• Monday, December 27, 2021


    (O capítulo seguinte não é canônico e acompanha fatos que aconteceram até o capítulo 37)

    Hilda terminou de colocar a última esfera vermelha brilhante em um dos galhos do enorme pinheiro e deu dois passos para trás, analisando sua obra. O sorriso satisfeito veio quando ela acendeu as famosas luzes pisca-pisca que iluminaram a árvore como uma verdadeira magia.

    De fato, o Natal era uma data mágica. Não sabia dizer ao certo como aquela data fazia isso, mas era só se aproximar da data que todo mundo parecia entrar um espirito de família, união e gratidão. Hilda adorava os preparativos, se sentia agitada para pensar com carinho quais cores combinariam mais e ficariam harmoniosas, faltava um mês e montar o pinheiro era só a primeira parte.

    Ainda faltavam decidir os pratos para a tão esperada noite, as roupas para o evento, pensar e comprar os mais variados presentes, além de ajudar Oliver a escrever sua preciosa carta para o Papai Noel. A garota Unoviana refletia tanto que mal notou quando Inari parou ao seu lado.

    — Acho que nunca vi uma árvore de Natal tão alta desde as que montavam em Ecruteak no meio da cidade – observou a sacerdotisa. Hilda deu um pulo:

    — Ah, é – ela processou a informação. – Minha tia Maisy sempre quis uma árvore que combinasse com o tamanho do nosso apartamento. Eu lembro quando ela chegou, eu tinha uns 5 anos – contou Hilda, toda apegada com a data. – No mesmo ano, ela anunciou a gravidez. Foi uma emoção danada.

    Inari sorriu gentilmente, como sempre. Adorava ouvir as histórias das pessoas e sempre reparava no brilho no olhar que acompanhava a narrativa. Os olhos da Foley brilhavam mais que as luzes do pinheiro.

    — E você, Inari, tem alguma história legal envolvendo o natal? – questionou a amiga.

    — Oh – a ruiva levou a mão até o peito, apreensiva. – Hã... Na verdade... Eu não gosto muito do natal.

    — Como é?! – Hilda exclamou, incrédula.

    — G-Gomen, Hilda – Inari se distanciou levemente, evitando prolongar o assunto. – Eu juro que não é nada demais, é só uma opinião, mas eu juro que eu admiro muito esse espírito que as pessoas tem e as apoio. O melhor do Natal é poder fazer aquilo que quer com as pessoas que te querem bem.

    A sacerdotisa logo saiu, deixando Hilda sem chance de resposta.

    Ansiosa, ela odiava como tudo não estava perfeito e quando nem todos estavam no mesmo ritmo que ela, parecia que tinha feito algo errado ou vacilado com a pessoa. Nervosa, ela começou a pensar em como trazer Inari para o mesmo espírito, as roupas e os presentes poderiam esperar.

     

    Num apartamento grande como os do Foley, Maisy fazia questão que todos os ambientes fossem decorados e isso incluía decorar as janelas com luzes. O problema era que lidar com fio enrolados era uma tarefa insuportável, e ninguém melhor que Hilbert, Vic e Jackson para resolver isso.

    — EU JÁ FALEI PRA VOCÊ PASSAR ESSE LADO POR BAIXO! – berrou o treinador.

    FOI O QUE EU FIZ! SÓ QUE VOCÊ TEM O SENSO DE COORDENAÇÃO DE UMA SPINDA! – retrucou Vic. – VOCÊ CONSEGUIU ENROLAR MAIS AINDA!

    — ESCUTA AQUI, VOCÊS DOIS! – a voz de Jackson se ergueu. – A OBRIGAÇÃO DE VOCÊS É OUVIREM MINHAS INSTRUÇÕES!

    — CALA A BOCA, JACK! VOCÊ MAL SABE A DIFERENÇA ENTRE ESQUERDA E DIREITA!

    O arqueólogo agarrou os fios das mãos dos amigos e começou a desenrolar por conta própria o enorme fio, impaciente. Hilbert observou, mas logo resolveu intervir:

    — IRMÃO, VOCÊ TÁ FAZENDO TUDO ERRADO!

    O treinador puxou o fio, mas Jack resistiu e não deixou.

    — Hilbert, não força a amizade – retrucou o arqueólogo. – Eu to conseguindo!

    Os dois tão fazendo merda!

    Vic foi o terceiro a entrar naquela guerra de cabo. Era puxa de lá e estica de lá que ninguém soube exatamente em que momento toda aquela confusão terminou nos três presos pelo cabo que tanto disputavam.

    Hilda se aproximou com o olhar desaprovador. Se perguntava como era possível reunir em seu grupo pessoas que compartilhavam o mesmo neurônio.

    — Jack, eu esperava mais de você – argumentou a garota.

    — Vocês depositam muita expectativa em mim – respondeu o arqueólogo, tentando soltar os braços. – Eu sou só um otaku, gamer e colecionador. HILBERT, CUIDADO COM ESSE CHIFRE!

    Hilbert virou o rosto.

    — Hilda, ajuda aqui.

    — Hilbert, de você eu não esperava nada mesmo, mas eu juro que se você quebrar uma luz sequer, eu mesma arranco esses chifres – a voz de Hilda era tão ameaçadora e suava ao mesmo tempo que Hilbert rezou por sua vida.

    Com a destreza de quem realmente sabia o que fazer, Hilda conseguiu libertar seus prisioneiros e ainda desenrolar o fio como deveria ser feito. Para a sorte de Hilbert, todas as luzes estavam intactas.

    — Ei, preciso falar com vocês. É sobre a Inari – a Foley chamou a atenção dos colegas para um assunto mais sério. Jackson parecia mais atento.

    — O que tem ela?

    — Ela me disse que não gosta do Natal! – respondeu Hilda, parecendo bem afetada com o fato de alguém não compartilhar o mesmo clima natalino.

    Eu realmente não entendo os feriados dos humanos – disse Vic.

    — Basicamente são dias que as pessoas chegaram num consenso que seria uma data especial. Algumas são comemoradas, outras são para descansar, tudo depende da cultura de cada um – explicou Jackson.

    — COMEMORADAS! – exclamou Hilda, enfatizando a fala do amigo. – Natal é para ser comemorado, é uma época mágica de partilha, paz, família, de agradecer e renovar as esperanças. É ver o brilho nos olhos das pessoas, onde não existe problemas – uma completa entusiasta da data, a Foley estufava o peito. – Desde montar a árvore de natal, enrolar as luzes em volta do pinheiro, ir as compras e escolher os presentes, pensar com carinho no que será servido na ceia.

    — Que, particularmente, é melhor parte – apontou Hilbert, se referindo a ceia. – Minha mãe lotava a mesa, mesmo sendo só nós dois na maioria das vezes.

    — Eu gosto de procurar presentes para minha família – contou Jack, como se quisesse compartilhar memórias. – Quase nunca deixo alguém para trás.

    Bem, não tenho nada pra compartilhar, mas admito que ouvi sua tia falando sobre o cardápio e acredito que será apetitosa – disse Vic, salivando.

    — Tá vendo? Não tem como alguém simplesmente não gostar da data – argumentou Hilda.

    — Calma lá, Hilda – Jack levantou a mão, num sinal de espera. – Eu entendo seu espírito natalino, mas não é todo muito que gosta. Pode ter algum motivo mais profundo e pessoal, o máximo que a gente pode fazer é fazê-la se sentir confortável pra fazer o que ela quiser e-

    — NÓS VAMOS FAZER O ESPÍRITO DE NATAL NASCER NELA! – ignorando o colega, a garota de Castelia deu alguns pulinhos. – Quando eu era criança, eu amava ir ao Shopping e visitar o Papai Noel, talvez trazer essa experiência possa despertar esse espírito.

    — Vai levar ela pra ver o Papai Noel no Shopping? – questionou Jackson, cruzando os braços.

    — EU TOPO! EU TOPO! – animou-se Hilbert.

    — CALMA LÁ! – Hilda pediu silêncio, tentando formular seu plano. – Não precisamos leva-la. Podemos fazer tudo aqui em casa.

    O silêncio predominou na sala. O quarteto se encarava, tentando processar o plano de Hilda e nas possibilidades que ele traria. A garota agitou os braços, começando a se incomodar com tamanho tempo sem sequer uma resposta.

    — Gente, o que foi?

    — Olha Hilda, a gente já entendeu que você tem muito dinheiro – disse Jack. – Mas comprar o Papai Noel não vai meio contra com o que o Natal prega? – perguntou, com a mão no queixo, gastando alguns neurônios para procurar alguma resposta também.

    — Comprar o Papai Noel? Não! Não, não, não! – defendeu-se a garota. – Eu não falei de comprar um papai noel, e sim, de nós, com fantasia, trazermos o espírito de natal para ela.

    Basicamente todo mundo vai se vestir de Papai Noel?

    — Temos algumas opções – o sorriso de Hilda foi tão malicioso que os outros três tremeram na base. – E eu tenho um perfeito para o Hilbert.

    — Se você vai fazer a piada com o Rudolph, saiba que tá uns sete anos atrasada! – Hilbert levantou-se, adivinhando os planos da amiga, deixando-a em desvantagem. Ele a encarou como quem ganhasse uma batalha interna.

    Quem é Rudolph? – questionou Vic.

    — É uma história infantil sobre um Stantler que tinha um nariz vermelho e era zoado pelos amigos por isso, aí ele fez umas coisas e salvou o natal – explicou Jackson, fazendo o Victini rir do resumo.

    Eu estou impressionado com o tanto de coincidência. Quem inspirou quem?

    — Enfim, você aceita ou não? – Hilda cruzou os braços.

    — Só vou aceitar pela Inari – assentiu o treinador, recebendo um tapa leve no ombro da amiga, em sinal de agradecimento. – Quem vai ser o Papai Noel?

    Hilda desviou seu olhar para Jackson e Vic, que também trocaram olhares. O Victini deu de ombros quando o arqueólogo lhe lançou um olhar de imploração.

    Vai ser o Jack, aparentemente ele tá desesperado pra mostrar o saco cheio de presentes dele pra Inari – debochou o Pokémon, recebendo um olhar fuzilante de Jackson. Hilda cobriu o rosto de vergonha.

    — Vocês estão destruindo todo o espírito puro do Natal, seus depravados!

    — O Vic vai ser um elfo! – Hilbert levantou a mão, mudando o rumo da conversa. – Olha só, ele é baixinho e tem orelhas pontudas! Ele é perfeito para um ajudante do Papai Noel! – quando terminou, o garoto sorriu satisfeito com a sua sugestão.

    Vic cruzou os braços, com um olhar tedioso.

    Irmão, você é a última pessoa que tem propriedade pra me chamar de baixinho. Eu tenho um tamanho adequado para um Victini.

    — Eu gostei da ideia – disse Hilda. – Acho que só me restou ser a Mamãe Noel.

    E o Papai Noel é casado por acaso? ­– questionou Vic.

    — Sim, com a Mary – respondeu Jack.

    Mary?

    — Mary Christmas – brincou o arqueólogo. Hilda cobriu o rosto e Vic revirou os olhos

    — Mas nem ferrando! – interrompeu Hilbert, exclamando ao lado da amiga. – Você é pesada e eu sou um Stantler só! O trenó nem vai sair do lugar.

    A Foley fechou o punho e a veia de seu pescoço saltou, o clima natalino sumiu e ela acertou um soco contra o nariz do menino.

    Agora sim o Hilbert tá entrando no personagem – Vic se aproximou do amigo e observou. – O nariz vermelho ele já tem. Mais natural, impossível.

     

    Chegava a ser cômico um grupo de jovens em uma loja de fantasias dominada por pessoas mais velhas ou crianças. A vendedora que os atendeu foi gentil, já que estava acostumada com a grande procura de fantasias natalinas na época. Hilbert brincava com alguns itens enquanto Hilda e Jackson estavam realmente empenhados na missão.

    — Eu não sei exatamente se a fantasia de Papai Noel vai cair bem no senhor – disse a vendedora, procurando nas araras o famoso traje vermelho. – Geralmente são pessoas mais gordinhas que compram, então procuramos sempre números maiores – explicou, retirando uma peça pendurada no cabide. – Mas, como o Natal é e deve ser para todos, eu acho que esse vai servir em você. Pode experimentar, se quiser.

    Jackson agradeceu e se dirigiu aos provadores. Hilda procurava em outra arara roupas para ela e para Hilbert.

    — Você disse que precisa de roupas para Mamãe Noel e mais quem? – questionou a vendedora, dando atenção a garota.

    — Do Rudolph, o Stantler do nariz vermelho – a morena apontou para o treinador que brincava com o brinquedo de um Papai Noel dançarino. – É para aquele idiota ali.  

    A funcionária riu e começou a sua busca, retirando logo de cara o vestuário pedido.

    — Esse daqui é completo, é um macacão marrom – explicou, com um sorriso típico da profissão. – Tem uma bolinha vermelha para colocar no nariz, e o mais importante, uma tiara com os famosos chifres.

    “Nem vai ser necessário”, riu Hilda para si mesma, analisando a fantasia. O tecido conseguia imitar a sensação de estar acariciando um legítimo Stantler. Ela chamou pelo amigo, que se aproximou.

    — Achei sua fantasia, quer experimentar?

    — Vamos fazer o máximo para que o menor número de pessoas possível me veja passando vergonha – negou o garoto.

    — Ah, você vai ficar uma graça – brincou Hilda. – Vem até o nariz vermelho.

    — Você já me deu um hoje de manhã – ironizou, se aproximando do ouvido da amiga, sussurrando: - E a fantasia do Vi? Não é como se eles vendessem o tamanho ‘Victini’.

    — Eu vou dar um jeito – respondeu a garota, sussurrando também. - Qualquer coisa a gente passa num Poké Shop, eles devem ter fantasias para Pokémon.

    Eu amo o conceito de vocês estarem discutindo como se eu fosse um Lillipup de estimação – resmungou Vic, na bolsa de Hilbert.

    O barulho de cortina arrastando chamou a atenção dos três e da vendedora. Jackson saiu do pequeno provador com sua fantasia de Papai Noel, que tinha lhe caído muito bem, mas o detalhe estava em como ele usava a tradicional camisa: aberta. Por baixo dela, uma regata branca justa que marcava boa parte de seu tórax definido, fazendo com que a vendedora não conseguisse desviar o olhar, hipnotizada com a ousadia do arqueólogo.

    — Acho que a gente pode inovar um pouco – disse Jackson. – Um Papai Noel mais jovem, uma parada mais sexy. Talvez se eu chegasse com a touca na boca – ele colocou a peça do vestuário na boca, soltando um sorriso travesso. – O que acham?

    A vendedora cobriu a região do nariz, levantando o polegar em sinal de aprovação. Hilda revirou os olhos, com vergonha.

    — Ok, senhor gostosão, você está estragando o Natal. Feche essa roupa e coloque a touca como um bom Papai Noel.

    — Você está atrapalhando minha liberdade criativa, Hilda – argumentou Jack. – A Inari tem a minha idade, se a gente tornar essa figura menos infantil, talvez vá entreter ela mais.

    — Se a senhora Yukiko descobre que você tentou seduzir a neta dela vestido de Papai Noel, tenho certeza que ela vai acertar tantas bengalas em você até você cantar Jingle Bell – disse Hilda.

    Jackson refletiu sobre as possibilidades e vestiu o gorro vermelho na cabeça e ajeitou a roupa, sorrindo sem graça.

    — Eu acho melhor a gente manter o tradicional, né? – riu o arqueólogo, nervoso.

    — Ok. Só falta uma coisa – a morena se virou para a funcionária que os atendia, que ainda se recuperava do fato anterior. – Você teria uma fantasia de elfo natalino para uma pessoa de uns – ela coçou o cabelo, nervosa. – 40 centímetros?

    A vendedora arqueou a sobrancelha, fazendo uma expressão de dúvida, tentando processar o pedido da garota.

    — Você diz fantasias para bebês?

    — I-isso! Isso! – a menina riu da própria ignorância.

    Hilbert segurou a risada e Vic resmungou algo sobre preferir ser tratado como um bicho de estimação.

     

    Inari estava confusa com o repentino pedido de Hilda em ficar no corredor do lado de fora da casa dos Foley. A morena parecia ansiosa e nervosa quando fez o pedido e ela aceitou sem reclamar, tentando adivinhar mentalmente o que ela e o seu novo grupo de amigos estaria aprontando. Ouviu alguns barulhos, a maioria era de Hilda discutindo com Hilbert, e isso a fez rir.

    Hilda logo abriu a porta da entrada com um sorriso ansioso. A sacerdotisa logo se virou e estranhou os trajes natalinos da amiga, consistindo em um vestido vermelho na altura do joelho, botas com pompons e um belo gorro triangular.

    — T-Tudo pronto, Ina – anunciou a morena. – Você já pode entrar. Seja bem-vindo ao nosso Natal.

    A garota segurou a mão da mais velha e a guiou para dentro do apartamento, que foi recepcionada pela árvore iluminada recém montada por Hilda, por estarem próximos da noite, as luzes ficavam mais fortes e bonitas. A sala de estar estava decorada, com os leds montados por Hilbert, Vic e Jackson, o chão estava forrado com tapetes verdes e vermelhos, além de estatuetas de Stantlers e alguns duendes simpáticos. Do meio dessas figuras, surgiu Hilbert, com seu traje de Rudolph e um sorriso envergonhado no rosto, tão vermelho quanto seu nariz, fazendo Inari conter um riso, achando-o fofo com aquele traje.

    O menino se aproximou e vestiu o famoso gorro na cabeça da sacerdotisa. A ruiva não pode deixar de observar os chifres de nascença dele e se admirou com o fato dele os mostrar sem preocupação. Vic logo surgiu, com um belo traje de duende de tons esverdeados com dizeres nas costas: “Our little Baby Elf”. O Victini notou que Inari segurava o riso e ele retribuir dando de ombros.

    Não vendem roupas de elfos para Victinis – sussurrou, colocando um cachecol quentinho na mulher.

    — Agora que você está devidamente vestida para o Natal, o que acha de conhecer o Papai Noel? – disse Hilda, segurando o ombro da amiga e apontando para frente.

    Inari desviou seu olhar para a direção e corou. Jackson estava sentado informalmente em uma poltrona decorada com um traje de uma das principais figuras do Natal, só que sem a famosa barba longa e branca. Ele sorriu como um galã que era e fez sua apresentação:

    — Olá, senhorita. Eu sou o Papai Noel, estou ansioso para ouvir o que você quer de Natal.

    — JACKSON! CADÊ A SUA BARBA?! – berrou Hilda, quebrando completamente o clima. – E senta direito!

    — EU ODEIO BARBA! Elas pinicam e ficam fazendo cócegas – argumentou o arqueólogo. – Já me viu com barba? Não! Porque eu sempre a corto.

    A Hilda ameaçou todo mundo para não sair do papel e ela foi a primeira a destruir tudo – resmungou Vic.

    — Eu até ia falar alguma coisa, mas eu lembrei que sou um Stantler do nariz vermelho que não fala – o treinador passou um zíper imaginário em sua boca.

    Inari apenas observava a confusão generalizada com absoluto silêncio e a testa franzida. Jackson coçou a garganta, ajeitou-se na poltrona e recuperou um pouco dignidade.

    — Ignora o fato de eu não ser um Papai Noel de barba, Inari-senpai – ele deu leves tapas em sua perna esquerda, indicando para que a sacerdotisa se sentasse. – Vem aqui me contar o que você deseja de Natal.

    O rosto de Inari ruborizou com o convite e ela ficou estática.

    — O JACKSON QUEBROU A INARI! – berrou Hilbert, preocupado.

    Eu falei que era uma péssima ideia colocar o mais depravado do grupo como a figura pura e inocente do Natal! – disse Vic, dando suporte para Inari, que com certeza cairia se não fosse segurada.

    — Eu tô tentando ficar no papel, ok? – defendeu-se Jack.

    — Ela vai deixar de odiar o Natal pra pegar trauma dele! – resmungou Hilda, ajudando a amiga a sentar-se sobre a perna do amigo, que segurou a cintura da ruiva para impedir que ela caísse.

    Inari se recuperou e olhou para Hilda.

    — D-Desculpe Inari – disse a Foley. – Isso daqui era só uma tentativa da gente de despertar o espirito de Natal em você. Quando você disse que não gostava do Natal, eu fiquei desesperada, queria que todo mundo perto de mim pudesse sentir o pouquinho que eu sentia quando era criança ao escrever cartas pedindo presentes, ajudando na decoração ou só passando o tempo com a minha família – confessou a morena, envergonhada. – Eu nem pensei nos seus motivos pessoais e ainda forcei todos a participarem disso.

    — Foi bem divertido, na verdade – contou Hilbert, com um sorriso ensolarado. – Quando eu era criança, odiava esse apelido, mas com vocês, é diferente.

    Eu até que gostei dessa roupinha de bebê – brincou Vic.

    — ... Eu não odeio o Natal – disse Inari, recebendo a atenção de todos. – É uma época divertida em Johto, as pessoas saem com os amigos, comemos bolos e trocamos presentes. Eu fiz muito disse por lá.

    Jackson olhou para a sacerdotisa, tentando ler a mente dela.

    — Mas... – ele insistiu para que ela continuasse.

    — Mas... Por uma infeliz coincidência, eu perdi meus pais uma semana antes do Natal – contou a ruiva. – Apesar de fazer muito tempo, é apenas um momento de tristeza que eu tenho todo ano.

    — S-sentimos muito – disse Hilda, com a voz baixa.

    — Porém, eu disse que o melhor dessa data é comemorar com as pessoas que nos fazem bem – sorriu ela, gentil. – E vocês são basicamente minha nova família, então eu sou grata por vocês estarem se esforçando para me fazer feliz.

    Hilda não conteve a emoção e abraçou a amiga.

    — Feliz Natal, Inari!

    — Hilda, falta alguns dias pro Natal ainda – apontou o treinador.

    — Fica quieto, Stantlers não falam – riu Hilda, enxugando as lágrimas. – Já sei, vou buscar alguns biscoitos para nós – a adolescente se levantou e correu para a cozinha, levando consigo Hilbert.

    Inari riu, mantendo a postura ereta, tentando conter a ansiedade ao notar a situação em que estava. Jackson suspirou.

    — Tudo teria se resolvido com uma conversa – disse, brincando com o gorro natalino.

    — Não vou mentir, achei tudo isso fantástico – riu a sacerdotisa, olhando para o amigo. – Achei que o traje de Papai Noel combinou com você.

    Jack lançou um sorriso malandro para a colega e passou o braço em volta dos ombros de Inari, depois, puxou-a para um pouco mais dele e sussurrou em seu ouvido:

    — Você foi uma boa menina esse ano?

    A sacerdotisa sentiu seu corpo esquentar e sobrecarregar com tanta informação e sentimento, sua cabeça tombou para trás, como se tivesse parado de funcionar. O arqueólogo riu e Vic olhou preocupado:

    HILDA, O JACKSON QUEBROU A INARI DE NOVO!

     

    Feliz Natal e Boas Festas <3

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    1. OBRIGADO POR DESPERTAR EM MIM UMA NOSTALGIA ESQUISITA COM ESTE ESPECIAL.
      Não gosto do Natal porque eu sempre associo a convivências com pessoas que não gosto e outras coisas ruins, perdi meu espirito de Natal á muito tempo, MAS
      Foi impossível não acabar de ler sem um sorriso no rosto. As piadas com as personagens foram incriveis.

      THANK YOU

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