Thursday, April 30, 2020
Striaton City,
2010
Ato 1: Sonho
— Quem vai
cortar a faixa de inauguração? – sorriu uma mulher com cabelos negros e presos
em um coque delicado, usando uma roupa formal.
— Acho que
deveria ser você – disse um homem com cabelo castanho e óculos.
— E se deixarmos
a Amanita cortar? – sugeriu a outra, olhando pra uma criança de aproximadamente
cinco anos.
— Boa ideia.
Tudo bem por você, Fennel? – o de óculos olhou pra uma jovem aproximadamente
vinte e cinco anos.
— Claro, papai.
— Aqui, meu
amorzinho – ele agachou na altura da menina e lhe entregou a tesoura, supervisionando-a.
Com cuidado, Amanita se aproximou da faixa vermelha que estava em frente a um
portão de um enorme prédio e cortou-a.
— Declaro
oficialmente aberto o Dreamyard!
A família
Hartley era composta por cientistas, Lauren e Albert formavam um casal renomado
e Fennel, sua filha mais velha, seguia os passos deles, tinha estudado em
Castelia para se formar em Ciências, além dela, havia também a pequena Amanita,
que era tão curiosa quanto eles. Juntos, eles realizaram o sonho de qualquer
cientista: Inaugurar um laboratório.
Obviamente, os
adultos eram os responsáveis e eles não estavam sozinhos, Thomas era um dos
investidores cientistas e amigo da família, ele trouxe outros cientistas
profissionais para trabalharem no Dreamyard.
Dreamyard nasceu
com um único objetivo: Estudar o Dream Mist e suas propriedades
energéticas. O prédio fora construído em uma área afastada de Striaton City e o
nome significava literalmente Jardim dos Sonhos.
Fennel caminhava
pelo laboratório 1 com uma prancheta na mão, ainda tentando trazer para a
prática todas as teorias que tinha visto na faculdade, mesmo que fosse um pouco
complicado para ela. Parou em frente a uma máquina onde um Pokémon rosa e roxo
flutuava encolhido como se tivesse dormindo, ele estava com vários fios presos
por todo seu corpo, monitorando seus sinais vitais.
— Ei, Musharna,
tá tudo bem por aí? – a cientista perguntou, observando a criatura, que respondeu
com um grunhido gentil. – Só mais algumas análises e já te tiramos daí – ela
olhou para a prancheta que carregava e anotou alguns números.
Thomas entrou no
laboratório e caminhou pelo ambiente, seu terno sempre bem limpo e a pose
pomposa.
— E então,
alguma evolução? – questionou ele, indiferente.
— Estamos nos
exames diários, senhor, a extração da Dream Mist vem depois – explicou
Fennel, um pouco intimidada, era uma pressão grande estar trabalhando
definitivamente em projetos importantes, ainda que parte do local fosse de sua
família, ela tinha medo de falhar com seus superiores.
— Não acha que
está demorando não? – ele fez uma nova pergunta, fazendo as pernas da mais nova
tremerem. – Olha, você não precisa checar todo dia, só uma vez por semana.
Extraia o Dream Mist e liberar o Musharna.
— M-mas...
Thomas levantou
o dedo e tocou os lábios de Fennel.
— Quem é o mais
experiente daqui mesmo?
— O-o senhor –
ela respondeu, ainda tensa.
— Foi o que eu
pensei... – ele saiu, deixando para trás a jovem cientista tremendo de medo.
Fennel ainda
tinha contatos com alguns colegas de faculdade, um deles era a Aurea Juniper,
filha de um renomado cientista Pokémon. Às vezes, ela aparecia no Dreamyard
para saber da pesquisa, até porque isso acabava por interessar toda a
comunidade cientifica.
As duas caminhavam pelo refeitório do enorme
laboratório carregando bandeja com sanduíches prontos e suco, escolheram uma
mesa perto de uma janela e sentaram-se uma de frente pra outra.
— Tudo parecia
tão mais fácil fazendo os projetos bobinhos na faculdade – começou Fennel,
suspirando.
— Nem me fale.
Pelo menos, se a gente errasse algo na faculdade, só ganhávamos uma nota baixa
– riu Juniper. – Agora, se você erra, pode custar uma vida. Ainda bem que meu
pai tá me deixando cuidar dos iniciais e das licenças por enquanto, mas logo eu
devo assumir completamente o controle do laboratório de Nuvema e das pesquisas
– explicou, enquanto tomava um gole do seu suco. – E então, o que você pode me
contar?
— Esse mês
descobrimos que se as partículas do Dream Mist ficam muito próximas,
acabam mostrando imagens dos sonhos que os Musharnas e Munnas devoram.
— Uau, então é
verdade? Algumas pessoas falavam que era lenda – Aurea parecia surpresa e
interessada. – Isso já um grande avanço.
— Agora eu ouvi
que eles vão começar a analisar a energia que as partículas usam para formar
essas imagens, serão longas semanas – riu Fennel.
— Você tá livre
esse fim de semana? Vamos dar uma descansada lá em Nuvema antes da correria
começar – sugeriu Juniper, arrumando uma mecha do cabelo da amiga, fazendo-a
corar um pouco.
— Só se você
fizer aquele bolo de Oran Berry.
— Pode apostar
que sim – riu a outra.
Julgando toda a
rotina de laboratório dos mais velhos, era comum que Amanita e a gentil
Musharna, que servia como mascote da família, passassem a maior parte do tempo
no Dreamyard. A menina adorava explorar os corredores enquanto seus pais e sua
irmã mais velha estavam ocupados demais. A Pokémon seguia ela como uma babá.
— Vamos apostar
uma corrida, quem chegar ao refeitório primeiro, ganha um pirulito! – riu a
criança, se preparando pra correr quando ouviu alguém conversar em um dos
escritórios. Seria uma situação corriqueira se não fosse pelo assunto. A
garotinha, no auge de sua curiosidade, espiou por entre a fresta entreaberta da
porta de madeira e viu que se tratava de Thomas, ele dava medo nela, parecia
uma espécie de monstro que seu pai expulsava de debaixo da cama antes de
dormir.
— ... Eles
descobriram que esses bichos criam imagens dos sonhos que devoram – contou o
homem, na sua mão, um celular de última geração era ostentado. – Nhá, eu também
pensei que fosse besteira, mas eles conseguiram me mostrar. Enfim, apenas
continue injetando grana.
Ele caminhava
pela sala, brincando com uma caneta por entre os dedos.
— Jeffery,
estamos falando de uma pesquisa que se der certo, vai encher nossos bolsos.
Imagina só se descobrem que aquela fumacinha rosa idiota é capaz de produzir,
sei lá, energia elétrica... – ele parou seu discurso e encarou o telefone. –
Não ria, seu idiota! Imagina o que faria as outras regiões se soubessem que
Unova tem uma fonte de energia melhor? Imagina os empresários! Chegarão com
malotes de dinheiro!
Amanita se encolheu
quando sentiu que Thomas olhou em sua direção.
— O quê? Os
outros? Eu não tô nem aí, vão se vender rapidinho, tem um grupo que tá do meu
lado, o casal bobo e a filha recém-formada deles vão se render a nós rapidinho
com a pressão. O mais forte vence.
Musharna sentiu
seu corpo estremecer, devorar sonhos era um processo automático para seu corpo,
bons ou ruins, todos eles eram sugados pelo Pokémon, e definitivamente, as
ambições do homem no telefone era das piores. Com um grunhido fraco, ela se
encolheu e seu corpo expeliu uma fumaça rosa escura, quase invisível e
imperceptível, mas que parecia perigosa. Amanita, naquela hora, sentiu vontade
de chorar, ainda que não entendesse a situação.
Ato 2: Impuro
Jantar em
família era algo raro para os Hartley, as rotinas agitadas no Dreamyard
impediam que eles se sentassem a mesa e comessem algo decente, mas pelo bem das
relações entre os quatro, aquela noite seria diferente. Nada de pratos
congelados, algo caseiro e preparado com carinho por eles. Amanita ainda se
sentia estranha com a conversa que ouvira de Thomas mais cedo, mas preferiu não
contar para os pais, enquanto a Musharna parecia incomodada.
— E como está a
Aurea? – questionou Lauren para a filha mais velha.
— Está muito
bem, vou passar o final de semana na casa dela em Nuvema – sorriu Fennel,
colocando os pratos na mesa. – Ela vai assumir o laboratório do pai – sorriu,
orgulhosa. – Ser a Professora Pokémon da região deve ser uma honra.
— E ela é uma
das mais novas, se não, a mais nova. Parte disso se deve ao próprio Cedric que
guiou as filhas nos passos dele – completou a mulher, sorrindo, colocando uma
travessa de carne de Bouffalant assada na mesa. – Hmm, que cheiro bom.
— Meu nariz já
estava anestesiado com o cheiro do laboratório misturado com os pratos
esquentados no micro-ondas – riu Albert, sentando-se na mesa. – Vem comer,
Amanita, querida.
— Ok, papai! –
sorriu a garotinha, se aproximando da mesa e sentando em seu lugar.
Todos os outros
membros da família sentaram-se também, mas o que era pra ser uma agradável
noite, se transformou em pesadelo quando os pais e a irmã mais velha da menina
de cabelos castanhos puxaram seus celulares, focados em qualquer notícia do
trabalho, perdendo completamente o clima familiar.
Ninguém puxava
conversa, Amanita era a única que prestava atenção no que comia e que tentava
de alguma forma puxar algum assunto que não fosse sobre o laboratório, começara
a ficar frustrada quando notou que nenhum dos olhos se viravam pra ela e as
respostas eram sempre automáticas. Ela abaixou a cabeça, irritada, Musharna ao
seu lado percebeu, e novamente começou a se sentir estranha, devorando os
sonhos da pequena garota, um deles a deixou em choque: “Queria que o
Dreamyard sumisse!”
Com um grunhido
alto que parecia de dor, todos os humanos presentes se viraram para a criatura
rosa que se encolhia e retorcia.
— Musharna, o
que houve? – questionou Fennel, preocupada.
— Nunca vimos
ela assim – Albert pareceu apreensivo, tentando entender o que se passava.
— Tem uma fumaça
rosa escura saindo dela! – exclamou Lauren, ainda mais apavorada.
Musharna grunhiu
mais alto, aquilo fez com que luzes começassem a piscar e aparelhos domésticos
a ligarem e a desligarem, parecido com um poltergeist.
— MUSHARNA,
PARA! – a irmã mais velha berrou, abraçando a criatura, mas imediatamente seus
olhos visualizaram imagens que ela orava para deixar de ver, dentre elas, o
sonho impuro de Amanita.
A tensão só foi
controlada quando o patriarca da família retornou o Pokémon para sua Heal Ball,
interrompendo os acontecimentos e fazendo a que estava abraçada com a criatura
cair de joelhos no chão, choramingando desesperada.
— Fennel, filha!
– a matriarca correu em direção dela. – O que aconteceu?
A cientista
olhou para sua irmã mais nova com uma feição de tristeza.
— Você quer que
o Dreamyard suma?
Agora, a atenção
estava na pequena.
— C-Como é? –
Lauren questionou, agachando na altura da garota, acariciando os cabelos
castanhos dela como um gesto de conforto.
— Amanita, isso
é horrível – disse Albert, um tanto decepcionado.
— V-Vocês... –
ela começou, num murmúrio. - Nunca jantamos juntos, e quando finalmente fazemos
isso, vocês ficam nesses celulares, só pensando no Dreamyard, então eu quero
que aquele lugar suma para que vocês possam prestar atenção em mim de novo – a
menina cobriu o rosto, choramingando.
A mãe foi a
primeira a abraçar a garotinha com carinho e apoio, o ato foi copiado pelos
outros dois membros.
— Nós nunca
deixaremos de ser uma família, com ou sem Dreamyard, nós amamos vocês duas
acima de tudo – explicou Albert.
— Não sabíamos que
isso te incomodava tanto – consolou Lauren. – Vamos tentar melhorar. Somos os
Hartley, ninguém pode nos separar.
Muitos mais
intrigados com a reação de Amanita, Albert estava curioso com a reação que
Musharna tinha causado no ambiente, sabia que Pokémon psíquicos podiam ser
causadores de vários efeitos paranormais, mas aqui parecia ser diferente, tudo
tinha começado com os sonhos que a criatura rosa tinha devorado. Seria o Dream
Mist capaz de causar energia?
Resolveu
apresentar a possibilidade para sua esposa, que tão curiosa quanto ele, toparam
em contar para Thomas sobre a possível descoberta.
— Energia
elétrica? Aquela fumaça? – foi a resposta do homem ao ouvir. Ainda que
estivesse um pouco curioso e assustado por sua suposta previsão estar certa,
ele ainda desconfiava. – Não acho que ela é tão poderosa para tanto.
— Senhor, nossa
Musharna fez as luzes piscarem depois de exalar o Dream Mist que tinha
devorado.
— Dra. Lauren,
não confunda eletricidade com efeitos de filmes de terror. Essas criaturas são
instáveis, a sua Musharna deve estar exausta de tanto ser usada para testes
caseiros.
— Está insinuando
que fazemos testes escondidos, sr. Thomas? – Albert encarou a figura perversa
dos outro lado da mesa de madeira nobre.
— Longe de mim,
dr. Albert – ele levantou as mãos ironicamente, num gesto de inocência. – Só
estou levantando hipóteses em como vocês chegaram a essa conclusão sendo que
minha equipe mal consegue acompanhar o ritmo de vocês e da sua filha.
— Não fazemos
testes fora desse lugar, senhor – defendeu-se a mulher. – Nosso compromisso com
sua equipe e você é garantido, esse lugar sempre foi nosso sonho desde a
faculdade, agora que conseguimos, nunca iríamos trair ele.
— Eu sei que
não, madame, mas o dinheiro investido nas pesquisas é meu. E enquanto não
descobrirem uma árvore que faz nascer dinheiro, eu tenho de que me certificar
de que ele está sendo usado com efetividade e não com pesquisinhas bobas de
gente que anda assistindo Poltergeist.
— Nos dê uma
chance – implorou Albert, apoiando as mãos na mesa. – Alguns receptores de
energia e peças para construirmos um gerador adaptado para o Dream Mist
devem ser úteis. Arcaremos do nosso bolso se estivermos errados.
Thomas revirou
os olhos assinou alguns papéis.
— Descubram isso
em dois meses ou irei cobrar-lhes com juros – com certa violência ele deu os
documentos para os dois cientistas que respiraram aliviados, ainda que um tanto
apreensivos.
Fennel resolve
começar a pesquisa consultando o maior Biólogo Pokémon de Unova, Cedric
Juniper, também conhecido como ‘pai da sua melhor amiga’. Sentada em uma sala
de reunião, a cientista usava um notebook para se comunicar diretamente em uma
chamada de vídeo com o laboratório de Nuvema.
— Você ainda me
deve uma visita – riu Aurea enquanto penteava os pelos de seu Cinccino.
— Desculpe,
depois do que aconteceu no jantar de antes de ontem, meus pais que quiseram a
todo custo adiantar o início das pesquisas – explicou-se, um tanto sem graça.
— Não se
preocupe, vou guardar uma fatia de bolo pra você – riu a professora.
— Seu pai está?
— Hm? Meu pai?
Está sim. Quer falar com ele?
— Se ele não
estiver ocupado...
Juniper saiu da
sala e em poucos minutos apareceu com um senhor que apesar da idade, estava bem
conservado, seus cabelos castanhos claros quase loiros disfarçavam bem os fios
brancos, ele usava uma camisa branca por baixo de um suéter amarelo e calças
marrons, percebia-se que era muito vaidoso a julgar pela barba bem cuidada.
— Fennel? Olá,
minha querida. Há quanto tempo – cumprimentou ele, sentando-se.
— Dr. Juniper,
que prazer revê-lo – a mulher se curvou levemente num gesto de respeito. –
Desculpe incomodá-lo num sábado.
— Ah, não se
preocupe com isso, passo os dias nesse laboratório por pura diversão mesmo, só
dando os últimos apoios para que Aurea possa assumir sem problemas maiores –
explicou-se, rindo com bom humor. – Mas pelo tom sério, parece que é uma
situação preocupante.
— Mais ou menos,
eu só estou levantando dados sobre Munnas e Musharnas.
— Oh, criaturas
intrigantes não? – sorriu ele. – Posso ajudar em quê?
— É sobre o Dream
Mist. Eles devoram sonhos e expelem em forma de fumaça, descobrimos que as
partículas juntas são capazes de formar imagens.
— Isso é muito
interessante, lembro de ouvir que era uma lenda – comentou o biólogo.
— O senhor
saberia informar algo mais?
— Com certeza,
as Munnas especificamente devoram os pesadelos das pessoas também para que
essas fiquem em paz. E eu observei uma Musharna uma vez que devorou os sonhos
impuros de um assistente meu, a fumaça que exalou dela era rosa escuro, era
extremamente prejudicial se aproximar dela.
— Rosa escuro? –
Fennel demonstrou surpresa e lembrou dos acontecimentos no jantar com a família.
– Ah meu Arceus.
— Se é efeito do
Dream Mist ou não, existia uma energia naquela situação que quase
queimou um dos meus computadores – Cedric continuou a explicar enquanto
observava o rosto pensativo da cientista do outro lado da tela.
— Então não foi
“obra do poltergeist” – concluiu Fennel, falando para si mesmo.
Ato 3: Explosão
As próximas
semanas foram de trabalho extensivo e esperançosos, Fennel tinha contado para
os pais sobre a conversa com Cedric Juniper. Trabalhavam dia e noite, em turnos
revezados para compreender as misteriosas partículas do Dream Mist e
como possivelmente transformar elas em energia.
Albert não
parava de cogitar possiblidades:
— Imagina se
conseguirmos descobrir a capacidade disso? Imagina se conseguirmos multiplicar
essas células em laboratório? Seria uma fonte de energia limpa!
— Ok, ok, senhor
esperançoso – riu Lauren. – Mas só vamos descobrir algo se nos mantermos
focados. Não quero ser chata, mas nosso prazo está acabando.
— Quanto tempo
ainda temos?
— Cerca de uma
semana e meia, acha que vamos conseguir?
— Claro que
vamos, estamos indo no caminho certo, faltam poucos testes.
O processo se
resumia em depositar a Dream Mist em um receptor e fazer com que ela
passasse por um gerador de energia em escala reduzida que acenderia uma lâmpada,
na maioria dos testes, a fumaça se dissipava rapidamente.
Vários
experimentos foram feitos, eles multiplicaram o número de células artificialmente,
triplicaram, tentaram usar fontes de calor, vento e até mesmo água para tentar
acelerar o processo de energia. Até que o grande dia chegou.
Fennel encarava
a lâmpada com grande ansiedade e olhou para seu pai.
— Último teste,
começando agora.
— Por favor,
funcione...
A fumaça rosa
passou do receptor até o gerador de energia, em um movimento circulares, ela
parecia acelerar cada vez que se aproximava dos fios que estavam ligados na
lâmpada, Lauren anotava cada processo, logo, os três voltaram seus olhos para o
objeto que receberia toda a energia e esperaram longos minutos, o cientista
suspirou num tom de desistência, mas sua filha se levantou ao ver aos poucos a
luz sendo emitida.
— EURECA!
— Funcionou! – a
mulher mais velha exclamou, agitada. – Temos energia!
— Convoquem uma
reunião!
— Não precisa de
reunião – Thomas entrou no ambiente. – Ora, ora, vejo que conseguiram – ele
sorriu. – Meus parabéns.
— Precisamos
marcar uma reunião, procurar o governo, mais investidores, procurar outras
comunidades interessadas nesse estudo – Albert estava tão animado que não
conseguia se acalmar. Era o sonho de sua vida se realizando.
— Venderemos a
ideia para todos os empresários que quiser – o homem novo do recinto disse. –
Ficaremos milionários por descobrir uma nova fonte de energia!
— M-Milionários?
Vender? – Fennel estava confusa.
— Do que está
falando, sr. Thomas. Isso daqui não é pra se vender. É algo revolucionário para
a humanidade, podemos salvar a natureza, isso é uma fonte limpa – argumentou
Lauren.
— Me poupe da
sua preocupação com a natureza, isso não enche meu bolso. Vamos vender.
— Não vamos!
Vamos ajudar as pessoas! Nosso sonho sempre foi usar a ciência como uma forma
de salvar a humanidade.
— Que se dane a
humanidade! Que se dane as pessoas! Pensem no poder que teremos sobre todos! –
ele começou a rir. – Imagina quando todos os outros recursos se esgotarem e só
nós tivermos uma fonte de energia, as pessoas beijarão nossos pés!
— Isso vai
completamente contra a ciência, estamos aqui para evoluirmos todos juntos! –
foi a ver de Albert gritar, irritado.
O grupo de
Musharnas usados para pesquisas observava a confusão e Fennel foi a primeira a
perceber que elas agiam estranhas, inconscientemente elas devoravam os sonhos
dos presentes, e a julgar pelo lado maligno que Thomas demonstrava, era óbvio
que a fumaça expelida era de um rosa escuro, a cientista então tentou acalmar
os ânimos, mas ninguém parecia ouvi-la.
Primeiro veio o
piscar de luzes.
Depois o
superaquecimento das máquinas.
E por fim, a
EXPLOSÃO.
O acontecimento
misterioso no Dreamyard foi noticiado por toda Unova, comunidades cientificas
se solidarizavam com os sobreviventes, dois cientistas ajudantes e Fennel.
Albert e Lauren não conseguiram sobreviver, nem o próprio Thomas conseguira sair
com vida. Era o fim de um sonho.
A cientista
estava sentada na cama em seu quarto de hospital olhando pela janela com desânimo,
Amanita não tinha recebido a notícia tão bem, mas não conseguia chorar mais, as
lágrimas pareciam ter secado.
Aurea entrou no
quarto da amiga, passava dias e dias ao lado dela oferecendo todo o suporte
possível, ela se sentou em uma cadeira e olhou para a irmã mais nova dormindo
em um sofá-cama oferecido pelo lugar.
— Finalmente ela
descansou um pouco – depois virou sua atenção para a de cabelo negros e
compridos e acariciou levemente sua bochecha. – E você, quando vai descansar?
— Eu não quero
mais saber da pesquisa... – respondeu, num sussurro. – Jogue todos os papéis
que recuperaram fora, ou queime-os.
— Fennel, você
não está raciocinando direito – Juniper argumentou com calma. – Tire um tempo
pra você, é uma situação horrível, você não precisa tomar decisões agora.
— Amanita tinha
razão, o Dreamyard não deveria existir! – a outra começou a chorar e recebeu um
abraço da professora.
— Eu sei que
está sendo horrível, e eu não vou pedir para você tentar esquecer ou fingir ser
forte. Eu quero que você chore o máximo que puder, chore até sentir seus olhos
secarem – ela acariciou as madeixas da enferma. – E quando sentir que a dor foi
deixada para trás junto com as suas lágrimas, aí sim você vai levantar essa sua
cabeça e tomar uma decisão. Você tem a Amanita, você tem eu, meu pai. Não
estará sozinha e nunca estará.
Com um sorriso
falho, mas sincero, Fennel apenas conseguiu dizer, citando sua mãe:
— Somos os
Hartley, ninguém nunca irá nos separar.
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E o que houve com a Amanita? Ela não apareceu no cap passado :(
ReplyDeleteQuer dizer que no fim, os Hartley foram separados?
Depois eu falo que Unova só tem filha da p--- e vc nega, olha a corrupção do ser humano destruindo os sonhos do povo.
Até mais Star!
Yooo Anan
DeleteA Amanita está no 6 sim, é que ela tão secundária que fodase haushausuhahusahus
Os Hartley se separaram fisicamente, mas nunca espiritualmente <3
Cuidado com vossos sonhos, eles podem ser perigosos e explodir tudo hasuahsuuahsuh
Obrigada pelo comentário <3
see ya
Olá star, adorei o cap como típico <3 só senti muito a falta da sua típica comédia e frases engraçadas mas de vez em quanto é bom contar com algo de teor mais serio. Abraços e até a próxima <3
ReplyDeleteYooo Shiii
DeleteObrigada pelos elogios. Eu admito que fiquei meio assustada de escrever que não podia envolver piadas hasuahusuha Mas eu admito que amo um drama e tragédia kk
See ya
E assim inauguramos os especiais de Neo Unova! :3 Sempre adorei saber mais sobre os personagens secundários de Pokémon que são tão carismáticos e tão pouco explorados. Como conheço tão pouco sobre a quinta geração, tudo que leio aqui para mim está sendo canônico kkkkkk Consigo imaginar o sofrimento da Fennel ao perder seus pais, a disputa de poderes e dinheiro envolvido que arruinou um projeto que tinha um futuro tão brilhante. E olha só essa referência discreta sobre esse tal de Jeffery... algo me diz que esse cara é GRANDE.
ReplyDeleteCaramba, e por que temos essa mania de colocar cientistas loucos e ambiciosos para ferrar com tudo? kkkkkkkk A ciência pode ser muito perigosa. Eu acho curioso os dois polos opostos entre reconhecimento e ajudar o próximo, esse conflito de ideias sempre acaba sendo desastroso.
Desde que você me mandou o trechinho sobre a amizade entre a Juniper e a Fennel eu já me apaixonei :3 Consigo imaginar as duas nos tempos de faculdade a importância que uma teve na vida da outra durante esse período conturbado. Também quero bolo de Oran Berry! Meu momento favorito foi a cena da Amanita, essa busca desesperada dela por atenção quando nossos pais se perdem completamente no trabalho e não reparam mais nos filhos ;-; Agora posso partir para a sequência da história, e tenho certeza que ver os destroços do Dreamyard vai deixar um aperto no coração...
Yooo Canas <3
DeleteBom te ver aqui
Eu digo e repito, Unova tem tanto personagem bom que você acaba se perdendo no meio de tanta ideia, mas eu senti que queria escrever algo sobre o Dreamyard, o anime fala sobre tbm, mas eu quis fazer um pouco de novela mexicana e tacar um drama ahsuahushu
Eu gostei de escrever por blocos, acho que dá uma resumida e rápida e não perdemos tanto tempo com plots longos e desnecessários, já que é um especial kk MAs é legal ver a história que a Fennel contou mais elaborada.
Mas a Amanita foi um dos principais motivos de eu escrever esse especial, ela precisava de um destaque, e ver que foi ela que ajudou os pais a achar essa fonte de energia já me deixa satisfeita
E RAPAZ, EIS O JEFFERY, ESPERO QUE ESSES MINI SPOILERS SURPREENDAM TODOS LÁ NA FRENTE HASUUAHSUAUHS
Malditos cientistas loucos, sempre ferrando nossos plots. Como diria a Clover "CIÊNCIA É O CARALHO"
Fennel e Juniper é aquele shipp que não pode faltar, apesar de sutil, eu gosto de pensar nelas num romance disfarçado de amizade, mas mesmo assim, esse especial serviu pra trazer mais uma profundidade a relação das duas <3
Obrigada pelo comentário, meu querido <3
See ya
Hellooo, menina Estrela.
ReplyDeleteEu sabia que havia algo que você postou que eu tinha esquecido de comentar e agora que vi o capítulo 02 dos arquivos que percebi que era o capítulo 01.
Eu gostei muito do capítulo e amei a interação da Fennel e da Juniper e em nome do meu espírito amante de yuris, QUERO VER ESSA AMIZADE VIRAR UM ROMANCE, pfvr nunca pedi nada.
Eu as vezes penso no quanto a ciência pode ser perigosa quando mal usada. Nesse caso por ex, o que era para ser algo bom para a população acaba que seria algo muito prejudicial pois a energia das Munnas nunca poderia ser usada com intenções ruims. Mas essa energia rosa escura se possível de ser armazenada, seria uma arma poderosa.
O que mais gostei do cap foi o desenvolvimento da Amanita e seus pensamentos. Você conseguiu trabalhar isso muito bem, assim como a forma como foi conduzido o "sonho impuro" dela, por que não havia maldade no pensamento, apenas um pedido desesperado de uma criança para conseguir a atenção de sua família.
Acho que é isso. Logo leio a parte 2 dos arquivos, mas fiquei muito satisfeita com o que li aqui. Continue o bom trabalho!
Yoo Carol
DeleteFENNEL E JUNIPER TEM QUE SER REAL AHSUAHUSHUASUAH
Apesar de cientistas malvados serem uma espécie de clichê quando se trata de fantasia e ficção, acho que está tudo bem usar desses elementos hasuauhshuashu Ciência é um puta avanço para o mundo, mas nas mãos de quem não sabe administrar sempre tem um efeito reverso.
Acho que no final, pode-se dizer que a cobiça junta de uma família transformaram o Dreamyard num inferno
Obrigada pelo comentário Carol
See ya
Tô de volta!
ReplyDeleteEntão temos aqui o cartão de visitas desse especial chamado "Arquivos". Pelo nome já temos um indicativo de que aqui trataremos de fatos relevantes para a história de Unova que sejam do passado. Ao mesmo tempo, esse capítulo de abertura traz uma atmosfera completamente diferente da que temos acompanhado na história principal até aqui. Não sei se será a via de regra, mas já temos documentado que NPU é capaz de nos trazer as mais variadas sensações quando necessário.
Foi uma sacada inteligente de sua parte montar a estrutura dessa forma. Ao dividir o Dreamyard em dois capítulos você teve a oportunidade para trazer nesse intervalo um background que vai nos dar uma noção muito melhor da Fennel e suas ações e motivações no próximo capítulo.
E vamos colocar alguns pontos na mesa. Não acho que esse especial traz coisas a respeito apenas dessa parte da história. Acredito que futuramente teremos acesso a coisas que estão escondidas aqui e que só quando chegarmos lá poderemos voltar aqui e ver que tudo faz mais sentido. Existe alguém ou talvez algum grupo por trás dos investimentos excessivos, que eram trazidos na figura do Thomas. Mas creio que há algo maior por trás. Quando a esmola é muita o santo desconfia. É bem provável que haja um grupo poderoso interessado nessas pesquisas, e algo me diz que não é a Team Plasma. Tem mais problema vindo aí.
Ótimo capítulo, Star!
Até a próxima! õ/
Yoo Shadz
DeleteOs Arquivos estão bem arquivados, quase escondidos, mas vamos relevar isso, você achou eles. Guarde-os novamente depois de usar haushuashu
Eu fico feliz de poder diversas surpresas e sensações para os leitores, NPU é basicamente meu laboratório onde eu testo meus pontos fortes e fracos haushuashua
Eu acho interessante poder trazer backgrounds de lugares de interesse de Unova, apesar de eu usar o Arquivos apenas para quando ideias pontuais surgirem.
E QUE COMECE AS TEORIAS! Acho interessante suas apostas, mas posso te adiantar que você verá um dos nomes citados nesse especial em outro capítulo da fanfic principal. Mas continue com as teorias, elas movimentam a fanfic hausuhashu
Obrigada pelo comentário
See ya