(O capítulo seguinte não é canônico e acompanha fatos que aconteceram até o
capítulo 37)
Hilda terminou
de colocar a última esfera vermelha brilhante em um dos galhos do enorme
pinheiro e deu dois passos para trás, analisando sua obra. O sorriso satisfeito
veio quando ela acendeu as famosas luzes pisca-pisca que iluminaram a árvore
como uma verdadeira magia.
De fato, o
Natal era uma data mágica. Não sabia dizer ao certo como aquela data fazia
isso, mas era só se aproximar da data que todo mundo parecia entrar um espirito
de família, união e gratidão. Hilda adorava os preparativos, se sentia agitada
para pensar com carinho quais cores combinariam mais e ficariam harmoniosas,
faltava um mês e montar o pinheiro era só a primeira parte.
Ainda faltavam
decidir os pratos para a tão esperada noite, as roupas para o evento, pensar e
comprar os mais variados presentes, além de ajudar Oliver a escrever sua
preciosa carta para o Papai Noel. A garota Unoviana refletia tanto que mal
notou quando Inari parou ao seu lado.
— Acho que
nunca vi uma árvore de Natal tão alta desde as que montavam em Ecruteak no meio
da cidade – observou a sacerdotisa. Hilda deu um pulo:
— Ah, é – ela
processou a informação. – Minha tia Maisy sempre quis uma árvore que combinasse
com o tamanho do nosso apartamento. Eu lembro quando ela chegou, eu tinha uns 5
anos – contou Hilda, toda apegada com a data. – No mesmo ano, ela anunciou a
gravidez. Foi uma emoção danada.
Inari sorriu
gentilmente, como sempre. Adorava ouvir as histórias das pessoas e sempre
reparava no brilho no olhar que acompanhava a narrativa. Os olhos da Foley
brilhavam mais que as luzes do pinheiro.
— E você,
Inari, tem alguma história legal envolvendo o natal? – questionou a amiga.
— Oh – a ruiva
levou a mão até o peito, apreensiva. – Hã... Na verdade... Eu não gosto muito
do natal.
— Como é?! –
Hilda exclamou, incrédula.
— G-Gomen,
Hilda – Inari se distanciou levemente, evitando prolongar o assunto. – Eu juro
que não é nada demais, é só uma opinião, mas eu juro que eu admiro muito esse
espírito que as pessoas tem e as apoio. O melhor do Natal é poder fazer aquilo
que quer com as pessoas que te querem bem.
A sacerdotisa
logo saiu, deixando Hilda sem chance de resposta.
Ansiosa, ela
odiava como tudo não estava perfeito e quando nem todos estavam no mesmo ritmo
que ela, parecia que tinha feito algo errado ou vacilado com a pessoa. Nervosa,
ela começou a pensar em como trazer Inari para o mesmo espírito, as roupas e os
presentes poderiam esperar.
Num
apartamento grande como os do Foley, Maisy fazia questão que todos os ambientes
fossem decorados e isso incluía decorar as janelas com luzes. O problema era
que lidar com fio enrolados era uma tarefa insuportável, e ninguém melhor que
Hilbert, Vic e Jackson para resolver isso.
— EU JÁ FALEI
PRA VOCÊ PASSAR ESSE LADO POR BAIXO! – berrou o treinador.
— FOI O QUE
EU FIZ! SÓ QUE VOCÊ TEM O SENSO DE COORDENAÇÃO DE UMA SPINDA! – retrucou
Vic. – VOCÊ CONSEGUIU ENROLAR MAIS AINDA!
— ESCUTA AQUI,
VOCÊS DOIS! – a voz de Jackson se ergueu. – A OBRIGAÇÃO DE VOCÊS É OUVIREM
MINHAS INSTRUÇÕES!
— CALA A BOCA,
JACK! VOCÊ MAL SABE A DIFERENÇA ENTRE ESQUERDA E DIREITA!
O arqueólogo
agarrou os fios das mãos dos amigos e começou a desenrolar por conta própria o
enorme fio, impaciente. Hilbert observou, mas logo resolveu intervir:
— IRMÃO, VOCÊ
TÁ FAZENDO TUDO ERRADO!
O treinador
puxou o fio, mas Jack resistiu e não deixou.
— Hilbert, não
força a amizade – retrucou o arqueólogo. – Eu to conseguindo!
— Os dois
tão fazendo merda!
Vic foi o
terceiro a entrar naquela guerra de cabo. Era puxa de lá e estica de lá que
ninguém soube exatamente em que momento toda aquela confusão terminou nos três
presos pelo cabo que tanto disputavam.
Hilda se
aproximou com o olhar desaprovador. Se perguntava como era possível reunir em
seu grupo pessoas que compartilhavam o mesmo neurônio.
— Jack, eu esperava
mais de você – argumentou a garota.
— Vocês
depositam muita expectativa em mim – respondeu o arqueólogo, tentando soltar os
braços. – Eu sou só um otaku, gamer e colecionador. HILBERT, CUIDADO COM ESSE
CHIFRE!
Hilbert virou
o rosto.
— Hilda, ajuda
aqui.
— Hilbert, de
você eu não esperava nada mesmo, mas eu juro que se você quebrar uma luz
sequer, eu mesma arranco esses chifres – a voz de Hilda era tão ameaçadora e
suava ao mesmo tempo que Hilbert rezou por sua vida.
Com a destreza
de quem realmente sabia o que fazer, Hilda conseguiu libertar seus prisioneiros
e ainda desenrolar o fio como deveria ser feito. Para a sorte de Hilbert, todas
as luzes estavam intactas.
— Ei, preciso
falar com vocês. É sobre a Inari – a Foley chamou a atenção dos colegas para um
assunto mais sério. Jackson parecia mais atento.
— O que tem
ela?
— Ela me disse
que não gosta do Natal! – respondeu Hilda, parecendo bem afetada com o fato de
alguém não compartilhar o mesmo clima natalino.
— Eu realmente
não entendo os feriados dos humanos – disse Vic.
— Basicamente
são dias que as pessoas chegaram num consenso que seria uma data especial.
Algumas são comemoradas, outras são para descansar, tudo depende da cultura de
cada um – explicou Jackson.
— COMEMORADAS!
– exclamou Hilda, enfatizando a fala do amigo. – Natal é para ser comemorado, é
uma época mágica de partilha, paz, família, de agradecer e renovar as
esperanças. É ver o brilho nos olhos das pessoas, onde não existe problemas –
uma completa entusiasta da data, a Foley estufava o peito. – Desde montar a
árvore de natal, enrolar as luzes em volta do pinheiro, ir as compras e
escolher os presentes, pensar com carinho no que será servido na ceia.
— Que,
particularmente, é melhor parte – apontou Hilbert, se referindo a ceia. – Minha
mãe lotava a mesa, mesmo sendo só nós dois na maioria das vezes.
— Eu gosto de
procurar presentes para minha família – contou Jack, como se quisesse
compartilhar memórias. – Quase nunca deixo alguém para trás.
— Bem, não
tenho nada pra compartilhar, mas admito que ouvi sua tia falando sobre o
cardápio e acredito que será apetitosa – disse Vic, salivando.
— Tá vendo?
Não tem como alguém simplesmente não gostar da data – argumentou Hilda.
— Calma lá,
Hilda – Jack levantou a mão, num sinal de espera. – Eu entendo seu espírito
natalino, mas não é todo muito que gosta. Pode ter algum motivo mais profundo e
pessoal, o máximo que a gente pode fazer é fazê-la se sentir confortável pra
fazer o que ela quiser e-
— NÓS VAMOS
FAZER O ESPÍRITO DE NATAL NASCER NELA! – ignorando o colega, a garota de
Castelia deu alguns pulinhos. – Quando eu era criança, eu amava ir ao Shopping
e visitar o Papai Noel, talvez trazer essa experiência possa despertar esse
espírito.
— Vai levar
ela pra ver o Papai Noel no Shopping? – questionou Jackson, cruzando os braços.
— EU TOPO! EU
TOPO! – animou-se Hilbert.
— CALMA LÁ! –
Hilda pediu silêncio, tentando formular seu plano. – Não precisamos leva-la.
Podemos fazer tudo aqui em casa.
O silêncio
predominou na sala. O quarteto se encarava, tentando processar o plano de Hilda
e nas possibilidades que ele traria. A garota agitou os braços, começando a se
incomodar com tamanho tempo sem sequer uma resposta.
— Gente, o que
foi?
— Olha Hilda,
a gente já entendeu que você tem muito dinheiro – disse Jack. – Mas comprar o
Papai Noel não vai meio contra com o que o Natal prega? – perguntou, com a mão
no queixo, gastando alguns neurônios para procurar alguma resposta também.
— Comprar o
Papai Noel? Não! Não, não, não! – defendeu-se a garota. – Eu não falei de
comprar um papai noel, e sim, de nós, com fantasia, trazermos o espírito de
natal para ela.
— Basicamente
todo mundo vai se vestir de Papai Noel?
— Temos
algumas opções – o sorriso de Hilda foi tão malicioso que os outros três
tremeram na base. – E eu tenho um perfeito para o Hilbert.
— Se você vai
fazer a piada com o Rudolph, saiba que tá uns sete anos atrasada! – Hilbert
levantou-se, adivinhando os planos da amiga, deixando-a em desvantagem. Ele a
encarou como quem ganhasse uma batalha interna.
— Quem é
Rudolph? – questionou Vic.
— É uma
história infantil sobre um Stantler que tinha um nariz vermelho e era zoado
pelos amigos por isso, aí ele fez umas coisas e salvou o natal – explicou
Jackson, fazendo o Victini rir do resumo.
— Eu estou
impressionado com o tanto de coincidência. Quem inspirou quem?
— Enfim, você
aceita ou não? – Hilda cruzou os braços.
— Só vou
aceitar pela Inari – assentiu o treinador, recebendo um tapa leve no ombro da
amiga, em sinal de agradecimento. – Quem vai ser o Papai Noel?
Hilda desviou
seu olhar para Jackson e Vic, que também trocaram olhares. O Victini deu de
ombros quando o arqueólogo lhe lançou um olhar de imploração.
— Vai ser o
Jack, aparentemente ele tá desesperado pra mostrar o saco cheio de presentes
dele pra Inari – debochou o Pokémon, recebendo um olhar fuzilante de
Jackson. Hilda cobriu o rosto de vergonha.
— Vocês estão
destruindo todo o espírito puro do Natal, seus depravados!
— O Vic vai
ser um elfo! – Hilbert levantou a mão, mudando o rumo da conversa. – Olha só,
ele é baixinho e tem orelhas pontudas! Ele é perfeito para um ajudante do Papai
Noel! – quando terminou, o garoto sorriu satisfeito com a sua sugestão.
Vic cruzou os
braços, com um olhar tedioso.
— Irmão,
você é a última pessoa que tem propriedade pra me chamar de baixinho. Eu tenho
um tamanho adequado para um Victini.
— Eu gostei da
ideia – disse Hilda. – Acho que só me restou ser a Mamãe Noel.
— E o Papai
Noel é casado por acaso? – questionou Vic.
— Sim, com a Mary
– respondeu Jack.
— Mary?
— Mary
Christmas – brincou o arqueólogo. Hilda cobriu o rosto e Vic revirou os olhos
— Mas nem
ferrando! – interrompeu Hilbert, exclamando ao lado da amiga. – Você é pesada e
eu sou um Stantler só! O trenó nem vai sair do lugar.
A Foley fechou
o punho e a veia de seu pescoço saltou, o clima natalino sumiu e ela acertou um
soco contra o nariz do menino.
— Agora sim
o Hilbert tá entrando no personagem – Vic se aproximou do amigo e observou.
– O nariz vermelho ele já tem. Mais natural, impossível.
Chegava a ser
cômico um grupo de jovens em uma loja de fantasias dominada por pessoas mais
velhas ou crianças. A vendedora que os atendeu foi gentil, já que estava
acostumada com a grande procura de fantasias natalinas na época. Hilbert
brincava com alguns itens enquanto Hilda e Jackson estavam realmente empenhados
na missão.
— Eu não sei
exatamente se a fantasia de Papai Noel vai cair bem no senhor – disse a
vendedora, procurando nas araras o famoso traje vermelho. – Geralmente são
pessoas mais gordinhas que compram, então procuramos sempre números maiores –
explicou, retirando uma peça pendurada no cabide. – Mas, como o Natal é e deve
ser para todos, eu acho que esse vai servir em você. Pode experimentar, se
quiser.
Jackson
agradeceu e se dirigiu aos provadores. Hilda procurava em outra arara roupas
para ela e para Hilbert.
— Você disse
que precisa de roupas para Mamãe Noel e mais quem? – questionou a vendedora,
dando atenção a garota.
— Do Rudolph,
o Stantler do nariz vermelho – a morena apontou para o treinador que brincava
com o brinquedo de um Papai Noel dançarino. – É para aquele idiota ali.
A funcionária
riu e começou a sua busca, retirando logo de cara o vestuário pedido.
— Esse daqui é
completo, é um macacão marrom – explicou, com um sorriso típico da profissão. –
Tem uma bolinha vermelha para colocar no nariz, e o mais importante, uma tiara
com os famosos chifres.
“Nem vai ser
necessário”, riu Hilda para si mesma, analisando a fantasia. O tecido conseguia
imitar a sensação de estar acariciando um legítimo Stantler. Ela chamou pelo
amigo, que se aproximou.
— Achei sua
fantasia, quer experimentar?
— Vamos fazer
o máximo para que o menor número de pessoas possível me veja passando vergonha
– negou o garoto.
— Ah, você vai
ficar uma graça – brincou Hilda. – Vem até o nariz vermelho.
— Você já me
deu um hoje de manhã – ironizou, se aproximando do ouvido da amiga,
sussurrando: - E a fantasia do Vi? Não é como se eles vendessem o tamanho
‘Victini’.
— Eu vou dar
um jeito – respondeu a garota, sussurrando também. - Qualquer coisa a gente
passa num Poké Shop, eles devem ter fantasias para Pokémon.
— Eu amo o
conceito de vocês estarem discutindo como se eu fosse um Lillipup de estimação
– resmungou Vic, na bolsa de Hilbert.
O barulho de
cortina arrastando chamou a atenção dos três e da vendedora. Jackson saiu do
pequeno provador com sua fantasia de Papai Noel, que tinha lhe caído muito bem,
mas o detalhe estava em como ele usava a tradicional camisa: aberta. Por baixo
dela, uma regata branca justa que marcava boa parte de seu tórax definido,
fazendo com que a vendedora não conseguisse desviar o olhar, hipnotizada com a
ousadia do arqueólogo.
— Acho que a
gente pode inovar um pouco – disse Jackson. – Um Papai Noel mais jovem, uma
parada mais sexy. Talvez se eu chegasse com a touca na boca – ele
colocou a peça do vestuário na boca, soltando um sorriso travesso. – O que
acham?
A vendedora
cobriu a região do nariz, levantando o polegar em sinal de aprovação. Hilda
revirou os olhos, com vergonha.
— Ok, senhor
gostosão, você está estragando o Natal. Feche essa roupa e coloque a touca como
um bom Papai Noel.
— Você está
atrapalhando minha liberdade criativa, Hilda – argumentou Jack. – A Inari tem a
minha idade, se a gente tornar essa figura menos infantil, talvez vá entreter
ela mais.
— Se a senhora
Yukiko descobre que você tentou seduzir a neta dela vestido de Papai Noel,
tenho certeza que ela vai acertar tantas bengalas em você até você cantar Jingle
Bell – disse Hilda.
Jackson
refletiu sobre as possibilidades e vestiu o gorro vermelho na cabeça e ajeitou
a roupa, sorrindo sem graça.
— Eu acho
melhor a gente manter o tradicional, né? – riu o arqueólogo, nervoso.
— Ok. Só falta
uma coisa – a morena se virou para a funcionária que os atendia, que ainda se
recuperava do fato anterior. – Você teria uma fantasia de elfo natalino para
uma pessoa de uns – ela coçou o cabelo, nervosa. – 40 centímetros?
A vendedora
arqueou a sobrancelha, fazendo uma expressão de dúvida, tentando processar o
pedido da garota.
— Você diz
fantasias para bebês?
— I-isso!
Isso! – a menina riu da própria ignorância.
Hilbert
segurou a risada e Vic resmungou algo sobre preferir ser tratado como um bicho
de estimação.
Inari estava
confusa com o repentino pedido de Hilda em ficar no corredor do lado de fora da
casa dos Foley. A morena parecia ansiosa e nervosa quando fez o pedido e ela
aceitou sem reclamar, tentando adivinhar mentalmente o que ela e o seu novo
grupo de amigos estaria aprontando. Ouviu alguns barulhos, a maioria era de
Hilda discutindo com Hilbert, e isso a fez rir.
Hilda logo
abriu a porta da entrada com um sorriso ansioso. A sacerdotisa logo se virou e
estranhou os trajes natalinos da amiga, consistindo em um vestido vermelho na
altura do joelho, botas com pompons e um belo gorro triangular.
— T-Tudo pronto,
Ina – anunciou a morena. – Você já pode entrar. Seja bem-vindo ao nosso Natal.
A garota
segurou a mão da mais velha e a guiou para dentro do apartamento, que foi recepcionada
pela árvore iluminada recém montada por Hilda, por estarem próximos da noite, as
luzes ficavam mais fortes e bonitas. A sala de estar estava decorada, com os
leds montados por Hilbert, Vic e Jackson, o chão estava forrado com tapetes verdes
e vermelhos, além de estatuetas de Stantlers e alguns duendes simpáticos. Do
meio dessas figuras, surgiu Hilbert, com seu traje de Rudolph e um sorriso envergonhado
no rosto, tão vermelho quanto seu nariz, fazendo Inari conter um riso,
achando-o fofo com aquele traje.
O menino se
aproximou e vestiu o famoso gorro na cabeça da sacerdotisa. A ruiva não pode
deixar de observar os chifres de nascença dele e se admirou com o fato dele os
mostrar sem preocupação. Vic logo surgiu, com um belo traje de duende de tons esverdeados
com dizeres nas costas: “Our little Baby Elf”. O Victini notou que Inari
segurava o riso e ele retribuir dando de ombros.
— Não
vendem roupas de elfos para Victinis –
sussurrou, colocando um cachecol quentinho na mulher.
— Agora que você está devidamente vestida
para o Natal, o que acha de conhecer o Papai Noel? – disse Hilda, segurando o
ombro da amiga e apontando para frente.
Inari desviou seu olhar para a direção e corou.
Jackson estava sentado informalmente em uma poltrona decorada com um traje de
uma das principais figuras do Natal, só que sem a famosa barba longa e branca.
Ele sorriu como um galã que era e fez sua apresentação:
— Olá, senhorita. Eu sou o Papai Noel, estou
ansioso para ouvir o que você quer de Natal.
— JACKSON! CADÊ A SUA BARBA?! – berrou Hilda,
quebrando completamente o clima. – E senta direito!
— EU ODEIO BARBA! Elas pinicam e ficam
fazendo cócegas – argumentou o arqueólogo. – Já me viu com barba? Não! Porque
eu sempre a corto.
—
A Hilda ameaçou todo mundo para não sair do papel e ela foi a primeira a
destruir tudo – resmungou Vic.
— Eu até ia falar alguma coisa, mas eu
lembrei que sou um Stantler do nariz vermelho que não fala – o treinador passou
um zíper imaginário em sua boca.
Inari apenas observava a confusão
generalizada com absoluto silêncio e a testa franzida. Jackson coçou a garganta,
ajeitou-se na poltrona e recuperou um pouco dignidade.
— Ignora o fato de eu não ser um Papai Noel
de barba, Inari-senpai – ele deu leves tapas em sua perna esquerda, indicando
para que a sacerdotisa se sentasse. – Vem aqui me contar o que você deseja de Natal.
O rosto de Inari ruborizou com o convite e
ela ficou estática.
— O JACKSON QUEBROU A INARI! – berrou Hilbert,
preocupado.
— Eu
falei que era uma péssima ideia colocar o mais depravado do grupo como a figura
pura e inocente do Natal! – disse Vic,
dando suporte para Inari, que com certeza cairia se não fosse segurada.
— Eu tô tentando ficar no papel, ok? –
defendeu-se Jack.
— Ela vai deixar de odiar o Natal pra pegar
trauma dele! – resmungou Hilda, ajudando a amiga a sentar-se sobre a perna do
amigo, que segurou a cintura da ruiva para impedir que ela caísse.
Inari se recuperou e olhou para Hilda.
— D-Desculpe Inari – disse a Foley. – Isso daqui
era só uma tentativa da gente de despertar o espirito de Natal em você. Quando
você disse que não gostava do Natal, eu fiquei desesperada, queria que todo
mundo perto de mim pudesse sentir o pouquinho que eu sentia quando era criança
ao escrever cartas pedindo presentes, ajudando na decoração ou só passando o
tempo com a minha família – confessou a morena, envergonhada. – Eu nem pensei
nos seus motivos pessoais e ainda forcei todos a participarem disso.
— Foi bem divertido, na verdade – contou Hilbert,
com um sorriso ensolarado. – Quando eu era criança, odiava esse apelido, mas com
vocês, é diferente.
— Eu
até que gostei dessa roupinha de bebê – brincou Vic.
— ... Eu não odeio o Natal – disse Inari,
recebendo a atenção de todos. – É uma época divertida em Johto, as pessoas saem
com os amigos, comemos bolos e trocamos presentes. Eu fiz muito disse por lá.
Jackson olhou para a sacerdotisa, tentando
ler a mente dela.
— Mas... – ele insistiu para que ela
continuasse.
— Mas... Por uma infeliz coincidência, eu
perdi meus pais uma semana antes do Natal – contou a ruiva. – Apesar de fazer
muito tempo, é apenas um momento de tristeza que eu tenho todo ano.
— S-sentimos muito – disse Hilda, com a voz
baixa.
— Porém, eu disse que o melhor dessa data é
comemorar com as pessoas que nos fazem bem – sorriu ela, gentil. – E vocês são
basicamente minha nova família, então eu sou grata por vocês estarem se
esforçando para me fazer feliz.
Hilda não conteve a emoção e abraçou a
amiga.
— Feliz Natal, Inari!
— Hilda, falta alguns dias pro Natal ainda –
apontou o treinador.
— Fica quieto, Stantlers não falam – riu
Hilda, enxugando as lágrimas. – Já sei, vou buscar alguns biscoitos para nós –
a adolescente se levantou e correu para a cozinha, levando consigo Hilbert.
Inari riu, mantendo a postura ereta,
tentando conter a ansiedade ao notar a situação em que estava. Jackson
suspirou.
— Tudo teria se resolvido com uma conversa –
disse, brincando com o gorro natalino.
— Não vou mentir, achei tudo isso fantástico
– riu a sacerdotisa, olhando para o amigo. – Achei que o traje de Papai Noel
combinou com você.
Jack lançou um sorriso malandro para a
colega e passou o braço em volta dos ombros de Inari, depois, puxou-a para um pouco
mais dele e sussurrou em seu ouvido:
— Você foi uma boa menina esse ano?
A sacerdotisa sentiu seu corpo esquentar e
sobrecarregar com tanta informação e sentimento, sua cabeça tombou para trás,
como se tivesse parado de funcionar. O arqueólogo riu e Vic olhou preocupado:
— HILDA,
O JACKSON QUEBROU A INARI DE NOVO!
Feliz Natal e Boas Festas <3
OBRIGADO POR DESPERTAR EM MIM UMA NOSTALGIA ESQUISITA COM ESTE ESPECIAL.
ReplyDeleteNão gosto do Natal porque eu sempre associo a convivências com pessoas que não gosto e outras coisas ruins, perdi meu espirito de Natal á muito tempo, MAS
Foi impossível não acabar de ler sem um sorriso no rosto. As piadas com as personagens foram incriveis.
THANK YOU