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- Capítulo 22
Art by: PinkGermy |
A Pinwheel Forest era provavelmente umas das florestas
mais extensas do mundo Pokémon. Suas enormes árvores faziam que suas copas
cobrissem o sol, dando a impressão que o tempo não passava dentro daquele local,
por isso, assim com o lado externo, tudo era muito úmido, cheia de vegetações e
musgos presos nas árvores e pedras. Por ser frequentemente usada como uma rota
que ligava Nacrece a Castelia, o governo local investira na construção de uma
estrada para que os mais despreparados não se perdessem, porém, preservando
toda a fauna e flora local, sendo assim, um bom ponto para os aventureiros e
treinadores treinarem e capturarem Pokémon.
— Por que estamos pegando a rota por dentro da
floresta ao invés de seguirmos a estrada? – questionou Hilda, seguindo os dois
amigos, um pouco para trás.
— Porque é muito mais divertido ir por aqui –
respondeu Hilbert, olhando para trás. – E eu preciso treinar. Dizem que sempre
tem uns treinadores prontos para batalhar. Qual é o tipo do próximo ginásio
mesmo?
— Bug-type – informou Jackson. – Burgh é um
excelente líder, tive prazer de encontra-lo algumas vezes.
— Acho que encontrei ele vez ou outra em Castelia –
pensou a menina.
Os Pokémon de Hilda, incluindo o novo companheiro
Lucio, o Palpitoad, acompanhavam o grupo com empolgação. A Zorua brincava com a
cauda do anfíbio que parecia ter se adaptado bem a nova família. Hilbert
aproveitou para lutar com alguns treinadores sedentos por batalhas, ganhando
algumas e perdendo outras e isso acabou deixando a jornada um pouco mais lerda,
quando perceberam, a hora do almoço tinha chegado e mal tinham avançado muito.
De toda forma, resolveram parar para um breve descanso antes de seguirem
viagem.
Jackson tirou alguns macarrões instantâneos da mochila
e entregou para os amigos enquanto Hilda servia os Pokémon com rações próprias
para eles.
— O paraíso em três minutos – comentou o arqueólogo
sobre o alimento. – Já salvou muito dos meus almoços.
— Eu costumava fazer quando minha tia ia pra reunião
do meu primo e eu ficava sozinha em casa – contou a menina, preparando o dela.
—Mudando de assunto. Quanto tempo acham que vamos
demorar para juntar todos os fragmentos da Light Stone? – questionou Hilbert,
tentando entender o preparo do almoço.
— É uma boa pergunta – refletiu Hilda. – Acho que
algumas virão até nós e outras teremos que procurar. Imagino que tipos de
lugares esses fragmentos foram parar.
— Imagina se um deles caiu dentro da boca de um
Wailord e tivermos que entrar no estômago deles para pegar? – o treinador de
boné sonhou alto, animado. – Cara, essa aventura vai ser incrível!
— Melhor que coletar as insígnias? – riu a garota.
— Aí você me colocou num dilema – o menino retribuiu a
risada.
— Eu não quero ser negativo, mas estamos falando de
uma jornada às cegas – comentou Jackson, usando um garfo para comer seu
macarrão. – Não sabemos o que vai acontecer se juntarmos tudo ou se vamos
conseguir juntar. Por isso, precisamos estar preparados e prevenidos. Até
porque temos outros interessados nessa esfera branca, né?
Hilda suspirou.
— A Team Plasma. Sou só eu, ou eu nunca entendo o
porquê dessa “face dupla” dos Plasmas?
— Como eles podem defender os Pokémon e do nada,
matarem eles nos planos? – questionou Hilbert. – Lembra do Dreamyard?
— Como esquecer? – a colega voltou a suspirar e
encolheu as pernas, focada em seu almoço, um tanto desanimada.
— O que houve no Dreamyard? – questionou o arqueólogo,
curioso.
— Nós encontramos alguns capangas dos Plamas com uma
espécie de líder extraindo o Dream Mist de Munnas e Musharnas – contou o
menino. – Cara, eles mataram Pokémon inocentes só por causa de uma fumaça rosa.
— I-Isso é horrível – respondeu Jackson, chocado.
— Não confiamos nos Plasmas, mas nunca temos uma prova
concreta para provar que eles são os vilões – disse Hilda. – É horrível não
poder fazer nada.
— Ei, ei, os dois vão ficar negativos? – interferiu
Hilbert. – Confiaram uma missão importante em nós! Nós vamos juntar todos os
pedacinhos dessa bola branca que carrega um dragão lendário ou sei lá o quê e
vamos provar que a Team Plasma são os vilões. Mas para isso precisamos confiar
em nós mesmos.
Hilda e Jack olharam para o colega e sorriram. Não era
a primeira vez que o garoto levantava o astral deles com aquele jeito inocente.
— Com esse discurso, eu poderia revirar Unova em um
dia só – riu o negro, brincando com Bijou.
— Provavelmente não iria muito longe, já que o
Hilbert é um preguiçoso – brincou Vic, repousando sobre o boné do amigo.
— Obrigada pela amizade, Vic – ironizou o garoto. –
Mas acho que você tem razão, Unova é meio grande.
O grupo voltou a rir, aproveitando o término do almoço
para descansarem um pouco sobre a sombra das árvores, o clima estava tão bom
que o vento brincava com as mechas dos cabelos, a Zorua de Hilda se divertia
com alguns Pokémon insetos selvagens, que pareciam estar acostumados com a
presença de humanos. Os outros Pokémon da equipe estavam preocupados em
socializarem com os de Jackson. Winston, apesar de calmo, parecia assustar os
menores, Bijou, a Cleffa e a doce Mirsthy, a Minccino pareciam ser as únicas a
tentarem a compreender o jeito sério do Darmanitan.
— Ele dá um pouco de medo – sussurrou Vic para
Brianna.
“Fico me perguntando que tipo de coisa ele passou”, começou a Snivy, observando. “Olha todas aquelas cicatrizes, parece
que ele foi para a guerra.”
— Ouvi dizer que ele era militar, imagina o tipo de
coisa que esse cara já viu? – refletiu o Victini.
“Estamos tão acostumados a ver os treinadores batalhando
entre si de forma casual e competitiva que nem nos damos contas que existem
outros de nós sofrendo nas mãos erradas” refletiu a
cobra de grama, mantendo seu olhar em Winston, que parecia estar focado na
pequena Cleffa.
— P-pois é – respondeu o anjo, abaixando um
pouco a cabeça em sinal de pesar. – Vamos dar o nosso melhor para que ele se
sinta confortável conosco. Caso contrário, eu tenho certeza que aquelas
“mãozinhas” podem arrancar nossas cabecinhas com um golpe só – Vic riu, um
tanto temeroso. Brianna retribuiu a risada.
“Você não tem jeito.”
Após algum tempo, o trio resolveu que era a hora de
colocar o pé na estrada novamente. Com as energias recarregadas e bem
alimentados, eles terminavam de arrumar suas bolsas quando um vento diferente
voltou a rodear os garotos, um vento mais pesado e violento. A sensação de
tensão tomou conta dos jovens que se entreolharam, não parecia ser um fenômeno
simples da natureza. Algo ou alguém se aproximava.
Hilda guardou os fragmentos da Light Stone em seu
colete com muito cuidado, poderia ser qualquer pessoa, até mesmo a Team Plasma
que provavelmente já sabiam da existência dos fragmentos da pedra.
Porém, quem quer que estivesse envolvido nisso, estava
extremamente focado em Hilbert. Uma ventania mais forte atingiu o corpo do
garoto que caiu no chão e teve seu boné jogado para longe, ele estendeu a mão
para a direção que o objeto foi, desesperado, como se tivesse perdido uma parte
do seu corpo. Hilda se aproximou do amigo e Jackson não conseguiu conter o
choque ao ver os chifres amarelados e pontudos do garoto.
— Q-quem está aí?! – berrou o menino, recebendo ajuda
para levantar.
Do meio das árvores, completamente camuflado, ele
saiu. Com quase dois metros e andando majestosamente sobre as quatro patas,
estava o Pokémon conhecido como Virizion. Com a pompa de um cavaleiro, sua
cabeça tinha dois chifres curvados na ponta, o focinho era comprido e fino. O
corpo era predominantemente verde com detalhes em branco na barriga e cara, as
quatro pernas eram compridas e ele parecia usar botas.
A julgar pela sua expressão séria com que olhar para
Hilbert, ele parecia conhecer o jovem e não parecia ser um contato muito
amigável ou satisfeito. Em sua pata frontal, ele segurava o boné vermelho que
tinha um significado muito importante, mas que perto do Pokémon, parecia ser um
objeto inútil
— O filho de Athos... – resmungou a criatura
com voz imponente, grossa e masculina. – É impressionante como Athos ainda
queira ter contato com essa espécie.
Hilbert reprimiu um xingamento. Não ouvia outra pessoa
falar do seu pai além de sua mãe e do velho Joltik. Grimaud saiu de dentro do
colete de Hilda e olhou com enorme surpresa para o Virizion.
— Lorde Aramis? – disse o Pokémon, como se há
muito tempo não pronunciasse esse nome.
— Vejo que sou bem conhecido – riu o
mosqueteiro. – Reconheço essa voz enjoativa de longe, senhor Grimaud, lacaio
de Sir Athos.
— Achei que nunca mais iriamos nos ver, depois da
transformação, cada mosqueteiro seguiu um caminho diferente – disse o
Joltik, meio intimado, encolhido no ombro da garota.
— E parece que o caminho de Athos Autevielle foi
continuar se envolvendo com os humanos a ponto de ter filhos – Aramis
voltou seu olhar para o jovem Hilbert. – Que criatura bizarra e fraca.
— VOCÊ TÁ FALANDO DE MIM?! – berrou o treinador. –
Pois saiba que eu já te odeio por conhecer o idiota do meu pai!
O Virizion riu, debochado.
— Nem seu pai aguentou a aberração que você é? –
o olhar dele caiu sobre os chifres de menino. – Você não é nem humano, nem
Pokémon. Isso é um desperdício.
— Eu não preciso ouvir sua opinião sobre mim! –
Hilbert cerrou o punho, extremamente irritado. Diferente das humilhações
sofridas por outras pessoas, aquela criatura parecia querer deixa-lo irritado e
não triste. Estava prestes a explodir.
— Me encarar com essa cara feia não vai adiantar
nada – riu o Pokémon. – Você precisa de mais ação.
Rápido como o vento, Aramis investiu contra Hilbert,
atingindo-o no estômago e arremessando-se contra uma árvore. Hilda quase sofreu
o impacto, mas foi salva por Jackson, que recuou para longe com a garota.
— Hilbert! – gritou a amiga.
O baque contra a árvore fez o jovem soltar um grito
surdo, como se tivesse perdido todo ar do peito, ele caiu no chão e gemeu de
dor, encolhido. O Virizion se aproximou.
— Vamos, reaja.
O garoto caçou uma Pokéball em seu bolso, mas percebeu
que todas estavam na sua bolsa que estava há alguns metros.
— O-o que você quer comigo? – questionou, entre uma
respirada funda e outra.
— Você tem um enorme poder em suas mãos e
desperdiça ele – respondeu Aramis. – Se eu fosse você, aprimoraria esse
poder enquanto ainda sou jovem. Se eu soubesse que poderia me transformar em
Pokémon há mais tempo atrás, eu não teria pensado duas vezes.
— Do que diabos você está falando? – Hilbert
sentou-se, tentando arranjar apoio para se levantar, mas logo sofreu outra
investida do Virizion, sendo arremessado para longe de novo.
— Vamos, desperte, garoto! Você só tem esse defeito
de ser meio humano, mas tem um monstro dentro de você pronto para te dominar...
O menino continuava a resmungar de dor quando viu a
primeira gota de sangue pingar na grama verde e úmida da Pinwheel Forest, seus
amigos encaram tudo aquilo com preocupação e estavam tão confusos quanto ele, o
que os impedia de reagir de qualquer forma. Aramis continuava com as palavras
de humilhação, testando cada vez o psicológico do menino, que se encolhia cada
vez mais.
Sentiu seu corpo queimar tanto que podia jurar que a
floresta estava pegando fogo.
A primeira visão que o Virizion, Hilda, Jack e Vic
tiveram foram dos pontudos chifres do garoto tomarem proporções como as de um
adulto, os castanhos cabelos agora tinham enormes mechas pretas na frente e
brancas na parte de trás. Toda a dor dos impactos parecia ter sarado
milagrosamente, como se o corpo estivesse mais jovem e forte (se é que isso era
possível). Levantou-se ereto e duro, Aramis recuava, mas não podia esconder a
animação. O choque maior foi quando Hilbert virou-se para o mosqueteiro, os
olhos castanhos agora assumiam um amarelado insano, dois riscos pretos
desenhavam a bochecha.
— O monstro finalmente se libertou – sorriu o
Virizion, em posição de batalha.
— Grimaud, o que aconteceu com ele? – questionou
Hilda.
— E-eu não sei, senhorita Hilda – disse
Grimaud, temeroso, repetindo novamente, com a voz de pesar. – Eu realmente
não sei.
A garota olhou para o amigo, preocupada. Um arrepio
lhe correu a espinha.
Hilbert deu a primeira investida com um soco contra
Aramis que sacudiu as árvores próximas como ondas de vento, só não as derrubou
pois eram extremamente fortes a julgar pela idade. Dessa vez, o Virizion foi
arremessado pra longe, mas diferente do garoto, pareceu aguentar o impacto e se
recuperar rapidamente, pronto para outro ataque.
— Gosta da sensação, garoto? – provocou o
Pokémon. – A sensação de poder? Será que todos os Pokémon sente essa força
ilimitada emanando de seus corpos?
Porém, Hilbert permanecia em silêncio, era como se
todas as funções de seu cérebro se redirecionassem a um único objetivo: FORÇA.
O embate voltou a acontecer. Dois lados que pareciam
com níveis semelhantes, estratégias diferentes, mas com uma única visão:
derrotar um ao outro. Aquela batalha impactava tudo ao seu redor, fazendo com
que Pokémon selvagens fugissem para longe daquele duelo de titãs.
Hilda e Jackson correram para uma área segura, mas num
lugar em que pudessem assistir tudo, atrás de um arbusto junto de alguns
insetos que pareciam tão atônitos quanto os jovens. A garota parecia sentir seu
coração na mão ao ver o amigo daquele jeito, enquanto o arqueólogo parecia
extremamente confuso.
— Temos que fazer algo, Jack! – exclamou a menina,
segurando o braço do negro. – Ele nunca ficou assim? E se ele se machucar?!
— Você tem coragem de entrar no meio daqueles dois? –
respondeu o outro, segurando os ombros da colega. – Se a gente entrar ali, os
feridos seremos nós. Eu ainda tô tentando assimilar o fato do Hilbert ter
chifres!
Virizion tomou um tempo para repousar enquanto encarava
o garoto que estava com as suas roupas sujas de folhas e terra, sem contar os
arranhões e hematomas que ele simplesmente não parecia sentir. Era como se seu
corpo estivesse em um êxtase tão grande que ele ignorava qualquer sensação de
dor.
— Quando eu era humano, sempre achei fascinantes os
mistérios por trás de um Pokémon – contou Aramis, ainda que seu adversário
não parecesse muito interessado. – No dia em que eu senti meu velho corpo
cansado se transformar em um corpo jovem poderoso e cheio de vida, eu jurei
nunca mais ter compaixão por essa raça fraca.
— Não... somos fracos – a voz de Hilbert pareceu
extremamente grossa. Não era o Hilbert monstro que tentava dialogar, e sim o
jovem treinador determinado. – Somos tão fortes quanto os Pokémon p-porque...
Aramis não quis saber do final da frase e usou um
golpe conhecido como Megahorn contra o adversário, que caiu de joelhos
no chão.
— Hilbert! – Hilda ignorou qualquer alerta de cuidado
de Jack e correu em direção ao local, atirando alguns pedregulhos em vão. –
Chega! Deixa o Hilbert em paz!
Virizion riu com a figura da menina que lutava
desesperadamente.
— Acho que o único jeito de excluir esse seu lado
humano, é se livrando de tudo aquilo que te mantém desse lado – o
mosqueteiro virou-se para a morena e começou a caminhar até ela com passos
lentos e intimidantes, seus dois chifres assumiram outra cor, ele estava
prestes a usar o mesmo golpe contra ela, mas diferente do treinador, ela só
era... uma humana fraca.
Jackson tirou a Pokéball de Winston de seu cinto, mas
a pequena Cleffa em sua mochila exclamou como um apelo para que não fizesse
isso. Bijou choramingou de medo e o arqueólogo a pegou em seu colo.
— O-Obrigada por me impedir... – sussurrou ele, saindo
do arbusto também e correndo ao lado de Hilda, que estava paralisada.
— Dois Bunnearys em uma só cajadada? – debochou
Aramis, pronto para atacar os dois humanos.
O que ele não esperava é que Hilbert surgisse
novamente para contra atacar com um golpe semelhante ao Close Combat,
que não deu oportunidade para o Virizion desviar os tentar golpeá-lo. Ele
recebeu chutes, socos e tapas em todas as partes do corpo antes de cair alguns
metros longe, com concussões, machucados, hematomas e sangramentos, ficou
aliviado por pelo menos estar vivo.
O garoto encarava seu adversário com uma postura dura,
os músculos enrijecidos tremiam com tanta força, ele estava de costa para seus
amigos e sua figura nunca pareceu tão intimidadora. O Pokémon mosqueteiro
percebeu que uma de suas patas estava impossibilitada de lhe ajudar a voltar a
batalha, então decidiu que era hora de recuar. Levantou-se com dificuldade e
notou que o menino já se preparava para o novo round, porém, como o
vento e em um movimento extremamente rápido, o Virizion sumiu floresta a
dentro, sem deixar rastros.
Sua única herança daquela confusão era um Hilbert
completamente fora de si e que não parecia querer voltar ao normal tão cedo.
Acumulando toda a coragem possível, Hilda correu para a frente de seu amigo e o
encarou nos olhos, partiu o coração ao ver que aquela expressão juvenil,
inocente e determinada dava lugar pra uma figura coberta de ódio, ela agarrou o
braço do companheiro e se assustou em ver como os músculos estavam fortes e
enrijecidos.
— Hilbert! – ela berrou, como se o jovem fosse surdo.
– O que tá acontecendo com você?! Volta pra gente!
O resmungo semelhante ao um rosnar que Hilbert soltou
não parecia ser uma resposta positiva. A garota segurou os braços dele com mais
força e o sacudiu, desesperada:
— Vamos lá, você não é isso! Hilbert! – sua voz ficou
embargada e ela jurou ter sentido uma lágrima escorrer de seus olhos.
Mas nem isso comoveu o menino, que sem pensar, agarrou
Hilda pelo pescoço e a levantou com uma força sobre humana e deixou a garota em
desespero, balançando as pernas enquanto lutava por um ar que logo acabaria.
Jack tentou intervir agarrando o braço livre de Hilbert.
— Hilbert, para com isso! Você é melhor do que essa
coisa!
Com outro grunhido, ele empurrou o arqueólogo que caiu
no chão e caminhou com Hilda até uma árvore, prendendo-a contra o grosso
tronco, encarando-a com uma expressão de insanidade. A garota retribuiu o
olhar, com pena e tristeza. Havia perdido o menino que escalara o prédio da sua
casa de madrugada para lhe dar lições sobre sonhos? Tudo aquilo agora se
resumira a um monstro que havia dominado seu corpo?
— Hilbert... – ela chamou novamente, com a voz mais
gentil, pronta para aceitar seu destino.
— Vic, por favor! – Jackson berrou.
Vic saiu de dentro da bolsa e olhou para seu amigo.
Disposto a ajudar, seu corpo tomou uma aura psíquica rosa e seus olhos
brilharam.
— Desculpa por isso, amigão – começou o
Victini. – Mas eu faço tudo para te salvar.
O Pokémon liberou um golpe conhecido como Psyshock
que, como o nome sugere, acertou Hilbert como um raio psíquico, fazendo-o
curvar suas costas para frente e soltar um grito, como se toda descarga tivesse
dominado seu cérebro, seu corpo amoleceu, os olhos se tornaram brancos e opacos
e ele soltou Hilda, que caiu de joelhos no chão com a cabeça do garoto
desmaiado em seu colo. Apesar da reação de alívio que todos soltaram, a menina
não pode segurar o choro, acariciou os cabelos do menino que aos poucos
voltavam a assumir completamente o castanho, enquanto os chifres voltavam ao
seu tamanho inicial.
— Por favor, não me assuste mais assim... – sussurrou,
depositando um longo e suave beijo na testa de Hilbert.
A noite caiu e nada da jornada tinha avançado. Jackson
preparava uma fogueira com uma refeição mais decente porque sabia que a ocasião
necessitava, tudo estava quieto, os Pokémon dos três se mantinham em grupo, tão
tensos quantos os humanos. A única conversa ouvida era de Grimaud e Jack.
— Então o Hilbert é um meio Pokémon? – questionou o arqueólogo,
tentando ficar a par da situação.
— Exatamente – respondeu o Joltik, com
precisão. – Os três mosqueteiros e eu fomos transformados em Pokémon.
Acredito que seja uma forma de agradecimento por terem salvado tantas vidas. E
acredito que eles queriam continuar sua missão, apesar do Lorde Aramis ter se
desviado tanto de seu objetivo inicial.
— O jeito que ele fala dos seres humanos... – comentou
o jovem, mexendo nas labaredas da fogueira. – Imagino o que o deixou assim. Ele
já foi humano.
— Esse poder deve ter lhe subido a cabeça de uma
forma que o deixou cego – comentou Grimaud, reflexivo. – Lembro-me de
que o lorde odiava a corrupção dos humanos, talvez isso tenha o incentivado.
— Eu admito que somos uma espécie que muitas das vezes
não pensa nas consequências de seus atos – ele olhou de relance para Winston,
como se quisesse dar exemplo. – Mas sempre existe aqueles que combatem e isso e
querem transformar o mundo num lugar melhor. Ainda que sejamos poucos, somos a
gota de esperança que ainda move nossa sociedade.
— O senhor Athos acredita nisso também... Acho que
Hilbert puxou isso dele, sempre enxergar o lado positivo das coisas e nunca
abaixar a cabeça.
— Espero que esteja tudo bem com ele – disse Jack,
servindo um pouco da comida em um prato descartável. – Ele está distante desde
que acordou. Hilda, o jantar está pronto.
Hilda, que estava encostada em uma pedra um pouco
longe, se aproximou e pegou o prato.
— Obrigada, Jack. Vou levar para o Hilbert – sorriu a
garota levemente, com a voz baixa e rouca.
Ela se virou nos calcanhares e foi até onde Hilbert
jazia. Um baixo galho de árvore grosso, sentado com as pernas encolhidas, cheio
de curativos feitos pela menina, usando apenas a camiseta preta e suas calças.
Com a expressão distante e desanimada, mal notou quando sua companheira sentou
ao seu lado e lhe serviu o jantar.
— Isso é meio nostálgico, né? Sempre que acontece
algo, a gente senta num tronco de árvore para refletir – riu ela, tentando
manter o bom humor.
Mas o menino não parecia compartilhar a mesma
empolgação, ele olhou de relance para o pescoço de sua amiga que estava coberto
por um pano úmido, provavelmente para aliviar quaisquer marcas deixadas.
— Como tá seu pescoço? – questionou ele, com a voz
quase inaudível.
— Hm? – Hilda olhou curiosa para ele. – Ah, está
melhor. Jack me pediu para ficar com isso durante a noite assim não fica tão
vermelho.
— Desculpe... – Hilbert encolheu-se mais, desanimado.
O silêncio predominou novamente antes que o garoto
pudesse confessar.
— Eu ouvi você me chamando – disse, um pouco tímido. –
Foi o que não deixou aquela... coisa me dominar completamente.
— Ficamos com medo de te perder – respondeu Hilda,
corada. – E-Eu fiquei...
E o menino nada respondeu de novo, ele apenas virou-se
de costas e se manteve isolado novamente, como se fechasse completamente uma
porta para que ninguém pudesse entrar, mas a garota parecia ter a chave dessa
fechadura. Ela colocou as duas mãos nas costas do amigo e apoiou a cabeça nela,
como um gesto de carinho.
— Lembra da conversa sobre médico, né? – disse ela,
arrancando um riso baixo do garoto.
A atenção foi desviada quando Jackson e Vic apareceram
e fizeram os dois recuarem, tímidos.
— Vocês não fazem nem questão de disfarçar que estão
espiando, né? – ironizou a menina.
— Espiar? Nunca nem vi – disfarçou o Victini,
indo até o ombro de Hilbert. – Você tá melhor? Ainda consegue pensar? Quanto
é 2+2?
— Eu fiquei sabendo que você deu um choque no meu
cérebro, senhor Vic – o treinador olhou para o Pokémon. – Eu poderia te bater,
mas você me salvou. Obrigado, amigão – o sorriso gentil, sincero e calmo deixou
o anjo emocionado.
— Ah, não me olha desse jeito – respondeu, com
a voz embargada. – Eu só não queria te perder.
— Desde quando o Vic é tão sentimental assim? –
questionou Hilda, arqueando a sobrancelha.
— Ei, eu não sou uma pedra! Eu só não gosto de
externar meus sentimentos nos momentos errados.
— Sei, sei...
Jackson foi o próximo a subir no galho, agradeceram a
Arceus por ele ser bem resistente. O arqueólogo estendeu para o menino o famoso
boné vermelho, um tanto surrado e sujo.
— Eu achei isso aqui com a ajuda dos meus Pokémon –
sorriu o rapaz. – Acho que ele é extremamente importante pra você.
Hilbert pegou aquele acessório de pano e o observou
cheio de memórias.
— Obrigado, Jack. Acredito que devemos uma explicação
pra você.
— O Grimaud, o Joltik falante, me contou tudo – disse
Jackson, sorrindo.
— Está assustado? Com medo?
— Na verdade, só estou curioso pra saber se você pode
ser capturado com uma Pokéball – refletiu o arqueólogo.
— Ninguém nunca tentou.
O grupo gargalhou e Hilbert se sentiu confortável em
saber que mesmo nas dificuldades e nos momentos de tensão, ele tinha excelentes
companhias que sempre iriam segurar ele. E ele com certeza tentaria retribuir
tudo a altura.
Aramis estava deitado com as patas escolhidas,
observando a que estava ferida, torcendo para que fosse algo momentâneo. Não
imaginava que o filho de Athos atingiria uma força tão grande quanto o pai,
apesar de saber que era o mais fraco, praguejou ao imaginar que sua velocidade
não fora tão eficaz. Mas não queria pensar nisso agora, seu maior medo – se é
que isso era possível em alguém como ele – era ser descoberto daquele jeito.
Sua atenção se desviou para um arbusto que se mexeu
violentamente.
Um Pokémon?
Não.
Era um humano. A pequena figura apareceu. Uma
garotinha de quase seis ou sete anos que parecia extremamente assustada e
perdida, sua pele negra brilhava com alguns raios de lua que atravessavam as
folhas das árvores. Usava uma roupa extremamente pobre e mal-acabada. Seus
olhos observaram aquela enorme criatura com esperança, a pose do Virizion
remetia à segurança graças a seu tamanho, mas seu rosto não demonstrava a mesma
imagem.
— O que você quer, garotinha? Saia daqui antes que
eu te mate – ameaçou ele.
A menina tentou falar, mas nenhum som saia. Seria ela
muda?
— Você não fala? Que “sorte” a minha – ironizou
a criatura. – Vá embora. Você é uma criança, é perigoso ficar sozinha.
Ela se aproximou e sentou-se perto do tronco do
Virizion, que a encarou arisco, mas a menina não pareceu se importar, ela
descansou seu corpo contra o do Pokémon, como se fosse um travesseiro gigante.
Seja lá quem fosse essa garota, ela só parecia querer um porto seguro.
Aramis pensou na possibilidade de simplesmente matá-la
ali e não deixar rastros. Mas ver os olhinhos perolados dela aos poucos se
cerrando para dormir o fez sentir uma compaixão que há anos não sentia. Ele
deitou a cabeça no chão, próximo a menina.
— Que droga... – ele murmurou antes de dormir.
Um Pokémon lendário fingindo ser durão mas não aguenta uma criança humana e muito menos o poder dos chifres do Hilbert.
ReplyDeleteMagnifico cap. Estou esperando o próximo. <3
Não entendi como a explosão foi tanto forte que Unova ficou cheia de fragmentos de pedra branca quebrada, mas otima coisa para treta futura. Veremos se alguém por ai anda consumindo pó de Light Stone
Yoo Shii
DeleteÉ aquela coisa né? Pose de machão, mas apanha que nem cadelinha haushuahus
Obrigada Shii
Imagine que na explosão, os fragmentos foram tipo estrelas cadentes que se espalharam pela região. Faz mais sentido se vc assiste Inuyasha huasuahus
Obrigada pelo comentário
See ya
TÁ SAINDO DA JAULA O MONSTRO, BIRL!! AÊ PORRA!!!
ReplyDeleteMano eu amei esse capítulo, meu Ho-Oh do céu que tá acontecendo. Olha essa rinha do Bertinho vs o tio digna de Casos de Família, puta merda, to boquiabrido menina, olha que eu li seus capítulos de ação agorinha pouco, mas esse se supera ver Cobalion!Bertinho foi assustador, ele usando Close Combat e a Hilda tendo de acalmá-lo e o Vic tendo que nocauteá-lo com Psyshock, cara isso foi intenso.
O melhor disso tudo foi o Jack aceitando na maior tranquilidade, meu pai amado, kk, eu amo esse homem.
Enfim, eu não tenho palavras a acrescentar sobre esse cap, ele foi bem escrito e deu pra ver o quanto de Inuyasha vs Sesshomaru vc colocou ali, além de fazer a referencia lá ao Inu full yokai. Eu tenho medo de ver um Bertinho assim no futuro, mas por sorte temos patroa Hilda e Vic pra dar conta do recado caso ocorrer.
É isso
Yooo Leucro
DeleteBIRRRRRRRRRRRRRL!
HOJE NO CASOS DE FAMÍLIA : VAI SE FUDER, TIO, EU NÃO QUERO VIRAR MONSTRO
É com vc, Cristina Roggenrola ahgsahushuashu
CEIS TÃO ACHANDO QUE MEU CORNO É PORCARIA? Ainda é porcaria, mas o chifre dele cresce agr hausahushuahus
TOO MUCH AÇÃO PRA ESCREVER SÓ EM PALAVRAS HASUAHUSHU
Pensa que o Jack já viu a Hilda falar com vozes na cabeça dela, UM MOLEQUE CORNO É FICHINHA HAUSHUAHUSHAUSHU Ele é otaku, é mais fácil de aceitar
Adoro quando pegam minhas referências (mesmo eu tendo falado milhões de vezes), mas fico feliz de passar essa vibe, Rumiko é um puta inspiração pra mim pq ela fez uma puta aventura recheada de elementos que eu amo.
CUIDADO! CORNO RAIVOSO!
Obrigada pelo comentário, Leucro
See ya
Um dos melhores capítulos da temporada, com toda certeza! Eu estava ansioso para ver esse encontro do Hilbert com seu tio, porque na minha cabeça tudo não passaria de um tremendo mal entendido. No fim das contas, Virizion foi cuzaum e ponto final kkkkkkkk Mas ele é um tipo de antagonista intrigante, pois levou o Hilbert a um novo patamar ao ponto de aprender Close Combat e Megahorn kkkkk Brincadeiras à parte, foi uma transformação incrível. Pior foi ter que ver seus amigos incapacitados, o medo de machucar o amigo ou causar um acidente no nível que o Winston causou na cidade (por sinal, obrigado pelo trechinho fofo que a Brianna e o Vic conversam, eu sempre adorei essas interações dos Pokémon na história principal!). Tem muita coisa interessante para se notar aqui, como o fato dos chifres ainda não serem de conhecimento do Jackson. Qual seria a melhor hora de contar algo tão importante para um colega? Se eles demorassem demais, ia ficar aquela sensação de que eles esconderam algo importante durante meses e ninguém abriu o bico. Foi um excelente timing!
ReplyDeleteAh, então esse é o famoso chupão no pescoço HAEUHHUAE Poxa, eu fazendo graça e era um negócio maior sério! Achei curioso que você ainda comente sobre o machucado lá na frente, essa continuidade é o que me faz adorar as fanfics de Pokémon (aguardo ansiosamente o dia em que os 10 pesadíssimos exemplares do Dragão Guerreiro sejam usados de alguma forma kkkkkkkkk).
E da mesma forma que você nos apresentou um velho Virizion rabugento de dois metros (eu precisei ver na bulbapedia pra ver se era real kkkkk me surpreendi) eu adorei a interação dele com uma garota humana. É aquele velho e sábio provérbio: cuspiu, caiu na testa, seu trouxa! kkkkkkk Ele vai acabar se afeiçoando à garotinha, e torço para que ela surja lá na frente montando cavalinho nele. Vai ser louco.
Parabéns por mais esse capítulo incrível! <3
Yooo Canas
DeleteO número de capítulos favoritos só aumenta <3 Eu fico feliz em 20 capítulos trazer uma grande bagagem de capítulos que caem no gosto da galerinha jovem hausuhas
Virizion já tem aquela pose de completo babaca, como ser diferente disso? hasuahushuas Hilbert usando golpes de Pokémon me cura numa agilidade.
Ninguém espera um Virizion aparecendo do nada pra resolver briga de família, então a reação foi a mais genuína possível. Acho que assim como Inuyasha, alguns personagens ficam em planos de fundo para que outros tenham destaque.
VC GOSTOU DO VIC E DA BREE CONVERSANDO? Eu acho que esse é prólogo e a motivação para eles, enfim, montarem uma guilda de verdade :3
Obrigada por isso <3
AH, O CHUPÃO, VAI SER MARAVILHOSO LEVAR ESSE APELIDO ATÉ O ÚLTIMO DIA! O importante é usar termos que te façam lembrar ahushuas
ESSES EXEMPLARES DE DRAGÃO GUERREIRO SERÃO MUITOOOOO IMPORTANTES hsaushuahus
Eu adoro que o Virizion não vai simplesmente embora e dane-se, eu quis trazer algo que mostre que ele ainda continuará entre nós e será importante, além de ter seu próprio plot :3
Obrigada pelo comentário, Canas
See ya
Star o que é esse chupão no pescoço da Hilda?
ReplyDeleteHilhil se provando uma força de ligação para segurar Hil-macho na sanidade dos humanos :) pena que Hil-femea saiu ferida desse triste evento.
Até o próximo Star e taque a pokebola no Hilbert!
Yoo Anan
DeleteÉ ALERGIA, ANAN, TE JURO HAUSAHUSHUASHU
Hilda maior destruidora de Hétero top hasuahushua Pobre Hilda, sempre disposta a ajudar.
PEGUE UMA MASTER BALL, ANAN
See ya
Caraca, esse foi um dos melhores capítulos na minha opinião, se não o melhor dessa temporada até então. O desenvolvimento da cena até o clímax do capítulo aconteceu de maneira muito natural e ao mesmo tempo nos deixou tenso o tempo inteiro acerca do que ia ocorrer.
ReplyDeleteO ponto da transformação do Hilbert foi muito interessante. Realmente vejo que ele e a May tem algo em comum, ambos tem dentro deles algo que não podem controlar. Se algum dia os dois chegassem a se encontrar, creio que seriam grandes amigos (arrumar encrencas juntos por ai).
Aramis foi corrompido pelo amor, agora é tarde demais e ele se tornou papai de primeira viagem haha. A menininha vai fazer muito melhor a ele do que ele a ela, no fim.
Acho q é isso, Star. Demorei muito pra comentar esse cap e acabei tendo que ler de novo. Mas até vai me ajudar a terminar o desenho que comecei.
Até a próxima!
Yooo Carol
DeleteEu fico feliz que tenha gostado. Nunca é tarde pra trazer mais um vilão pra história <3
Eu adoro o desenvolvimento desse capítulo também, foi algo muito fácil de escrever e divertido :3
Espero que o crossover entre May e Hilbert possa rolar algum dia pro Vic roubar as comidas de todo mundo. Certeza que isso aconteceria.
Aramis não teve 5 minutos de paz pra ter ódio sossegado que já jogaram uma criança muda na fuça pra ele assumir. Não se pode mais ser revoltado nesse mundo tsc tsch uashuashuahushu
Estou ansiosa pelo desenhos e não se preocupe com os atrasos, NPU está de braços abertos <3
See ya