fome.

    — Você tá doente? – o mais velho colocou a mão na testa do menino ao seu lado, preocupado. – Sua mãe me mata se eu te levar doente pra casa – ele riu, pra descontrair.

    — Tô bem.

    — Conta pro seu pai, Oliver – incentivou Hilbert. – Ele provavelmente te dará uma super ideia. É o que os pais e mães fazem.

    — Pode me contar qualquer coisa, garotão – sorriu Ben. – Se eu não souber como responder, tenho certeza que Maisy saberá – riu.

    Oliver contou toda a história que dissera mais cedo para os outros jovens, dando alguns detalhes a mais de como a garota era extremamente descontraída e despreocupada sobre colocar mãos na lama ou se sujar, assim como uma exímia escoteira deveria ser. Também contou que ele tinha o mesmo nome do irmão mais velha dela e como isso a fizera rir.

    Então, contou sobre a mudança repentina e como ele queria dar algo para ela, uma carta e algum objeto que a fizesse lembrar sempre dele. O sabor do primeiro amor da infância era tão doce quanto o millshake que Oliver bebia.

    — Já pensou em fazer uma coisa artesanal? Você sempre gostou de massinhas de modelar – sugeriu Ben. – Biscuit é mais resistente, você pode modelar um Pokémon que ela goste ou algum bem fofo ou bonito.

    — Tipo uma action figure? – questionou o filho, bem curioso.

    — Isso aí – sorriu o mais velho. – Só que como você vai fazer a mão, é mais especial já que será de coração e fruto da sua dedicação. Um presente que você e olhe e sinta vontade de ter também, esse com certeza é o melhor tipo que você pode dar.

    Depois de toda aquela filosofia inspiradora, os três tiveram uma lâmpada acesa em suas mentes.

     


    Enquanto isso, o apartamento da família Foley parecia uma festa das cores com centenas e mais centenas de tipos de tecidos que Hilda mal sabia o nome da maioria. Invejava muito sua mãe por ela falar com convicção qual era o melhor e qual era o pior, qual combinavam melhor com a estação, com a cor de pele, o tipo de corpo e milhares de outros requisitos que nem os próprios estilistas pareciam acompanhar a tal animação de Havana. A garota sorria ao ver tanta empolgação.

    — Ok, filha, deixa eu ver esse tom de tecido em você – a loira se aproximou, envolvendo-a com o enorme pano preto, até que sua atenção se desviou para a mancha avermelhada no pescoço da mais nova, efeito do dia retrasado onde um infeliz incidente com Hilbert deixara sequelas. A mãe quase deu um pulo. – Minha santa Primarina! Hilda, o que é isso no seu pescoço? Você se machucou? Alguém te machucou?!

    A garota, por instinto, colocou a mão contra a pequena mancha, nervosa. Não queria se dar ao trabalho de contar o que aconteceu apesar de confiar na mãe e na tia, porém, existiam pessoas no ambiente que mal conhecia. Não se tratava só dela, se tratava de Hilbert também.

    — Eu acho que minha passagem pela Pinwheel Forest deixou meu pescoço sensível pela umidade – era uma péssima desculpa, mas torceu para que sua matriarca acreditasse. Tentou completar a história: - Mas eu juro que tá tudo bem. Digo, nem dói ou coça. Eu prometo que se piorar, eu irei avisar vocês. Estarei nas próximas semanas por aqui então não tenho como mentir, né?

    Havana suspirou e colocou as mãos na cintura. Sua filha já não era mais uma criança indefesa, se machucaria e levantaria novamente quantas vezes preciso, e estava feliz por ter ensinado ela como estar pronta para essas situações. Não estava em posição de cobrar nada da filha, já que estava “escondendo” seu relacionamento com Clay, provavelmente, assim como ela, a filha também encontraria o tempo certo para contar a verdade.       Resolveu mudar de assunto para evitar ainda mais tensão.

    — Então faremos um vestido com gola alta, só por prevenção – riu a mulher. – O que acha?

    Hilda assentiu.

    — Acho uma excelente ideia.

    Entre outras conversas de como seria a cor, o modelo e o comprimento do vestido das três, o assunto voltou para um tópico da noite passada.

    — Filha, precisa avisar Hilbert sobre sua escolha – disse Havana.

    — Hilbert vai ser o príncipe dela? – questionou Maisy, interessada. – Acho uma excelente escolha.

    — E-eu vou avisar assim que ele chegar – Hilda se sentou no sofá, nervosa só de pensar. Hilbert poderia muito bem recusar e deixa-la de mãos atadas.

    — Aliás, onde Ben levou eles? – questionou a mãe de Oliver. – Já fazem algumas horinhas.

    — Maisy como sempre, sendo a maior mãe coruja que eu conheço – riu a loira.

    A porta do apartamento se abriu e Oliver foi o primeiro a entrar com uma sacola em mãos, correndo direto para seu quarto mais animado do que nunca, sua mãe franziu a testa, observando a empolgação do menino. Logo depois Hilbert e Jackson, juntamente com Ben, que fechou a porta, apareceram.

    — O que aconteceu com o Oliver? – questionou a esposa para seu marido.

    — Ele teve uma ideia de presente para a amiguinha – sorriu o homem, pendurando seu casaco e se aproximando. – Você vai escolher um vestido azul, né?

    Maisy o observou e deu um sorriso leve.

    — No mesmo tom da primeira festa que fomos juntos? Com certeza – ela depositou um leve beijo no homem, que retribuiu com o mesmo carinho.

    Hilda levantou-se do sofá e timidamente se aproximou do treinador de boné vermelho, completamente nervosa. Ensaiando algumas falas para si mesma, parou estática e recebeu logo em seguida a atenção dele.

    — O-Oi Hilda – cumprimentou o amigo, meio confuso com a expressão da garota.

    — E-eu preciso... falar com você – a voz dela saiu incrivelmente falha.

    — Pode falar – sorriu o menino.

    — É que-

    — Hilbert! Jackson! – Oliver surgiu de seu quarto. – Venham me ajudar, por favor!

    — Ah, ok! – confirmou Hilbert, determinado. Ele colocou a mão no ombro da amiga e sorriu. – A gente se fala depois, Hilda. Vem Jack.

    A dupla de jovens se dirigiu até o quarto do mais novo da casa e Hilda quase gelou e travou de tanta vergonha. Acumulara tanta coragem que fora desperdiçada em questão de segundos. Ela olhou frustrada para Havana que soltou um sorriso reconfortante como se dissesse “vai ficar tudo bem”.

    No dormitório de Oliver, ele se sentou em sua escrivaninha de atividades escolares e depositou todas as massinhas que tinha comprado na mesa e as encarou. Dezenas de cores prontas para serem utilizadas, ansiando para serem esculpidas e formarem o objeto mais incrível do mundo. Hilbert e Jack observavam o garoto, esperando instruções para o plano.

    — O que vamos esculpir? – questionou o treinador, por fim.

    O silêncio predominou e os dois mais velhos se entreolharam, sem saber o que fazer, foi quando o mais novo virou-se para eles, com uma feição de desespero, quase chorando.

    — O que vamos esculpir? – perguntou, como se não tivesse ouvido a questão anterior.

    — V-Você não tem ideia? Que Pokémon ela gosta? – suportou Jackson, tentando manter a calma do garoto.

    — E-eu nunca cheguei a perguntar – a criança colocou as mãos na cabeça, prestes a surtar.

    — Faz um Pokémon famoso então – sugeriu Hilbert. – Algum que todo mundo goste. Que seja popular, fofo e incrível.

    Vic pigarreou e pousou na mesa, completamente convencido, colocou as mãos sobre o quadril e sorriu.

    Por sorte, vocês têm um Pokémon que é muito popular, fofo, incrível – ele sorriu. – E modéstia à parte, todo mundo gosta de um Victini.

    Os três humanos observaram aquela criatura. Hilbert foi o primeiro a tirar uma Pokéball da bolsa e deu de ombros.

    — Na verdade, eu ia sugerir que usássemos a Mirsthy como modelo – disse o jovem. Jackson, por sua vez, pegou sua Cleffa no colo.

    — E eu iria sugerir a Bijou – confessou o arqueólogo, sorrindo sem graça.

    Ninguém me respeita nesse grupo – resmungou o Victini.

    No final das contas, o Pokémon mítico fora escolhido como modelo para virar uma delicada escultura feita completamente a mão. Infelizmente, habilidades manuais não era um dos fortes de Oliver, apesar de sua escrita ser impecável, por isso, a fabricação daquele simples objeto tomou muito tempo dos três humanos e do Pokémon que estava sentindo seus músculos travarem após tanto tempo parado com a sua pose deveras engraçada.

    O mais novo do grupo recuou para admirar sua obra e, contrariando as escritas antigas, ele não estava nem um pouco satisfeito, suspirou e abaixou a cabeça. Jackson encarou Hilbert, os dois mais velhos tentaram pensar numa forma de animar a criança.

    — Eu diria que está... – o treinador de boné buscou a palavra certa. – Original.

    — Original é foda – debochou o arqueólogo. – Com certeza ela vai gostar, Oliver.

    Vic se espreguiçou e se aproximou para analisar, já que ninguém era melhor que ele para analisar uma cópia sua. Repousou no ombro do garoto de cabelos castanhos e encarou aquela... escultura.

    Meu amigo... – começou o Victini. – Eu não sabia que existia uma forma de Galar minha. Parabéns, nota 0 – debochou o Pokémon, sem qualquer filtro.

    Hilbert agarrou a criatura mítica pelas orelhas laranjas, irritado.

    — Se você não vai falar nada útil, então não abre a droga da boca!

    Enfermeira Joy, corre aqui! – exclamou Vic, assustado.

    Maisy entrou no quarto com a leveza de uma donzela, sorrindo gentilmente ao ver o filho e os amigos de sua sobrinha, ela se aproximou.

    — Foi direto pro quarto e nem me deu oi, bobinho? – a matriarca beijou o mais novo na bochecha. – Como foi o passeio com o papai? – questionou ela, antes de notar a escultura sobre a mesa. – Oh, o que é isso?

    — A-ah! Não é nada! – Oliver se desesperou, tentando esconder o objeto com seus braços e mãos.

    — É um Victini? – a mãe ignorou, rindo com a timidez do filho. – Está tão lindo. É um presente?

    O menino encolheu-se tanto que parecia que iria desaparecer se fosse possível, assentiu levemente, evitando prolongar a conversa. A mais velha sorriu e manteve o tom gentil.

    — Seja para quem for, espero que goste – sorriu. – Mas agora é a hora do jantar e você ainda não tomou banho.

    — Mãããe! Não precisa falar isso na frente dos meus amigos! – protestou Oliver, completamente vermelho como um pelo de Darumaka.

    Se preocupa não, dona tia-da-Hilda, faz uns cinco dias que o Hilbert não sabe o que é um banho – debochou o Victini.

    — Essas orelhinhas devem valer uma boa grana – o treinador olhou com um olhar sarcástico para o companheiro Pokémon.

    Gente, é sério, chama a Enfermeira Joy – Vic tremeu-se todo.

     

    A madrugada de Castelia era a mesma de sempre: iluminada e barulhenta. Os carros no asfalto pareciam querer disputar ruídos sonoros contra os bares e baladas lotadas de pessoas, ansiosas por um pouco de diversão noturna. Apesar de tanto barulho, no apartamento da família Foley, um silêncio reinava que era possível ouvir as respirações fundas dos moradores e o funcionamento automático dos eletrodomésticos. Na sala, Hilbert era o único despertado, usando de uma pequena luminária que Ben usufruía para ler um jornal ou um livro, para iluminar a pequena figure de biscuit modelada por Oliver, tentando adicionar alguns detalhes, evitando mudar a forma original, já que o garoto realmente tinha dado seu melhor e merecia destaque, mas como amigo, ele sentia que podia dar essa força.

    Mal notou quando Hilda apareceu com seu baby-doll delicado de cor rosa. A menina percebeu a presença do companheiro na sala e instintivamente ajeitou suas mechas castanhas em um rabo de cavalo alto e ajeitou suas madeixas laterais em frente a um espelho no corredor. Começou a achar ridículo aquilo, passara dias dormindo e acordando com Hilbert nas rotas com os cabelos bagunçados e completamente não apresentável, como de repente estava tão preocupada em como iria aparecer para seu amigo?

    Se aproximou na ponta dos pés e colocou os braços atrás das costas, tímida.

    — Caiu da cama? – questionou ela, se odiando por perguntar algo tão idiota.

    Hilbert olhou para trás, surpreso por ter mais alguém acordado. A leve luz do abajur deixava o rosto do garoto iluminado, o que fez Hilda corar, mas decidiu prosseguir com a conversa.

    — Eu vim tomar água, não imaginava que teria alguém acordado há essa hora também. Tá tudo bem? – perguntou, sentando-se no sofá ao lado dele.

    — Tá sim – ele exibiu a pequena figure do Victini para a amiga. – Oliver que fez, estou dando uma melhorada.

    — Quantas habilidades secretas você tem? – riu a garota, apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos, observando a pequena obra de arte.

    — Eu gostava de massinha de modelar, acabava sendo a única brincadeira que eu podia fazer sozinho – contou ele, meio envergonhado.

    — Sinto muito...

    O silêncio cobriu o ambiente, Hilbert depositou o objeto em uma mesa de canto próxima e suspirou, era o máximo que podia fazer por Oliver e esperava que ele tivesse sucesso em seus planos. Bocejou levemente e manteve seu olhar fixo no chão, parecendo sério.

    Hilda ajeitou a postura e fez barulhos com a boca na tentativa de se entreter, até que sentiu que aquela era a oportunidade perfeita para fazer seu convite.

    — Hilbert... – ela começou, ainda que achasse inútil chamar a única pessoa naquele ambiente. – Eu preciso te fazer um convite. Digo, não é pra ser tão formal assim, mas é algo importante... para mim – suas mãos começaram a suar. – Mas eu acho que você vai se divertir também. É pra minha festa de 15 anos, sempre tem a dança principal e essas coisas – ela riu, completamente nervosa. – É claro que eu não danço sozinha, eu preciso de alguém pra me guiar. Não que eu não saiba dançar! Você já me viu até cantando, mas é que eu preciso de alguém pra me acompanhar – estava começando achar aquele discurso tedioso. Just ask, Hilda. ­– Eu queria saber se você não quer ser meu prín-

    O corpo de Hilbert pesou contra o braço e ombro da garota ao lado que gelou e corou imediatamente, não estava esperando aquele tipo de resposta. Mas ela nem terminara a pergunta, qual seria o significado daquele gesto? Ao olhar para o lado, se deparou com o rosto sereno e sonolento do amigo, que dormia de forma pacífica e cansada, com uma expressão de dever cumprido. Hilda suspirou, frustrada.

    — Boa noite – disse ela, em tom baixo.


     

    Oliver nunca se sentira tão nervoso na vida. Mas não é como se ele tivesse muita idade para sentir muitos anseios, mesmo assim, sentia que seu coração iria sair pela garganta. Cogitou fugir, mas Jackson, Hilbert e Hilda, que estavam escondidos atrás de uma moita daquele parque, pareciam dar uma pressão psicológica que travava o menino. A garota havia sido informada sobre o plano do primo algumas horas antes e resolveu acompanhar de perto, empolgada.

    Finalmente, Yasmin apareceu usando um delicado vestido branco que contrastava com os cabelos negros penteados em uma delicada trança, ela se aproximou do amigo quando o viu, ajeitando a mochila em suas costas.

    — Oi, Oliver – ela cumprimentou, com um sorriso meigo. – Tudo bem?

    — Y-Yasmin. O-olá – o garoto respondeu, nervoso, segurando o embrulho em suas mãos. – E-estou bem. Você?

    — Estou bem também.

    E assim o silêncio se fez.

    Na moita, o grupo observava um pouco impaciente.

    Me admira como a conversa é tão profunda – comentou Vic.

    — Ele só está nervoso – retrucou Hilda.

    — O que a gente faz se ele sair correndo? – questionou Jackson.

    — A gente ri, ué – respondeu Hilbert.

    — Que falta de confiança vocês dois! – bronqueou a menina, voltando a atenção para o primo. – Força, Oliver.

    Yasmin balançou o corpo, ainda meio confusa com o silêncio. Na verdade, estava mais curiosa com o pequeno embrulho nas mãos de Oliver do que outra coisa.

    — O que é isso? – questionou, apontando.

    — O-oh – o menino olhou para o objeto, como se tentasse recordar. – É um presente.

    — Sério – a garotinha sorriu, animada, se aproximando. – É pra mim?

    Oliver recuou rapidamente, tímido com a reação da outra.

    — N-não!

    Yasmin parou, desfazendo o sorriso.

    — Oh, entendo – ela recuou, um tanto desanimada.

    Oliver quase entrou em desespero achando que tinha jogado tudo no lixo com aquilo. Então estendeu o embrulho, nervoso.

    — É-é pra você!

    — Mas você disse que não era pra mim – a outra tombou a cabeça para o lado de leve, estranhando.

    — Eu menti.

    — Por que?

    — Vai aceitar o presente ou não?

    Yasmin pegou o presente, rindo de modo fofo.

    — Obrigada – com cuidado, a criança desembrulhou e seu olhos claros brilharam quando viu a escultura do Victini perfeitamente esculpida. – Uau! Um Victini! – ela sorriu, animada.

    — Você gostou?

    — Eu adorei!

    Oliver se sentiu aliviado e confiante, se aproximou e começou a explicar:

    — Eu mesmo fiz com biscuit, eu tive ajuda, mas fiz quase tudo.

    — Você fez? – sua companheira parecia impressionada. – Uau, Oliver, você é muito criativo!

    Hilda e seus companheiros sorriram com a inocência daquelas crianças, apreciaram o momento e sentiram um aconchego no coração. O primo da garota olhou de relance para os três e recebeu um aceno positivo. Confiante, ele encheu o peito.

    — Eu gosto de você, Yasmin – apesar da confiança, o menino sentiu o rosto queimar e as pernas tremente.

    Hilda cobriu a boca surpresa, admirada com tamanha coragem. Invejara o primo por ser mais direto do que ela em seus sentimentos, olhou de relance para Hilbert, meio envergonhada. O treinador não parecia ter a mesma reação de sua companheira, na verdade, ele parecia indiferente, porém, feliz pelo jovem. Já Jackson, observava Hilda com uma expressão de “eu sei exatamente o que você tá pensando”, o que fez a menina se encolher de timidez.

    Yasmin olhou para Oliver, coradinha e assentiu. Naquela idade, tudo sobre o sentimento amor era confuso e novo, não havia juras de amor eterno ou toques físicos, era só um sentimento puro e honesto que fazia eles quererem ficarem próximos. E uma repentina mudança era tudo que partia o coração daqueles dois.

    — Eu não queria me mudar. Gosto de Unova e de ficar perto de você – confessou a garota.

    — Mas você precisa. Seus pais provavelmente sabem que lá é um lugar legal. Um dia a gente volta a se ver – disse Oliver, com um sorriso. Nem parecia o mesmo Oliver de minutos atrás.

    — Promete?

    — É claro. E esse Victini é nossa promessa.

    Yasmin sorriu, abraçando o presente.

    Hilda segurou o choro na garganta, emocionada, olhou de relance para Hilbert. Era hora de criar coragem também. Jackson percebeu o clima e se afastou um pouco, querendo manter a privacidade dos dois. Com um toque gentil no ombro do amigo, ela começou:

    — Hilbert.

    O treinador olhou para ela e estranhou as orelhas vermelhas.

    — Esse é meu nome – riu de leve.

    — P-Posso conversar com você?

    — Já está, na verdade – foi a vez do companheiro a começar a ficar nervoso.

    — É-é sério! – ela movimentou as mãos, agitada.

    — Não vai querer cobrar pelos $3000 que eu gastei em Accumula Town, né?

    — O quê?! Claro que não, seu idiota! – exclamou a outra, chamando a atenção até de Yasmin e Oliver.

    — Jackson, o que tá acontecendo com ela? – recuou Hilbert, com medo.

    — Isso é problema pra você, Hilbert – riu o arqueólogo.

    Hilda se aproximou dele, segurando as mãos do amigo, demonstrando um pouco mais de confiança e coragem. Hilbert também não conseguiu conter a timidez ao sentir aquela proximidade, daquele jeito, sua amiga parecia um anjo de tão delicada.

    — V-vai me ouvir agora sem gracinhas? – questionou a jovem.

    O de boné assentiu, olhando fixo para os olhos azuis dela.

    — Ok, Hilbert – ela respirou fundo, mas o nervosismo voltou a tomar conta de seu corpo que a fez gaguejar. – E-eu... Eu... Eu...

    — Você...? – o companheiro tentou incentivar.

    Antes que o convite saísse por sua boca, a sensação e o barulho de chamas dominaram seu corpo. Um fragmento estava próximo.

    — Estou sentindo a presença de um fragmento da Light Stone – confessou, ainda que não fosse exatamente aquele o plano inicial.

    — O quê? Onde? – Jackson entrou na conversa, olhando em volta.

    Hilda se concentrou e fixou seu olhar para a saída do parque, onde um jovem rapaz caminhava rua abaixo, concentrado em seu celular. Em sua orelha esquerda, um brinco enfeitava seu rosto. Como pingente, uma lasca da pedra de Reshiram.

    — No brinco daquele rapaz! – apontou a morena.

    — E ele está indo embora – indicou Hilbert, ao ver que o homem parou sua caminhada para adentrar um táxi.

    — Então vamos atrás dele! – exclamou Jackson, correndo, sendo seguido por Hilbert e Hilda. A garota olhou para trás, se direcionando ao Victini:

    — Vic, leva o Oliver e a Yasmin pra casa! A gente volta logo!

    É o quê?!

    Mas antes que ele pudesse protestar, o trio já tinha sumido parque afora atrás daquele objeto importante e valioso.

        



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