- Home>
- capitulos , fanfic , verdade branca >
- Capítulo 25
Hilbert só acordou quando o sol
começou a incomodar. Adorava dormir em ambientes confortáveis e frescos, e a
julgar pelo luxo do estilo de vida da família de Hilda, não era de impressionar
ao ver que o até o quarto de Oliver tinha ar-condicionado, naquele verão era
tudo que ele precisa que nem se importou em acordar meio tarde. Sentou-se no
colchão e se espreguiçou, depois, começou a olhar em volta, notando o pequeno
Oliver em sua cama escrevendo em um caderno enquanto Jackson estava no colchão
ao lado, focado em seu celular.
O menino se limitou em dar bom dia
a todos presentes no quarto e se levantar, caminhando até a porta para alcançar
o banheiro, quando abriu o objeto de madeira e adentrou o corredor, quase
soltou um berro ao ver tanta gente na sala da casa. Três dessas pessoas eram
Maisy, Havana e Hilda, que estavam paradas em cima de pequenos palanques macios
enquanto outras pessoas faziam a medidas de seus corpos. A mãe da garota
analisava a pilha de tecidos trazidos pelos costureiros e estilista, querendo
escolher a dedo o melhor e o perfeito.
Hilbert olhou para Ben que estava
na bancada da cozinha, tomando uma xícara de café enquanto observava as
mulheres, completamente acostumado. Ele olhou para o garoto e riu, falando baixo:
— Quer café? – ao receber uma
resposta negativa, ele continuou: - Vai ser um longo dia, eu me manteria
abrigado ou fugiria – riu.
— Obrigado pela dica – o treinador
voltou para o quarto, um pouco assustado.
— Bem-vindo ao clube – riu Oliver
ao ver o garoto entrar.
— Cara, o que tá acontecendo? A
gente precisa salvar a Hilda – disse o de cabelos castanhos.
— Acredite, tá tudo bem com ela –
riu Jackson, bocejando. – Vamos evitar aparecer por lá ou seremos os próximos.
Hilbert desviou sua atenção para o
garoto em sua cama, mais precisamente para o caderno em que ele escrevia
loucamente, parecia ser uma espécie de carta endereçada por uma garota chamada
Yasmin.
— Sabia que é feio ficar
bisbilhotando a carta dos outros? – disse Oliver, ao notar a presença do mais
velho.
— Como uma criança tem uma letra
tão bonita? – comentou, inocente.
A criança pigarreou, com vergonha.
— Eu sei que parece letra de
menina.
— Letra de menina? Tá brincando? Eu
achei uma letra muito maneira, estou com inveja! – ainda curioso, ele
perguntou: - Quem é Yasmin?
— Uma... garota – respondeu o
outro, tímido.
— Obrigado, Sherlock Holmes –
ironizou Hilbert.
— Dá um tempo pro menino,
Hilbert – disse Vic, brincando com Angel, a Lillipup. – Ele só tá
apaixonado.
— NÃO TÔ NÃO!
— É o que um apaixonado diria –
apontou Jackson.
— Ela é da minha turma de escoteiro
– explicou Oliver, envergonhado, visto que não teria outra alternativa, já que estava
preso no quarto com eles. – Ela é divertida e inteligente. Ela tá há mais tempo
que eu, então me ajudou bastante.
— Oh, então você quer retribuir
isso através de uma cartinha? – questionou o arqueólogo.
— Também – ele encolheu os ombros,
trazendo um pesar na voz. – É que eu fiquei sabendo que ela vai se mudar para
uma região chamada Decolore, que é muito longe daqui – e abaixou a cabeça.
Hilbert e Jackson se entreolharam,
comovidos com a sinceridade e paixão daquela pequena criança que estava
passando pelo primeiro amor da infância.
— Você conseguiu escrever alguma
coisa? – o arqueólogo se aproximou. – Seja sincero e escreva tudo que você
gosta nela e de como você vai sentir falta.
— Mas isso é o suficiente? – o
menino olhou para os dois mais velhos como se procurasse conselho dos sábios.
— Acho que tudo que vem do coração
é mais do que suficiente – refletiu o treinador de boné vermelho. – Você pode
fazer algo que fique com ela para que ela sempre se lembre de você.
— Tipo o quê?
— Alguma coisa importante que ela
nunca vai esquecer.
A porta do quarto se abriu e
Benjamin colocou metade do corpo para dentro.
— Ei, vocês três. Acho que vai ser
muito chato se ficarmos enfiados dentro de casa – riu o homem. – Vamos deixar
as meninas se divertirem sozinhas e vamos dar uma volta. Castelia sempre tem
alguma coisa nova pra fazer.
— Eu topo se o Vic não roubar
Casteliacones – debochou Hilbert.
— Haha! Você é uma piada,
Hilbert.
Andar pelas ruas da metrópole
Castelia City dentro de um carro dava uma sensação diferente, tudo parecia mais
rápido e frenético (se é que isso era possível). Ben não escolhera um destino
específico, queria apenas aproveitar o dia com os novos visitantes, então levou
eles para conhecer enormes shopping, livrarias, lojas de jogos até resolverem
dar uma parada para degustarem de um bom e tradicional fast food.
Sentados em uma mesa da praça de
alimentação, Hilbert não conseguia acostumar seus olhos com o tanto de informações,
luzes e pessoas circulando. Por ser do interior, estava acostumado a processar
uma coisa de cada vez. O lanche que pediria viera com tantas parafernálias e
produtos embalados que ele mal sabia por onde começar, Jackson até achou
engraçado, já que assim como Ben e Oliver, estava acostumado com aquele ritmo
que mal levantava a cabeça para perceber melhor sua volta. Talvez fosse um mal
de gente da “capital”.
O mais novo do grupo comia seu
lanche com pouca animação já que a carta, Yasmin e como dar um bom presente de
despedida ainda lhe perturbavam a cabeça. Até que seu pai notou tamanha angústia.
— Oliver, esse é seu lanche
favorito, você costuma devorar ele tão rápido.
— D-Desculpe, papai – o garoto
suspirou. – Estou com pouca fome.
— Você tá doente? – o mais velho
colocou a mão na testa do menino ao seu lado, preocupado. – Sua mãe me mata se
eu te levar doente pra casa – ele riu, pra descontrair.
— Tô bem.
— Conta pro seu pai, Oliver –
incentivou Hilbert. – Ele provavelmente te dará uma super ideia. É o que os
pais e mães fazem.
— Pode me contar qualquer coisa,
garotão – sorriu Ben. – Se eu não souber como responder, tenho certeza que
Maisy saberá – riu.
Oliver contou toda a história que
dissera mais cedo para os outros jovens, dando alguns detalhes a mais de como a
garota era extremamente descontraída e despreocupada sobre colocar mãos na lama
ou se sujar, assim como uma exímia escoteira deveria ser. Também contou que ele
tinha o mesmo nome do irmão mais velha dela e como isso a fizera rir.
Então, contou sobre a mudança
repentina e como ele queria dar algo para ela, uma carta e algum objeto que a
fizesse lembrar sempre dele. O sabor do primeiro amor da infância era tão doce
quanto o millshake que Oliver bebia.
— Já pensou em fazer uma coisa
artesanal? Você sempre gostou de massinhas de modelar – sugeriu Ben. –
Biscuit é mais resistente, você pode modelar um Pokémon que ela goste ou
algum bem fofo ou bonito.
— Tipo uma action figure? –
questionou o filho, bem curioso.
— Isso aí – sorriu o mais velho. –
Só que como você vai fazer a mão, é mais especial já que será de coração e
fruto da sua dedicação. Um presente que você e olhe e sinta vontade de ter
também, esse com certeza é o melhor tipo que você pode dar.
Depois de toda aquela filosofia inspiradora,
os três tiveram uma lâmpada acesa em suas mentes.
Enquanto isso, o apartamento da
família Foley parecia uma festa das cores com centenas e mais centenas de tipos
de tecidos que Hilda mal sabia o nome da maioria. Invejava muito sua mãe por
ela falar com convicção qual era o melhor e qual era o pior, qual combinavam
melhor com a estação, com a cor de pele, o tipo de corpo e milhares de outros
requisitos que nem os próprios estilistas pareciam acompanhar a tal animação de
Havana. A garota sorria ao ver tanta empolgação.
— Ok, filha, deixa eu ver esse tom
de tecido em você – a loira se aproximou, envolvendo-a com o enorme pano preto,
até que sua atenção se desviou para a mancha avermelhada no pescoço da mais
nova, efeito do dia retrasado onde um infeliz incidente com Hilbert deixara
sequelas. A mãe quase deu um pulo. – Minha santa Primarina! Hilda, o que é isso
no seu pescoço? Você se machucou? Alguém te machucou?!
A garota, por instinto, colocou a
mão contra a pequena mancha, nervosa. Não queria se dar ao trabalho de contar o
que aconteceu apesar de confiar na mãe e na tia, porém, existiam pessoas no
ambiente que mal conhecia. Não se tratava só dela, se tratava de Hilbert
também.
— Eu acho que minha passagem pela
Pinwheel Forest deixou meu pescoço sensível pela umidade – era uma péssima
desculpa, mas torceu para que sua matriarca acreditasse. Tentou completar a
história: - Mas eu juro que tá tudo bem. Digo, nem dói ou coça. Eu prometo que
se piorar, eu irei avisar vocês. Estarei nas próximas semanas por aqui então
não tenho como mentir, né?
Havana suspirou e colocou as mãos
na cintura. Sua filha já não era mais uma criança indefesa, se machucaria e
levantaria novamente quantas vezes preciso, e estava feliz por ter ensinado ela
como estar pronta para essas situações. Não estava em posição de cobrar nada da
filha, já que estava “escondendo” seu relacionamento com Clay, provavelmente,
assim como ela, a filha também encontraria o tempo certo para contar a verdade.
Resolveu mudar de assunto para
evitar ainda mais tensão.
— Então faremos um vestido com gola
alta, só por prevenção – riu a mulher. – O que acha?
Hilda assentiu.
— Acho uma excelente ideia.
Entre outras conversas de como
seria a cor, o modelo e o comprimento do vestido das três, o assunto voltou
para um tópico da noite passada.
— Filha, precisa avisar Hilbert
sobre sua escolha – disse Havana.
— Hilbert vai ser o príncipe dela?
– questionou Maisy, interessada. – Acho uma excelente escolha.
— E-eu vou avisar assim que ele
chegar – Hilda se sentou no sofá, nervosa só de pensar. Hilbert poderia muito
bem recusar e deixa-la de mãos atadas.
— Aliás, onde Ben levou eles? –
questionou a mãe de Oliver. – Já fazem algumas horinhas.
— Maisy como sempre, sendo a maior
mãe coruja que eu conheço – riu a loira.
A porta do apartamento se abriu e
Oliver foi o primeiro a entrar com uma sacola em mãos, correndo direto para seu
quarto mais animado do que nunca, sua mãe franziu a testa, observando a
empolgação do menino. Logo depois Hilbert e Jackson, juntamente com Ben, que
fechou a porta, apareceram.
— O que aconteceu com o Oliver? –
questionou a esposa para seu marido.
— Ele teve uma ideia de presente
para a amiguinha – sorriu o homem, pendurando seu casaco e se aproximando. –
Você vai escolher um vestido azul, né?
Maisy o observou e deu um sorriso
leve.
— No mesmo tom da primeira festa
que fomos juntos? Com certeza – ela depositou um leve beijo no homem, que
retribuiu com o mesmo carinho.
Hilda levantou-se do sofá e
timidamente se aproximou do treinador de boné vermelho, completamente nervosa. Ensaiando
algumas falas para si mesma, parou estática e recebeu logo em seguida a atenção
dele.
— O-Oi Hilda – cumprimentou o
amigo, meio confuso com a expressão da garota.
— E-eu preciso... falar com você –
a voz dela saiu incrivelmente falha.
— Pode falar – sorriu o menino.
— É que-
— Hilbert! Jackson! – Oliver surgiu
de seu quarto. – Venham me ajudar, por favor!
— Ah, ok! – confirmou Hilbert,
determinado. Ele colocou a mão no ombro da amiga e sorriu. – A gente se fala
depois, Hilda. Vem Jack.
A dupla de jovens se dirigiu até o quarto do mais novo da casa e Hilda quase gelou e travou de tanta vergonha. Acumulara tanta coragem que fora desperdiçada em questão de segundos. Ela olhou frustrada para Havana que soltou um sorriso reconfortante como se dissesse “vai ficar tudo bem”.
No dormitório de Oliver, ele se
sentou em sua escrivaninha de atividades escolares e depositou todas as
massinhas que tinha comprado na mesa e as encarou. Dezenas de cores prontas
para serem utilizadas, ansiando para serem esculpidas e formarem o objeto mais
incrível do mundo. Hilbert e Jack observavam o garoto, esperando instruções
para o plano.
— O que vamos esculpir? –
questionou o treinador, por fim.
O silêncio predominou e os dois
mais velhos se entreolharam, sem saber o que fazer, foi quando o mais novo
virou-se para eles, com uma feição de desespero, quase chorando.
— O que vamos esculpir? –
perguntou, como se não tivesse ouvido a questão anterior.
— V-Você não tem ideia? Que Pokémon
ela gosta? – suportou Jackson, tentando manter a calma do garoto.
— E-eu nunca cheguei a perguntar –
a criança colocou as mãos na cabeça, prestes a surtar.
— Faz um Pokémon famoso então –
sugeriu Hilbert. – Algum que todo mundo goste. Que seja popular, fofo e
incrível.
Vic pigarreou e pousou na mesa,
completamente convencido, colocou as mãos sobre o quadril e sorriu.
— Por sorte, vocês têm um
Pokémon que é muito popular, fofo, incrível – ele sorriu. – E modéstia à
parte, todo mundo gosta de um Victini.
Os três humanos observaram aquela
criatura. Hilbert foi o primeiro a tirar uma Pokéball da bolsa e deu de ombros.
— Na verdade, eu ia sugerir que
usássemos a Mirsthy como modelo – disse o jovem. Jackson, por sua vez, pegou
sua Cleffa no colo.
— E eu iria sugerir a Bijou –
confessou o arqueólogo, sorrindo sem graça.
— Ninguém me respeita nesse
grupo – resmungou o Victini.
No final das contas, o Pokémon
mítico fora escolhido como modelo para virar uma delicada escultura feita
completamente a mão. Infelizmente, habilidades manuais não era um dos fortes de
Oliver, apesar de sua escrita ser impecável, por isso, a fabricação daquele
simples objeto tomou muito tempo dos três humanos e do Pokémon que estava
sentindo seus músculos travarem após tanto tempo parado com a sua pose deveras
engraçada.
O mais novo do grupo recuou para
admirar sua obra e, contrariando as escritas antigas, ele não estava nem um
pouco satisfeito, suspirou e abaixou a cabeça. Jackson encarou Hilbert, os dois
mais velhos tentaram pensar numa forma de animar a criança.
— Eu diria que está... – o
treinador de boné buscou a palavra certa. – Original.
— Original é foda – debochou o
arqueólogo. – Com certeza ela vai gostar, Oliver.
Vic se espreguiçou e se aproximou
para analisar, já que ninguém era melhor que ele para analisar uma cópia sua.
Repousou no ombro do garoto de cabelos castanhos e encarou aquela... escultura.
— Meu amigo... – começou o
Victini. – Eu não sabia que existia uma forma de Galar minha. Parabéns, nota
0 – debochou o Pokémon, sem qualquer filtro.
Hilbert agarrou a criatura mítica
pelas orelhas laranjas, irritado.
— Se você não vai falar nada útil,
então não abre a droga da boca!
— Enfermeira Joy, corre aqui!
– exclamou Vic, assustado.
Maisy entrou no quarto com a leveza
de uma donzela, sorrindo gentilmente ao ver o filho e os amigos de sua
sobrinha, ela se aproximou.
— Foi direto pro quarto e nem me
deu oi, bobinho? – a matriarca beijou o mais novo na bochecha. – Como foi o
passeio com o papai? – questionou ela, antes de notar a escultura sobre a mesa.
– Oh, o que é isso?
— A-ah! Não é nada! –
Oliver se desesperou, tentando esconder o objeto com seus braços e mãos.
— É um Victini? – a mãe
ignorou, rindo com a timidez do filho. – Está tão lindo. É um presente?
O menino encolheu-se
tanto que parecia que iria desaparecer se fosse possível, assentiu levemente,
evitando prolongar a conversa. A mais velha sorriu e manteve o tom gentil.
— Seja para quem for,
espero que goste – sorriu. – Mas agora é a hora do jantar e você ainda não
tomou banho.
— Mãããe! Não precisa
falar isso na frente dos meus amigos! – protestou Oliver, completamente
vermelho como um pelo de Darumaka.
— Se preocupa não,
dona tia-da-Hilda, faz uns cinco dias que o Hilbert não sabe o que é um banho –
debochou o Victini.
— Essas orelhinhas devem
valer uma boa grana – o treinador olhou com um olhar sarcástico para o
companheiro Pokémon.
— Gente, é sério,
chama a Enfermeira Joy – Vic tremeu-se todo.
A madrugada de Castelia
era a mesma de sempre: iluminada e barulhenta. Os carros no asfalto pareciam
querer disputar ruídos sonoros contra os bares e baladas lotadas de pessoas,
ansiosas por um pouco de diversão noturna. Apesar de tanto barulho, no
apartamento da família Foley, um silêncio reinava que era possível ouvir as
respirações fundas dos moradores e o funcionamento automático dos
eletrodomésticos. Na sala, Hilbert era o único despertado, usando de uma
pequena luminária que Ben usufruía para ler um jornal ou um livro, para iluminar
a pequena figure de biscuit modelada por Oliver, tentando
adicionar alguns detalhes, evitando mudar a forma original, já que o garoto
realmente tinha dado seu melhor e merecia destaque, mas como amigo, ele sentia
que podia dar essa força.
Mal notou quando Hilda
apareceu com seu baby-doll delicado de cor rosa. A menina percebeu a
presença do companheiro na sala e instintivamente ajeitou suas mechas castanhas
em um rabo de cavalo alto e ajeitou suas madeixas laterais em frente a um
espelho no corredor. Começou a achar ridículo aquilo, passara dias dormindo e
acordando com Hilbert nas rotas com os cabelos bagunçados e completamente não
apresentável, como de repente estava tão preocupada em como iria aparecer para
seu amigo?
Se aproximou na ponta dos
pés e colocou os braços atrás das costas, tímida.
— Caiu da cama? –
questionou ela, se odiando por perguntar algo tão idiota.
Hilbert olhou para trás,
surpreso por ter mais alguém acordado. A leve luz do abajur deixava o rosto do
garoto iluminado, o que fez Hilda corar, mas decidiu prosseguir com a conversa.
— Eu vim tomar água, não
imaginava que teria alguém acordado há essa hora também. Tá tudo bem? –
perguntou, sentando-se no sofá ao lado dele.
— Tá sim – ele exibiu a
pequena figure do Victini para a amiga. – Oliver que fez, estou dando
uma melhorada.
— Quantas habilidades
secretas você tem? – riu a garota, apoiando os cotovelos nos joelhos e a cabeça
nas mãos, observando a pequena obra de arte.
— Eu gostava de massinha
de modelar, acabava sendo a única brincadeira que eu podia fazer sozinho –
contou ele, meio envergonhado.
— Sinto muito...
O silêncio cobriu o
ambiente, Hilbert depositou o objeto em uma mesa de canto próxima e suspirou,
era o máximo que podia fazer por Oliver e esperava que ele tivesse sucesso em
seus planos. Bocejou levemente e manteve seu olhar fixo no chão, parecendo
sério.
Hilda ajeitou a postura e
fez barulhos com a boca na tentativa de se entreter, até que sentiu que aquela
era a oportunidade perfeita para fazer seu convite.
— Hilbert... – ela
começou, ainda que achasse inútil chamar a única pessoa naquele ambiente. – Eu
preciso te fazer um convite. Digo, não é pra ser tão formal assim, mas é algo
importante... para mim – suas mãos começaram a suar. – Mas eu acho que você vai
se divertir também. É pra minha festa de 15 anos, sempre tem a dança principal
e essas coisas – ela riu, completamente nervosa. – É claro que eu não danço
sozinha, eu preciso de alguém pra me guiar. Não que eu não saiba dançar! Você
já me viu até cantando, mas é que eu preciso de alguém pra me acompanhar –
estava começando achar aquele discurso tedioso. Just ask, Hilda. – Eu
queria saber se você não quer ser meu prín-
O corpo de Hilbert pesou
contra o braço e ombro da garota ao lado que gelou e corou imediatamente, não
estava esperando aquele tipo de resposta. Mas ela nem terminara a pergunta,
qual seria o significado daquele gesto? Ao olhar para o lado, se deparou com o
rosto sereno e sonolento do amigo, que dormia de forma pacífica e cansada, com
uma expressão de dever cumprido. Hilda suspirou, frustrada.
— Boa noite – disse ela,
em tom baixo.
Oliver nunca se sentira
tão nervoso na vida. Mas não é como se ele tivesse muita idade para sentir
muitos anseios, mesmo assim, sentia que seu coração iria sair pela garganta.
Cogitou fugir, mas Jackson, Hilbert e Hilda, que estavam escondidos atrás de
uma moita daquele parque, pareciam dar uma pressão psicológica que travava o
menino. A garota havia sido informada sobre o plano do primo algumas horas
antes e resolveu acompanhar de perto, empolgada.
Finalmente, Yasmin
apareceu usando um delicado vestido branco que contrastava com os cabelos negros
penteados em uma delicada trança, ela se aproximou do amigo quando o viu,
ajeitando a mochila em suas costas.
— Oi, Oliver – ela
cumprimentou, com um sorriso meigo. – Tudo bem?
— Y-Yasmin. O-olá – o
garoto respondeu, nervoso, segurando o embrulho em suas mãos. – E-estou bem.
Você?
— Estou bem também.
E assim o silêncio se
fez.
Na moita, o grupo
observava um pouco impaciente.
— Me admira como a
conversa é tão profunda – comentou Vic.
— Ele só está nervoso –
retrucou Hilda.
— O que a gente faz se
ele sair correndo? – questionou Jackson.
— A gente ri, ué –
respondeu Hilbert.
— Que falta de confiança
vocês dois! – bronqueou a menina, voltando a atenção para o primo. – Força,
Oliver.
Yasmin balançou o corpo,
ainda meio confusa com o silêncio. Na verdade, estava mais curiosa com o
pequeno embrulho nas mãos de Oliver do que outra coisa.
— O que é isso? – questionou, apontando.
— O-oh – o menino olhou para o objeto, como se
tentasse recordar. – É um presente.
— Sério – a garotinha sorriu, animada, se aproximando.
– É pra mim?
Oliver recuou rapidamente, tímido com a reação da
outra.
— N-não!
Yasmin parou, desfazendo o sorriso.
— Oh, entendo – ela recuou, um tanto desanimada.
Oliver quase entrou em desespero achando que tinha
jogado tudo no lixo com aquilo. Então estendeu o embrulho, nervoso.
— É-é pra você!
— Mas você disse que não era pra mim – a outra tombou
a cabeça para o lado de leve, estranhando.
— Eu menti.
— Por que?
— Vai aceitar o presente ou não?
Yasmin pegou o presente, rindo de modo fofo.
— Obrigada – com cuidado, a criança desembrulhou e seu
olhos claros brilharam quando viu a escultura do Victini perfeitamente
esculpida. – Uau! Um Victini! – ela sorriu, animada.
— Você gostou?
— Eu adorei!
Oliver se sentiu aliviado e confiante, se aproximou e
começou a explicar:
— Eu mesmo fiz com biscuit, eu tive ajuda, mas fiz
quase tudo.
— Você fez? – sua companheira parecia impressionada. –
Uau, Oliver, você é muito criativo!
Hilda e seus companheiros sorriram com a inocência
daquelas crianças, apreciaram o momento e sentiram um aconchego no coração. O
primo da garota olhou de relance para os três e recebeu um aceno positivo. Confiante,
ele encheu o peito.
— Eu gosto de você, Yasmin – apesar da confiança, o
menino sentiu o rosto queimar e as pernas tremente.
Hilda cobriu a boca surpresa, admirada com tamanha
coragem. Invejara o primo por ser mais direto do que ela em seus sentimentos,
olhou de relance para Hilbert, meio envergonhada. O treinador não parecia ter a
mesma reação de sua companheira, na verdade, ele parecia indiferente, porém,
feliz pelo jovem. Já Jackson, observava Hilda com uma expressão de “eu sei
exatamente o que você tá pensando”, o que fez a menina se encolher de timidez.
Yasmin olhou para Oliver, coradinha e assentiu.
Naquela idade, tudo sobre o sentimento amor era confuso e novo, não havia juras
de amor eterno ou toques físicos, era só um sentimento puro e honesto que fazia
eles quererem ficarem próximos. E uma repentina mudança era tudo que partia o
coração daqueles dois.
— Eu não queria me mudar. Gosto de Unova e de ficar
perto de você – confessou a garota.
— Mas você precisa. Seus pais provavelmente sabem que
lá é um lugar legal. Um dia a gente volta a se ver – disse Oliver, com um
sorriso. Nem parecia o mesmo Oliver de minutos atrás.
— Promete?
— É claro. E esse Victini é nossa promessa.
Yasmin sorriu, abraçando o presente.
Hilda segurou o choro na garganta, emocionada, olhou
de relance para Hilbert. Era hora de criar coragem também. Jackson percebeu o
clima e se afastou um pouco, querendo manter a privacidade dos dois. Com um
toque gentil no ombro do amigo, ela começou:
— Hilbert.
O treinador olhou para ela e estranhou as orelhas
vermelhas.
— Esse é meu nome – riu de leve.
— P-Posso conversar com você?
— Já está, na verdade – foi a vez do companheiro a
começar a ficar nervoso.
— É-é sério! – ela movimentou as mãos, agitada.
— Não vai querer cobrar pelos $3000 que eu gastei em
Accumula Town, né?
— O quê?! Claro que não, seu idiota! – exclamou a
outra, chamando a atenção até de Yasmin e Oliver.
— Jackson, o que tá acontecendo com ela? – recuou
Hilbert, com medo.
— Isso é problema pra você, Hilbert – riu o
arqueólogo.
Hilda se aproximou dele, segurando as mãos do amigo,
demonstrando um pouco mais de confiança e coragem. Hilbert também não conseguiu
conter a timidez ao sentir aquela proximidade, daquele jeito, sua amiga parecia
um anjo de tão delicada.
— V-vai me ouvir agora sem gracinhas? – questionou a
jovem.
O de boné assentiu, olhando fixo para os olhos azuis
dela.
— Ok, Hilbert – ela respirou fundo, mas o nervosismo
voltou a tomar conta de seu corpo que a fez gaguejar. – E-eu... Eu... Eu...
— Você...? – o companheiro tentou incentivar.
Antes que o convite saísse por sua boca, a sensação e
o barulho de chamas dominaram seu corpo. Um fragmento estava próximo.
— Estou sentindo a presença de um fragmento da Light
Stone – confessou, ainda que não fosse exatamente aquele o plano inicial.
— O quê? Onde? – Jackson entrou na conversa, olhando
em volta.
Hilda se concentrou e fixou seu olhar para a saída do
parque, onde um jovem rapaz caminhava rua abaixo, concentrado em seu celular.
Em sua orelha esquerda, um brinco enfeitava seu rosto. Como pingente, uma lasca
da pedra de Reshiram.
— No brinco daquele rapaz! – apontou a morena.
— E ele está indo embora – indicou Hilbert, ao ver que
o homem parou sua caminhada para adentrar um táxi.
— Então vamos atrás dele! – exclamou Jackson,
correndo, sendo seguido por Hilbert e Hilda. A garota olhou para trás, se
direcionando ao Victini:
— Vic, leva o Oliver e a Yasmin pra casa! A gente
volta logo!
— É o quê?!
Mas antes que ele pudesse protestar, o trio já tinha
sumido parque afora atrás daquele objeto importante e valioso.
Meu maior medo é acordar e encontrar um monte de mulher na sala perguntando se eu quero provar uma pilha de roupas KKKKKKK Isso é tão prévia de aniversário ou casamento!
ReplyDeleteOLIVER MERECE SER PROTEGIDO! Que capítulo adorável, o Vic foi a estrela! O bicho é de uma ousadia tão grande que ele nem tá na Pokédex da região direito, botaram ele como o Número 0 pq até esqueceram que ele existia kkkkkkk Eu achei muito real essa ideia de montar um boneco, e quando chega a hora de por a mão na massa é um desastre kkkkkk Nesses momentos sempre surgem os pais, irmãos mais velhos ou alguém para dar uma consertada e salvar o dia, por isso amei a cena do Hilbert à noitinha fazendo isso e a forma como ele diz que brincar de modelar coisas com barro era a única brincadeira que ele tinha.
Oliver e Yasmin é de uma pureza tão fofa, eu espero que o Grovy tenha a chance de explorar isso em Decolore também. Pode levar alguns anos na vida real, mas não se esqueçam deles!
Você fez um belo gancho ali no final, acho que esse pedido da Hilda ainda vai se estender por um tempinho e gerar aquela tensão kkk Eu gosto desse preparo que você está dando para a festa, os 15 anos é a data mais aguardada pelos jovens. Essa festa vai ser inesquecível ♥
Yoo Canas
DeleteCARA, A MELHOR PARTE DE UMA FESTA É FICAR PLANEJANDO ROUPA HAUSHUASHU PQ É SEMPRE UMA BRIGA, A GENTE QUER SER PERFEITA E CRIA ALTAS EXPECTATIVAS
Eu me inspirei muito em um capítulo de Inuyasha, era pra ser um fillerzinho, mas ele tem tanta coisinha importante que me faz amar cada coisinha dele. SAUDADES DE MONTAR BISCUIT E SAIR UMA AURIA DE PERNA CURTA HAUSHUAHUS
Oliver e Yasmin é o casal mirim mais fofo da Neo <3 Espero que o Grovy goste dela :3
Eu adoro esse quase pedido da Hilda pq É MUITO COISA DE STAR DEMORAR PRA CRIAR CORAGEM HSUAHSUAHU
Obrigada pelo comentário
See ya
Oiii Star
ReplyDeleteFoi um capítulo mais filler, mas olhe, uma protagonista que tem família, e uma família grande ainda. Pelo visto isso é muito raro no universo da Neo.
Certo, para o capítulo. Os caras foram espionar a crianzinha, tão sem nada para fazer. E parabéns pro Oliver, ele tem muito mais coragem que muitas pessoas por aí cof cof cof eu.
"Hilbert, hilbert!"
"Hilbert desu"
THIS A MOTHERFUNCKING KONSUBA REFERENCE?!
O universo decidiu que Hilda viveria um dia em uma comedia romântica, a menina nunca consegue falar, coitada.
O cara fez um brinco com a pedra, style. Espero que ele só não arranquem da orelha do coitada. A Hilda tem que pelo menos abrir a carteira para compensar o cara.
Bem, é isso, até a próxima!
Yooo Alefu
DeleteFamílias são eventos raros na Neo, Hilda tem um pouco de sorte. Burguesinha privilegiada elah ahsuahushu
É passatempo de adolescente zoar criança. E O OLIVER TEM MAIS DETERMINAÇÃO QUE MUITO JOVEM POR AÍ HAUSAHUSHUAHU
EU NÃO FAÇO IDEIA DO QUE É KONSUBA, MAS PROSSIGAH UASHAUH
De stalker de crianças para assaltantes de brincos, que dia maravilhoso em NPU hausuahsuh
Obrigada Alefu
See ya
Oi oi Star. Achei o capítulo muito fofo, principalmente a cena do Hilbert consertando o boneco do Oliver na madrugada. QUEM DIRIA QUE O CORNO TERIA HABILIDADES ARTÍSTICAS.
ReplyDeleteToda essa inocência do Oliver com relação ao primeiro amor nos faz recordar daqueles tempos longínquos onde também fomos apaixonados por alguém e a simples ideia de mandar uma cartinha ou dar um presente simples era simplesmente aterrorizante. Espero que o Grovy consiga de alguma forma fazer essas kids no futuro, ou pelo menos que haja alguma menção a eles nesse grande universo da Neo.
Pobre Hilda, aposto que ainda vai sofrer poucas e boas para convidar o corno para ser seu príncipe. Vamos lá, Hildinha! Eu acredito em você!
Yoo Carol
ReplyDeleteSorry a demora
Eu acho esse capítulo um belo de um descanso. Adoro capítulos onde os irmãozinhos ou irmãzinhas dos protagonistas tem um destaque pra fazerem coisas fofas. Sem contar que é uma bela oportunidade pra desenvolver os personagens
Eu amo o Oliver e toda sua inocência, faz o amor parecer fácil enquanto Hilbert e Hilda complicam tudo
Grovy, contamos com vc para o reencontro entre Yasmin e Oliver e queremos um final feliz <3
Obrigada pelo comentário
See ya
PORRA COITADO DO VIC
ReplyDeleteQuerendo ser o modelo e sendo desrespeitado com uma cópia barata de fraca qualidade
CHEGA ATÉ MIM VIC, faça pose e deixa eu desenhar vc roubando casteliacones seu lindão na sua forma mais pura
PORRA HILDA CONVIDA O CORNO LOGO