• Sunday, October 17, 2021

     




    — O jantar está na mesa!

    A voz feminina ecoou pela casa. Não foi preciso que o volume da voz fosse alto, já que o lar era dividido em três cômodos minúsculos, sendo um deles, a própria cozinha e sala de onde a voz havia saído. Do quarto ao lado, duas crianças apareceram agitadas, disputando uma corrida imaginária.

    O mais velho era um garoto de pelo menos dez anos com lindos cabelos violeta. Sua pele morena era lisa e macia e seu rosto carregava uma vontade absurda de viver, apesar de alto, era bem magro. Ele logo se sentou a mesa e esperou que sua irmã mais nova fizesse o mesmo.

    A menininha de quatro anos era praticamente uma cópia do seu irmão. Só que com cabelos longos e bagunçados que ela constantemente usava suas mãos para afastar os fios rebeldes da frente do rosto.

    — Porque não prende o cabelo logo de uma vez? – questionou o irmão da menina.

    — Princesas sempre andam com o cabelo solto – respondeu a mais nova, com o nariz empinado.

    — Estamos muito longe de ser da realeza – riu o outro, observando suas próprias vestes surradas. – Você nem tem uma tiara.

    — Bem, um dia eu vou ter. E um vestido rosa! – sorriu a garotinha, sonhando alto enquanto balançava em sua cadeira.

    — O jantar da princesa está servido – a mãe dos dois se aproximou e depositou sobre a mesa uma refratário com simples, porém, apetitosas carnes de Torchic empanadas.

    Uma refeição feita com carinho que compensava qualquer dinheiro. A mais nova fungou e deixou o aroma salgado penetrar suas narinas, quase salivando.



    — Íris? – uma voz, dessa vez, masculina e velha despertou a garota de suas memórias.

    Íris olhou em volta para se situar, estava no backstage de um estádio e já era possível ouvir gritos eufóricos de algumas pessoas. Era o dia mais importante de sua vida.

    A garota prodígio finalmente alcançara o topo do mundo e faltava apenas mais um degrau extra: Se tornar a nova cabeça da Elite dos 4 de Unova. Olhou para suas mãos e até mesmo para o seu look: Um bufante vestido rosa de dois tons com mangas largas e uma abertura em V na saia com direito a laços. Na cabeça, uma singela tiara de ouro com duas esmeraldas, elas enfeitavam o longo cabelo violeta preso num rabo de cavalo.

    Aos 14 anos, Íris havia realizado seu sonho: Havia se tornado princesa. Mas não aquelas dos contos de fadas que era sequestrada e mantida presa por dragões numa masmorra. Aqui, ela era a princesa que comandava os dragões.

    Drayden pigarreou e estranhou quão avoada e distraída estava a garota.

    — Você está esquisita hoje – comentou o líder de Opelucid. – Hoje é um dia muito importante pra você ficar estranha.

    — Só estava refletindo – Íris acariciou os ombros. – Mas estou pronta desde os meus oito anos para esse momento, não tem como dar errado.

    — Gosto da confiança – o homem bateu de leve nos ombros dela, depositando a mesma empolgação e muita ansiedade. – Não se preocupe com as câmeras ou com a plateia. A maioria só veio aqui para fazer fotos e status. Respira fundo, você consegue.

    Íris refletiu por alguns minutos. Sua memória viajou longe novamente como se um filme da sua vida passasse na sua frente, aquele famoso clichê quando algo importante está para acontecer. Suas narinas expandiram e ela jurou sentir cheiro de algo que há anos não sentia. Soltou um leve sorriso e se virou para o senhor:

    — Quando essa batalha acabar, podemos comer carne de Torchic empanados?


    Nem o campeão de Unova estava acostumado com tantos olhares. Anos e anos de invencibilidade e ele ainda tremia para dar entrevistas ou falar sobre sua carreira. Mas ninguém podia negar que Alder era um dos mais admiráveis campeões que Unova já tivera.

    Enquanto terminava de se aquecer e se preparava para ser chamado, notou que não estava sozinho nos bastidores. Um garoto de aproximadamente catorze anos e cabelos rebeldes estava encostado contra a parede.

    — Eu paguei o camarote mais caro do estádio e você prefere assistir daqui? - questionou Alder, rindo.

    — Não tem graça assistir de tão longe – respondeu Benga.

    Alder era o avô de Benga. Os dois compartilhavam um espírito aventureiro e um amor pelo ar livre que poucas pessoas entendiam. Até os estilos de roupa eram semelhantes, com o campeão usando sempre sandálias, calças com barras irregulares e um manto que cobria seu tronco. Ninguém duvidada da relação dos dois quando o se tratava da cor e do corte do cabelo, com raivosos fios vermelhos e alaranjados compridos e espetados.

    — Tá pronto pra ganhar? – questionou o neto.

    — Eu não ligo para o resultado, só quero uma boa batalha – respondeu Alder, ajeitando suas Pokéball em volta do pescoço.

    — Você não tá nem se esforçando pra defender seu título né? – perguntou o mais novo.

    — Não vou entregar a batalha numa bandeja para ela – defendeu o campeão. – Eu só não acharia ruim de finalmente ter uma aposentadoria. Estou ficando velho.

    — Alder Ackworth dizendo que está velho? – Benga soltou uma risada escandalosa. – Logo você que pregava que todo mundo tem uma alma eternamente jovem? Qual é, vovô, você é alpinista, ninguém foi tão alto no Mt. Coronet. Não pode simplesmente falar que está velho.

    Alder sorriu, escandaloso igual.

    — Eu sinto falta de acordar de madruga só pra escalar montanhas por aí – confessou, reflexivo.

    — Então vamos fazer uma promessa? – Benga se levantou. – Quando essa batalha acabar, você vai tirar umas férias e vamos escalar até o topo do Mt. Coronet!

    O campeão riu, concordando.

    Era hora do show.



    Os protagonistas daquela história finalmente deram as caras, em lados opostos, quase não se enxergando graças a enorme distância. O campo de batalha era firme e meio poeirento, era neutro e seria um problema para quem trouxesse Pokémons aquáticos para aquele duelo.

    Pessoas de todos os tipos gritavam eufóricas. Era um duelo de titãs e muitas pessoas tinham gastado toda sua economia do ano para ter um lugar naquele estádio. Os mais ricos desfrutavam do local em cabines de camarotes, sendo servidos com vinhos, champanhes e todo tipo de iguarias. Íris se posicionou em seu lugar, evitando olhar para os lados, queria evitar ainda mais a ansiedade. Alder acenou para alguns fãs e foi aclamado. Alguns levantavam cartazes e outros mostravam bonecos dos Pokémon do time do campeão.

    O homem imitou o gesto de Íris e sorriu, observando com orgulho aquela jovem chegar tão longe. Era um entusiasta e defendia que o mundo deveria sempre se renovar, onde o velho daria o lugar ao novo para que esse pense mais no futuro.

    De sistemas de som, se pode ouvir a voz do narrador e apresentador daquela batalha.

    — Sejam todos bem-vindos ao duelo do século. Hoje, a Mestre Pokémon Íris Hewitt irá desafiar o atual Campeão da Elite 4 de Unova, Alder Ackworth, que irá defender seu atual título.

    As câmeras que transmitiam o duelo para toda Unova eram controladas por profissionais e por Rotoms que sobrevoavam todo o estádio para capturar cada ângulo daquele embate que mal havia começado.

    — As regras da batalha estão disponíveis no site oficial da Liga Pokémon de Unova – informou o narrador. – Em resumo, em um acordo das duas partes, a batalha será de 3x3 com o uso permitido de itens. Treinadores, saquem suas Pokéball, o primeiro golpe é da desafiante.

    Íris sacou sua primeira Pokéball, sorriu confiante, como se o objeto acendesse uma chama nela.

    — Druddigon, conto com você – ela arremessou o objeto e liberou o Pokémon que faria a estreia daquele embate.

    O Pokémon da garota era a aparência que definia o time todo: Um dragão. Apesar de não ser muito alto, conseguia intimidar todos com sua cara de mal em uma cabeça vermelha cheia de escamas pontudas e furiosas presas na boca. O corpo era de um azul petróleo, com braços e pernas que sempre terminavam em garras afiadas. Usando suas asas, ele ganhava o céu enquanto balançava sua cauda para amedrontar seu adversário.


    Alder ficou eufórico em ver um Druddigon voando, era bem raro ver criaturas daquela espécie realmente usando suas asas, o que significava que a garota havia treinado aquele Pokémon para que ele alcançasse o máximo de todas suas habilidades. A garota prodígio era muito mais que um apelido superficial.

    — Você quer brigar nos céus, então? – questionou o campeão, tirando uma esfera do seu colar de Pokéball e liberando seu primeiro Pokémon

    Um Braviary. A águia símbolo Unoviana era tão majestosa quanto seu nome. Suas penas azuladas e avermelhadas brilhavam conforme o sol refletia. O bico amarelado e as garras pontudas mostravam todo seu poder como predadora.




    Quando o sinal de start foi soado, um grito uníssimo da plateia se fez ouvir.

    — Vamos começar com Flamethrower! – ordenou a Mestre Pokémon.

    O dragão abriu sua mandíbula e brasas começaram a se acumular em sua boca que logo foram disparadas como um lança chamas de longa distância. O Braviary usava sua agilidade para se desviar do fogo, enquanto analisava o poder de seu adversário. Íris sabia que não era qualquer golpe capaz de atingir um treinador de alto patamar, mas sabia que uma hora ou outra, toda aquela agilidade se esgotaria.

    Aerial Ace! – ordenou Alder.

    A águia alcançou mais os céus, a ponto de fazer o dragão de Íris olhar para cima, usando uma de suas patas para bloquear o sol. O céu estava pintado com um azul tão lindo que Braviary parecia comandar aquele ambiente. Uma aura metálica rodeou o corpo da ave que mergulhou em direção ao inimigo.

    Íris ordenou que Druddigon não desviasse, e sim, que usasse seus longos e fortes braços para interromper o ataque do Braviary. Ele logo agarrou as duas asas do adversário e a plateia gritou, animada.

    Focus Blast! – gritou a treinadora.

    O dragão arremessou a ave e logo lhe acertou uma esfera azulada contra a barriga de Braviary, que caiu no chão. Foram preciso alguns minutos até que a águia voltasse a voar, levemente impactada com um golpe que surtiu grande efeito em seu lado Normal-type, mas que não era tão efetivo contra seu Flying-type.

    — Gosto como você gosta de exibir o armamento poderoso dos seus Pokémon. Foram dois golpes incrível. Rock Slide! – ordenou Alder.

    Íris sorriu.

    — Leu a minha mente. Rock Slide!

    Uma chuva de pedras foi ordenada e nenhum dos Pokémon sabiam se desviava ou se continuava a atacar. No final, Braviary usava suas enormes asas para arremessar as rochas contra o Druddigon, que se aproveitava de suas mãos livres para fazer o mesmo. A colisão das pedras quase fazia o estádio tremer.

    Os Rotoms que filmavam tinham que desviar várias vezes para não serem atingidos. O dragão de Íris conseguiu atingir a ave e voou em sua direção para uma investida, mas o Braviary era astuto e não deixaria barato. Usou suas garras com um golpe conhecido como Crush Claw para voar por cima do adversário e agarrar a nuca dele. Se Druddigon não tivesse escamas grossas, aquelas unhas com certeza teriam perfurado mais a sua pele. Com maestria, o Braviary usou o peso do corpo para arremessar o dragão ao solo, fazendo uma grande cratera funda onde ele caíra.

    — DRUDDIGON! – Íris gritou, preocupada.

    O Pokémon logo saiu do buraco, mas percebeu que havia grandes ferimentos em suas asas e costas. Isso dificultaria um pouco, já que não poderia alçar voo novamente. Alder encarava sua adversária eufórico.

    Desde que ela tinha o enfrentado pela primeira vez para conseguir o título de Mestre Pokémon, ele conseguia enxergar nela um talento natural para ler o jogo. Mas sabia também que ela continuara a treinar todos os dias para subir mais um degrau.

    Íris invocou outro Rock Slide na tentativa de derrubar o Braviary. A ave apenas se desviava ágil. Outro Aerial Ace foi ordenado e ave mergulhou como um foguete em direção ao Druddigon. A cada metro que se aproximava, o público gritava eufórico.

    DRAGON TAIL! – o comando de Íris fora tão alto e forte que era como se tivesse convocado todos os dragões do passado só para aquele golpe.

    A cauda de seu Pokémon assumiu um tom púrpura que brilhou como um farol. Braviary não se intimidou e o choque dos golpes gerou uma onda de energia e vento que os treinadores tiveram que cobrir o rosto e se protegerem com os braços.

    Logo depois, a poeira se levantou. O silêncio se fez como um todo. Todos então perceberam que aquela batalha seria eletrizante de início ao fim. Drayden, que se mantinha em arquibancadas próximas, encarava tudo de braços cruzados e sério, o gesto calmo era replicado por sua aluna que demonstrava calma, como se confiasse em sua equipe, o que surpreendia alguns comentaristas que ressaltavam a idade dela. Do outro lado, Alder tentava manter a pose, mas tanto ele, quanto Benga – que estava por perto – sentiam um filete de suor escorrer pelo rosto.

    A poeira cessou e o resultado foi revelado. Druddigon estava de pé, ofegante, enquanto o Braviary jazia desfalecido e nocauteado na mesma cratera em que o dragão fora arremessado. Os fãs de Alder soltaram uma exclamação de tristeza enquanto a maioria exaltava o Druddigon de Íris, alguns tiravam fotos e alguns diziam querer começar a treinar um Pokémon daqueles. Alder retornou o seu Pokémon e a garota fez o mesmo, achando conveniente que seu dragão tivesse um bom descanso. Era só o primeiro round e teriam que recuperar o fôlego logo.

    De todas as cabines de camarote, uma em especial assistia aquela batalha com enorme interesse. Os quatro membros da Elite 4 de Unova ansiavam em saber se Íris seria a nova chefe deles ou se continuariam com o bom e velho Alder. Marshal, o mais alto deles era uma montanha humana. Com sua pele negra e vestes largas e esportivas, ele denunciava o tipo em que era especializado graças a faixa preta em sua cintura: Fighting-type. O segundo membro masculino era o oposto dele, Grimsley era alto e esguio – mas não maior que Marshal -, usava roupas de grife e seu olhar era misterioso e cínico, mas seu cabelo azul petróleo espetado para trás lhe dava um ar divertido. Era especializado em Dark-type. As outras duas membras eram mulheres. A primeira parecia que estava num sono eterno, sempre com uma expressão serena com os longos cabelos louros quase lhe cobrindo o rosto. Parecia sair de um sonho de criança com um vestido rosado e leve. Seu nome era Caitlin e ela era a mestre dos Psychic-type. Shauntal era a última membra e tinha um estilo gótico para as roupas. Seu cabelo roxo era curto em um corte chanel. Seus óculos fundo de garrafa a fazia parecer uma pessoa tímida e inteligente. Sua roupa era um vestido curto com meias compridas. Essa era especializada em Ghost-type.


    O grupo dividia a atenção com seus próprios afazeres, fazendo alguns comentários. Marshal andava de um lado para o outro:

    — Ele não pode perder.

    Grimsley revirou os olhos, irritado. Bebericou um gole de seu vinho e olhou para ele.

    — Já entendemos que você tá torcendo para o Alder – respondeu, roubando a atenção do companheiro. – Mas temos que admitir que o vovô está velho. Ele já está se tornando aquelas pessoas que perde de propósito só porque gostou da determinação do treinador. Nunca se viu tantos Mestre Pokémon se formando em Unova.

    — Ouvi dos conselheiros de Kanto e Sinnoh que estamos envergonhando as elites deixando as pessoas ganharem dessa forma – comentou Caitlin, com a voz tão calma e doce que parecia flutuar no ar.

    — EXATO! – Grimsley exclamou. – É horrível andar nos eventos com os campeões e as elites e ver os outros fofocarem nas suas costas.

    — E você acha que nossa imagem vai ficar melhor com uma menina de catorze anos no topo? – questionou Marshal.

    — É melhor do que deixar qualquer um ter o título de Mestre Pokémon – argumentou o especialista em tipo noturno.

    — Eu não sei não – o lutador sentou-se ao lado de Caitlin e ela pegou a sua mão. Só ela conseguia acalma-lo da pilha de nervos que ele era.

    Shauntal era a única a não expor sua opinião, ela se mantinha concentrada fazendo anotações em um caderno vermelho usando uma caneta incrivelmente fofa para o estilo dela. Grimsley e os outros sabiam exatamente o que ela estava fazendo. O rapaz se esgueirou e começou a ler as anotações.

    — “O homem alto e forte agarrou as costas nuas e delicadas do rapaz mais baixo que corou ao imaginar o estrago que aquela mão faria” – leu, em voz alta, fazendo a moça gelar. – Shauntal, estamos numa discussão importante e você tá escrevendo pornô?

    A moça fechou o livro e ajeitou os óculos.

    — Do que estavam falando? – ela questionou, tentando disfarçar.

    — Alder versus Íris. Quem ganha e quem você quer que ganhe? – perguntou Grimsley. – Perceba que são perguntas diferentes.

    — Estou torcendo para o senhor Alder – respondeu, sem muitos segredos. – Ele é minha maior inspiração para escrever meus romances.

    Marshal massageou as têmporas e Caitlin riu com a impaciência do namorado.

    — Sério agora, Shauntal, todo mundo serve de inspiração para os seus pornôs – alegou o especialista em Dark-type. – Quem são os dois desse trecho?

    — Você e o Marshal – uma das características que mais assustava em Shauntal, é que suas respostas eram tão diretas e sinceras que ninguém estava preparado. Grimsley ficou vermelho de raiva e Marshal escondeu o rosto.

    — ELE TEM NAMORADA! – berrou Grismley. – E eu não sou gay!

    Shauntal abriu seu caderno e começou a fazer anotações em voz alta:

    — “O rapaz mais baixo é tsundere e se esconde no armário”.

    — PARA DE FAZER ANOTAÇÃO! – berrou o outro.

    Marshal e Caitlin riram, acostumados com todo aquele clima. Não eram a melhor Elite 4, mas eram especiais da sua maneira.

     

    De volta ao campo de batalha, Alder refletia sobre qual seria sua próxima escolha. Havia de se preocupar também com a escolha de sua adversária. Íris sacou sua segunda Pokéball, determinada, e o campeão repetiu o processo.

    — Vamos lá, Haxorus! – a menina arremessou a esfera e um Pokémon aclamado por muitos se libertou.

    Um segundo dragão alto e bípede grunhiu com poder quando encontrou o solo. Suas cores predominantes eram dourado escuro e preto, com placas de escamas por todo o corpo. Suas patas superiores eram magras enquanto suas pernas eram grossas e fortes. Seu corpo terminava numa cauda comprida e pontuda, no rosto, os olhos vermelhos pequenos dividiam espaço com duas lâminas em cada lado da boca.



    Alder também libertou seu segundo Pokémon. Conhecido com Conkeldurr, o Pokémon tinha uma expressão séria, porém, cômica. Tinha um nariz avermelhado enorme e sua cabeça era inclinada pra frente. Seu tronco era sua parte mais forte, com uma coloração marrom, ele contava também com traços róseos que lembravam veias. Os braços grossos terminavam em mãos que não largavam dos pedaços de pilares de concreto, tudo isso para demonstrar sua força. Já a parte inferior do seu corpo, se encerrava com duas pernas e pés pequenos.


    Era hora do round 2.

    Pelas regras, o perdedor da roda anterior começaria os ataques.

    — Comece com Hammer Arm! – ordenou Alder.

    O Conkeldurr acumulou uma energia física em seus pilares que liberaram um brilho de cor branca. Apesar de não ter uma grande velocidade, ele avançou para cima do dragão que aguardou até o momento que ele levantou uma das estruturas de concreto e usou para atacar o adversário como um martelo. Haxorus fixou as patas no chão e usou a abertura entre as lâminas de sua boca e suas patas para segurar o golpe do inimigo.

    Dessa vez, o round seria ganho por aquele que fosse mais forte fisicamente e demonstrasse grande resistência. O lutador soltou o pilar segurado por Haxorus e usou o que lhe restava para arremessar contra o corpo do dragão caiu para trás, mas não antes de devolver o concreto que segurava contra o próprio dono. Ambos caíram para trás, mas logo se levantaram, com apenas leves arranhões.

    O público ovacionou com tamanha força de ambas as partes.

    Dragon Dance! – Íris comandou seu primeiro golpe. Dessa vez, um golpe de status.

    Com alguns movimentos que pareciam uma dança, o corpo do Haxorus ficou coberto por uma aura rósea meio avermelhada. Seu corpo parecia mais rígido e poderoso. As partículas de poder em volta dele indicavam um aumento considerável de ataque e velocidade. Golpes de status eram bem conhecidos por serem usados por estrategistas que se preocupavam com números. Íris, apesar se não se interessar por esse tipo de movimento, sabia da importância deles graças as suas aulas com Drayden.

    Alder, por sua vez, sempre parecia uma criança. Apelava para golpes bonitos de se falar e com aparência poderosa. Em seu turno, ordenou que seu Pokémon usasse Poison Jab. Conkeldurr largou suas vigas de concreto e sua mão assumiu uma cor púrpura brilhante. Apesar de ser do tipo Fighting-type, era comum ver golpes de outros tipos em Pokémon. Ele avançou e atingiu Haxorus com um soco, o adversário mal se moveu pois estava concentrado em acumular mais poder.

    Se tivesse sorte, o golpe dando por seu Pokémon, poderia gerar um status de envenenamento e debilitar a movimentação e ataques do Haxorus. Íris engoliu seco, receosa, mas logo percebeu que seu dragão estava bem e pronto para o próximo ataque.

    X-Scissor!

    As lâminas do Pokémon da Mestre Pokémon brilharem em um tom esverdeado. O golpe do tipo inseto era tão mortal e crítico que fazia alguns treinadores tremerem na base. Como sugeria o nome, as lâminas atacavam em um formato de X, e graças ao boost do Dragon Dance, elas tinham uma força maior.

    — DEFENDA-SE! – gritou Alder, agitado.

    Conkeldurr sorriu com o canto da boca e bloqueou o ataque do Haxorus, que insistiam em atacar a estrutura de concreto que o adversário carregava como um estudo. A cada batida, a plateia gritava eufórica. O dragão golpeava com agilidade, mas o lutador se divertia em observar seu inimigo sofrendo por cima do pilar. Ele atacou pela última vez e recuou, Alder e seu Pokémon gelaram o notarem que o objeto havia trincado.

    O atual campeão encarou o Haxorus, que arfava para se recuperar, mas que nunca perdia a pose. Atrás dele, ele viu Íris, que mantinha uma expressão confiante e séria, aquela aparência só era reconfortante graças as vestes da garota. Drayden parecia uma sombra protetora. Os três representavam tudo aquilo que os Dragon-type eram: Poderosos.

    Alder sorriu com empolgação. Conseguia enxergar perfeitamente tudo aquilo como uma herança. O mais velho passando suas habilidades e conhecimentos para os mais novos, tudo numa renovação automática para o futuro. Naquele momento, pensou em todos os ensinamentos sobre viver a vida que passara para sua família, olhou para trás e seus olhos encontraram os de Benga, que era a prova viva que sua herança estava em boas mãos. Perdendo ou ganhando, só a emoção daquela batalha havia valido cada segundo na Terra.

    — Vamos balançar esse campo de batalha – o campeão olhou para todos os seus fãs, que reconheciam aquele olhar de longe. Ele gritou juntamente com a plateia: - EARTHQUAKE!

    Conkeldurr agarrou o pilar intacto e com uma força gigantesca, arremessou contra o chão, não importando quando o objeto se partiu em vários pedaços. O chão tremeu com força e Íris teve que se controlar para não sair. O golpe desnivelou o terreno e alguns pedaços de pedra e solo atingiram Haxorus, que tentava se manter em pé. Os espectadores berravam e gritavam pelo nome de Alder.

    O campeão sentiu seu coração acelerar com tanta emoção. Até mesmo Íris conseguiu soltar um riso, naquela hora, os dois tinham esquecido que o preço daquela batalha era um título. Estavam mostrando para centenas de espectadores e para milhares de pessoas que assistiam pela TV que toda e qualquer batalha era muito mais que criaturas em campo disputando e exibindo seu poder, se trava de uma disputa de almas, de coração e de ideais.

    Íris ordenou que Haxorus desse um salto. O chão ainda estava instável e seria perigoso de movimentar por ele. Usando suas pernas e sua agilidade aumentava, o dragão pulou para cima. Era de se impressionar o quão alto um daquele espécie conseguia pular.

    DUAL CHOP! – a garota gritou alto o suficiente para que alcançasse o seu Pokémon e fizesse eco no ginásio.

    Haxorus fechou o punho e mergulhou em direção ao Conkeldurr, que novamente, usou seu antigo pilar para proteger-se e bloquear o golpe. O dragão veio mergulhando com um foguete, alguns até diziam que com a maestria e equilíbrio daquela queda, parecia que o dragão estava voando. O punho assumiu um incrível brilho púrpura, seu corpo começou a queimar e a assumir o tom avermelhado novamente, seus olhos encontraram e intimidaram o lutador.

    Novamente, numa briga de gente grande, ondas de poder e vento ecoaram pelo ginásio. Íris agachou-se, tão impressionada quanto a plateia. Alder estava confiante, porém, preocupado.

    O silêncio no estádio foi ensurdecedor. O narrador estava tão tenso quanto. Os Rotoms continuavam a filmar loucamente. O Conkeldurr sentiu o tempo ir devagar ao ouvir seu pilar de concreto trincar mais e mais, até num ponto que ele se transformasse em apenas pedregulhos aleatórios pelo chão.

    Ninguém soube dizer exatamente o que aconteceu logo em seguida. O campo de batalha se cobriu em uma enorme nuvem de poeira, enquanto os treinadores aguardavam angustiados o resultado da batalha. Todos engoliram seco. Drayden manteve sua pose, Benga quase arrancou os cabelos. Na cabine da Elite 4, Caitlin mantinha as mãos juntas, preocupada. Marshal estava de braços cruzados, Grismley encostou mais no vidro para ver melhor e Shauntal cobriu o rosto.

    Alder só conseguia pensar que aquele ainda não era o embate final.


       

    { 4 comentários... read them below or Comment }

    1. Primeiro comentário dessa temporada!!!!
      Mano do céu que capítulo foi esse Star, eu AMEI, eu amei a Íris que você apresentou, toda princesinha, mas ao mesmo tempo um prodígio da batalha e acima de tudo: preocupada com seus nuggets de Torchic (eu entendo, Iris, eu entendo).
      A batalha ficou épica, nossa, eu estava com saudade de ler suas batalhas, mas essa, nossa, ficou ótima, não tenho nem o que falar sobre as perfomances da Íris e do Alder, apenas que estão ótimas, assim como as descrições dos golpes e dos Pokémon.
      A Elite dos Quatro é outro ponto que eu quero destacar. Que Elite marcante, cara, eu amei cada um deles, todos ali preocupados com a batalha entre Iris e Alder e achando que o velho vai perder e a Shauntal tá: eita bixo sexo kkkkkkkkkkjjj. O que dizer se não que amo essa Elite, memoráveis demais.
      Finalmente voltamos com Neo Unova e agora temos esse capítulo maravilhoso para abrir a temporada, ansiosíssimo pelos próximos.

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      1. Yooo Leucro

        Bem-vindo a segunda temporada <3

        Íris nossa princesinha Unoviana adoradora de KFC, tem melhor combinação que essa pra ter como um prodígio? E ela domina dragões ainda kkkkk Só sucesso

        Que alívio saber que a batalha foi boa kkk Apesar de eu perdido mais tempo com diálogos, eu acho que ela ficou a altura de uma batalha entre duas pessoas especialistas. É um pulo enorme pra quem estava brincando com Tackle alguns episódios atrás.

        VOCÊ GOSTOU DO PESSOAL DA ELITE ;-; AAAAAAAA Eu fiquei feliz de ter acertado, apesar de ser minha primeira vez trabalhando com Elite, eu sinto que tirei a sorte com Unova, o pessoal são figuras marcantes e dá pra fanficar bastante. Não é mesmo, dona Shauntal? kkkkkkk

        We're back! E iremos até o final dessa vez

        Obrigada pelo comentário <3

        See ya

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    3. Oiiii Star!

      E vamos de segunda temporada!
      Começamos dando um tempo com nossos protagonistas e vemos a Iris. Já não me recordo se ela havia aparecido antes, mas creio ter sido mencionada pela filha do Drayden.
      Vamos ver se você vai seguir o caminho do B2W2 e fazer a Iris ser a Campeã ou vamos continuar com o Alder. Eu torço para a Iris, mas considerando que o Hilbert está chegando aí, não sei, não.
      E gostei bastante da inserção da Elite dos 4 com seus comentários. A personalidade e interação entre eles ficou muito divertida. Mal posso esperar para vê-los de novo juntos.
      E é isso, até a próxima, Star!

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