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- Capítulo 14
Retornar a Accumula Town trazia uma certa nostalgia no
ar para Cheren, ainda que não fizesse muitas semanas que tinha passado por lá
desde que tinha começado sua jornada, mas mesmo assim, sentia que tinha
evoluído ainda que pouco. Era quase fim de tarde, a luz do sol laranja passava
por entre os prédios de tijolinhos, pronto para anunciar a noite. Sua segunda
visita a cidade não era sozinha, dessa vez estava acompanhado com Bianca, sua
colega de escola, o objetivo dos dois era o mesmo, retornar a Nuvema Town, mas
após quase meio dia caminhando, era hora de dar uma paradinha para um descanso.
Os treinadores foram até o Centro Pokémon, torciam
para que algum dos quartos, muito usado pelos treinadores, estivesse disponível.
Em Unova, se hospedar lá era a forma mais barata em comparação aos hotéis das
cidades. A dupla se aproximou até a enfermeira que se concentrava em organizar
alguns papéis médicos, mas soltou um sorriso meigo ao ver eles:
— Boa tarde quase noite, queridos – cumprimentou ela.
– São rostinhos conhecidos pra mim, principalmente da mocinha – riu ela, com um
humor impressionante.
— Ser assistente da Professora Juniper me concede um
pouco de fama – riu Bianca, acanhada.
— Em que posso ajudá-los?
— Precisamos de um quarto – começou Cheren, tirando
três Pokéball da mochila. – E é claro, um check up nos Pokémon – ria.
— Deram sorte, a temporada de treinadores novatos já
passou e temos muitos quartos disponíveis – sorriu a atendente, mexendo em um
computador próximo. – Quarto 17, podem subir, deixa que eu cuido dos Pokémon.
A julgar pelo preço, não era de se esperar muito luxo,
mas como um quarto, ele cumpria o papel de ser confortável, foi o que pensou
Bianca ao se jogar nos macios lençóis da cama branca que ficava encostada em
uma parede.
— Ah, que alívio, depois de tanto andar, finalmente um
descansinho – riu, brincando com o travesseiro. – Parece que foi mais rápido ir
pra Striaton do que voltar pra Nuvema.
Seu companheiro, apesar de quieto, riu também,
depositando a mochila no chão e sentando-se na outra cama, retirando de dentro
de sua bagagem a case de insígnias e abrindo-a, limpando uma por uma. A loira
parecia curiosa e se aproximou.
— Nunca tinha visto tão de perto, são tão bonitas e
brilhantes – observou ela.
— São resultados de muito trabalho e planejamento –
Cheren acenou com a cabeça, reflexivo, parecia satisfeito, mas não feliz.
— Imagino – Bianca observou o de óculos e suspirou. –
Então... a Hilda numa jornada, dá pra acreditar?
— Devo admitir que fiquei surpreso – confessou, se
interessando pelo assunto. – Achei que nessa época ela estaria estudando para
tentar uma faculdade daqui uns dois anos. Sempre ouvi dos meus pais que os tios
delas queriam isso pra ela.
— Até surgir o Hilbert e virar tudo de cabeça pra
baixo, foi o que ela me contou – riu a menina, sentando em sua cama novamente.
– Sortuda ela, né?
— Na verdade o Hilbert é um sortudo por ter a Hilda –
Cheren tirou seus óculos e resmungou ao sentir sua visão embaçar.
— Os dois são sortudos – concluiu Bianca. – Eles não
têm um pai que controla cada passo que você dá.
— Achei que seu pai tinha mudado depois que você
começou a trabalhar com a Professora Juniper.
— Ele finge que mudou, mas ele confia na professora,
não em mim – a loira soltou um longo suspiro. – E seus pais?
— H-hã... E-estão bem... Não falo com eles desde que
comecei a jornada – disse Cheren, meio relutante. – Podemos dizer que os dois
temos problemas com os pais.
Bianca riu de leve e sorriu compreensiva.
— Vou tomar um banho.
A madrugada em Unova só era assustadora nas áreas
afastadas das cidades, já que até a mais simples cidadela tinha uma boa
iluminação, algumas rotas populares contavam com postes de luz, mas fora isso,
o cair da noite, significava escuridão total.
E escuridão não era um problema para Tsuyo, ele
adorava o escuro e nunca entendia quando lhe diziam de pessoas que tinha medo
dele, mas admitia que adorava ver suas vítimas desesperadas por não enxergarem
nada.
O ninja se espreguiçou, sentado no telhado de um dos
prédios, um tanto irritado pelo som da caixa da água e do sistema de ventilação,
odiava esperar também, mas pelo menos estava sozinho, o que era um alívio. Não
via muito sentido nos planos da Team Plasma, a equipe na qual seu pai,
Zinzolin, um dos “sábios”, como assim se denominavam, fazia parte. Era bem novo
quando a equipe foi fundada por um cara bizarro conhecido como Ghetsis, e
agora, anos depois, eles finalmente estavam colocando as mãos na massa. No
caso, usando Tsuyo para isso.
Cinco dias depois da coleta do Dream Mist, que
quase tinha falhado graças a um grupo de crianças, era hora de colocar o plano
em ação. O rapaz magro sentiu seu Xtransceiver vibrar e ele atendeu, a figura
velha de seu pai surgiu na pequena tela usando uma roupa marrom como a de um
monge e os cabelos brancos dividido e penteados.
— Tô na escuta. Posso atacar? – disse Tsuyo, sem se
dar ao trabalho de cumprimentar.
— Paciência, Tsuyo – suspirou Zinzolin, acostumado com
o jeito do filho. – Confere primeiro se tudo está nos conformes e-
— Eu já fiz isso dez vezes – o ninja interrompeu, revirando
os olhos. – Eu só quero fazer isso logo e sumir daqui. Posso?
— Só faça corretamente – o mais velho suspirou.
— Eu nunca faço nada errado – o mais novo encerrou a
chamada e se levantou. – Ok, duas horas e quarenta e seis da manhã. Começar a
operação – ele resmungou, envergonhado pelo o que ia dizer. – “Lavagem cerebral
através do sonho”. Você está pronta?
De um dos postes próximos, uma ave de quase um metro e
meio pousou ao lado de Tsuyo, era semelhante a um urubu, onde só o corpo e as
asas possuíam penas marrons, beges e cinzas, o pescoço e a cabeça eram pelados
num tom de rosa escuro, seu bico era curto, mas afiado. Na parte de trás, pelos
saiam e eram presos por um osso, as patas eram do mesmo rosa e terminavam em
garras afiadas. Era uma Mandibuzz.
Ao receber um afago, ela abriu as enormes asas,
grunhindo e alçando voo enquanto carregando uma espécie de capsula onde o tinha
o Dream Mist. Voou por cima da cidade de Accumula. O seu treinador
vestiu sua máscara que pegava apenas seu nariz e boca e arremessou shurikens,
uma arma redonda com quatro pontas afiadas, em direção a capsula, esta, após
ser perfurada, liberou toda a fumaça rosa em seu interior.
O conteúdo caiu com delicadeza sob toda a cidade,
parecia tão bonito se o efeito que aquilo causaria não fosse tão duvidoso. Ao
terminar sua missão, a ave pousou ao lado de seu mestre e largou o objeto
vazio.
— Missão completa – disse Tsuyo, satisfeito enquanto
apreciava a noite.
O sol surgiu em Accumula como se nada tivesse
acontecido na noite anterior. Bianca acordou logo cedo para fazer sua higiene
matinal, mas não pode deixar de estranhar o barulho de correria no andar de
baixo, resolveu ignorar, talvez fosse uma emergência médica logo cedo, penteou
as curtas mechas loiras e procurando sua boina verde, ajeitou-a sob a cabeça e
retornou para o quarto onde encarou a figura de seu companheiro que ainda
estava na cama, mas não parecia dormir tranquilamente.
Cheren parecia sonhar a julgar pelos movimentos
involuntários das sobrancelhas e das pálpebras, e não era um sonho muito bom,
aos poucos sua respiração começou a ficar ofegante, como se estivesse querendo
acordar, mas algo o impedia. Bianca então correu até ele e sacudiu levemente
seu ombro.
— C-Cheren? – ela perguntou baixo, tentando não o
assustar.
O treinador acordou num pulo, sentando-se rapidamente
na cama, o cabelo bagunçado e os olhos arregalados.
— E-ei, tá tudo bem. Foi só um pesadelo – sua
companheira tentou consolá-la, segurando sua mão.
O rapaz olhou para a garota e disse com a voz falha:
— Preciso libertar meus Pokémon.
— O quê?
— Eles estão tristes comigo, eles não querem batalhar,
eles querem ser livres – ele dizia, atropelando as palavras enquanto tentava
controlar sua respiração. – Se eu continuar usando eles desse jeito, eu corro o
risco de matar eles.
— Cheren, do que você tá falando? – Bianca estava
perplexa e colocou a mão na testa do amigo, cogitando que ele estaria com
febre. – Está falando besteiras. Só foi um sonho.
— MEUS POKÉMON FALARAM COMIGO, BIANCA! – o treinador
levantou-se rapidamente, ignorando totalmente suas coisas como casaco e
sapatos, ele se dirigiu para fora do quarto, em direção ao andar térreo. – Eu
vou libertar eles!
— Cheren, não! – a loira pegou suas coisas e as do
colega e o seguiu, tentando impedi-lo. – Isso é besteira, seus Pokémon não
estão sofrendo, você cuida bem deles.
Como se não ouvisse nada, o menino desceu as escadas,
mas parou no meio delas, tempo suficiente para que sua colega o alcançasse e
visse o motivo da correria que ouvira em seu quarto. Pokémon e treinadores aos
montes quase lotavam o ambiente, a enfermeira da recepção atendia telefonemas
atrapalhada, outros funcionários do Centro Pokémon tentavam controlar as
criaturas que se debatiam em desespero ou que choravam. Alguns médicos atendiam
os feridos.
— O que tá acontecendo aqui? – a menina sussurrou.
Cheren a ignorou e foi até o balcão do Centro Pokémon.
— Eu preciso dos meus Pokémon!
— Enfermeira, não entregue para ele! – Bianca apareceu
logo depois. – Ele acordou dizendo que quer libertar os Pokémon dele! E-esse
não é o Cheren que eu conheço!
A enfermeira olhou para a dupla, principalmente para o
treinador.
— V-Você também?
— C-como assim? – questionou a loira.
— Todos esses Pokémon... Foram encontrados “jogados”
pela cidade toda, feridos, assustados, tristes, a maioria até se feriu por não
saber como se portar em ambiente selvagem – começou ela. – Uma pessoa ligou
para a polícia e disse que as pessoas simplesmente começaram a libertar os
Pokémon e a voltarem para suas rotinas como se tivesse tudo bem.
— Libertar os Pokémon... – repetiu Cheren, parecendo
em transe.
— N-Não estamos liberando os Pokémon por motivos de
segurança – informou a mulher. – Vou chamar um enfermeiro para cuidar de seu
amigo – ela olhou para a loira, que assentiu, assustada.
— O-Obrigada... C-Cheren, por aqui – a companheira
levou o menino até um lance de escadas para o segundo andar e o sentou em um
dos degraus, certificando de que ele não sairia dali.
Ao lado deles, um menino de idade semelhante a eles
estava igualmente sentado, usava uma regata branca combinada com uma bermuda
preta rasgada na borda, dando a ele um ar aventureiro, carregava consigo uma
mochila de acampamento e no pescoço, um colar com várias Pokéball, nos pés, uma
sandália vermelha. Mas nada chamava mais a atenção que seu cabelo com um enorme
topete vermelho e laranja como fogo, que contrastava com seu tom de pele clara.
Seu rosto carregava uma expressão séria, expressão essa que se intensificava
pelas grossas sobrancelhas e olhos rubis.
Pacientemente acompanhado com a garoto, estava um
pequeno Pokémon que parecia um tubarão azul petróleo redondo, tinha uma
barbatana no topo da cabeça, dois pequenos pés e curtas mãos, sua boca estava
fechada e mostrava um pouco dos dentes e a enorme barriga vermelha. Era um
Gible, Pokémon dragão da região de Sinnoh.
A dupla resolveu não interromper ele, mas o garoto
puxou assunto.
— Alguém deve ter feito isso... – murmurou ele,
ajeitando o curativo em sua testa. – Não é uma reação natural.
— P-perdão? – Bianca olhou para ele, como se não
tivesse ouvido.
— Todo mundo começou a agir estranho. Eu estava no
acampamento, quando sai da minha barraca, vi um grupo de treinadores quebrando
Pokéballs como se estivessem alucinados, pareciam drogados até. Eu tentei
impedir um, mas o maldito era mais forte e eu só consegui ganhar um galo e uns
arranhões – ele riu de leve, ainda que não tivesse humor pra isso.
— S-Sinto muito. Mas... Onde quer chegar? – questionou
a loira, olhando pra ele.
— Alguém deve ter criado uma substância que atingiu
todo mundo.
— Você nem tem idade pra querer bancar o detetive –
murmurou Cheren, ainda afetado.
— E você lá me conhece?
— Sim, eu te conheço – o outro encarou o de cabelos
vermelhos. – Você é Benga, neto do campeão de Unova, Alder.
Por sorte, ninguém prestava atenção naquela conversa,
mas Bianca parecia surpresa com a afirmação e descoberta, ela encarou o menino
com o Gible.
— N-Neto do Alder? U-uau!
— Pelo visto é difícil andar por aí sem ser reconhecido
– Benga pareceu irritado, mas um pouco convencido.
— É difícil não te reconhecer com esse cabelo –
debochou o treinador.
Um enfermeiro se aproximou, oferecendo suporte a
Cheren, que mesmo lúcido, ainda parecia meio confuso, com cuidado, ele foi guiado
até a área de atendimento, nos fundos. Bianca o acompanhou, e o neto de Alder,
por alguma razão, fez o mesmo, mas diferente das intenções da menina, o outro
começou a caminhar pelos corredores, como se investigasse.
Como o afetado não tinha uma condição mais grave, ele
fora deixado no corredor, usando uma espécie de respirador, apenas por motivos
de conduta médica, enquanto estava sentado ao lado da companheira de viagem. A
loira não parava de balançar as pernas, meio ansiosa e preocupada.
Benga, por sua vez, se aproximou dos dois, com a mão
no queixo, todo pensativo.
— Minha teoria não estava 100% errada – ele começou,
recebendo atenção. – Uma substância atingiu todo mundo, os afetados estão
usando respiradores para se “limpar” dela. Mas que tipo de substância é?
— Deixa isso para os adultos – disse Cheren. – Substância
ou não, isso é algo grave e apenas responsáveis devem investigar isso.
— Até os adultos investigarem, mais pessoas irão ser
infectadas e mais Pokémon irão sofrer e ser soltos, não podemos deixar isso
acontecer – bradou o menino. – Somos amigos dos Pokémon, e temos que ajuda-los.
— Desde quando isso virou nós? – resmungou.
— Ele só tá pedindo nossa ajuda, Cheren – riu Bianca.
— Não estou pedindo ajuda, isso aqui é agora é a
“Equipe de investigação do Benga, o melhor detetive de Unova” – Benga se
agitou. – Vamos, vista um sapato e vamos começar a investigação.
O treinador olhou para os pés e só notou agora o quão
desleixado estava. O que pensaria seus pais ao vê-lo assim?
Se o Centro Pokémon estava um caos, as ruas de
Accumula Town davam um ar de que uma guerra tinha acabado de aconteceu.
Policiais fardados até os dentes questionavam moradores próximos sobre o surto,
paramédicos faziam resgates de Pokémon, que assustados com o repentino
acontecimento, fazia com que alguns agissem com violência para cima dos
humanos, principalmente os de maior estatura. Benga andava na frente dos dois
colegas, quase de quatro, analisando cada centímetro de asfalto como se a
resposta para tudo estivesse lá, seu Gible caminhava ao seu lado, tão
envergonhado quanto Bianca e Cheren.
— Se alguém perguntar, a gente não conhece ele –
sussurrou o de óculos para sua companheira, que retribuiu com uma risada.
— Você tá melhor? – questionou ela.
— Acho que sim, aquela vontade passou, só espero que
não volte mais – respondeu. – Obrigado por estar aqui, eu provavelmente teria
feito uma besteira na qual eu me arrependeria depois.
— Ué, não é sempre você que planeja tudo? – a menina
continuou a rir.
— Não conta pra ninguém que as vezes eu perco o
controle – Cheren riu.
— A-RRÁ! – exclamou Benga, levantando-se com um objeto
em mãos e virando para os seus companheiros. – Uma pista – ele exibiu a pena de
um Pokémon.
— Oh, uau! Uma pena! Temos Pokémon voadores em Unova!
– ironizou o treinador atrás dele. – Muito obrigado, Sherlock Holmes.
— Não é isso, engomadinho, isso daqui é pena de
Mandibuzz.
— E?
— E aí que Mandibuzz não é comum por aqui.
— Pode ser de alguém que libertou um e ele tenha
deixado cair uma pena, nada demais. Podemos ir embora? Precisamos ir pra
Nuvema.
— Calma lá. Accumula, apesar do seu tamanho médio, não
recebe treinadores com níveis tão elevados – explicou o de cabelo vermelho. –
Não é rota para eles. Eu cogito que alguém que estava com essa Mandibuzz esteja
relacionado com esses acontecimentos.
— Por favor, Benga, qualquer um pode ter um Mandibuzz
– o de óculos parecia estar sem paciência.
Bianca interveio.
— O-Olha, Benga, admiro suas teorias, mas não somos...
policiais, detetives ou responsáveis por esse tipo de coisa. Não podemos
atrapalhar a investigação, e pode ser perigoso.
— Vocês são medrosos, isso sim. Estamos falando de
algo que nós três temos em comum: os Pokémon – ele olhou para os dois a sua frente.
– Sempre vão duvidar de nós por sermos novos ou por não ser aquilo que eles
esperam. Então vamos provar que somos os melhores naquilo que queremos fazer.
Cheren suspirou, por um minuto, a memória de seus pais
sobre ser perfeito veio na sua mente, ele olhou para a garota ao seu lado e
percebeu que ela estava reflexiva, provavelmente pensando em seu pai
controlador.
— O Purrloin comeu a língua de vocês? – questionou o
terceiro membro da equipe, estranhando a reação dos dois.
— Então... Onde podemos encontrar essa Mandibuzz e
esse tal treinador? – questionou o treinador de óculos.
— Se ele não estiver na Pokéball, estará em algum
lugar alto. Talvez no topo dos prédios.
— Deixa isso comigo – pronunciou-se Bianca, tirando uma
Pokéball da bolsa e liberando seu Tranquill. – Procure um Mandibuzz,
principalmente nos telhados dos prédios.
A ave grunhiu e alçou voo, obedecendo as ordens de sua
treinadora, fazendo uma busca intensa por toda a cidade de Accumula enquanto os
humanos esperavam, foram longos quinze minutos de esperava e os três já estavam
perdendo as esperanças, foi quando o pássaro da loira retornou agitado e
grunhiu para eles, indicando que o seguissem.
Os treinadores correram até do Tranquill,
esperançosos. Era loucura investigar esse tipo de coisa às cegas, mas quem
parava jovens sonhadores e determinados? Chegaram em um prédio de pelo menos
dez andares e o pombo gigante indicou que aquele era o local onde avistara o
Mandibuzz.
— É um prédio comercial, não dá pra acessar o telhado
sem autorização – concluiu Cheren após ver a placa de identificação.
— Quem precisa de autorização? – riu Benga, lançando
uma Pokéball e liberando um de seus Pokémon. Era um dragão laranja claro que
andava sob as duas patas, tinha um aspecto humanoide, o rosto tinha uma
expressão gentil e calma com seus olhos castanhos, no topo de sua cabeça, duas
finas antenas. A barriga era bege e terminava em uma enorme cauda, nas costas,
média e resistentes asas que possuíam um tom de verde escuro na parte de
dentro.
— Uau, é um Dragonite – disse Bianca, impressionada.
— Diretamente de Kanto para minha pessoa – gabou-se o
treinador do dragão, subindo nas costas dele. – Agora venham, temos dez andares
mais ou menos pra subir.
— Ele vai aguentar? – questionou Cheren, receoso.
— Está com medo? – debochou o de cabelo vermelho,
ajudando a menina a subir.
— Claro que não! – e assim, o terceiro membro subiu.
Dragonite bateu suas fortes asas e começou a voar, indo cada vez mais alto mesmo que devagar a julgar o peso, algumas pessoas que passavam observavam o grupo, mas relevavam, pareciam mais preocupados em saber sobre o surto dos Pokémon libertados pelos treinadores. Chegaram no telhado e se depararam com a figura da Mandibuzz relaxada em cima de um sistema tubulação de ar.
— É essa! – exclamou Benga, descendo de seu Pokémon
com os outros. – Te achamos, sua malandrinha.
— Tem certeza que é essa?
— Será que uma pessoa não pode tirar um cochilo em
paz? – Tsuyo apareceu, mal-humorado pelo seu sono interrompido. – Cara, fala
sério, crianças?
— Oh, eu conheço ele! – exclamou Bianca, reconhecendo
o cabelo branco do rapaz. – Ele estava envolvido no roubo do Dream Mist
em Striaton.
— Putz, que merda, tô ficando famoso – resmungou o
ninja. – Olha, sei lá o que vieram fazer aqui, mas eu não tô com paciência para
discutir. Passei a noite em claro e eu preciso dormir.
— Conte-nos o que você sabe sobre esse surto dos
treinadores libertando seus Pokémon! – exclamou o garoto de topete. – Você age
de forma suspeita.
— Não me pergunte detalhes, eu só sigo ordens – ele
chutou a capsula vazia usada na noite anterior em direção aos garotos. – Vocês
gostam de brincar de detetive, então juntem as pistas e se virem.
— Vou te obrigar a falar. Vamos lá, Dragonite!
O dragão pousou na frente do seu treinador, assumindo
uma expressão séria de batalha. Tsuyo revirou os olhos e liberou seu Weavile e
Liepard para a batalha, juntamente da Mandibuzz que tinha acordado.
— Três contra um é injustiça! – exclamou Bianca. –
Vamos lá, Tranquill!
— Phienas, vamos lá! – Cheren liberou seu Pokémon que
parecia um Snivy mais comprido, algumas folhas cresciam em suas costas e seus
braços eram bem mais curtos. Um Servine.
A batalha enfim começou, ainda que os Pokémon do ninja
eram mais fortes, os dos treinadores apresentavam certa resistência, mas o que
se destacava era o Dragonite de Benga, o menino era habilidoso no que fazia, e
mesmo com o perigo de encarar um tipo Ice como o Weavile, não parecia
ser um problemas para eles.
Vários golpes eram trocados, Bianca e Cheren pareciam
relutantes em avançar tanto a julgar o nível de seus Pokémon, mas ofereciam o
máximo de suporte para o dragão. O inimigo começou a perceber que os
adversários eram muito resistentes graças ao Dragonite.
— Liepard, Sucker Punch!
— Dragonite, Slam!
Com uma prioridade maior, o golpe da onça foi mais
rápido, mas ele não foi direcionado ao Pokémon adversário, e sim a Benga, que
se defendeu do golpe recuando, mas acabou perdendo o equilibro e caindo do
prédio.
— BENGA! – o grito de Bianca ecoou.
O menino fechou seus olhos, mas sentiu alguém segurar
sua mão. Era Cheren, que quase estava pendurado para resgata-lo, a loira correu
até eles e agarrou a camisa do treinador de óculos e começou a puxá-lo.
Dragonite ignorou a batalha e correu para ajudar também, trazendo seu treinador
para terra firme.
— V-Você está bem? – questionou a menina, ofegante,
ajoelhada no chão com eles.
— Eu achei que fosse morrer. O-Obrigado pessoal.
— Ele fugiu! – exclamou o último garoto, apontando para
frente.
— Droga! – Benga se levantou, irritado. – Vocês podiam
ter me deixado cair, agora ele fugiu!
— COMO É? Cadê aquela sua gratidão?! – o outro
treinador levantou também, irritado.
— Mas agora perdemos nossas pistas!
— Na verdade, não todas – Bianca apontou para a
capsula que fora deixa por Tsuyo. – Quando eu estive em Striaton, eles usaram
uma capsula parecida com essa pra sugar o Dream Mist das Munnas que
moram no Dreamyard.
— Acha que eles usaram isso para... “infectar” as
pessoas?
— Talvez. Cheren, precisamos contar isso para a
professora Juniper. Ela pode contatar a Fennel para que ela investigue melhor.
— Tem razão – o garoto assentiu. – Mas por hora, vamos
descer desse lugar.
Com o Centro Pokémon lotado, o ponto de despedida do
trio foi o limite de Accumula com a Route 1. Benga estendeu a mão para os dois.
— Confio em vocês para entregarem essa cápsula para a
Professora Juniper – disse ele. – Foi um prazer trabalhar com vocês.
— O que você vai fazer? – questionou Bianca.
— Eu vou continuar investigando, e continuar treinando
meu Gible – o menino coçou o cabelo. – Era o que eu estava fazendo antes disso
acontecer.
— Vê se fica longe de prédios, não estaremos aqui
quando você ameaçar de cair – riu Cheren. – Desculpa se a gente duvidou de
você.
— Fale por você, eu sempre confiei nele.
Benga riu.
— Tudo bem, talvez eu tenha me exaltado um pouco.
Espero vê-los de novo por aí – sorriu. – De preferência em alguma confusão para
que os detetives possam investigar.
— Só se você prometer que não vai ficar andando de
quatro por aí para procurar as coisas – riu Cheren.
— Essa parte vai ser difícil de prometer, mas posso
tentar – ele riu escandaloso. – Boa sorte. Até mais! – e ele sumiu, no meio das
árvores.
— Ele vai ficar bem, né? – questionou Bianca.
— Vai sim – riu o garoto do seu lado, começando a
adentrar a rota, em direção a Nuvema Town, seguida da loira.
Ainda que fosse verão, a temperatura estava suportável
e o sol agradável para uma caminhada, ainda que fosse logo depois do meio dia.
Os dois treinadores andavam lado a lado, Cheren carregava a capsula e Bianca
cantarolava. De repente, ouviram algo se mexer nos arbustos na beira da
estrada, desconfiaram ser um Pokémon selvagem, mas a agitação nas flores era
cada vez mais forte, receosos, os dois recuaram, mas foram surpreendidos quando
uma pequena Munna, aparentemente ferida e assustada, ela viu os treinadores e
foi até a menina.
— E-ei – toda atenciosa, ela segurou a pequena
criatura em seus braços. – T-Tá tudo bem. Está perdida?
A elefantinha grunhiu, como se não estivesse
acostumada ao ar livre ou longe de alguém.
— Será que ela é um dos Pokémon que foram soltos pelo treinador?
— P-Provavelmente – respondeu o menino, observando.
Bianca fez uma expressão triste e de pena, não tinha
parado pra pensar nas consequências que o surto traria para os Pokémon.
— Como alguém... Pode fazer uma coisa dessas? – a
loira continuou a aconchegar a Munna em seus braços. – Não pensaram nos
Pokémon?
— Vamos torcer para que as coisas sejam resolvidas e
quem fez isso pague no mesmo valor – disse o de óculos, comovido com a pequena
criatura assustada.
— Não se preocupe, pequena Munna, eu vou cuidar de
você.
Munna grunhiu carinhosa e segura.
Os dois treinadores refletiram alguns minutos e
sentiram que era a hora de mudar o mundo, independentemente do que pensariam
seus pais.
“Vamos provar que somos os melhores naquilo que
queremos fazer."
Mais uma vez uma mudança de foco, isso está me surpreendendo, dessa vez porém ao meu ver foi bem mais interessante. Eu gosto do Cheren e da Bianca, acho eles bem fofinhos juntos e de alguma forma os dois conseguem se entender bem.
ReplyDeleteMDS a equipe plasma não dá UM SEGUNDO DE PAZ pra gente. Quando não está perturbando em uma cidade está intoxicando uma cidade inteira com essência de Munna, credoo. E esse Tsuyo psicopatinha, já to querendo quebrar ele no soco. Mas falando sério, pensar que esses caras possuem esse tipo de substância me faz pensar no que ainda serão capazes de fazer no futuro para conquistar seus objetivos, em certo ponto é até assustador. Gostei da pegada que você teve de usar outros personagens que não os protagonistas para mostrar um evento importante como esse, dá uma ideia de dinamicidade e vida à sua região.
Que figurinha divertida é esse Benga, e tem um fucking Dragonite apelão. Acho que ainda o veremos muitas vezes na fic e é legal pensar que ele já busca seu próprio caminho mesmo sendo neto de um treinador tão importante.
Bianca adotou uma Munninha fofa <3 tomara que fiquei com ela.
Parabéns pelo capítulo, Star! Até os próximos!
Yooo Carol
DeleteDesculpa pela demora meu amor aaaaaaaaaa
Mais uma vez tiramos os protagonistas de palco para trazer a Bianca. Estava com saudade dela? ahushuashu
Os Plasmas são sacanas né? Eles vem, fazem a bagunça, todo mundo fica louco e desespero e eles ficam meio "vcs que lutem, não temos nada haver com isso" hasuauhshua
Carol criando raiva pelos vilões era tudo que eu precisava ahsuahushua To indo pelo caminho certo.
Eu adoro dinâmicas, adoro como todo mundo é sujeito de algo e não só a droga do protagonista haushuasuh Dá uma sensação de fuga, de que o vilão não quer SÓ ferrar duas crianças aleatórias, eles tem um plano maior que vai acontecer, não importando onde o Hilbert e a Hilda estão :3
Benga foi uma sugestão do pessoal da Neo, eles me perguntaram dele bem quando eu ESTAVA JUSTAMENTE ESCREVENDO ESSE EP HAUSAHUSUHAHUS
Bianca lindinha, dona da fanfic <3
Obrigada pelo comentário, Carol
See ya
Cheren e Bianca estão trilhando sua própria jornada, ansioso para vê-los se reencontrarem com a galera lá na frente <3 Eu me lembrava muito pouco do Benga dos jogos, mas gostei da pegada dele em priorizar a missão às vezes até mais do que o próprio bem estar, vê-lo andando de quatro no chão foi hilário kkkkkk
ReplyDeleteÉ interessante pensar que muitos Pokémon foram criados em lares seguros, e por mais nobre que sejam os ideais dos Plasmas de libertá-los dos maus tratos, isso não se aplicaria a todos. É como cuidar de um problema gerando outro como consequência. Mesmo assim, os Plasmas continuam como uma das equipes vilãs mais sensatas por aí, pelo menos os caras não querem inundar ou queimar tudo kkkkkk Estou no aguardo para ver toda essa nova geração da Team Plasma num só lugar, o caos que vai ser!
Yoo Canas
DeleteO pau quebra pra todo mundo, até mesmo pra Bianca e pro Cheren.
Benga foi improviso, assim como tudo nessa fanfic rs PErsonagens que desafiam os estilo sério de outros personagens sempre resultam em bom humor. Esse capítulo existiu para mostrar o que aconteceu com o Dream Mist já que o jogo supostamente não mostra um desfecho já que a gente salva tudo antes.
Será legal ver essa segunda linha se formando <3
Obrigada pelo comentário
SEe ya
Sem Hilhil ...
ReplyDeleteNão conhecia o Benga (sim nunca joguei BW2) mas parece um menino simpático e imperativo muita animação para um menino só kkkkkk
Sobre o sem Hilhil, bem acho bacana ver outros personagens atrapalhando os planos dos plasmas, mostra que os outros personagens tbm tem papel na fic :)
Até o próximo Star!
Yoo Anan
DeleteAnan tá morrendo de saudade de HilHil
Eu não cheguei a conhecer ele no jogo, eu vi ele através da Bulbapedia, tanto que a personalidade dele É FULL INSPIRADA na minha impressão da aparência ahsuahsuaush
Aqui tem espaço pra todo mundo, é tipo o LEucro com os 400 protagonistas dele hasuahus
Valeu pelo comentário
See ya <3